agosto 31, 2016

RTP2 - Portugal na Grande Guerra - «Hora Legal»

Na RTP2, em 29 de Agosto de 2016, transmitiram um programa da série «Portugal na Grande Guerra», sobre a hora legal e que pode ser (re)visto aqui.
Por ser um tema que tenho desde há muito estudado e este pequeno documentário me parecer muito interessante, transcrevo aqui o que a RTP 2 publicou na sua página sobre este programa:


Hora legal

É ao Real Observatório Astronómico de Lisboa, 17 anos após a sua criação, que compete "fazer a transmissão telegráfica da hora oficial às estações semafóricas e outros pontos do país".
Em 1912, a Hora em Portugal passou a reger-se pelos Fusos Horários da Convenção de Washington, e a hora continental passou a ser a do Fuso das 0 horas, pelo meridiano de Greenwich.
Um decreto de 1915 regulamenta o Serviço da Hora Legal em relação ao novo relógio público construído em finais de 1913 e colocado na Praça Duque de Terceira (Cais do Sodré), ao lado do edifício do então escritório da Exploração do Porto de Lisboa.


Ilustração Portuguesa nº 410 - Hemeroteca de Lisboa

O relógio estava ligado ao Observatório por cabo eléctrico.
Era por esta hora que os navios no porto de Lisboa acertavam relógios.




Fotografias cedidas pela Biblioteca Nacional de Portugal

Já vinha de 1784 dos Estados Unidos da América a ideia do daylight saving time, ou horário de Verão: mudar a hora para ganhar uma hora de sol e poupar energia.
Mas foi só em 1916, e perante a cada vez maior falta de carvão, que a Alemanha em guerra resolveu mudar a hora. Os aliados seguiram-se, e Portugal não foi excepção. Do dia 17 para 18 de Junho a hora mudou. Os relógios foram adiantados uma hora. Houve polémica, houve humor e, claro está, censura. A verdade é que - com algumas interrupções - o hábito se manteve durante estes 100 anos.
A propósito, a próxima mudança de hora é no dia 30 de Outubro…


O Século Edição da Noite - Biblioteca Nacional de Portugal


O Século - Biblioteca Nacional de Portugal

Enquanto um decreto entrava em vigor mandando mudar a hora para se poupar carvão – a pedido dos empresários dos teatros, concedia-se tolerância para os teatros abrirem mais tarde, isto para lhes evitar prejuízos. Se os aliados tinham teatro pelas oito da noite, Portugal subia ao palco às 22 horas. Com um problema: os espectáculos acabariam pela uma ou duas da manhã, altura em que as carreiras de carros eléctricos já teriam terminado.
Nota: que o horário dos eléctricos foi alterado e o último passou a sair do Rossio pela 1.50 da manhã. Portugal era afinal um país moderníssimo.


Os Ridículos - Biblioteca Nacional de Portugal

Em Espanha, o presidente da câmara dos deputados propôs que fossem acrescentadas duas horas às sessões. Uma hipótese que mereceu reacções hilariantes por cá.
E a nova hora serve para qualquer chalaça n'O Século Cómico:


Século Cómico - Biblioteca Nacional de Portugal

Se uns eram a favor, outros eram contra a mudança da hora – outros mantinham-se neutrais em tempo de guerra. “Do mal o menos, quando constatar que é meio-dia, concluo que é meia-noite e meto-me logo na cama”.


Ilustração Portuguesa - Hemeroteca Nacional de Lisboa


O Século edição da Noite - Biblioteca Nacional de Portugal


A Capital - Hemeroteca Municipal de Lisboa

A verdade é que a confusão estava instalada, com os comerciantes a quererem manter a mesma hora de abertura das lojas, sem entenderem que claro que iriam manter o mesmo horário, o horário solar é que não seria o mesmo.
Lá fora houve quem nos chamasse estúpidos.


Ilustração Portuguesa/Imagem Stuart Carvalhais - Biblioteca Nacional de Portugal

Por cá, os jornais gozavam e diziam que toda a gente tinha percebido e que fingíamos não entender apenas para ter graça.


A Capital - Hemeroteca Municipal de Lisboa

Os funcionários públicos passariam a entrar às 9 da manhã, praticamente de madrugada, e teriam duas horas para almoçar, saindo às 18 horas para suprir a falta dos funcionários mobilizados.

Fonte: RTP2

agosto 16, 2016

Ainda e sempre o processo "Casa Pia".

E se alguém de repente vem dizer para um qualquer pasquim que o nosso Presidente da República também foi indiciado e acusado por "testemunhas" fazer parte da "Rede de Pedofilia"? 
Porque devemos verdade à nossa memória, e porque este processo é uma vergonha, segue o texto de 2011 de autoria de  Carlos Tomás.

-O Ministério Público nunca explicou os critérios usados para acusar uns denunciados e ilibar ou nem sequer investigar outros!-

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*São mais de 200 os nomes que foram referenciados como alegados abusadores de menores na fase de inquérito (investigação) do processo da alegada rede de pedofilia que operava na Casa Pia de Lisboa. Jorge Sampaio, Marcelo Rebelo de Sousa, Jaime Gama, Ferro Rodrigues, Narana Coissoró, Paulo Portas, Francisco Louça, Chalana, Carlos Manuel, Joaquim Monchique, Medina Carreira, Carlos Monjardino, Vítor de Sousa, Adelino Salvado, Bagão Félix e Valente de Oliveira são apenas algumas das figuras públicas que viram os seus nomes referenciados no processo por várias pessoas interrogadas pelos investigadores da PJ ao serviço do Ministério Público.

Marcelo surpreendido
O professor e comentador televisivo Marcelo Rebelo de Sousa está, por exemplo, referenciado como tendo abusado de um menor e presenciado actos de pedofilia numa casa em Lisboa. Foi acusado, a 8 de Abril de 2003, por uma professora, residente na Margem Sul do Tejo. Segundo a denúncia da docente, ela foi levada à referida casa pelo pai, e lá estaria o professor que assistiu, nas palavras desta mulher, a abusos de menores, tendo ele próprio abusado de um. A procuradora Paula Soares, uma das titulares do inquérito (juntamente com o procurador João Guerra e a procuradora Cristina Faleiro), foi quem recolheu este depoimento, que, mais tarde, mandou simplesmente apensar ao inquérito principal. A mesma mulher acusou ainda o ex-ministro da Saúde, Luís Filipe Pereira, de ter abusado de menores (de ambos os sexos) numa casa localizada no Estoril e confessou que ela própria agrediu, com um ferro, uma jovem, na mesma casa, estando convencida ainda hoje que a matou.
A procuradora Paula Soares considerou que os factos denunciados eram muito antigos e não estavam relacionados com nenhum dos arguidos, suspeitos ou ofendidos do inquérito da rede de pedofilia, pelo que não ordenou qualquer diligência investigatória, nomeadamente que se procedesse ao interrogatório do pai da suposta vítima a fim de se apurar que casa era aquela e quem era o seu proprietário. 
Confrontado com esta acusação, Marcelo Rebelo de Sousa mostrou-se surpreendido: “Nunca fui interrogado sobre essa matéria. Nem sabia que tinha sido referenciado. Tinha conhecimento que a minha fotografia aparecia num álbum que foi mostrado às vítimas e até achei isso muito bem. De qualquer forma, essa acusação não faz o mínimo sentido. Não conheço essa pessoa de lado nenhum.”

Testemunhos desvalorizados
Muitos dos testemunhos e denúncias recolhidos pela equipa de investigadores que trabalharam na fase de inquérito do processo foram desvalorizados, apesar de alguns deles terem testemunhado em tribunal contra alguns dos arguidos que foram a julgamento, nomeadamente contra Ferreira Diniz, Jorge Ritto e Carlos Cruz.


Uma das testemunhas que acusou estes três arguidos (baptizado por alguma Comunicação Social como João A., tratando-se na realidade de Ricardo Oliveira, actualmente com cerca de 30 anos, julgado em 2007 por assaltos a várias residências na região de Sintra e referenciado pelas autoridades como estando ligado ao narcotráfico) denunciou à PJ outros alegados abusadores, nomeadamente Paulo Pedroso, Ferro Rodrigues, Jaime Gama, Fernando Chalana e Carlos Manuel, tendo mesmo indicado uma casa em Cascais, no Bairro do Rosário, onde terá sido abusado e filmado em práticas sexuais por Ferro Rodrigues, Jaime Gama e Jorge Ritto.
Uma outra testemunha/vítima, que acusa todos os arguidos de abusos na casa de Elvas, onde agora, de acordo com a sentença, apenas Carlos Cruz terá praticado abusos, denunciou à PJ Carlos Mota, antigo “assessor” de Carlos Cruz. As testemunhas que terão sido abusadas em Elvas referiram também à PJ abusos praticados por outras pessoas, nomeadamente por outros funcionários da Casa Pia, por colegas mais velhos e pelo antigo provedor Luís Rebelo, que foi demitido do cargo na sequência do escândalo. Curiosamente, apesar de ser referenciado nos autos como abusador e de ter estado mais de duas décadas à frente da Casa Pia, nomeadamente na altura em que terão ocorrido os abusos que foram agora julgados, o ex-provedor nunca foi interrogado pelas autoridades na fase de inquérito.
Outros jovens foram claros, quando interrogados pela equipa que investigava a pedofilia na Casa Pia de Lisboa, em denunciar como alegados abusadores de menores Joaquim Monchique, Francisco Louça, Medina Carreira, Narana Coissoró, Paulo Portas, Vítor de Sousa e Carlos Monjardino, entre outros. Todos foram acusados pelas testemunhas/vítimas como frequentadores assíduos do Parque Eduardo VII, onde “arranjariam” os menores de quem abusavam. 


Felícia Cabrita deu vários nomes
Quem também contribui para engrossar a lista de nomes de suspeitos de pedofilia foi a jornalista Felícia Cabrita, autora da notícia que esteve na origem do escândalo. Ouvida pelas autoridades a 16 de Janeiro de 2003, duas semanas antes da detenção de Carlos Cruz, Hugo Marçal e Ferreira Diniz, a jornalista revelou que tinha denúncias contra dois cozinheiros da Casa Pia, Jorge Ritto, Carlos Cruz e Fernando Pessa. Felícia entregou ainda à PJ um papel que lhe terá sido dado pela antiga secretária de Estado Teresa Costa Macedo, onde aquela denunciava o advogado Lawdes Marques, os doutores Eduardo Matias e André Gonçalves Pereira, os embaixadores António Monteiro e Brito e Cunha, bem como Carlos Cruz e João Quintela.
Isabel Raposo, a meia-irmã de Carlos Silvino, também escreveu uma carta à procuradora Paula Soares, que consta do processo, onde denuncia Pedro Roseta e o irmão, Valente de Oliveira, Martins da Cruz, Narana Coissoró, Paulo Portas, Bagão Félix e Adelino Salvado, entre outros.


O Ministério Público nunca explicou os critérios usados para acusar uns denunciados e ilibar ou nem sequer investigar outros!




publicado por Charlie

agosto 07, 2016

Epidemia de amnésia assola “Vestais”


Por João de Sousa, jornalista
Será a amnésia, a falta de vergonha ou o desespero a gerar esta agitação estival de chicana política dos radicais que controlam a direcção dos partidos da direita parlamentar e seus prosélitos nos órgãos de comunicação social que tutelam?
A clique ultra dos neo-liberais que se apoderou da direcção dos partidos representantes da direita no parlamento perdeu o contacto com a realidade. E, ou sofre de uma crise de amnésia aguda, o que seria grave, ou de uma falta de vergonha grave, o que seria agudo! Demagogia, mentiras, desinformação e terrorismo mediático parecem sobejar-lhes!
Nem sei por onde começar: estou dividido entre a probabilidade de me afundar num dos yellow submarines de Portas, como coisa real por fora, e a sensação de me perder no espaço com um dos mil cursos de técnicos aeroportuários ministrados pela empresa, ad hoc, Tecnoforma, como coisa real por dentro.
Das “privatizações” da EDP e da REN a favor do Estado Chinês (que, aparentemente, é uma entidade de direito privado), às brejeirices com a ANA. Das férias de Durão Barroso às viagens de Portas para “vender” a Mota-Engil – pagas pelo erário público – em Angola, na Venezuela e por aí adiante. Aos pequenos computadores da JP Sá Couto que eram má ideia quando Sócrates os divulgava fora de portas mas, num passe de magia, se tornaram um dos motores do crescimento das exportações quando vendidos por Portas… Do esquecimento de pagar a Segurança Social, do Passos, aos swaps assinados pela Maria Luís…
Quando me recordo que a secretaria de estado das Finanças, nas mãos do CDS, implementou um regime de protecção especial para os próprios inspectores acederem aos elementos contributivos de uma pequena lista de eleitos… quando me lembro, enfim, do Ministro Relvas e da sua Licenciatura circense por equivalências… das ausências inexplicáveis do ministro da Defesa às Sextas-Feiras… quando me assaltam a memória os “piegas”, os conselhos para emigrar, os assessores da treta – amigos dos partidos -, as mentiras diárias, os falhanços de metas trimestrais e as nefastas consequências que as medidas de austeridade resultantes do programa baseado em “ir além da troika”, a miséria, a devastação, as falências de empresas e famílias e as mortes que custaram… o retrocesso civilizacional, a destruição dos direitos dos trabalhadores e a desvalorização do factor de produção trabalho, a subserviência repulsiva em relação aos ditames da Sra. Merkel e da Comissão Europeia, sacrificando o próprio povo… não posso deixar de me perguntar: mas de que falam estes senhores quando falam dos três lugares num avião fretado pela GALP?
Que não haja confusões: eu considero a situação condenável. Mas é uma suprema hipocrisia a ênfase com que tais partidos, com hectares de telhados de vidro, atiram assim pedras ao telhadito do vizinho. E a sanha persecutória com que a líder do CDS, o presidente do grupo parlamentar deste partido e o franco-atirador do PSD, Fernando Negrão, atiram às feras os seus adversários políticos? Onde estava Fernando Negrão quando se tornou evidente que o Ministro Dr. Relvas era afinal o Ministro Sr. Relvas? Quando Durão Barroso viajou de férias para uma ilha exótica a convite de um magnata? E quando foi trabalhar para a Goldman Sachs?
Onde estavam ‪#‎Cristas‬ e Nuno quando o ex-líder do ‪#‎CDS‬ foi trabalhar para a companhia que mais vendeu enquanto vice-primeiro ministro?
E que dizer dos esforços patéticos para quebrar a coligação governamental através do assédio constante ao PCP e ao BE, confrontando-os com um “passado” e obrigações imaginários?
A hipocrisia da Imprensa do regime
Deixo de lado o lixo mediático. Concentro-me no órgão oficioso do ‪#‎PSD‬ – a ‪#‎SIC‬ e a ‪#‎SIC_notícias‬ – onde ainda ontem um “jornalista”, cujo nome desconheço, moralizava, prodigiosamente sem se rir, afirmando que jornalistas daquela casa tinham recusado convites do patrocinador por razões éticas… para quem sabe a verdade tal afirmação só pode provocar repulsa ou uma enorme risota.
Eu sou jornalista. Por razões associadas ao tamanho do mercado aceito regularmente convites de empresas para eventos jornalísticos internacionais. No meu sector quase sempre as comitivas integram elementos do Grupo a que pertence este canal de televisão. Convidados, como eu. Isso nunca influenciou o meu trabalho sobre essas companhias. Como acredito que não tenha influenciado, não muito pelo menos, o trabalho dos camaradas de outros meios com quem viajei.
A convite da Vodafone já estive num camarote do estádio do SLB com um jornalista da SIC N. Então e os almocinhos em restaurantes de luxo da rapaziada da Economia, pagos pelos bancos e pelas grandes companhias? Tiveram agora um ataque de Ética? Quem julga iludir o jornalista da “estação 760”, da cobertura paga de festivais comerciais disfarçada de informação, da publicidade encapotada nas telenovelas?
Grande lata!"
JOÃO DE SOUSA · 5 AGOSTO, 2016
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agosto 05, 2016

O Grande Paradoxo: A Democracia em perigo.


Estamos a viver um período histórico muito complicado. 
Guerras e fanatismos, o ressurgir de figuras ditatoriais e o domínio de perversas organizações financeiras.

Enquanto por um lado temos processos engenhosos que põem o Big Brother previsto por George Orwell a um canto, em que são todos através de um jogo aparentemente inocente, os olhos da grande máquina, temos uma figura anedótica mas perigosa, tudo menos um Pokecoisaqualquer, a um passo de se sentar no posto de comando do mais poderoso complexo militar do mundo.

Trump representa o pior que pode haver num ser humano. 

A HIstória está plena destes psicopatas que deixam atrás de si sempre um rasto de desumanidade.
É líquido para o bom senso mediano, o perigo que respresentaria para a segurança mundial,se alguma vez um anormal deste calibre tivesse a possibilidade de aceder ao arsenal nuclear dos EUA. Não acredito, para bem de todos, que ele chegue o poder.


Este brilho lorpa com que ele se pavoneia pode ser e será certamente o cantar do cisne. Mas o futuro? O que nos reserva o futuro? Será que nunca ascenderá ao poder um idiota perigoso e truculento co
mo Donald Trump? Não seria este cenário algo de tal forma perturbador que possa alterar o processo de eleição democrática? Será que continuará a ser o princípio do sonho Americano o de que qualquer cidadão pode chegar a presidente? 

A questão põe-se e é pertinente e poderá haver a prazo uma limitação da própria democracia para que em tese esta se possa defender. É um paradoxo, mas no rescaldo de uma figura destas, quer ganhe quer perca, nada menos se pode esperar do que soluções anti-democráticas. Mesmo que elas venham em defesa da democracia e pela mão de democratas.