abril 24, 2006

Ainda o Complex... digo, Simplex

A propósito do programa Simplex, Mário Nogueira recorreu à Wikipedia para relembrar a lei de Parkinson: "According to Parkinson, this is motivated by two forces: (1) «An official wants to multiply subordinates, not rivals» and (2) «Officials make work for each other». He also noted that the total of those employed inside a bureaucracy rose by 5-7% per year «irrespective of any variation in the amount of work (if any) to be done»."
Conclui Mário Nogueira:
"Ou seja, a tendência «natural» é para tornar tudo mais complexo. Outro aspecto que gostava de assinalar: desburocratizar não é passar formulários de papel para formulários na net. É mudar os processos internos. Claro que o informatizar dos serviços contribui para uma melhor relação com os «clientes», mas a burocracia continua lá".
Tens toda a razão. Mas, se leres o artigo e a entrevista na íntegra, concluis que a Maria Manuel Leitão Marques diz precisamente o mesmo que tu. E no capítulo do meu livro sobre resistência à mudança refiro precisamente esse aspecto, comum a todas as organizações mas que aumenta exponencialmente nos organismos públicos, onde as chefias (políticas e técnicas) são rotativas. É que onde há mais de um chefe, não há chefia. Digo-to eu. E tenho a cada dia que passa mais certeza nessa ideia.

2 comentários:

  1. Vivendo eu - profissionalmente falando - numa grande empresa dita privada, mas onde a tutela do estado se faz sentir, não como regulador e vigilante do interesse público mas mais como reflexo de pressões clientelares que desconhecem a razão e que a razão desconhece, sigo com atenção este interessante "debate" sobre o Simplex...

    Creio, até, que haverá uma unanimidade nacional quanto à necessidade de abater o fardo que a burocracia doentia representa nas nossas vidas. Mas poderemos dar crédito aos nossos governantes?

    Nestas questões, para além da questão da "atitude" a tomar, há, na verdade, a questão da liderança e, nela, o importante vector do exemplo dado por essa liderança.

    Se vos disser que, na "minha" empresa, constituída juridicamente em 1994, conto até à data com a nomeação de 18 (dezoito!!!) gestores, integrando 7 (sete!!!) elencos de gestão, o que direis quanto à possibilidade prática de colocar no terreno o que quer que seja de sustentável?

    E mais: onde é que estão os responsáveis pelas más políticas ou pelas más práticas? - Ao fim de um ou dois anitos, já tudo se escafedeu... e quem vier atrás que apague a luz!

    Para não me alongar muito, direi apenas - com uma "boca" talvez um pouco anarca - que acreditarei no Simplex e nos "simplexes" todos quando vir um gestor bater com os costados na barra do tribunal por gestão danosa ou lesiva dos interesses nacionais (e quantos há nestas condições!...). O que verificámos todos os dias? - Salto de poleiro e airosa pancadinha nas costas.

    E curiosamente esta lógica vale para as empresas públicas como para as privadas.

    Até à tal fase do tribunal e sem cinismo exagerado, vejo, ouço e leio. Quando algo é posto no terreno, nem me dá para acreditar...

    Tudo isto é deveras complicado. Mas tomemos um exemplo comesinho: faz sentido equipar informaticamente as brigadas da polícia se não há verbas para os coletes de protecção? Ah, pois, serão coisas paralelas e uma pode ir sem a outra. Talvez... mas eu cá não subscrevo.

    Outro: Faz sentido aumentar as taxas moderadoras na saúde antes de efectuar um levantamento exaustivo dos recursos efectuados nos últimos dez anos, por tudo o que é governante ou acólito, neste país? Talvez desvendássemos impensáveis compadrios, a custo zero para os próprios, mas que saem do bolso do povinho, apenas na lógica de que devemos fazer o favorzinho ao sr. ministro... E a arte de saber cair em graça continua a render mais do que a de ser engraçado.

    É que, nestas matérias e neste país, interessa saber sempre quem é padrinho ou afilhado de quem, o que geralmente desvirtua, logo à nascença, o projecto mais bem intencionado.

    A começar por algum lado, interessava recomeçar a ouvir falar-se de concursos públicos transparentes, por exemplo. E avaliações publicadas e publicitadas.

    Porque a questão fundamental coloca-se ao nível da credibilidade dos agentes. Mas ela apenas é sustentada pela capacidade que o comum cidadão tenha de poder exercer um magistério de controlo e, até, de promoção de responsabilização, quando for o caso.

    E, sem credibilidade, o bom do Zé Povinho lá fica a fazer manguitos, dizendo que "cantas bem mas não me alegras", enquanto tenta cinicamente safar-se nas economias paralelas.

    Se me é permitido o vernáculo, há em tudo isto uma enorme falta de tomates, sobrando-nos esta calda pantanosa do compadrio que nos tolhe os movimentos.

    Não sou céptico. Tenho-me mais na conta de realista. Por isso sou optimista em relação ao Simplex. Mas atento, pois conto já muitos anos de enganos e outros tantos de desenganos!

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