dezembro 31, 2016

Maldito Acordo(?) Ortográfico!

...Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado, não!...
Ary dos Santos

Os exemplos (maus) estão por todo lado, a língua Portuguesa, tornou-se numa javardice, levada que foi por promessas de proxenetas, para os mais porcos bordéis.



...A "RECESSÃO" foi calorosa....


Está para quem quiser ver, nas legendagens de uma peça documental sobre o Nepal, acessível num dos canais temáticos dos serviços de Televisão por Cabo. 
Na passagem em consideração, um familiar recebia calorosamente um dos seus após uma viagem complicada por um país em que as estradas são apenas passagens entre florestas e espaços cultivados.

Mais uma vez a bomba em explosão lenta e contínua que é o (des)Acordo Ortográfico...
Os exemplos dramáticos sobre o efeito que este verdadeiro crime contra o mais importante património imaterial de qualquer povo - a sua língua- exerceu, são por demais evidentes.
Mas a minha indignação não é de agora, os maus exemplos estão por todo o lado, já se escrevia mal, -falta de leitura-, e o Acordo apenas legitimou e aprofundou o fenómeno.

As imagens anexas relativas ao assassinato da palavra RECEPÇÃO, apenas três num universo lato de calinadas e enormidades, demonstram isso à exaustão.

Este maldito Acordo Ortográfico, feito sob um pressuposto totalmente falso, de onde sobressai entre vários disparates o sacrifício da etimologia à fonética, tem conseguido, até neste particular, dar um tiro nos pés dos seus defensores.

É que à custa do corte da palavra com a sua origem, empurrando a mesma para o contexto, -onde em vez de ser a palavra por si a criadora do contexto-, são as outras a contextualizar, tem-se conseguido os prodígios de desligar a palavra do seu sentido primitivo, da sua génese e por falta dessa âncora, de tornar átonas as sílabas que eram dantes abertas.

Exemplos?

Adoptar, de onde derivam as palavras que não suscitam dúvidas quanto à pronúncia, deu agora, pela sua castração para adotar,  origem às estapafúrdias sonoridades:
  Adutar, adutado, adução....

Recepção, onde não se duvida que se deva dizer "re-cép-ção", passou a ser pronunciado pelo mão do intragável veículo " receção" precisamente por "recessão".
E tal como é dito, é escrito...






E não há quem tenha a força e coragem suficiente para acabar de vez com esta monstruosidade?

Qual é o nosso papel como cidadãos? O se de sermos borregos acéfalos e seguidistas nestes pastos de ignorância e demagogias?

dezembro 29, 2016

Algumas pobres reflexões a caminho de um ano que lá vem (com algum asco pela «informação» do ano que vamos tendo)

- Morreu o músico George Michael. E foi triste e todos soubemos, mesmo os que não queriam saber.
Mas morreu, na mesma altura, o músico José Pracana. E foi triste e muito poucos souberam, mesmo os que quereriam saber.
Alguém questionou sobre o que é que os distinguia para tal diferente tratamento e muitas circunstâncias foram avançadas. A mais plausível: era português, cantava em Portugal e os noticiários são feitos por maltinha que só sabe inglês… ou mandarim.  
- Mário Soares é personagem conhecida. Controverso, está muito longe de unanimidades apreciativas. Foi um estadista, com sucessos, insucessos e outras coisas assim-assim. Integra, entretanto, a nossa História recente, com destaque. Hoje é um homem de muita idade, com severíssimos problemas de saúde. Circula, em torno do seu natural infortúnio, um hediondo circo de abutres mediáticos. Onde fica o respeito pela dignidade humana?
 - Disse-se para aí, em jornais «insuspeitos», imediatamente replicado exponencialmente nos fb do nosso descontentamento, que Elisa Costa, a mulher de um autarca de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, teria visto aumentar os seus rendimentos auferidos numa IPSS em 390%, apenas em cinco anos (passando de 475 € para 2.343, 71 €), sublinhando-se a ligação matrimonial e partidária. Afinal, apura-se que os «insuspeitos» compararam um vencimento em regime de meio-tempo, com posterior regime a tempo inteiro, se «esqueceram» que o autarca só tomou posse há três anos e, não bastando isso, apuraram o tal valor através do mês em que foi pago o subsídio de férias.
Vejamos, a ser verdade, os «insuspeitos», após processo respectivo, não deveriam ser obrigados a coima a reverter a favor dos cofres do Estado, por exemplo, por crime de lesa-pátria ou qualquer coisa quejanda e a bem da ética pública? Isto, claro, em paralelo com os processos que os directamente lesados lhe possam (e deveriam) mover.
Ah, crime de lesa-pátria é exagero? Então e que tal pensarmos na pólvora que este argumentário mete no canhão do ressabiamento? Basta andar um pouco pelos facebooks. Digo eu, que nem tenho votado PS…
- Passos Coelho e a sua acólita Maria Luís Albuquerque manifestaram, ao longo de 2016, tanta, mas tanta certeza na impossibilidade de se atingir um deficit abaixo dos 3% que, agora, estão irremediavelmente em primeiro lugar na candidatura ao tema Ai, se ele cai, premonitoriamente interpretado pelos Xutos e Pontapés… que é mesmo o que me estava a apetecer dar-lhes! Pelo caminho, pode juntar-se-lhes o inefável José Gomes Ferreira.
Apesar de tudo ou por isso mesmo, tenham todos um grande e belo 2017… e, se descobrirem uma plantinha de esperança, cultivem-na bem. Água a mais ou a menos poderá danificá-la. E quando ela medrar, veremos que, como diziam alguns, ele há mais vida ara além do deficit.
Façam o favor, pois, de ser felizes que isso é que «os» trama.

dezembro 21, 2016

Natal, o tal, sempre que a gente o quiser...

... e que afeiçoaremos como melhor nos aprouver.

De mim, recebam esta família primordial - lá está, afeiçoada por olhos que tiveram artes de ver de outra maneira - e que, sem fragilizarem o conceito, bem pelo contrário o fortalecem.

 (- Artesanato da serralharia O Pinha, de Manuel Machado, em Celeirós, Braga)  
 
O Natal é uma janela
 
o Natal é uma janela
que abrimos a quem passa
tão-só para cumprimentar
dando um ar da nossa graça
porque o tempo passa
passa
sem dar tempo de parar
 
temos musgo
e azevinho
na ombreira da janela
não vá o nosso vizinho
passar também a correr
e nem sequer dar por ela
 
o Natal tem afinal
esse dom de por um dia
- ou
vamos lá… por um mês –
sentirmos essa alegria
de sermos gente outra vez
 
de ficarmos à janela
aberta de par em par
lançando à rua um sorriso
e deixando entrar o ar
que nos varra os pesadelos
os medos
as aflições
de que estamos pelos cabelos
sem aprendermos lições
 
o Natal é esse olhar
que vai além da vidraça
e que nos mostra quem passa
apenas por lá passar
 
um tempo de ter presente
mesmo quando estamos sós
que quem quer que passe em frente
da janela que abrirmos
de repente descobrirmos
ser gente
tal como nós.
 
- Jorge Castro
Dezembro de 2016

dezembro 05, 2016

"Após pesquisa mais aprofundada, encontrámos novos dados relevantes para responder à sua questão"

Recebi hoje uma nova mensagem da Comissão Europeia, bem mais esclarecedora que a primeira:

"Caro Paulo Moura,
Obrigado por contactar o Europe Direct Contact Centre.
Após pesquisa mais aprofundada, encontrámos novos dados relevantes para responder à sua questão.
A Comissão Europeia realizou um estudo em 2014 sobre esta matéria. Informamos que os consultores contratados para realizar este estudo receberam a contribuição das autoridades portuguesas e esta informação foi tida em conta nos resultados do estudo. O estudo pode ser consultado na seguinte ligação: [LINK]
Conforme referido na resposta anterior, informamos que alguns deputados do Parlamento Europeu também indagaram a Comissão Europeia sobre esta questão. Neste contexto, a Comissão fez uma declaração à Sessão Plenária do Parlamento Europeu, em 5 de Outubro de 2016, onde demonstrou estar a analisar esta questão. Pode consultar a declaração no sítio do Parlamento Europeu: [LINK]
Esperamos que considere esta informação útil. Não hesite em contactar-nos caso tenha uma outra questão.
Com os melhores cumprimentos,
Centro de Contacto EUROPE DIRECT"

O estudo cujo link disponibilizam faz referência, de facto, a contributos recebidos dos Estados-Membros. Mas fá-lo de uma forma muito vaga, sem sequer nomear os países ou o que transmitiram concretamente. Limitam-se a quantificar quantos países responderam e o sentido global da posição de cada um. Ou seja, ficamos sem saber se os argumentos que apresentámos foram transmitidos e tidos em conta para o estudo. Pelo conteúdo geral do estudo, parece-me bem que não.
Em 80 páginas de estudo, fazem por duas vezes referência ao conceito que consideramos mais relevante nesta questão: bem-estar ("wellbeing"). E fazem-no para referir que "Examples of the positive effects of summertime include: An increase in wellbeing caused by an increase in exposure to sunlight (...)" - isto é, devemos todos ter pago, com os nossos impostos, balúrdios por este estudo que conclui que um efeito positivo do Verão é um aumento da exposição à luz solar! Extraordinário! Genial! Querem ver que é a mudança de hora que aumenta a exposição à luz do Sol?! Se não fosse a mudança de hora, ficaríamos menos expostos ao Sol?!
Valha-nos, por isso, a iniciativa que tiveram recentemente alguns eurodeputados, que questionaram este procedimento da mudança de hora e manifestaram a sua oposição ao mesmo. Aguardemos pelos resultados da análise da Comissão Europeia, a ser feita em 2017, porque com estes doutos consultores e estes «estudos», não nos safamos...

dezembro 02, 2016

Preciso de saber se a nossa posição foi transmitida à Comissão Europeia

Face à resposta da Comissão Europeia à minha mensagem sobre a mudança de hora, enviei agora mesmo esta mensagem para o Professor Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL):

"Boa noite, professor Rui Agostinho

Recebi hoje esta resposta da Comissão Europeia ao meu pedido de esclarecimentoE fui surpreendido com a informação de que não receberam nenhuma informação ou participação da parte da Comissão Permanente da Hora. Como, se o Professor me tinha assegurado, em 2014, que iria transmitir a nossa posição à Comissão Europeia?!
Preciso de saber o que se passou, pois confiei no que me disse.
Só me conforta saber que este assunto está a ser analisado pela Comissão Europeia, por interpelação de vários deputados do Parlamento Europeu. Mas preciso que me assegure que a nossa posição é transmitida (se ainda não o foi) à Comissão Europeia.

Cumprimentos,
Paulo Moura"

A resposta da Comissão Europeia

A Comissão Europeia respondeu à minha mensagem do passado dia 27 de Novembro:

"Dear Mr Moura,

Thank you for your message.
The Commission did not receive any information or notice from the Portuguese Standing Commission of the Hour.
We can inform you that the Commission is also being asked about this by some Members of the European Parliament. Recently, the Commission made a statement in this context to the European Parliament's Plenary Session on 5 October 2016. In that statement, the Commission declared that it is looking into the matter. You can consult the statement on the European Parliament's website: [LINK]
We hope you find this information useful. Do not hesitate to contact me in case you have any other question.

EUROPE DIRECT Contact Centre/ Research Enquiry Service

The answer or information contained in this message is based on the information provided by you, which may not be sufficiently detailed or complete to provide a full and correct answer or response to your question. The Commission is committed to providing accurate information through the enquiry services; however, the information provided has no binding nature. The Commission cannot be held liable for any use made of this information or for its accuracy."

Os meus comentários:

"A Comissão não recebeu qualquer informação ou participação da Comissão Permanente da Hora, de Portugal"
Se foi assim, houve claramente uma falha de comunicação entre a Comissão Europeia e a Comissão Permanente da Hora/ Observatório Astronómico de Lisboa (OAL). Ora, se este é um assunto, por si só, penalizado por uma forte inércia das instituições europeias, se não houver comunicação da posição dos cidadãos, como pode a Comissão Europeia tomar decisões adequadas?
Vou ter que transmitir esta informação ao Professor Rui Agostinho, director do OAL, e pedir-lhe que esclareça esta alegada ausência de transmissão da nossa posição à Comissão Europeia, como me tinha garantido que faria, já em 2014.

"Podemos informar que a Comissão também está a ser questionada sobre este assunto por alguns membros do Parlamento Europeu. Recentemente, a Comissão fez uma declaração neste contexto, na Sessão Plenária de 5 de Outubro de 2016 do Parlamento Europeu. Nessa declaração, a Comissão declarou que está a analisar o assunto."
Boa notícia! Mas só será excelente se a Comissão tiver em conta os argumentos de quem, como nós, defende o término da mudança de hora.

Recomendo que consultem o link acima disponibilizado. Ficamos a saber que não estamos sós nesta causa. Nessa sessão, a Comissão assumiu o compromisso de concluir a análise deste assunto "no decurso do próximo ano de 2017".