março 31, 2007

Carta de trás da Serra - o meu artigo no primeiro número da revista Perspectiva

Olá,

Espero que esta carta te encontre de boa saúde, aí pela capital. Nós por cá vamos indo, se não precisarmos de recorrer às urgências.
De vez em quando vejo-te na televisão, mas é claro que tu não me vês. Ser visto e não ver é um efeito do poder. Olha, isto podia até ser um provérbio popular.
O que me leva a escrever-te é que preciso de desabafar: houve agora a mudança de hora de Verão e faz-me sempre confusão. Com estas mudanças, durante os primeiros dias, no Inverno dá-me fome quando ainda não é hora de comer. No Verão, ao contrário, tenho que comer quando não tenho ainda fome. Os meus sonos ficam todos trocados. O mesmo acontece com os relógios: usamos tantos que há sempre algum que escapa, com as confusões que isso gera. Faz-me confusão, no Verão, ser de dia às tantas da... noite. Felizmente as minhas filhas – estão lindas, havias de as ver – já não são pequenitas. Mas quando eram bebés, tantas vezes desesperámos porque não entendiam que alterássemos os horários para a mãe lhes dar peito, para dormir, para mudar a fralda...
Ontem à noite foi o tema de conversa no café Pielas. A Mariazinha, que já é advogada, disse que tem de ser, porque a Directiva comunitária 2000/84/EC estabelece esse regime para todos os países da União Europeia. O Dadinho, que lê muitos jornais, explicou que a mudança de hora é para as empresas industriais pouparem energia, para ajustar as horas de ponta do consumo energético para iluminação aos períodos em que haja sol e para uniformização de procedimentos. Ninguém entendeu...
O doutor Salgueiro disse que o sono e o repouso são fundamentais para a saúde. E que as mudanças de horas provocam perturbações no ritmo biológico das pessoas. Concordámos todos com o Chico Padeiro: o que dizem que se ganha em poupança perde-se em produtividade. O Betes queixou-se logo que não eram só as pessoas: os animais também não entendem mudanças de horários de ordenha. Claro que há sempre quem brinque: o Alex Lampião acabava com a hora de Verão... "mas mantinha a de Inverno, que sempre durmo mais uma hora". O Diogo Nal defendeu que merecíamos um louvor, "porque num país em que ninguém cumpre horários isto da mudança de hora até devia passar despercebido."
O Zé Papas, que está a estudar em Coimbra e veio passar as férias da Páscoa, disse que foi Benjamin Franklin que começou tudo isto, quando em 1784 escreveu um artigo humorístico para o «Journal de Paris», em que criticava os parisienses por se deitarem tarde e não acordarem antes do meio dia. Sugeria que a vida começasse uma hora mais cedo, calculando uma poupança anual de 29 mil toneladas de cera de vela.
Como disse ontem lá no café o Jorge Orca, "interessa que o ser humano seja capaz de sentir o pulsar da Terra e, com ela, das estações do ano". Não achas que devia ser mesmo assim?
Bem hajas – por aqui, felizmente, ninguém agradece obrigado – pelo tempo que dispensaste a ler esta carta.
Manda cumprimentos meus a toda a malta que aí por Lisboa trata de nós com tanto esmero e carinho. É uma injustiça, o que se fala mal aqui pelos cafés a vosso respeito.
E recebe um abraço forte deste que te estima e se assina
Paulo Proença de Moura
jpcpmoura@gmail.comnatural de Caria, de trás da serra da Estrela,
é autor do livro «Persuacção – o que não se aprende nos
cursos de gestão», das Edições Sílabo
A última página da revista
Este artigo
Página on-line da revista «Perspectiva»

A partir de agora há uma nova Perspectiva...

... e eu tenho orgulho em participar nessa nova revista, dirigida editorialmente pelo Pedro Laranjeira.

Rita Egídio, João Malheiro e Alice Sousa, Directora Geral da revista, na festa de lançamento

Foto: César Soares /(numa excelente) Perspectiva

A «Perspectiva» foi apresentada no dia 30 ao público na Sociedade Portuguesa de Autores.
O press release descreve o que se passou lá... e justifica a minha ausência:
"É uma revista mensal de grande informação que conta com um quadro de colaboradores permanentes de grande experiência e reconhecido talento.
Destacamos algumas figuras bem conhecidas do público, como é o caso de Fernanda Freitas, do Programa Sociedade Civil, da RTP 2, Susana Fonseca, ambientalista e Vice-Presidente da Quercus, também colaboradora regular da RTP e que manterá uma página de perspectiva verde, Nuno Eiró, cronista regular com artigos de opinião, bem como três especialistas nas lides do futebol, eles próprios nomes polémicos dos media, que são Eduardo Madeira, a defender as cores do Sporting, Manuel Serrão, pelo azul Portista e João Malheiro a comentar em tons de vermelho-Benfica.
Cientistas, técnicos, médicos, escritores, artistas, professores e repórteres de muitas origens e saberes fazem também parte regular dos quadros de colaboradores da PERSPECTIVA.
Com carácter independente e generalista, aberta a todas as correntes de opinião, a nova revista sairá na última Sexta-Feira de cada mês, através do jornal «Público».
O número inaugural teve uma tiragem de 100.000 exemplares, o que faz deste título, à partida, um dos órgãos de maior circulação no panorama nacional da imprensa escrita.
A cerimónia de apresentação foi acolhida pela Sociedade Portuguesa de Autores, cujo Vice-Presidente, José Jorge Letria, louvou a iniciativa, que classificou como um acto de coragem e caracterizou como uma aposta destinada ao triunfo, num país «que vive uma situação de grande confusão em relação aos media, onde muito gato se vende por lebre» realçando «o que é dito no editorial como projecto de aposta na diferença». A terminar, José Jorge Letria afirmou que «o público passará a ter na sua mão uma publicação equilibrada, tanto do ponto de vista gráfico como dos conteúdos, que, portanto, vai certamente fidelizar leitores e cumprir a sua missão».
Todos os colaboradores estiveram presentes, com excepção de Manuel Serrão, que se encontrava na Rússia, e do cronista Paulo Proença de Moura, na ocasião em Paris.
Esteve ainda presente Pedro Mariano, que passará a assinar uma página sobre Turismo.
Fernanda Freitas e Susana Fonseca foram duas das muitas pessoas que ali deixaram o seu testemunho, num encontro que terminou com um momento muito apreciado por todos os presentes, oferecido pelo poeta José Fanha, responsável por uma página regular de Poesia e busca de novos talentos, já a partir do próximo número, que encerrou a apresentação com um poema que encantou a sala.
Intervieram também alguns dos protagonistas de artigos e reportagens que fazem o primeiro número, como um cientista português de renome internacional, uma especialista em tecnologia para deficientes e o Comandante Vicente Moura, Presidente do Comité Olímpico de Portugal. Atenta ao conteúdo de natureza desportiva prometido para este primeiro número, a Secretaria de Estado da Juventude e Desporto fez deslocar à cerimónia o Assessor do Secretário de Estado e o seu Director de Comunicação.
Foi servido um Porto de Honra e prometida a presença, a partir de hoje na Imprensa portuguesa, de uma nova PERSPECTIVA".

Recomendo especialmente no primeiro número a leitura do artigo sobre José Afonso e a sua canção «Grândola Vila Morena», num momento vivido e contado pelo próprio Pedro Laranjeira. Parece que estávamos lá...
E o Raim é, como já sabia há muito, um mestre da ilustração.
Entretanto, já regressei de Paris, Pierre Oranger ;-)

março 26, 2007

Sabem bem que sou alérgico às mudanças de hora...

... e, por mais que analise esta questão, mais me convenço que os argumentos economicistas a favor da mudança de hora não deveriam sobrepor-se aos argumentos de saúde e bem-estar das pessoas. Pois o meu amigo Pedro Laranjeira convidou-me para escrever um artigo para o primeiro número da nova revista «Perspectiva», da qual ele é Director Editorial e eu optei por esse tema. Isto até quando quatro confederações patronais querem que Portugal passe a ter a mesma hora que Espanha.


Não se esqueçam de comprar na próxima 6ª feira, dia 30, o número de lançamento da «Perspectiva», que terá uma tiragem de 75.000 exemplares e vai utilizar o «Público» como veículo de distribuição, em princípio na última 6ª feira de cada mês.
Partindo de quem parte, este projecto só pode ter sucesso!