abril 24, 2006

O gestor «ideal»

A propósito da minha afirmação no livro «Persuacção - o que não se aprende nos cursos de gestão» que "por paradoxal que pareça, o gestor «ideal» deveria ser aquele que se tornasse dispensável, que desse o lugar a outro nesse cargo, quando se apercebesse que o valor acrescentado que dá à organização é reduzido, inexistente, ou mesmo negativo", questiona o Mário Nogueira:
MN - "Esse gestor «ideal», ao ter a noção de que o seu valor acrescentado é reduzido (ou pior), demonstra uma clarividência que lhe permitirá autocorrigir-se, voltando assim a estar adequado ao lugar que ocupa. Ou seja, revela a existência de um sistema de controlo, de feedback. Se se consegue diagnosticar, então eventualmente consegue-se corrigir... ou não?"
PPM - Se conseguir fazer esse autodiagnóstico, está um terço do caminho andado. Outro terço desse caminho será percorrido com uma capacidade autocrítica que é muito rara. O último terço é o mais doloroso para o gestor, já que está sujeito às leis da inércia e da acomodação ao cargo e às regalias que representa: a decisão de dar o lugar a outro.
Pessoalmente, já tomei uma decisão dessas, há poucos anos atrás. Mas parece-me que é uma situação raríssima.
MN - "Mas esse segundo passo, o da autocrítica, pode levar à sua correcção, não?
Eu insisto apenas por me parecer que quando um gestor consegue fazer o autodiagnóstico é porque tem realmente uma excelente visão sobre o que o rodeia, e não se deveria desperdiçar tal talento".

PPM - O que eu refiro são situações em que reconhecidamente o valor acrescentado a dar à organização é diminuto, nulo ou mesmo negativo. Há gestores que são óptimos para situações de arranque de projectos mas péssimos para a sua continuidade... e vice-versa. Nem todos os gestores conseguem gerir - de forma a recuperar - organizações em crise. Se o gestor conseguir adaptar-se a esses diferentes contextos, obviamente o problema não se põe.

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