fevereiro 28, 2014

«Lá vai água!...» - António Pimpão

Eis mais um exemplo do mal que sofremos devido à incompetência, oportunismo, desleixo, desinteresse e sei lá que mais de quem nos governa, desta vez à escala autárquica.
Com vista a receberem mais uns milhões destinados a realizar mais umas obras de fachada, de encher o olho, alguns municípios devem ter-se interrogado onde poderiam ir buscar esses milhões. A solução encontrada foi a venda ou concessão da distribuição da água, em termos tais que, iludidos pelo brilho do dinheiro que assim entraria nos cofres, assinaram contratos leoninos favoráveis aos concessionários, garantindo-lhes uma taxa de rentabilidade acima do normal, com a agravante de a totalidade do risco da exploração recair sobre o município, o que quer dizer, dos munícipes.
Esta situação vem agora denunciada pelo Tribunal de Contas. Vem tarde, porque os contratos encontram-se em vigor. Vem tarde porque a apreciação que está a fazer agora deveria ter sido feita previamente à celebração dos contratos. É ineficaz porque não tem outro efeito senão alimentar os jornais durante um ou dois dias. É ineficaz porque os presidentes de Câmara que promoveram e subscreveram estes contratos estão bem de vida e livres de qualquer responsabilidade, sequer política, porque já se reformaram, não sendo mais questionados sobre a malfeitoria colossal que cometeram.
Os contratos são claramente lesivos dos interesses dos municípios na medida em que garantem receitas que asseguram ao concessionário uma taxa de rendibilidade anormalmente elevada, receitas essas que não dependem da água consumida mas da água que, segundo o contrato, se previa vir a ser vendida de acordo com projeções de crescimento de consumo irrealistas, sendo que, para atingir estes níveis assim contratualizados, as receitas não cobradas dos consumidores têm que ser pagas pelos municípios. E já há casos em que este desvio é de 20%, ou seja, os consumidores pagam a água consumida segundo tarifas pesadas e a Câmara Municipal paga mais 20% dessa quantia.
Estes presidentes de câmara que celebraram tais contratos deveriam, em minha opinião, ser julgados e, apurada a culpa, ser presos, para assim espiar culpas próprias e servirem de exemplo a outros com igual espírito oportunista.

António Pimpão

fevereiro 26, 2014

«Era assim, naquele tempo» - António Pimpão

Quando era uma criança, realizavam-se na minha terra, Quiaios, vários bailaricos ao ar livre, com os músicos a tocar num coreto de madeira montado no meio do recinto de dança e os pares a dançar à volta do dito coreto.
Para decorar o espaço, as raparigas faziam cordões com flores (ramos de loureiro, hortenses, begónias, …) que ficavam presos entre o coreto e os postes que seguravam os gradeamentos de madeira que, por sua vez, demarcavam o recinto da dança. Essas flores exalavam um perfume difuso mas persistente, muito agradável, que ainda recordo com saudades. Tanto o coreto como os gradeamentos eram desmontáveis. As mães assistiam aos bailes do lado de fora do recinto encostadas a estes gradeamentos, vigiando o comportamento das filhas.
Havia concorrência: os bailaricos tinham lugar em dois espaços diferentes, distantes para aí 200 m, e havia uma enorme rivalidade entre ambos: um era o Recreio e, o outro, a Pica de Lata (por ter, encostado ao coreto, um enorme boneco de barro com uma pila de lata donde jorrava água que provinha de um bidão escondido atrás do boneco para um pequeno lago creio que de barro).
Durante algumas das semanas que antecediam a realização desses bailes – que tinham lugar pelos santos populares e pelo S. Tomé (fins de julho) ia-se à noite geralmente para a cave ou garagem de uma casa em construção fazer enfeites de papel (flores, bandeiras,…). Gostava desta azáfama e animação e do cheiro da cola feita de farinha, sendo a ocasião e o ambiente propícios ao início de muitos namoricos.
Desses bailes o que me agradava mesmo eram as barracas que montavam fora do recinto do baile, para angariar fundos, e em que os homens passavam a noite, ora atirando bolas de pano contra uma pirâmide de latas de cerveja amolgadas dispostas sobre uma base de madeira construída com ripas, tentando acertar nas latas e projetá-las para o chão; ora pegando em argolas (como as dos cortinados) e lançando-as sobre garrafas com bebidas dispostas em prateleiras colocadas sobre um plano inclinado, tentando enfiar a argola no gargalo de uma garrafa (se o conseguissem, ganhavam a bebida); ora dando tiros com uma espingarda de pressão de ar procurando que o chumbo acertasse num pequeno alvo de metal. Este alvo servia de alavanca para prender a porta de uma pequena casinhota onde era colocada uma boneca, por sua vez presa a um elástico esticado. Se o atirador acertasse na “mouche” esta recuava e com esse movimento soltava a tranca da portinhola onde estava a boneca que, pela ação da força do elástico, e uma vez liberta, saltava para a cara do atirador e este ganhava um prémio.
Não havia televisão, claro.

António Pimpão

fevereiro 25, 2014

«Haverá razões que a razão não compreende» - António Pimpão

Pode até parecer que tenho algo contra o Instituto de Gestão da Dívida Pública (IGDP) ou contra o seu jovem presidente, João Moreira Rato, uma vez que já aqui fiz vários comentários sobre aquele organismo, o último deles no passado dia 12.
Nessa ocasião fiz referência ao facto de IGDP ter procedido, nos últimos 12 meses, à emissão de obrigações do estado para financiamento do governo português, sem necessidade nenhuma, visto que já havia – e foi depois aumentado - um excedente de tesouraria de 20 mil milhões de euros, suficientes para pagar as despesas do estado durante mais do que um ano, pagando-se por isso taxas de juro superiores a 5% ao ano. Um absoluto desperdício, praticado sob pretexto de que convém testar o mercado. Mas a que custo!
Pois esta notícia vem confirmar o pior em relação a todo este processo.
Com efeito, tal como afirma o Público e foi hoje largamente comentado nas televisões, Portugal vai na quinta feira proceder à recompra de dívida pública que se há de vencer em outubro de 2014 e outubro de 2015.
À partida, o caso não seria merecedor de comentário não se desse o caso de isso confirmar que não havia necessidade de se ter contraído novos empréstimos no último ano, criando o tal excedente de tesouraria e implicando o pagamento de juros de 600 milhões de euros, e, além disso, de se estar a passar uma coisa verdadeiramente incrível, como passo a descrever.
Os dois empréstimos que o IGDP se propõe recomprar, ou seja, comprar antes da data do seu vencimento, foram contraídos há vários anos e vencem juros à taxa de 3% e 3,5%, respetivamente. Para pagar antecipadamente estes empréstimos o IGDP vai utilizar o dinheiro resultante dos últimos empréstimos contraídos, que estão a pagar juros a uma taxa superior a 5%.
Sendo assim, se os novos pedidos de empréstimo se destinavam a pagar antecipadamente os empréstimos antigos, teria sido preferível deixar estar as coisas como estavam, ou seja, não se ter contraído os novos empréstimos e, ao mesmo tempo, deixar que os antigos se vencessem nas datas próprias, assim se poupando cerca de 2% em juros, além das elevadas comissões de intermediação pagas aos bancos que colocaram a dívida recente e as que irão ser pagas para promoverem o pagamento antecipado da antiga.
Realmente, para o sucedido haverá razões que a razão não compreende.

António Pimpão

fevereiro 24, 2014

a pobreza envergonhada é um dos sucessos do governo e uma sua inquestionável conquista

Assim, exactamente como me chegou e sem comentários:

O Diário do Professor Arnaldo – A fome nas escolas

Ontem, uma mãe lavada em lágrimas veio ter comigo à porta da escola. Que não tinha um tostão em casa, ela e o marido estão desempregados e, até ao fim do mês, tem 2 litros de leite e meia dúzia de batatas para dar aos dois filhos. Acontece que o mais velho é meu aluno. Anda no 7.º ano, tem 12 anos mas, pela estrutura física, dir-se-ia que não tem mais de 10. Como é óbvio, fiquei chocado. Ainda lhe disse que não sou o Director de Turma do miúdo e que não podia fazer nada, a não ser alertar quem de direito, mas ela também não queria nada a não ser desabafar. De vez em quando, dão-lhe dois ou três pães na padaria lá da beira, que ela distribui conforme pode para que os miúdos não vão de estômago vazio para a escola. 

Quando está completamente desesperada, como nos últimos dias, ganha coragem e recorre à instituição daqui da vila – oferecem refeições quentes aos mais necessitados. De resto, não conta a ninguém a situação em que vive, nem mesmo aos vizinhos, porque tem vergonha. Se existe pobreza envergonhada, aqui está ela em toda a sua plenitude. Sabe que pode contar com a escola. Os miúdos têm ambos Escalão A, porque o desemprego já se prolonga há mais de um ano (quem quer duas pessoas com 45 anos de idade e habilitações ao nível da 4ª classe?). Dão-lhes o pequeno-almoço na escola e dão-lhes o almoço e o lanche. O pior é à noite e sobretudo ao fim-de-semana. Quantas vezes aquelas duas crianças foram para a cama com meio copo de leite no estômago, misturado com o sal das suas lágrimas…Sem saber o que dizer, segurei-a pela mão e meti-lhe 10 euros no bolso. Começou por recusar, mas aceitou emocionada. Despediu-se a chorar, dizendo que tinha vindo ter comigo apenas por causa da mensagem que eu enviara na caderneta.Onde eu dizia, de forma dura, que «o seu educando não está minimamente concentrado nas aulas e, não raras vezes, deita a cabeça no tampo da mesma como se estivesse a dormir».

Aí, já não respondi. Senti-me culpado. Muito culpado por nunca ter reparado nesta situação dramática. Mas com 8 turmas e quase 200 alunos, como podia ter reparado?

É este o Portugal de sucesso dos nossos governantes. É este o Portugal dos nossos filhos.

fevereiro 23, 2014

«Kiran Jethwa» - António Pimpão

Kiran Jethwa...
O nome acima nada dirá a quem não for seguidor ou, pelo menos, não vir de vez em quando o programa 24 Kitchen (Meo, canal 116).
O nome refere-se a um dos cozinheiros participantes que, tendo um restaurante em Nairobi, apresenta pratos do Quénia.
A razão por que venho invocar o seu nome tem pouco a ver com os aspetos da gastronomia africana ou queniana e mais a ver com a própria África e com a imagem versus realidade daquele continente não homogéneo.
Os episódios respeitantes a Kiran Jethwa incluem recorrentemente dois tempos: um primeiro, em que ele vai junto de nativos um pouco por todo o Quénia à procura de produtos e de práticas de cozinha locais (já o vi comer ratos ou insetos, por exemplo) e, por fim, faz um prato no seu restaurante citadino com os mesmos produtos com que nesse dia cozinhou junto dos nativos.
A primeira coisa que quero destacar é a simpatia e humildade do cozinheiro, a sua grande capacidade de relacionamento com os africanos – ele fala a língua nativa -, o primitivismo dos utensílios locais que usa no campo, a aproximação que faz às técnicas culinárias que usam, o à vontade e calor como saúda, se envolve e incentiva os locais – com frequência está a bater com os seus punhos nos punhos dos seus anfitriões, em sinal de amizade ou reconhecimento.
A segunda é o primitivismo das alfaias e instrumentos usados pelos locais nas suas múltiplas atividades, muito perto de serem apenas recolectoras, seja na agricultura, na pesca ou na navegação. Não se vê ali um trator, nem uma máquina e muito raramente há um barco com motor. As alfaias agrícolas, se assim se pode chamar, são do mais primitivo que se possa imaginar, os barcos não passam de jangadas feitas de pedaços de árvores trazidas na corrente ou placas de esferovite unidas por canas e presas por lianas. A pesca é sobretudo uma captura dos peixes à mão ou então com arpões lançados de canas tendo como força propulsora meros elásticos. A captura dos insetos para petisco é feita com uma bateria de chapas de zinco caneladas fixadas a cerca de um metro do solo, com uma certa inclinação, tendo no cimo uma iluminação forte para atrair os insetos à noite e, no chão, bidons abertos para os recolher quando, encandeados, escorregam pelas chapas abaixo.
Olho para aquele ambiente e faz-me lembrar a minha infância no campo, recordada não com os olhos com que então via a atividade dos adultos mas com a minha própria experiência em termos de imaginação, construção e uso de instrumentos de brincar.
É ao mesmo tempo uma coisa inocente e iniciática de fazer as coisas e de levar a vida, e também confrangedora, pois estão a viver nesta mesma época em que, entre nós, o mais pequeno e insignificante brinquedo de criança tem incomparavelmente mais técnica e sofisticação do que aqueles instrumentos de trabalho.
E fica, depois, aquela sensação de que não será tão depressa que algo se irá ali modificar. Não têm meios para ver além do seu atual quotidiano, não há horizonte, não têm acesso a qualquer tipo de mercado, não precisam de produzir mais por falta de quem compre. Vê-se que a terra é produtiva, para produzir de novo basta espetar uma estaca, pode haver duas produções por ano, mas as extensões cultivadas são pequenas, à dimensão das necessidades do dia-a-dia.
E, no entanto, os países ricos e as ONG contribuem com milhões de euros e de dólares para supostamente promoverem o desenvolvimento daqueles países. Diria, brincando, que anda alguém a colocar chapas de zinco por onde escorrega todo esse dinheiro.

António Pimpão

fevereiro 20, 2014

Portugal, herói surpresa para o Financial Times; Anedota ou Epitáfio ?

Para mim, a frase "Portugal, herói surpresa para o Financial Times»" tem tanto de epitáfio como de ridículo.

O artigo ali mesmo ao lado merece ser lido. Até para que fiquemos surpreendidos da forma como falam de um país, que nós não reconhecemos mas que dizem corresponder ao espaço geográfico que nós (os que teimam em viver aqui) ocupam.
Há uns dias, perto da meia noite, assistia como resultado do zapping a um canal cabo onde o tema eram as doenças provocadas pelas pessoas que tinham de viver(?) nos cemitérios. As casas eram simples telhas de zinco sobre as campas e algumas parcas protecções laterais.
O enfoque da reportagem era o misto entre a miséria e crendice primitiva dos habitantes das ilhas Filipinas, situação tipificada aquando do súbito adoecer de um dos habitantes.
Decerto que nos tempos da vida na floresta onde os recursos naturais e o espaço abundavam, umas ervas e umas rezas resolviam as maleitas. As ervas pelas suas propriedades, as rezas e benzeduras, massagens etc, pelo que de positivo desencadeiam no sistema simpático de quem se sujeita e acredita no processo de cura.
Pois bem, perante uma septicémia gravíssima provocada pela contaminação com emanações e fluídos dos corpos em decomposição, nem ervas nem rezas deram outro resultado que não fosse o do agravamento do estado do paciente: uma criança de dez anos.

No entanto de cada vez que um curandeiro repetia com poucas variantes, os processos de cura que anteriores curandeiros já tinham experimentado, as respostas eram sempre as mesmas:


" Estás curado! Já te tirei o demónio do corpo. O demónio vivia no pequeno rebento de árvore que tu cortaste ali junto à campa, ficou zangado mas agora está dentro deste copo. Nunca o abras..."

Ou seja, os tratamentos sucessivos, sempre iguais que levavam o doente de mal a pior, tinham dado resultado..!

A saga acabou com uma intervenção cirúrgica de emergência e uma forte de dose cavalar de antibióticos, mas poderia ter acabado com uma mudança de posição relativa no que ao solo da casa, umas campas, dizia respeito....
Assim, a frase dita como o título do post indica, é tão ridícula que poderia perfeitamente ter sido dita tanto pelo Passos como o Seguro, ambos o outro lado um do outro, ambos mais do mesmo. Com esta frase e esta gente, todos armados em curandeiros convencidos das suas perversas mesinhas, vamos decerto e a passos seguros a caminho do herói morto, já que continuamos a ser todos, a ser - e a ser tratados como - uns meros cobardes vivos...

fevereiro 19, 2014

«Portugal, herói surpresa para o Financial Times» - António Pimpão

Ultimamente estamos a ser inundados com notícias com indicadores positivos sobre a situação económica portuguesa, de que o governo se tem aproveitado para se promover.
Oxalá os indícios desses indicadores se concretizem e que as coisas melhorem no futuro, embora o mais provável, mesmo que isso ocorra, é que as próximas eleições levem os nossos políticos a, mais uma vez, nos atirarem alguns cobres para o bolso, mera cosmética, e mais poeira para os olhos. E, a seguir, voltamos a estar como há 3 anos.
Por mim, ainda dou um moderado crédito a esses indicadores e dou mais, muito mais, ao que pessoalmente sinto, como é o caso da crescente carga dos impostos, que se vão agravar mais este ano, indiferentemente à melhoria dos indicadores, da inexistência de qualquer reforma do estado, apesar dos cortes e do guião, do desemprego, cujos efeitos são dramáticos, sobretudo para casais ambos desempregados, das vozes que de todo o lado vão reclamando mais despesa do estado.
Mas o que de todo não consigo compreender é que o governo continue a ser o único ator sobre o palco, sem que se note, ainda que moderadamente, a ação de uma oposição forte. Bem sei que não é fácil fazer-se oposição, mas se ela não se nota em período de crise o que poderá fazer quando as coisas estiverem realmente melhor?
O que esperaria era que o PS se fizesse eco do geral descontentamento das pessoas e se fizesse ouvir com propostas alternativas. Infelizmente, o PS falante entretém-se a reclamar, por exemplo, que Sines se transforme numa plataforma intercontinental (como se para os navios com carga para o centro da europa não fosse mais prático e económico continuarem a fazer as suas descargas em portos como o de Hamburgo, em vez de o fazerem em Sines e depois a mercadoria seguir por comboio para a Alemanha, Holanda, etc) ou que se criem tribunais especializados para grandes empresas que cá se instalem.
Infelizmente – e os meus amigos do PS que me perdoem a franqueza, mas é o que sinto – António José Seguro quando não diz banalidades está a dizer banalidades. Não é nada convincente.

António Pimpão

fevereiro 17, 2014

«CRESAP» - António Pimpão

Uma das coisas mais positivas deste governo, do meu ponto de vista, foi a criação da Comissão de Recrutamento e Seleção para a Administração Pública (CRESAP) e, ainda mais, a sua independência e competência.
Cabe a esta Comissão fazer a apreciação dos candidatos a cargos de chefia na administração pública e rejeitar os considerados sem competência e hierarquizar os que reúnem condições para o cargo.
Feito o seu trabalho, a Comissão indica ao governo os nomes dos 3 primeiros classificados. Destes, o governo escolhe um, sem ser obrigado a respeitar a ordem.
Pode-se dizer que a escolha final obedece a critérios partidários. É um facto. Mas essa escolha fica limitada aos nomes designados pela comissão, não sendo mais possível o puro e duro critério partidário e o compadrio. O governo não tem uma latitude ilimitada para designar quem quer. Infelizmente, muitos altos cargos ainda vão sendo preenchidos interinamente por conveniência de serviço. Ora essa conveniência nem sempre é a do serviço…
Outra vantagem é que a existência do processo de seleção afasta desde logo os incompetentes, ainda que qualificados e notórios em termos de aparelhismo, uma vez que ninguém quer correr o risco de ser liminarmente chumbado pela Comissão. Os danos para o seu “bom” nome seriam quase irrecuperáveis.
Das coisas mais importantes na administração pública é a existência da possibilidade de escrutínio público, seja nas nomeações seja nos concursos para obras e fornecimentos, ou na atribuição de subsídios. O maior inimigo é a opacidade de que ainda se revestem muitas situações.
O importante é que esta Comissão não se deixe instrumentalizar pelo governo.

António Pimpão

fevereiro 14, 2014

futebol no feminino

elementos da selecção de futebol feminino do Irão eram... homens estranharam que nas fotos de equipa as da frente apareciam sempre "tremidas" e atrás... eram sempre as mesmas...
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fevereiro 13, 2014

quando a "matéria"...

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«Paga, Zé!» - António Pimpão

No meu post anterior, a que dei o título de SOVITEJBO, referi que o IFCP – Instituto de Gestão do Crédito Público era um dos principais interessados no agravamento da dívida pública, por ser remunerado pelo governo português com uma permilagem calculada sobre o montante dessa dívida. Mas não será o único interessado.
Referi ainda que, estranhamente, o governo português, através do referido IGCP, mantinha uma almofada de dez mil milhões de euros em excedentes de tesouraria, para cuja constituição foi necessário recorrer a empréstimos e sobre a qual se está a pagar juros a uma taxa superior a 5%.
Afinal, eu estava enganado. De acordo com esta notícia, essa almofada não é de 10 mil milhões mas, sim, de 20 mil milhões de euros e a sua manutenção implica o pagamento de 50 milhões de euros em juros por mês. Ou seja, 600 milhões por ano. Ou seja, ainda, várias vezes o custo ESTIMADO do Metro Mondego, por exemplo. Este excedente de tesouraria representa quase 30% do valor do resgate da troika, aquando do acordo tripartido. Que exagero!
Em 2013 e em 2014 o governo português procedeu a 4 emissões de dívida que atingiram o montante global de 11 mil e 600 milhões de euros. Se não fosse para criar a referida almofada, não teria sido necessário, afinal, recorrer a novos empréstimos, nem no ano passado nem neste ano.
Ainda de acordo com a notícia do Público que venho comentando, os economistas Paulo Trigo Pereira e João Duque são contra a existência desta almofada ou excedente de tesouraria, o que subscrevo inteiramente.
O principal argumento para o recurso à referida almofada é que isso dá um bom sinal aos mercados e é um bom indicador para Portugal não precisar de recorrer a um segundo resgate ou a um programa cautelar quando, em maio próximo a Troika concluir o programa de ajustamento. Isto parece conversa de remediado que gasta o que tem e o que não tem só para impressionar a vizinhança. Mas a que custo!
Não consigo vislumbrar qual o problema em assinar um novo programa cautelar, desde que isso implicasse a fixação de objetivos sérios para a reforma do estado e o pagamento de juros mais baixos. Sem esse programa, é certo e sabido que mais nada se reformará – mesmo com o programa em vigor as reformas foram quase nulas – e que os juros da dívida serão muito mais elevados.
Quem acha que Portugal não deveria subscrever novo acordo com os credores internacionais são os administradores da banca, como o afirmou ontem o presidente do Santander.
Enquanto os economistas defendem que Portugal deveria subscrever novo acordo e reduzir a almofada financeira, a banca defende exatamente o contrário. E o governo vai fazer o quê? Não custa adivinhar: servir a quem serve, naturalmente.

António Pimpão

fevereiro 12, 2014

marius... R.I.P.

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«SOVITEJBO» - António Pimpão

O título desta crónica não se refere a algo relacionado, por exemplo, com a Eslovénia nem tão-pouco com possível organismo criado para supervisionar o rio Tejo.
O título é apenas a palavra OBJETIVOS, ao contrário. Também ao contrário são fixados objetivos a organismos ou instituições do estado.
O exemplo que trago hoje respeita ao Instituto de Gestão do Crédito Público, dirigido pelo jovem Moreira Rato, a quem compete gerir a dívida pública portuguesa. É, pois, este Instituto que avalia as necessidades de financiamento da república, define o montante, o momento e os intermediários a que recorrer para colocar a dívida, faz a opção entre recurso a investidores nacionais ou internacionais e ao pagamento da dívida e respetivos juros. Sobretudo destes. É ainda quem define e gere aquilo que poderíamos considerar como uma almofada de meios financeiros a utilizar em períodos futuros, servindo estes ainda para acorrer a imprevistos, dificuldades ou demoras em obter novos empréstimos. Este Instituto dispõe de autonomia financeira mas as suas receitas provêm integralmente de dotações do estado.
Estranhamente, o valor destas dotações orçamentais não é calculado em atenção à estrutura dos recursos humanos e materiais do organismo e correspondentes necessidades financeiras. Pelo contrário, o valor das dotações encontra-se indexado ao montante da dívida pública portuguesa, correspondendo a 0,1 a 0,15 do seu quantitativo. Por exemplo, em 2012 recebeu do estado uma dotação de 17,5 milhões de euros, o que representou um aumento de 17,4% relativamente ao ano precedente.
Quer isso dizer que quanto maior for a dívida portuguesa, mais este organismo recebe do estado. E o que recebe terá pouco a ver com as suas necessidades.
Assim sendo, que mensagem é que esta forma de estabelecer dotações orçamentais pode transmitir a quem dirige o organismo?
Desde logo, que quanto mais elevada for a dívida maior será a dotação.
Depois, quanto mais elevados forem os juros, mais necessidade de financiamento existe e maior é a dívida.
A seguir, quanto mais elevada for aquela almofada maior é necessidade de pedir emprestado e maior é a dívida.
E, finalmente, nenhum estímulo há à racionalização dos serviços uma vez que, face à abundância de receitas, o mais plausível é aumentar as despesas em pessoal, em luxos, em remuneração dos dirigentes – o presidente tem um vencimento mensal superior a 10 mil euros - em coisas não essenciais, já que o dinheiro abunda e é dado pelo governo.
Tem mais: estas despesas suportadas com o IGCP, tais como as de intermediação na colocação da dívida pública, que são elevadíssimas, são incluídas, em contabilidade pública, na rubrica de juros, aumentando estes e deixando de pesar nos gastos gerais do estado. Este procedimento é contrário aos princípios gerais do registo contabilístico, que obrigam à classificação das despesas de acordo com a sua natureza e, não, com a sua finalidade.
Em conclusão: a forma como o Instituto é “remunerado” é a antítese daquilo que deveria ser, uma vez que dá sinais opostos ao que deveria.
Isto talvez ajude a compreender a existência da tal almofada, da ordem dos 10 mil milhões de euros (não é engano) que, embora não utilizados nem indispensáveis, exigiram que se tivesse que recorrer a empréstimos.
Claro que a responsabilidade pelo sucedido não é do presidente mas do político que fixou esta forma de dotação e daquele a quem competiria monitorizar a situação e não o faz, apesar do desmando.
Aliás, segundo notícias de hoje, dia em que se recorreu a mais um pedido de empréstimo de 3,5 mil milhões de euros, esta quantia destina-se a cobrir as necessidades financeiras dos primeiros meses do próximo ano!!!
Faz sentido este procedimento? Não era preferível aguardar até perto do fim do ano e, então, sim, pedir o dinheiro, passando a pagar juros só daí em diante?! Se se tratasse de uma empresa ou de uma família, seguramente não iriam criar uma almofada deste tipo nem deste montante, com as devidas proporções, quando os juros são tão elevados.
Sinais errados como este são, por exemplo, o de financiar as universidades em função do número de alunos. Isto convida a instituição a preocupar-se pouco com os chumbos, a ser laxista na definição das cadeiras nucleares de acesso, eliminando a matemática, a, sobretudo, formar “dux veteranorum”.

António Pimpão

fevereiro 11, 2014

As pérolas com que nos querem transformar em porcos...

Se já não via com bons olhos e ainda menos bons ouvidos, o quadradismo básico de alguns comentadores e os seus argumentos "mainstream" que suportam a máquina ideológica destes meninos que nos desgovernam, as pérolas que outros vomitam são então simplesmente de provocar mais vómito. Não são precisas mais palavras, está tudo em pratos limpos, ou melhor, o nosso destino é sermos suínos de trabalho, já que "eles", a elite, são os porcos mais iguais do que os outros, como diria Orwell... Winston Churchill, em plena guerra com a Alemanha Nazi respondeu com outra pergunta aos que queriam cortar na cultura, dadas as enormes despesas decorrentes do esforço a que o conflito obrigava: -

Se cortarmos no que nos diferencia deles, para que é que serve esta guerra?

- Mas isso é História, uma ciência que estes inqualificáveis não têm categoria, pela sua ignorância atroz, de desqualificar.
Urge sim é fazer uma limpeza profunda a esta gentinha  antes que demos por nós a viver nos tempos das cavernas.

Eis mais do mesmo e do que é o seu projecto de sociedade:

Agora, não se esqueçam de votar neles!






fevereiro 10, 2014

Aqui d'el Rey, que a Suiça votou contra... ou a favor... nem sei!

A Europa Politocrática declarou-se hoje alarmada com o resultado do referendo suíço sobre a emigração. Nada mais hipócrita! Alarmados estamos nós, os cidadãos, o povo.
Com as medidas castrantes dos últimos anos dos governos nacionais e as orientações da UE (+ Troikas + FMI), de que é que estes tecnocratas de m***** estavam à espera? Independentemente de a economia suíça estar em crescimento, de a taxa de desemprego não ter aumentado, o espectro do desemprego e da crise estava impresso no boletim.
A extrema direita francesa diz hoje em alta voz 'Me aguardem!'.
É tão fácil gerar extremismos quando se ameaça a presença do pão na mesa. Temos a memória muito curta. Não precisamos de recuar sequer cem anos para vermos o povo a abrir os braços para acolher duras ditaduras à esquerda e à direita.
Inseguros os querem, radicais os terão!

O sorteio das Finanças segundo Paulo Portas

«Isso de fazer concorrência ilegal aos do sistema formal não é um sistema tributário justo.
Os que podem fugir fogem, mas os que têm que pagar pagam sempre.
[até aqui tudo certo]
O sorteio é uma das possibilidades de dar incentivo.
Sorteiam-se as facturas que antes não se pediam.
É convidar as pessoas, de forma simpática, a fazerem o que têm que fazer de forma obrigatória»


Ou seja, "ou pedes a factura e habilitas-te a ganhar um carro topo de gama ou não pedes e habilitas-te a teres problemas com a Autoridade Tributária (Finanças)"

Zé Povinho - peça da colecção de arte erótica «a funda São»

«A justiça será cega?» - António Pimpão

Antigamente – com isto quero dizer de há 40 anos para trás – o perigo para a democracia vinha dos quartéis, das casernas, havia o receio das fardas e das baionetas.
Hoje em dia, o perigo para a democracia está a crescer vindo dos palácios da justiça, das togas, dos agentes da justiça.
Ao menos, os militares assumiam-se, davam a cara, criavam ditaduras explícitas, governavam. Os agentes da justiça, pelo contrário, são mais suaves, limitam-se a empatar, a obstaculizar, a criar o ambiente.
A semelhança está em que não elegemos nem uns nem outros. Estão ambos acima de qualquer escrutínio popular ou outras formas de controlo.
Em reforço do que afirmo sobre a justiça, veja-se o caso das decisões judiciais tomadas ultimamente e que constituem clara invasão da esfera própria do governo, que nada têm a ver com a violação de preceitos legais, de que são exemplos mais recentes, citando de memória, o caso da estrada de Beja que o juiz mandou reativar ou a sanha da PGR a respeito dos quadros de Miró.
Além disso, a justiça funciona a ritmo de caracol, prolongando afrontosamente a tomada de decisões. E ai de quem a acuse disto: logo virão os seus agentes em defesa própria afirmando que a justiça tem o seu ritmo – o que até será verdade -, assim escamoteando que esse ritmo é sempre lento, sem o dever ou poder ser. E o pior é que, apesar do ritmo lento, as decisões, sobretudo dos casos mediáticos, têm sido sempre frustrantes: arquivamento por insuficiência de provas, por acusação mal formulada, por erros formais ou por prescrição. Isto depois de encherem as páginas dos jornais, de se terem feito julgamentos na praça pública e de se terem esturrado rios de dinheiro, além de se fazer perder tempo às inúmeras pessoas inquiridas.
Acresce que a justiça mantém sempre em mãos, sem os concluir, processos em que são referidos, suspeitos ou indiciados membros do governo, seja este qual for, a quem vão cozendo em fogo lento.
Não custa adivinhar que lá mais para a frente, para mais perto das eleições, virão a lume notícias sobre o andamento dos processos envolvendo Passos Coelho (Tecnoforma) ou Paulo Portas (submarinos), pelo menos. Claro que estes processos vão dar em nada, como habitualmente, mas funcionam como técnica de desgaste.
Da justiça se pode dizer, com toda a justiça, que é forte para os fracos e é fraca perante os fortes (apesar das ameaças).

António Pimpão

fevereiro 09, 2014

«BPN e Cultura» - Jaime Ramos

Viva o BPN, promotor da cultura nacional.
E o Tesouro de Chão de Lamas?
E o Convento de Semide?
Considero um escândalo ver, há décadas, por alegada falta de dinheiro, do Norte ao Sul de Portugal, património classificado em ruínas: castelos, conventos, monumentos...
No concelho onde resido, em Semide, Miranda do Corvo, temos um Mosteiro Beneditino, com uma ala em ruínas, com uma reabilitação iniciada há décadas e sempre adiada por falta de verbas.
No mesmo concelho, em Lamas, foi descoberto o Tesouro de Chão de Lamas, talvez o mais importante conjunto de peças arqueológicas do séc. I ou II AC, representantes da "cultura" lusitana. Por sermos um país pelintra, esse importante Tesouro terá sido "adquirido" pelo Estado Espanhol no século passado. O tesouro está exposto no Museu Nacional de Arqueologia em Madrid.
Já lancei, com a colaboração da Universidade Sénior da Fundação ADFP, um processo de luta exigindo que Espanha nos devolva este importante Tesouro Lusitano. Nem este nem o anterior Governo de Sócrates nos apoiaram nesta exigência de trazer para Portugal este valioso património, representativo dos Lusitanos.
Nunca os bem pensantes defensores do património se associaram a esta nossa luta a exigir a Espanha a devolução do Tesouro de Chão de Lamas.
Agora, em plena crise financeira, vejo, a propósito dos quadros de Miró, antigos responsáveis pela Cultura e por Governos, afirmarem que umas dezenas de milhões de euros não têm qualquer importância, nem fazem falta.
Não percebo por que ex-ministros da Cultura deixaram este imenso património classificado, edificado, em ruínas, quando era tão fácil obter todos estes milhões de euro...
Aguardo que alguns apaixonados pela pintura de Miró lancem uma petição a defender que Oliveira e Costa, o antigo líder do "bando" BPN, passe a ser considerado o exemplo nacional de empresário modelo, valorizador da importância cultural de Portugal. O título? Sugiro: sem ti ,Oliveira e Costa, Portugal não teria Mirós! Sem ti, era mais difícil perceber o provincianismo "cultural" nacional.

Jaime Ramos

PS: Se é tão fácil arranjar, mesmo em plena crise, umas dezenas de milhões para comprar quadros de "Miró", não percebo por que pararam o projecto Ramal da Lousã/Metro Mondego.

«Agricultura» - António Pimpão

Os agricultores que pretendam fazer mais do que produzir para autoconsumo, ou seja, que tencionem vender a terceiros, passaram a estar obrigados a coletar-se nas Finanças e a contribuir para a Segurança Social.
Esta obrigação foi imposta em finais de 2012, foi depois adiada para 31 de março seguinte, depois para 31 de julho, depois para 31 de outubro, depois para 31 de dezembro e, finalmente, para 30 de abril de 2014.
Com estes sucessivos adiamentos está criado um precedente no mínimo bizarro: tirante os mais cumpridores, que se coletaram na primeira leva, poucos mais se terão coletado nos prazos seguintes, sempre na expetativa de novo adiamento. E com inteira razão. Quem foi cumpridor, tramou-se.
Não discordo do princípio geral de que os agricultores tenham que se coletar, tal como o fazem os restantes operadores e comerciantes em nome individual. Porém, considero um exagero as obrigações gerais a que estão sujeitos, muito para além das suas capacidades organizativas e do real interesse para o fisco e pagamento de impostos.
Um agricultor que se colete passa a estar obrigado a emitir faturas de todas as suas vendas, mesmo que se trate de vendas na praça ou à porta da sua casa, a comunicar mensalmente ao fisco, por via eletrónica, as faturas emitidas, a preencher a declaração anual do IRS, a satisfazer toda a sorte de estatísticas e a contribuir para a Segurança Social (caso não tenha outro emprego ou não seja reformado).
Não desconheço que a par do agricultor tradicional, que em geral não o é por opção mas antes por atavismo, tradição, gosto pelo local onde nasceu ou falta de oportunidades alternativas, com explorações de reduzidíssima dimensão, existem agricultores de outro nível, dimensão e sucesso.
É aqui que, mais uma vez, se nota a falta de senso que preside a muitas das decisões dos nossos políticos, que avaliam o país à dimensão de Lisboa.
Sobre isto, o que penso é que deveria ter sido estabelecido um mínimo de atividade ou de dimensão para sujeitar os agricultores a estas obrigações fiscais gerais. Aquém dessa dimensão – digamos, 5 hectares cultivados – bastaria que o agricultor se registasse nas finanças nessa qualidade, que obtivesse um cartão comprovativo, que pagasse uma contribuição anual forfetária (fixada ou negociada, independente do nível das suas vendas efetivas), ficando dispensado de todas as restantes obrigações (emitir fatura, fazer declarações fiscais com menção do seu nível de atividade e contribuir para a Segurança Social).
Por todo o país está a decorrer recolha de assinaturas para solicitar ao governo a não sujeição dos agricultores às normais obrigações fiscais. Não concordo que todos os agricultores fiquem de fora dessas obrigações, como disse acima.

António Pimpão

fevereiro 08, 2014

«O assalto aos reformados»

Dívida pública - a maior fraude da história da humanidade!

"O governo não pode ser autorizado a contrair empréstimos - nem um cêntimo - nunca mais, de ninguém! Os bancos são empresas e requer-se às empresas que maximizem os seus lucros. O que isso significa? Isso significa que os bancos NUNCA terão como objetivo o interesse público! É impossível para eles funcionar para o interesse público! Portanto, não podemos dar-lhe o poder do dinheiro."

Palestra completa aqui.

"Palestra de Bill Still na conferência do IFSS (Fórum Internacional sobre Sistemas Financeiros) em Istambul, Turquia (2013.09.12).
Bill Still é um ex-editor e redactor de jornal. Escreveu para os jornais USA Today, The Saturday Evening Post, the Los Angeles Times Syndicate, OMNI magazine, etc. Escreveu 22 livros e dois vídeos documentários.
Em 1996 produziu o documentário aclamado "The Money Masters / Os Mestres do Dinheiro" (www.themoneymasters.com) que previu os eventos económicos que estão apenas a começar a acontecer. Coordenado pelo economista vencedor do prémio Nobel Milton Friedman, este é considerado o trabalho clássico sobre a reforma monetária."

O povo tem fome...

O Povo tem o quê?
Tem fome?!
Hahaha
Oh-oh -oh... 

Ora...dêem-lhe brioches!!!






O Povo tem fome?
oh......




Dêem-lhe Porsches!!!
















... É de perder-se a cabeça...







fevereiro 05, 2014

mirando os Mirós...


Raim on Facebook

Zangam-se as comadres...

... descobre-se o que já se sabia: que os Bancos ganharam sempre muito dinheiro à custa da especulação provocada por uma ambição desmedida. E nada melhor do que ouvir alguém que esteve directa e totalmente envolvido nesses «jogos de dinheiro». Vejam, segundo os jornais «Diário de Notícias» e «Jornal de Negócios», o que alega João Rendeiro, ex-presidente do Banco Privado Português (BPP) no processo movido contra si por outros ex-accionistas do banco:

«Las Comadres» - Simon Silva, México
“os accionistas [do BPP] não foram enganados, uma vez que tinham experiência suficiente para saberem estar perante um investimento de risco e se acabaram lesados foi porque foram vítimas das suas ambições”.

“os presentes autos são o exemplo da cupidez [ambição] de muitos dos aqui assistentes, que, ao longo de vários anos muito ganharam em estratégias de investimento em tudo semelhantes à presente e que agora confrontados com a perda do investimento cujo risco aceitaram, dizem-se enganados”.

Sofisticados especuladores bolsistas, vestem a pele de ingénuos e impreparados consumidores, quando muitos deles investiram neste como antes em outros veículos e, pasme-se, investiram também a título particular precisamente no mesmo título em que a Privado Financeiras investiu, o BCP”.

“Antes do fracasso em torno das acções do BCP, a estratégia havia sido sempre de lucros impressionantes e muito acima dos indicadores de mercado. E ninguém poderia adivinhar que o BCP estivesse tão fraco”.

E o meu bolso, o seu e de 503 milhões de cidadãos europeus a serem atacados e forçados a «resolver» os problemas que estes senhores criaram!

fevereiro 04, 2014

Os bancos vivem acima das minhas possibilidades!

Há uns vinte e cinco anos, trabalhei com o administrador-delegado de uma empresa que tinha sido, anteriormente, administrador de um banco português.
Ensinou-me ele que "se devemos cem mil contos a um banco, temos um problema. Se devemos dez milhões de contos, o banco tem um problema".
O que eu nunca imaginaria - mas deparo-me com essa realidade, desde 2008 - é que este princípio poderia ser utilizado pelos bancos contra mim! E de uma forma tão descarada que ainda mais me indigna: colocando os desGovernos de alguns países (como Portugal) a fazerem o trabalho sujo de cortar nos rendimentos disponíveis dos cidadãos desses países, com o pretexto de "os bancos não poderem fechar por terem dívidas que não conseguem suportar".
Na mesma altura em que ouvi aquela frase que citei no início, contactei um banco que demorava a responder a um pedido de crédito que tínhamos feito há algumas semanas. Quando insisti na necessidade de obter uma resposta, o «senhor doutor bancário», do outro lado da linha, criticou-me:
- O senhor não sabe falar com um banco!
A resposta formal veio só bem mais tarde, formal e hipocritamente muito correcta e cordata ... mas negativa.
Sempre ouvi críticas à sobranceria dos bancos, ao facto de "emprestarem um guarda-chuva quando não está a chover",... mas esta situação agora, em que não devo um cêntimo a banco algum mas estou a sustentá-los, é o cúmulo!
E se por acaso, ao estar a ler isto, pensa que só eu é que estou a ser penalizado pelos bancos, então leia este artigo da «Visão»:

«Europa gastou um décimo da sua riqueza para salvar bancos»

Deixo-lhe só um número: € 1.330.410.000.000.
Consegue lê-lo? A «Visão» diz que é "um bilião, trezentos e trinta mil, quatrocentos e dez milhões de euros, o montante que a União Europeia usou, até agora, para salvar os bancos do espaço comunitário desde o início da crise financeira que teve origem em 2008".
Não, senhores da «Visão», a crise financeira rebentou em 2008 mas a origem já é de há décadas. E não rebentou tudo. Porque a especulação e manipulação dos mercados continua. Duvida? Eu não!
E sabe de onde vem este dinheiro? Não, não cai do céu... sai do meu bolso, do seu bolso... dos bolsos dos 503 milhões de cidadãos da União Europeia.

«Prosódia» - António Pimpão

Prosódia é um termo que tem várias definições entre as quais “o estudo do ritmo, entoação e demais atributos da fala”, ou seja, tem mais a ver com a maneira de dizer e, com isso, de suscitar coisas e ideias para além do que se diz do que com a correção propriamente daquilo que se diz.
Não sei porquê – ou até sei – mas o termo sugere-me António José Seguro.
Não pretendo imiscuir-me em questões partidárias, mas o que sinto é que o problema dele não está apenas na falta de ideias articuladas e mobilizadoras para a governação do país; está,sobretudo, na falta de força e de interesse naquilo que diz, na forma e tom em que o diz.
Até quando?

António Pimpão

fevereiro 03, 2014

«QUEM ESTÁ DISPOSTO A PAGAR PARA MIRAR O MIRÓ?!» - António Pimpão

Por mais que me esforce para aderir à posição de vários amigos que neste espaço têm manifestado a sua opinião sobre as obras de Miró que pertenciam ao acervo do malfadado BPN, defendendo que o estado as não deve vender, confesso que não encontro razões fortes para as seguir.
E menos razões tenho para me congratular com a providência cautelar interposta por deputados do PS e ainda menos com a decisão da PGR de secundar essa providência cautelar, como se o estado estivesse a cometer uma ilegalidade (pois apontar e punir ilegalidades é o papel que cabe à justiça, que nesta matéria não pode deixar interferir estados de alma nem pretensões a decidir sobre políticas governamentais).
Nunca os portugueses terão visto as tais obras de Miró, a ponto de estas se poderem considerar como património nosso (como o sentimos, por exemplo, em relação aos painéis de S. Vicente de Fora, de Nuno Gonçalves, ou às Tentações de Santo Antão, de Hieronymus Bosh, do Museu Nacional de Arte Antiga).
As obras de Miró são pertença do estado, não porque este as tenha comprado – por certo nunca as compraria; e, se o tivesse feito, por certo não faltaria um coro de protestos contra a forma como delapidava o dinheiro dos nossos impostos – mas porque vieram cair à sua posse ao serem recuperadas na sequência de um roubo praticado pelos administradores do BPN, roubo esse que foi feito aos nossos bolsos, pois fomos nós quem acabou por pagar e vai continuar a pagar todos esses desmandos.
Apesar da valia artística das obras ou do seu autor, que não pretendo nem sei discutir, será que o país se encontra em condições para empatar dinheiro nelas? Não haveria outros artistas, outras obras ou, melhor, outras aplicações?
Se o estado fizesse um referendo vinculativo a perguntar se estávamos dispostos a pagar aquelas obras com os nossos impostos, será que votaríamos favoravelmente?
É evidente que se não interiorizarmos que temos que ser nós a pagar o que o estado gasta, se pensarmos que é o estado ele próprio que paga isso, como se ainda tivesse minas ou pudesse mandar imprimir notas, sempre acharíamos que queremos tudo o que faz falta ou dá jeito. Nisso, somos insaciáveis. O dia-a-dia dá-nos inúmeros exemplos disso.
No ponto em que as coisas se encontram, e apesar da sua valia artística, as referidas obras mais são do que mercadoria, com um preço de mercado, por acaso valioso. Mas não fazem parte de um projeto nacional, de um imperativo, de uma necessidade de as possuirmos a todo o custo. Se o estado as vender, porque é o seu legítimo dono, mais não faz do que recuperar uma pequena parcela do que já tivemos que pagar para cobrir o buraco deixado pela tranquila administração do BPN.
Quando a poeira assentar e voltar o bem senso, a decisão judicial não pode deixar de ser um “nihil obstat” à venda das obras, pois não terá sido infringida qualquer lei. Mas, entretanto, não só não se recuperou qualquer dinheiro daquele que pagámos por causa do BPN como ainda temos que pagar a indemnização à leiloeira contratada. Mas quem moveu a providência cautelar e provocou essa perda vai assobiar para o lado, nada tem que suportar, como nos inúmeros casos já verificados das providências cautelares a que foi negado acolhimento.

António Pimpão

«Blocos de Esquerda» - António Pimpão

O Bloco de Esquerda é uma espécie de Balcãs da política portuguesa.
Os Balcãs têm sido historicamente ingovernáveis porque acima dos interesses gerais da região se têm sobreposto, de forma exacerbada, os nacionalismos locais.
Apenas durante poucas dezenas de anos, durante a guerra fria, existiu uma união política da região, sob o pulso forte do marechal Josip Broz Tito. Com a sua morte, de novo se manifestaram os nacionalismos através de uma guerra nacionalista e fraticida, da qual resultaram os atuais países balcânicos.
Também a extrema-esquerda portuguesa se assemelha aos Balcãs, sendo constituída por grupúsculos em que o ego dos seus dirigentes se sobrepõe ao interesse geral.
Surpreendentemente, também entre nós o marechal Tito Louçã conseguiu reunir sob uma única bandeira e durante pouco mais de uma dezena de anos um conjunto considerável de grupúsculos aparentemente não miscíveis.
Reformado o leader, logo de novo se manifestaram os “nacionalismos” latentes e o Bloco de Esquerda retomou o caminho da balcanização, gerando Movimentos paroquiais que se acabam por confundir com a personalidade dos respetivos leaders. Resta saber que Movimento virá a ser criado por Ana Drago.
Cá como lá!

António Pimpão

fevereiro 01, 2014

Sejamos utópicos!

"Como dizia o outro (Quem terá sido?!), “A utopia é a coisa mais real que existe”…
Portanto…
Divulguem a realidade… sejam utópicos!"
Eduardo Martins

Eu só lhe tirava a banda sonora e o tom de vendedor de banha da cobra do locutor.