Mostrar mensagens com a etiqueta (des)acordo ortográfico. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta (des)acordo ortográfico. Mostrar todas as mensagens

dezembro 31, 2016

Maldito Acordo(?) Ortográfico!

...Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!...
Ary dos Santos

Os exemplos (maus) estão por todo lado, a língua Portuguesa, tornou-se numa javardice, levada que foi por promessas de proxenetas, para os mais porcos bordéis.



...A "RECESSÃO" foi calorosa....


Está para quem quiser ver, nas legendagens de uma peça documental sobre o Nepal, acessível num dos canais temáticos dos serviços de Televisão por Cabo. 
Na passagem em consideração, um familiar recebia calorosamente um dos seus após uma viagem complicada por um país em que as estradas são apenas passagens entre florestas e espaços cultivados.

Mais uma vez a bomba em explosão lenta e contínua que é o (des)Acordo Ortográfico...
Os exemplos dramáticos sobre o efeito que este verdadeiro crime contra o mais importante património imaterial de qualquer povo - a sua língua- exerceu, são por demais evidentes.
Mas a minha indignação não é de agora, os maus exemplos estão por todo o lado, já se escrevia mal, -falta de leitura-, e o Acordo apenas legitimou e aprofundou o fenómeno.

As imagens anexas relativas ao assassinato da palavra RECEPÇÃO, apenas três num universo lato de calinadas e enormidades, demonstram isso à exaustão.

Este maldito Acordo Ortográfico, feito sob um pressuposto totalmente falso, de onde sobressai entre vários disparates o sacrifício da etimologia à fonética, tem conseguido, até neste particular, dar um tiro nos pés dos seus defensores.

É que à custa do corte da palavra com a sua origem, empurrando a mesma para o contexto, -onde em vez de ser a palavra por si a criadora do contexto-, são as outras a contextualizar, tem-se conseguido os prodígios de desligar a palavra do seu sentido primitivo, da sua génese e por falta dessa âncora, de tornar átonas as sílabas que eram dantes abertas.

Exemplos?

Adoptar, de onde derivam as palavras que não suscitam dúvidas quanto à pronúncia, deu agora, pela sua castração para adotar,  origem às estapafúrdias sonoridades:
  Adutar, adutado, adução....

Recepção, onde não se duvida que se deva dizer "re-cép-ção", passou a ser pronunciado pelo mão do intragável veículo " receção" precisamente por "recessão".
E tal como é dito, é escrito...






E não há quem tenha a força e coragem suficiente para acabar de vez com esta monstruosidade?

Qual é o nosso papel como cidadãos? O se de sermos borregos acéfalos e seguidistas nestes pastos de ignorância e demagogias?

julho 30, 2015

«Acordo ortográfico» - Maria Clara Assunção

Tem-se falado muito do Acordo Ortográfico e da necessidade de a língua evoluir no sentido da simplificação, eliminando letras desnecessárias e
acompanhando a forma como as pessoas realmente falam .
Sempre combati o dito Acordo mas, pensando bem, até começo a pensar que este peca por defeito. Acho que toda a escrita deveria ser repensada, tornando-a
mais moderna, mais simples, mais fácil de aprender pelos estrangeiros .
Comecemos pelas consoantes mudas: deviam ser todas eliminadas.
É um fato que não se pronunciam .
Se não se pronunciam, porque ão-de escrever-se ?
O que estão lá a fazer ?
Aliás, o qe estão lá a fazer ?
Defendo qe todas as letras qe não se pronunciam devem ser, pura e simplesmente, eliminadas da escrita já qe não existem na oralidade .
Outra complicação decorre da leitura igual qe se faz de letras diferentes e das leituras diferentes qe pode ter a mesma letra .
Porqe é qe "assunção" se escreve com "ç" "ascensão" se escreve com "s" ?
Seria muito mais fácil para as nossas crianças atribuír um som único a cada letra até porqe, quando aprendem o alfabeto, lhes atribuem um único nome.
Além disso, os teclados portugueses deixariam de ser diferentes se eliminássemos liminarmente o "ç".
Por isso, proponho qe o próximo acordo ortográfico elimine o "ç" e o substitua por um simples "s" o qual passaria a ter um único som .
Como consequência, também os "ss" deixariam de ser nesesários já qe um "s" se pasará a ler sempre e apenas "s" .
Esta é uma enorme simplificasão com amplas consequências económicas,designadamente ao nível da redusão do número de carateres a uzar.
Claro, "uzar", é isso mesmo, se o "s" pasar a ter sempre o som de "s" o som "z" pasará a ser sempre reprezentado por um "z".
Simples não é? se o som é "s", escreve-se sempre com s. Se o som é "z" escreve-se sempre com "z" .
Quanto ao "c" (que se diz "cê" mas qe, na maior parte dos casos, tem valor de "q") pode, com vantagem, ser substituído pelo "q". Sou patriota e defendo a língua portugueza, não qonqordo qom a introdusão de letras estrangeiras.
Nada de "k" .Ponha um q.
Não pensem qe me esqesi do som "ch".
O som "ch" será reprezentado pela letra "x".
Alguém dix "csix" para dezinar o "x"? Ninguém, pois não?
O "x" xama-se "xis".
Poix é iso mexmo qe fiqa.
Qomo podem ver, já eliminámox o "c", o "h", o "p" e o "u" inúteix, a tripla leitura da letra "s" e também a tripla leitura da letra "x".
Reparem qomo, gradualmente, a exqrita se torna menox eqívoca, maix fluida, maix qursiva, maix expontânea, maix simplex.
Não, não leiam "simpléqs", leiam simplex.
O som "qs" pasa a ser exqrito "qs" u qe é muito maix qonforme à leitura natural.
No entanto, ax mudansax na ortografia podem ainda ir maix longe, melhorar qonsideravelmente .
Vejamox o qaso do som "j".
Umax vezex excrevemox exte som qom "j" outrax vezex qom "g"- ixtu é lójiqu?
Para qê qomplicar?!
Se uzarmox sempre o "j" para o som "j" não presizamox do "u" a segir à letra "g" poix exta terá, sempre, o som "g" e nunqa o som "j".
Serto?
Maix uma letra mud a qe eliminamox.
É impresionante a quantidade de ambivalênsiax e de letras inuteix qe a língua portugesa tem!
Uma língua qe tem pretensõex a ser a qinta língua maix falada do planeta, qomo pode impôr-se qom tantax qompliqasõex?
Qomo pode expalhar-se pelo mundo, qomo póde tornar-se realmente impurtante se não aqompanha a evolusão natural da oralidade?
Outro problema é o dox asentox.
Ox asentox só qompliqam !
Se qada vogal tiver sempre o mexmo som, ox asentox tornam-se dexnesesáriox .
A qextão a qoloqar é: á alternativa ?
Se não ouver alternativa, pasiênsia.
É o qazo da letra "a".
Umax vezex lê-se "á", aberto, outrax vezex lê-se "â", fexado .
Nada a fazer.
Max, em outrox qazos, á alternativax .
Vejamox o "o": umax vezex lê-se "ó", outrax lê-se "u" e outrax, lê-se "ô".
Seria tão maix fásil se aqabásemox qom isso!
qe é qe temux o "u"?
Se u som "u" pasar a ser sempre reprezentado pela letra "u" fiqa tudo tão maix fásil!
Pur seu lado, u "o" pasa a suar sempre "ó", tornandu até dexnesesáriu u asentu.
Já nu qazu da letra "e", também pudemux fazer alguma qoiza : quandu soa "é", abertu, pudemux usar u "e".
U mexmu para u som "ê" .
Max quandu u "e" se lê "i", deverá ser subxtituídu pelu "i".
I naqelex qazux em qe u "e" se lê "â" deve ser subxtituidu pelu "a".
Sempre. Simplex i sem qompliqasõex.
Pudemux ainda melhurar maix alguma qoiza: eliminamux u "til" subxtituindu, nus ditongux, "ão" pur "aum", "ães" - ou melhor "ãix" - pur "ainx" i "õix" pur "oinx".
Ixtu até satixfax aqeles xatux purixtax da língua qe goxtaum tantu de arqaíxmux.
Pensu qe ainda puderiamux prupor maix algumax melhuriax max parese-me qe exte breve ezersísiu já e sufisiente para todux perseberem qomu a simplifiqasaum i a aprosimasaum da ortografia à oralidade so pode trazer vantajainx qompetitivax para a língua purtugeza i para a sua aixpansaum nu
mundu.
Será qe algum dia xegaremux a exta perfaisaum?...
I porqe naum?...

Maria Clara Assunção
Blog «A Biblioteca de Jacinto»

novembro 12, 2013

Petição contra a Aberração Ortográfica.



Porque este "Acordo" Ortográfico começa logo por ser incorrecto por não espelhar acordo, e porque principalmente não simplifica coisa alguma, mas confunde ao tornar semelhantes na grafia muitas palavras com significados diferentes , assinemos e divulguemos esta Petição. 

Para que não tenhamos que espremer os miolos para fazer conseguir uma criança entender que espetador não é quem espeta e porque é que recessão e receção, são coisas  diferentes e com pronúncias diferentes e fundamentalmente que eles saibam aplicar a diferença.



janeiro 29, 2013

(Des)acordo ortográfico: Carta Aberta ao Ministro da Educação e Ciência

Subscrevi - tal como 1900 outros Portugueses, até ao momento - uma Carta Aberta ao Ministro da Educação contra o (des)Acordo Ortográfico (documento com 20 páginas).

Excerto da fundamentação:
"(...) Impõe-se pressionar quem de direito e de múnus em Portugal a que reajam, abandonem o torpor burocrático, o "porque sim" e tomem uma posição, façam o que sempre se têm escusado a fazer: o diagnóstico dos estrangulamentos e constrangimentos a que a aplicação do AO90 tem dado azo (cf. a DECLARAÇÃO DE LUANDA dos Ministros da Educação da CPLP, de 30 de Março de 2012). E que mais ainda: suscitem a única posição que permite salvar a face, a honra, a língua e a independência nacionais de Portugal e dos restantes países lusófonos: a revogação do AO90.
Nesse sentido, são todos convidados e encorajados a participar nesta iniciativa, a subscrição de uma Carta Aberta ao Sr. Ministro de Educação e Ciência (comprometido com a Declaração de Luanda), e eventualmente a outros responsáveis governamentais, como o Sr. Ministro dos Negócios Estrangeiros e Sr. Secretário de Estado da Cultura.
Nunca como hoje as circunstâncias foram tão favoráveis. Daí a urgência, a necessidade absoluta de manter a pressão, de os cidadãos ajudarem os governantes a governar.

Rui Miguel Duarte
Autor e primeiro subscritor da Carta Aberta"

A subscrição deve ser feita aqui.

Para se manterem actualizados sobre as iniciativas anti-Acordo Ortográfico adiram ao grupo Em aCção contra o Acordo Ortográfico, no Facebook. O objectivo é chegar às 4000 assinaturas, para que seja discutida obrigatoriamente, em sede de comissão, na Assembleia da República.
Aqui no «Persuacção» já malhámos tanto neste (des)Acordo Ortográfico...

abril 10, 2012

o faz-de-conta que se governa

Podemos ou não podemos pré-reformarmo-nos? É um direito ou não é (ou era)?
Independentemente das amarguras económico-financeiras que tal possa acarretar-nos, eu tenho para mim que é um direito, sim senhor. Não um «direito adquirido» mas sim um direito contratualizado, construído laboriosamente, conquistado a trabalho diário e prestações pagas regularmente ao Estado.
Mas isso assim seria se não vivêssemos num sórdido período de faz-de-conta-que-nada-serviu-de-nada, onde os nossos eleitos mandantes se sentem como peixe na água… E quando não sentem, mudam as leis, mancomunando-se uns com os outros para que tudo fique com um arzinho pestilencial de «legalidade democrática» e logo passam a ficar à vontade.
Já adivinharam: estou a referir-me às declarações do actual primeiro ministro pelas quais soubemos que ele não suscitou a discussão pública sobre as razões que levaram à actual proibição de «meter os papéis» para a reforma antecipada apenas e tão só para evitar uma corrida às pré-reformas por parte dos eventuais interessados, o que perturbaria o bom funcionamento das instituições. A tanto chegou a desfaçatez. Nem ser sério, nem o parecer; mas assumir a esperteza saloia, assim chamada.
Poderia discorrer sobre os malefícios de se passarem atestados de menoridade e de vil oportunismo ao bom povo, dando de barato que quem o fizesse estaria a exercer apenas o tal legítimo direito que lhe assistiria por vivermos num estado de direito – o que não acontece, de facto, isso de vivermos num estado de direito.
Não, vivemos num estado de sítio, num estado em mau estado, num estado vilão e interessado nas prebendas que se auto-distribui, sem rei, nem roque, nem presidência da República, nem tribunais, nem poderes institucionais e outros que tais que representem o povo ou, no limite, representem a salvaguarda do tal suposto e utópico «estado de direito».
Não há estado de direito, em boa verdade, quando, à menor contrariedade técnica, se muda a lei, se revoga um despacho, se adultera o sentido e conteúdo de uma portaria com outra que se sobrepõe àquela, sem pedir licença a ninguém.
Paradigmático exemplo é, nomeadamente, o caso do Acordo (?) Ortográfico.
Fascizante é, pois, o único termo que me ocorre, por muito que se queira invocar o «flagelo da crise», o espectro do memorando da trika, ou o papão da fome. E não há argumentos de «maioria parlamentar» que me iludam ou façam mudar de ideias.
O culto da aldrabice ligeira, sem qualquer requinte, sequer, de simulação instituiu-se na política portuguesa governativa onde, claro, são todos gente séria até prova em contrário.
De  facto, só mesmo os (des)governados recebem roda de tratamento como rematados vigaristas, independentemente das provas que em seu favor abonem e que estão cavadas muitas e sobejas vezes em fundas rugas de desespero que vão abundando no nosso país.  
Deve ser interessante e curioso governar-se assim. Mas, não sei porquê, felizmente há muito tempo que tal fato não me assenta – note-se que aqui é fato, mesmo, do que se fala, aquele que os nossos irmãos brasileiros chamam terno. O terno (outro) que esta gajada nunca mais dá nem há quem lho faça dar.   
Lá me dirão que é fastidiante tanto moralismo e manias de ética… Dirão o que quiserem. A verdade é que eu não me governo com isto. Nem a fazer-de-conta.
 

março 27, 2012

Considerações sobre o Acordo Ortográfico

.”NUM D14 D3 V3R40, 3574V4 N4 PR414, 0853RV4ND0 DU45 CR14NC45 8R1NC4ND0 N4 4R314. 3L45 7R484LH4V4M MU170 C0N57RU1ND0 UM C4573L0 D3 4R314, C0M 70RR35, P4554R3L45 3 P4554G3NS 1N73RN45. QU4ND0 3575V4M QU453 4C484ND0, V310 UM4 0ND4 3 D357RU1U 7UD0, R3DU21ND0 0 C4573L0 4 UM M0N73 D3 4R314 3 35PUM4... 4CH31 QU3, D3P015 D3 74N70 35F0RÇ0 3 CU1D4D0, 45 CR14NC45 C41R14M N0 CH0R0.
M45, EL4S C0RR3R4M P3L4 PR414, FUG1ND0 D4 4GU4, R1R4M D3 M405 D4D45 3 C0M3C4R4M 4 C0N57RU1R 0U7R0 C4573L0. C0MPR33ND1 QU3 H4V14 4PR3ND1D0 UM4 GR4ND3 L1C40; G4574M05 MU170 73MP0 D4 N0554 V1D4 4 C0N57RU1R 4LGUM4 C0154 3 M415 C3D0 0U M415 74RD3, UM4 0ND4 P0D3R4 V1R 3 D357RU1R 7UD0 0 QU3 L3V4M05 74N70 73MP0 P4R4 C0N57RU1R. M45 QU4ND0 1550 4C0N73C3R 50M3N73 4QU3L3 QU3 73M 45 M405 D3 4LGU3M P4R4 53GUR4R, 53R4 C4P42 D3 50RR1R!! S0 0 QU3 P3RM4N3C3 3 4 4M124D3, 0 4M0R 3 C4R1NH0. 0 R3570 3´  F3170 D3 4R314..
Se conseguiu ler o texto, então é mais um que não teria qualquer problema em ler "directo" em vez do "direto" ou "excepção" em vez de " exceção", ou ainda " recepção" em vez de "receção"..etc etc...
Tentemos fazer o mesmo agora com Expecção e Eçecxão! Curioso, não é? E que tal a outra, Diercto e Derito ou Repceção e Reçãoce.
Este texto, muito mais do que uma mera curiosidade, expressa antes de mais o cerne de todo o qualquer argumento sério sobre o fenómeno da palavra escrita e as regras fundamentais, essencialmente psicológicas sobre as quais a grafia assenta. Muito se tem dito sobre o Acordo Ortográfico respeitante  `a língua Portuguesa. Os seus defensores agitam o discurso da inevitabilidade dando a entender que a "simplificação" levada a cabo foi a melhor forma de defender a sua universalidade, leia-se, a sua aceitação global dentro do universo Lusófono.
Poderia desfilar um ror de considerandos e argumentos a contradizer, mas bastam-me as seis linhas, seis simples e  singelas linhas seguintes, que decorrem do texto acima apresentado e que serve de cabeçalho  ao post, para arrasar esta enorme tolice a que se chama o AO90...:
"
De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a3 lteras d3t3rminant35 etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que anida s3 pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. "


Repitamos então: Não lemos cada letra isolada, mas a palavra como um todo, ou seja, não soletramos letra a letra, a não ser quando inicialmente a aprendemos. Depois formamos uma imagem mental da palavra a partir dos seus elementos determinantes onde todas as letras e até o seu comprimento  em número de letras importa. Um "p", um "h" ou um "c" não precisam de ser pronunciados para que mentalmente contextualizem as palavras onde elas estão inseridas e definam todo o universo que lhe estão ligadas.
Já cansam os argumentos e falácias prós e contras, se " de facto veio de gravata" ou se "de fato veio de gravata" ou se alguém "para para ler" ou se "pára para ler". De tão evidentes as simplificações apresentadas na verdade complicam e confundem além de que nenhum outro idioma diversificado nas suas diásporas teve de ser unificado por imposição, pela simples evidência que não se pode nem se deve reduzir e empobrecer o que pela pluralidade se enriquece.
Por isso, não sendo contra o simplificação decorrente da algumas propostas, sou radicalmente contra esta coisa inqualificável que entra já no campo, não da simplificação, mas da complicação cientificamente comprovada como os textos acima demonstram.




março 23, 2012

N.A.O. | Ora vamos lá a ver se a malta se entende

A verdade é que já não posso ouvir falar do maldito acordo ortográfico (N.A.O.), que já por aqui fez correr muita tinta.
E, quando oiço outras pessoas dizerem o mesmo, que estão fartas do assunto e que era atirá-lo pela janela porque está pejado de idiotices, estou absolutamente convencida de que só se amaldiçoa o que se conhece, da mesma forma que só se gosta do que não nos é estranho (ok, ok, este último período dava para outro post, mas deixêmo-lo assim, que para o assunto chega bem).
Estava rotundamente enganada.

A nova virose facebookiana (não informática, ressalve-se, mas pior: a da ignorância que se alastra acriticamente) radica na imagem que se segue:


E esta imagem vi-a, há uns dias largos, no perfil do D. e hoje no perfil da A..
No outro dia, um dos meus professores referiu-se a esta frase como sendo de Miguel Esteves Cardoso (lá nos idos anos 90, quando todo o processo começou) e subscreveu-a. E foi então que comecei a ficar preocupada.
Aos dois (D. e A., apenas; quanto ao professor, fiz de conta que estava muito distraída, já que a conversa não era comigo) expliquei que a mensagem não era só enganosa, antes constituía um rotundo erro, não só porque o acordo não prevê qualquer alteração na acentuação das palavras exdrúxulas, que continuam a sê-lo na (antepenúltima) sílaba tónica, como também porque a palavra facto, em Portugal, manter-se-á tal como está, justamente porque se lê o C e a regra geral é a de que desaparecem as consoantes mudas (esqueçam os agás no início das palavras, esses ficam, ok?); já no Brasil, continuar-se-á a escrever fato - um dos muitos casos de dupla grafia que, quanto a mim, são o maior dos argumentos contra esta parvoíce: se é para manter excepções, por que não deixar as coisas como estão?
E pronto, poderia quedar-me pela dilucidação e estava feito.
Mas não deixa de me fazer comichões esta imensa impressão de que, quando fala, a maioria das pessoas não sabe do que fala. E isso é tanto triste como assustador.


Nota: não, a minha formação não é linguística, tenho tanta obrigação de conhecer o N.A.O. como qualquer outro cidadão e só sei do que falo porque estou ciente de que o conhecimento nunca fez mal a ninguém, por um lado e, por outro, porque não falo do que desconheço. Sim, sim, já sei... manias minhas!!

novembro 03, 2011

serviço público - o (des)acordo ortográfico é ilegal?

Soube agorinha mesmo desta curiosidade que considero da maior utilidade partilhar convosco, mas o atropelo é tanto e tão desvairado que damos por nós sem saber lá muito bem com que linhas é que nos cozemos, como diriam as avozinhas.

Ora, o certo é que existe um Decreto, datado de 08 de Dezembro de 1945, mas muito em vigor, dado não ter sido revogado, que regulamenta o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa. É ele o Decreto 35228 que, salvo melhor opinião, está vivinho da costa.

Acontece que, estando ele em vigor, e se ainda estamos num estado de direito, ele retira toda a legitimidade ao mais recente «Acordo Ortográfico» que, apesar de novo, é já de tão má memória e que tanta celeuma tem causado. 

E (mais) esta, hem?

- Claro que, se houver quem saiba mais e melhor o que se está a passar, muito se agradece conveniente esclarecimento.

maio 20, 2011

O porquê de eu- inveterado opositor du acordu hortográficu- ser agora seu acérrimo

...Leia por favor as instruções antes de .....


Caros co bloguistas e demais leitores.
Pode dizer-se que um Homem e a sua circunstância é a sua circunstância e assim, só não muda quem não existe e como existir é na sua essência mundança , sou a confessar o que nas linhas seguintes expresso.
Tem assim este post o objectivo, pese embora a ainda ortografia pecar pelo arcaísmo, de vos comunicar o meu volte-face no que toca a um assunto sensível que é precisamente o recente acordo ortográfico.
Levado quiçá pelos rebuços puristas no que toca à observância da palavra escrita para com a sua família etimológica, fui durante algum tempo um duro opositor a algo que considerava aberrante e até ilógico.
Na verdade pensava eu, que simplificar demais poderia ser uma complicação, e que ao perder-se a ligação da palavra com a sua família, ficando tudo dependente do contexto, as confusões surgiriam de forma natural, até pelos mais letrados, quanto mais por quem começasse a aprender de pequeno a lingua herdeira de Camões e Pessoa, Ramalhos e Eças é que são Eças, tantos são eles...
Julgava eu, tontamente já se vê, que não era lógico chamar-se Egito ao país e Egipcio ao habitante e que ao chegar à recepção dum hotel num país em recessão, pudesse às tantas não saber se na recéssão do tal hotel saberiam dizer-me algo sobre a receção que estariam a viver.
Todas estes receios se esfumaram- graçá deus mê rmão- após ter-me chegado às mãos a pérola que agora convosco partilho e que me fez finalmente ver a lúiz-e-Jesúis-eli-salva.
De facto, o mundo Lusófono, a obedecer à bitola continental, teria imensa dificuldade em decifrar umas simples instruções dum projector de halogénio, desses que acendem quando alguém se aproxima e que formam o texto da supra citada pérola a que esta posta dá corpo em anexo.
Concordarão certamente que assim qualquer criança, seja Minhota, ou Algarvia, Angolana ou da Guiné-Bissau, não terá a mínima dificuladade em dar uma mãozinha ao seu pai- ainda da velha ortografia- para que este instale sem dificuldade a nova aquisição a colocar no quintal, varanda, entrada do prédio, etc.
Isto para não falar dos Brasileiros, eles que dantes mais dificuldade tinham em destrinçar na palavra escrita o complexo significado dos "factos" que para nós eram óbvios.

Agora contudo, e eu dou a mão à palmatória, qualquer Carioca- instruído pelo texto em anexo montará em dois ápices o brinquinho tecnológico. Fosse ele escrito nos moldes em que o jarreta M. Sousa Tavares insiste em porfiar, só com muita dificuldade e recorrendo talvez à ajuda de um mestre de línguas, seria possivel ao nosso parceiro Lusófono ultramarino descortinar o significado do texto. Assim, a insistir na grafia anterior, um imenso mercado na América do Sul estaria irremediavelmente perdido, com todas as implicações que sabemos a economia trazer a nivel cultural e neste caso particular aos valores Lusos.
Portanto como é tudo - a economia, estúpido- a bem das relações entre os povos, e no nosso próprio interesse de estar na vanguarda da defesa e promoção da língua , viva o acordo ortográfico.
Eu apoio.....


charlie

maio 18, 2011

A posta na crise de pacotilha e no patriotismo trôpicáu

Para além de desconchavarem as finanças às pessoas, as crises provocam um dano colateral que é o de desconchavarem as próprias pessoas. Isso é fácil de constatar em dois ou três dias de maior atenção às conversas de café, nas quais se expurgam as emoções violentas provocadas pela dificuldade em escolher o destino de férias ou em jantar todos os dias ou em encher por completo os recintos de diversão, nomeadamente os centros comerciais e os estádios de futebol.

Se a pobreza envergonhada é constantemente denunciada por tudo quanto é organização de índole humanitária presume-se que os mais aflitos não falam da crise, antes a calam bem fundo e tentam disfarçá-la a custo perante os olhares atentos da vizinhança habituada a topar esses indicadores de oscilação no estatuto social que tanto pesam nos moldes de relacionamento a adoptar.

Quer isto dizer que as conversas de café são alimentadas precisamente por quem não faz ideia do que é a falta de dinheiro para pagar a prestação ou a renda da casa, apenas ouve falar, e não quer dar nas vistas pela positiva.

Quem fala da crise acaba sempre por denunciar o seu alheamento às respectivas consequências. Claro que não falta por onde pegar, os dramas do quotidiano nos telejornais, o problema dos outros, e o inevitável malandro do Sócrates que provavelmente foi o responsável até pela crise financeira mundial.

E um gajo fica calado a mexer o açúcar na chávena, a ouvir a multidão de entendidos acerca disto das crises, gente de gerações recentes, de camadas da população que não fazem ideia da dimensão que a coisa assume no quotidiano de quem precisa de pedir batatinhas na mercearia porque no hiper ninguém as fia.

É gente que numa altura em que a Pátria mais precisa de força e de coragem para dar a volta prefere rosnar que mais valia entregarmos esta merda aos espanhóis (ou aos filipinos, tanto faz desde que sejam mais abastados).

E um gajo continua calado a mexer o açúcar na bica que já é um luxo enquanto os entendidos nesta coisas das dificuldades de uma pessoa, a prestação do leasing do carrão, a reparação do plasma, a mensalidade do colégio privado, as férias que já não podem ser na Tailândia mas, a muito custo, talvez no Peru ou assim.

E só dá ganas de um gajo romper o silêncio com algo mais do que a pancada da colher na chávena, de lhes chamar estúpidos com as letras todas por não saberem do que falam e por exibirem a estupidez numa coisa tão óbvia como virarem-se para Espanha, preguiçosos, quando toda a gente sabe, ignorantes, que não faltam argumentos para justificar como melhor escolha para a entrega do país, sobretudo em termos de futuro na única preocupação que os move, uma potência emergente como a China.

Ou, na que seria a minha alternativa de eleição (para aproveitarmos o acordo ortográfico e assim, sua gente burra e sem visão estratégica global), o mais ensolarado dos novos-ricos, o nosso irmão Brasil…

maio 06, 2011

E eis que me pronuncio (finalmente) sobre o acordo ortográfico

Sou contra.
Tão contra como sou contra o preço dos bilhetes do cinema e dos Louboutins.
Tão contra como sou contra a temperatura das águas do Atlântico, na costa oeste de Portugal, sobretudo ao largo da Invicta.
Tão contra como sou contra o Luís Filipe Reis vender discos ou o José Castelo Branco existir.

A questão que se coloca é: valerá ser contra algo que é iminente e para que a minha opinião não vale um charuto? Pois. Há coisas que merecem o desgaste de energia; outras, porque constituem clara e prévia derrota, nem por isso.
É verdade que ainda não adoptei as novas regras (e só o farei quando o período de transição findar, no final do corrente ano), mas conheço-as (e ensino-as) porque creio ser perfeitamente disparatada a atitude (que oiço a gente que me merece todo o respeito) do quero-lá-saber-do-acordo-não-faço-tenções-de-o-seguir. Quem assim agir, a partir de Janeiro próximo, passa a dar erros ortográficos, quando pensa ser um arauto do bom português.

Vai daí, e para que não se continuem com os mitos de que facto passará a fato e que homicídio se escreverá sem "h", porque este é mudo (what???) que o acordo mexe no que quer que seja com a pontuação, fiquem-se com um site onde todas as dúvidas podem ser dissipadas.

novembro 03, 2010

A mudança de hora vista com humor por um mestre do dito

Miguel Esteves Cardoso
O bom tempo no mau
Crónica no «Público» de 2010-11-02


"No domingo mudou a hora. Tudo ficou uma hora mais cedo. Pela primeira vez na vida, decidi não obedecer. Desobecedi. Deixei os meus relógios à hora que era antes de chegarem as bruxas, todos os santos e los muertos dos mexicanos.
Fiz como fiz com o acordo ortográfico. Não liguei. Durante seis meses, pensarei que toda a gente acorda uma hora mais tarde. Ou seja, pela parte que me toca, que os restaurantes abrem mais tarde para almoçar (à uma) mas, para compensar, fecham mais tarde para jantar.
O sol não liga nenhuma à hora de nascer ou de se pôr. Como me explicou Sebastião Carvalho, numa carta, lusco-fusco vem do latim de “luz que foge”, pelo que nunca se pode aplicar ao amanhecer.
Ao não alterar os relógios e ao alterar o computador, dei comigo a pensar que a primeira acção era boa (não contrariar a mecânica dos cronómetros), mas a segunda era má (ir contra o acompanhamento automático dos terminais ligados à Internet). É boa esta mistura de 50 por cento de bom com 50 por cento de mau, como o cocktail Rusty Nail, que é metade de belo whisky de malte e metade do enjoativo licor Drambuie.
É verdade que estou adiantado metade do ano - mas todos os outros estão atrasados. Na outra metade, quando a hora volta a ser igual à minha, são os outros que vêm acertar a hora comigo.
Assim tenho sempre a hora certa e - não sei explicar como - um bocadinho mais de tempo. Já de razão, se calhar, tenho um pouco menos. Mas acaba por compensar."

Aposto que o MEC assinará a minha petição, quando a conhecer:


Consulta e assina a petição
Não à mudança de hora - petição aqui

(desenho do mestre Raim)


Obrigado, Carlos Carvalho, pela pista!

setembro 14, 2008

Despesas profissionais dos professores


«a fachada» - HenriCartoon


Já escrevi tanto sobre a falta de meios dos professores...
Mas tudo está na mesma, pelo que continuo na mesma a escrever sobre isso.
Desta vez transcrevo aqui uma mensagem de uma professora para a Ministra da Educação sobre despesas profissionais e as apregoadas «facilidades»:
"Dicionário Editora da Língua Portuguesa 2009 - Acordo Ortográfico - € 40,41
O Acordo Ortográfico é uma inevitabilidade e enquanto professora vejo-me obrigada a adquirir não só este dicionário como gramáticas e prontuários actualizados.
Sra. Ministra, não deveriam os professores ter um subsídio?
Afinal de contas, não foi o nosso primeiro ministro que há dois dias afirmou que "o tempo das facilidades acabou"?! Fiquei a pensar: somos nós que pagamos as resmas de papel, os tinteiros, as pens, os computadores, os dossiers, os separadores, as micas, as canetas, os acetatos, os lápis, as borrachas, os dicionários, as gramáticas, etc... A ser assim, apetece-me retribuir-lhe a mesma frase dizendo que todos os professores é que lhe têm facilitado a vida e o orçamento de Estado, Sra. Ministra."
Gotinha

A minha mulher ainda não iniciou as aulas mas uma resma de folhas brancas A4 e um tinteiro de impressora já marcharam... a bem da Nação, como se dizia antigamente! Já para não falar da «Agenda do professor» e de todo o material que a Gotinha lista.

Adenda do OrCa, sempre a tempo:
"E as mensagens «de serviço» remetidas para a caixa do correio e para serem lidas em casa, provenientes dos Conselhos Executivos e de outros colegas? E a aquisição de material para motivação nas aulas? E a baba dos deficientes a lavar da roupagem, a bem da higiene de todos? E o risco na pintura do carro pelo 3 dado a quem queria 5 e merecia 1? E o processo disciplinar proposto por aquela mãe cujo filho levou uma lamira do professor quando se encontrava a estrangular alegremente um colega com metade do tamanho? E e e e e e e....."

Como já escrevi, se eu fosse professor exigiria tudo o que fossem os recursos necessários para a minha actividade. Mas nesta classe estão habituados a queixar-se e não a exigir os meios para cumprirem com os seus deveres. Assim, não vão longe... e os governos agradecem o que poupam à custa dos orçamentos familiares dos professores.