outubro 31, 2012

dia mundial da poupança


Mudança de hora - o que fazer a seguir?

Recapitulando:
Em 2 de Abril de 2012, a Assembleia da República indeferiu liminarmente a nossa petição «Não à mudança de hora». Motivo: "a regulação da Hora Legal é feita a nível europeu, limitando-se Portugal a cumprir as Directivas sobre a matéria".
Apresentei ao Parlamento Europeu uma petição em tudo idêntica à que apresentei à Assembleia da República..
A resposta deles veio em forma de carta.
Pedi esclarecimentos e enviaram-me ligações para documentação diversa sobre este assunto.

Ora bem...
Estudando aquilo, constatei que houve em 2000 a «Proposta de
Directiva do Parlamento Europeu e do Conselho relativa à hora de Verão (apresentada pela Comissão)
», refª 2000/0140 (COD). Alguns excertos:
"Foi realizado um amplo estudo por um consultor independente, seleccionado por concurso público (...) O consultor escolhido, Research voor Beleid International (RvB), teve por missão tomar em conta os diferentes estudos e conclusões dos relatórios existentes sobre a matéria, tanto no plano comunitário como nacional, inquirir especialistas dos diferentes domínios envolvidos e, por último, apresentar conclusões e formular recomendações, com base nas análises e exames realizados. (...) O estudo foi dedicado, portanto, a procurar, identificar e avaliar as implicações económicas e sociais positivas e negativas do regime da hora de Verão no conjunto dos principais sectores económicos envolvidos, tais como a agricultura, a indústria, o comércio, a banca, a saúde pública, os transportes, a segurança rodoviária e, ainda, o turismo e a ocupação de tempos livres."
Na área da agricultura, achei uma graça especial ao diferente comportamento das vacas, até de países vizinhos: "na Áustria, ter-se-ia constatado que a mudança da hora era susceptível de provocar infecções nas vacas leiteiras, devido ao atraso da ordenha, e que se traduziam numa diminuição da produção leiteira. Pelo contrário, na Alemanha, a maioria dos organismos consultados considerara que uma ordenha mais tardia não tinha qualquer impacto na saúde dos animais, mas apenas na vida dos trabalhadores, obrigados a levantar-se mais cedo para respeitar o biorritmo dos animais."
Mais lá para a frente, é abordado o tópico da saúde:
"A saúde constitui, sem dúvida alguma, um dos domínios em que a hora de Verão suscitou e continua a suscitar vivas discussões entre os apoiantes e os opositores do sistema".
"Biorritmo e sono - Acusa-se tradicionalmente a hora de Verão de alterar o biorritmo e de afectar o sono, especialmente o das crianças, dos adolescentes e das pessoas idosas. A literatura sobre este tema é abundante.
O estudo Beauvais, realizado por conta da Comissão em 1990, registara, por um lado, o aumento do número de consultas médicas nas duas a três semanas seguintes à mudança da hora e, por outro lado, constatara que a mudança era melhor tolerada no Outono. Por outro lado, o estudo observara uma pequena percentagem de aumento do consumo de tranquilizantes ou soníferos, enquanto a curva de consumo de outros medicamentos tendia para a baixa. O estudo concluía pela ausência de consequências sérias para a saúde e pelo carácter temporário e totalmente reversível das perturbações sentidas pelas pessoas. Outros estudos ou trabalhos, tais como o de Reinberg, cronobiólogo do CNRS, ou do Dr. Valtax, para a Academia de Lyon, em França, e o estudo de Hasselkuss, na Alemanha, chegaram a conclusões semelhantes às do estudo de Beauvais. Assim, são precisos entre um e sete dias para que a hora de despertar, a temperatura, o despertar e a qualidade do sono se adaptem à nova hora. As perturbações desaparecem, geralmente, ao fim de uma ou duas semanas."
"O Dr. Kerkhof, cronobiólogo na Universidade de Leyde, nos Países Baixos, dedicou-se a estudar a importância do sono nos acidentes, entre 1989 e 1995 (..): se é possível alterar facilmente a hora de acordar e de levantar, já o mesmo não acontece com o adormecer. Este é regulado por aquilo a que correntemente se chama o nosso relógio biológico interno, a saber, os ritmos circadianos. Este relógio impõe um horário para todas as espécies de processos internos e o seu ciclo é de cerca de 25 horas, o que significa que deve recuperar uma hora por dia. Assim, na segunda-feira, após o fim-de-semana, é preciso recuperar mais do que uma hora, porque a hora de adormecer e a de despertar foram atrasadas durante o fim-de-semana; Kerkhof defende que, quando a relação mútua entre os diferentes sinais (luz, trabalho, refeições, etc.) é alterada, o relógio interno é perturbado e leva vários dias a adaptar-se à nova situação, o que pode ter um impacto negativo momentâneo sobre a atenção e o humor. Esta teoria não pôde ser verificada pela análise."
"Por último, em matéria de sono, investigadores alemães observaram que são as pessoas com trabalho sedentário que se queixam de sentir mais fadiga de manhã. O grupo que devia aproveitar melhor a hora extra de Verão, graças aos fins de tarde mais luminosos, ou seja, a equipa da manhã, parece conhecer as maiores dificuldades."
"Influência na formação da melatonina - Recentemente, surgiram novos estudos, que trouxeram à luz o papel essencial da melatonina na função do sono. Esta hormona regula o sono, permitindo-nos levantar de manhã e adormecer à noite. Reage à alternância dia/noite. À noite, a quantidade de melatonina é 5 a 10 vezes maior do que de dia. A secreção da hormona começa cerca das 21h30, no Inverno, e das 23h30, no Verão ("hora solar"), atingindo o seu nível máximo às 2 ou 3 horas da manhã, para voltar a descer para o seu nível normal diurno cerca das 7 horas. Com o regime da hora de Verão, este processo tem início uma hora mais tarde, ou mesmo duas horas, em países como a Espanha, a França e os Países Baixos, que estão desfasados uma hora em relação ao fuso horário natural. Esta situação explicaria as dificuldades em adormecer, no Verão. Não sendo alterada a hora do despertar, o nível de melatonina é ainda elevado às 7 horas da manhã (5, pela hora solar, nos países citados), o que produz uma certa sonolência e uma falta de concentração susceptíveis de ter consequências no plano do desempenho intelectual, tanto no trabalho como na escola, bem como em matéria de segurança rodoviária. Esta tese é vivamente apoiada pela ACHE e a Associação belga contra a hora de Verão."
"Consultas médicas e consumo de medicamentos - O estudo Beauvais analisara, por seu turno, o número de consultas médicas durante as semanas próximas da mudança da hora, na Primavera e no Outono. Fora registado nas duas a três semanas seguintes à mudança da hora um pico de 10,9% acima da média da Primavera, e de 8,5% no Outono (...)"
"Saúde mental e humor - Alguns relatórios dão conta de uma «desordem afectiva sazonal» (DAS), de que sofreria uma parte da população durante os meses de Inverno. Esta desordem seria causada por um insuficiente estímulo luminoso do hipotálamo, que poderia conduzir a perturbações do sono, a sintomas de depressão e a uma alteração significativa dos níveis de secreção da melatonina. Recentemente, alguns trabalhos salientaram a importância da luz na saúde e no bem-estar. Foram realizadas pesquisas no hospital de Frederiksberg sobre o DAS e os tratamentos por meio de substitutos da luz do dia (...)"
"Saúde física - Especialistas recordam que o Sol favorece a assimilação da vitamina D, bem como a cura de determinadas doenças de pele. Chamam também a atenção para a incidência positiva da hora de Verão, ao oferecer a possibilidade de uma exposição mais longa ao Sol e à luminosidade do fim do dia. Por outro lado, o estudo ADAS havia já citado vários trabalhos que salientavam um aumento da prática de desportos de ar livre durante o período da hora de Verão. Essa prática é particularmente benéfica para lutar contra os efeitos negativos do stress e do sedentarismo e para prevenir, nomeadamente, a obesidade dos adultos e das crianças, bem como os problemas cardio-vasculares. Esta argumentação é partilhada por especialistas dos países nórdicos, que insistem na importância da hora suplementar de claridade para a prática de actividades ao ar livre, nos países onde as condições climáticas a tornam impossível durante uma grande parte do ano." [nota minha - é fácil: fixem a hora de Verão]
A proposta conclui, neste ponto:
"Embora constatem a multiplicidade de efeitos possíveis da hora de Verão, a maior parte deles ligados às dificuldades de adaptação do corpo humano, os especialistas reconhecem que, no estado actual da investigação e dos conhecimentos sobre a matéria, as perturbações sentidas são de curta duração e não colocam a saúde em perigo, devido à sua perfeita reversibilidade."

A Directiva 2000/84/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de Janeiro de 2001, respeitante às disposições relativas à hora de Verão, estabelece que "a Comissão publicará, no Jornal Oficial das Comunidades Europeias (...) todos os cinco anos, uma comunicação incluindo o calendário das datas de início e termo do período da hora de Verão para os cinco anos seguintes." E "a Comissão apresentará, até 31 de Dezembro de 2007, um relatório (...) sobre a incidência das disposições da presente directiva nos sectores envolvidos. O referido relatório deve ser estabelecido com base nas informações comunicadas por cada Estado-Membro até 30 de Abril de 2007. A Comissão apresentará, se necessário e na sequência das conclusões do relatório, propostas adequadas."

Em 23.11.2007, a Comissão Europeia publicou a COM(2007) 739 - «Comunicação da Comissão ao Conselho, ao Parlamento Europeu e ao Comité Económico e Social Europeu, em conformidade com o artigo 5.º da Directiva (CE) n.º 84/2000 respeitante às disposições relativas à hora de Verão». Nesta comunicação, além de resumirem o que já tinha sido dito na Directiva, apresentaram uma recolha de indicações dos estados-membros. Realço este ponto: "Nenhum Estado-Membro solicitou a modificação do actual regime. A maioria dos Estados-Membros sublinha a importância da harmonização do calendário da hora de Verão na UE, nomeadamente em relação aos transportes. A Bélgica pronunciou-se a favor da manutenção do actual regime ou, alternativamente, de uma aplicação da hora de Verão durante todo o ano." [nota minha - neste tema, sou Belga!]
Acrescentam também novos estudos em diversas áreas. No que diz respeito à saúde, apresentam... um arremedo de «estudo» que deveria merecer, no mínimo, um arremesso de uma tarte à cara de quem o fez, outra à cara de quem o enviou e uma terceira tarte a quem teve a lata de o publicar. Apreciem:
"Na Finlândia, em 2003 e 2004 dois estudos analisaram o impacto no corpo humano da mudança horária em Março, com base numa amostragem de 10 pessoas. Os estudos observaram determinados impactos no sono e no ritmo natural do corpo durante os quatro dias que se seguem à mudança horária. No entanto, os autores sublinham que os estudos não permitem tirar conclusões para o conjunto da população devido à pequena dimensão da amostra."
Divulgam ainda estudos de opinião enviados pelos Estados-membros:
"Na Estónia, uma sondagem efectuada em 2001 mostrou que o número de defensores e de opositores da hora de Verão era quase idêntico.
Na Lituânia, uma sondagem realizada em 2006 mostrou que 55% estão contra a hora de Verão e 32% a favor.
Na Letónia, foram organizadas duas consultas pela Internet em 2006, que revelaram uma oposição à hora de Verão de cerca de 60% dos participantes na consulta. Convém contudo sublinhar que este resultado não foi obtido com base numa amostra representativa da população, mas sim com base em pessoas que escolheram participar na consulta.
Segundo uma sondagem realizada em França pelo Instituto CREDOC em 2005, cerca de 2/3 dos franceses são favoráveis ou indiferentes à hora de Verão, ou seja, desde 1993 as opiniões favoráveis aumentaram 12 pontos, enquanto as opiniões desfavoráveis diminuíram de 13 pontos. No entanto, numa sondagem realizada pela SOFRES em 2002, 45% exprimiram-se em favor da hora de Verão durante todo o ano, 31,4% eram indiferentes e 26,3% opunham-se à hora de Verão.
Em conclusão, não se pode deixar de constatar que o número muito limitado de sondagens recentes sobre o assunto não permite tirar conclusões válidas, tanto mais que o grau de representatividade e os resultados destas sondagens variam consoante o país"
E ainda apresentam dados do Eurobarómetro:
"O Eurobarómetro de 1990 concluiu que o índice de satisfação era de cerca de 57,4% para o conjunto da Comunidade Europeia.
O Eurobarómetro de 1993 sobre a data de termo da hora de Verão indicou uma preferência do conjunto da população da Comunidade dos 12 Estados-Membros pelo fim de Outubro (54,5%), em lugar do fim de Setembro (38,4%), por conseguinte o regime actual."

Experimentem perguntar aos cidadãos da Europa se preferem o regime actual de mudança de hora ou que se aplique a hora de Verão durante todo o ano!

A mudança de hora vista pelo meu amigo Julien Wolga

O meu amigo francês, Julien WOLGA, autorizou-me a utilizar este seu desenho «o tempo»: "Une bonne nouvelle pour toi: le dessin que tu voulais utiliser contre le décalage horaire est finalement libre".
Merci, Julien!

outubro 30, 2012

cenouras...

escolha uma e... já sabe
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o regresso de Portugal aos mercados

Revelada, em primeira mão, a composição da comitiva que dará de Portugal novos mundos ao mundo depois dos sucessivos «centrões» mais ou menos de direita profunda: 


Nota explicativa: o asno (por baixo, na imagem) foi disponibilizado através de uma parceria composta e financiada pelos governos de Portugal, Espanha, Grécia e Irlanda. O elemento de cima vive no concelho de Cascais, desempenha funções de assessoria numa PPP e deslocou-se a Alguidares de Baixo expressamente para a obtenção da fotografia, sempre em regime precário... É o único sobrevivo português residente no País com menos de oitenta e cinco anos. Os pais são emigrantes na China.

O compromisso das primeiras impressões

O que acontece é que, as mais das vezes, conhecemos as pessoas por meio de outras pessoas que, voluntariamente ou não, nos fazem saber como sentir em relação a elas: "fulano X é um porreiro, vais gostar dele", "sicrana Y é tão a tua onda, vão-se dar lindamente" ou, pelo contrário, "tem cuidado com W, não é de confiança", "Z é boa miúda mas, coitadinha, não deve nada à inteligência".
E nós alinhamos e fazemos coincidir as primeiras impressões reais que temos das pessoas com a imagem apriorística que nos ajudaram a construir, porque o ser humano é bicho de consensos e se puder concordar com as pessoas de quem decidiu gostar, bestial. E continuamos a jogar o jogo, durante tanto tempo quanto nos for possível, apreciando qualidades onde nos disseram havê-las, encontrando defeitos exactamente onde nos garantiram que existiam.
Até o dia em que já não aguentamos desculpar as idiotices de quem resolvemos que era boa pessoa porque escolhemos não pensar pela nossa própria cabeça (às vezes, um descansozinho cai bem). Ou até ao momento em que descobrimos que alguém de quem nunca permitimos aproximar-nos afinal é boa gente.
É por estas e por outras que perfiro formular as minhas próprias opiniões, consciente da formatação inerente ao facto de conhecer pessoas por meio de outras pessoas: tendemos a aplicar àquelas o juízo de valor que temos destas. Assim: se A namora com B e eu gosto de A, então tenho de gostar de B; se C fez mal a D e eu aprecio D, então C deve ser uma besta - e todas as derivações possíveis, a partir daqui.
Porque se trata de pessoas, não há linearidade. A minha amiga A, que eu adoro, pode namorar com B, que é um anormal (e não faz mal que eu não goste dele, não sou eu quem tem de gostar), e C tratou da saúde a D porque D mereceu (e D pode continuar a ser um porreiro ou, pelo contrário, D, de quem eu gostava, pode ser um perfeito idiota - há que aferi-lo absoluta e não relativamente).
Habituemo-nos a esta falta de sentido, porque o ser humano deve ser das coisas mais ilógicas que para aí andam.

outubro 28, 2012

Relvas...

fez três cadeiras que não existiam... só podem ser estas!
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O Xeque-Mate ao governo de Gaspassos.

...em vez de investimento estrangeiro por via da aquisição das empresas, assistimos a uma fuga record de capital: nada menos do que trinta mil e quatrocentos milhões de €uros...,


Quando nos - ainda frescos na memória - instantes das euforias privatizadoras, eu mísero escriba, tive a oportunidade de desejar estar enganado quanto aos resultados que as mesmas trariam sobre a economia Portuguesa. Escrevi e falei de viva voz sobre o assunto e infelizmente não me enganei, como não se enganaram todos o eruditos nas matérias onde bebi as minhas influências. Desejaria te-lo feito e assim, dando a mão à palmatória, estaria a levantar a minha taça de champagne enquanto degustava a migalha que do bolo me caberia, nesse festim de todo o Povo Português a celebrar o milagre que Gaspassos tinha conseguido concretizar. A realidade está à vista: Em vez de investimento estrangeiro por via da aquisição das empresas, assisistimos a uma fuga record de capital: nada menos do que trinta mil e quatrocentos milhões de €uros, ou seja, 32.400.000.000€00. Qualquer coisa que reduzido a notas de cinco daria para dar, (seis mil e tal mil milhões de notas) se colocadas umas ao lado das outras, várias dezenas de voltas em torno de Portugal.Temos de recorrer a estes tipos de visualizãções para que nos demos conta do absurdo destes incontabiliões a que se chega quando se fala destes temas.
 Simultaneamente, os juros da dívida voltaram a subir acima dos 8%, o tal valor que não dá para que "se volte aos mercados", coisa muito badalada há uma semana pelo governo quando o juro abrandou umas décimas abaixo do valor agora novamente vigente.  .
A verdade é esta: vamos desde o triste encaixe da EDP, que em dois anos dá de volta aos compradores todo o dinheiro que eles investiram e de onde o Estado não mais recebe chavo, até à Cimpor, onde apesar dos contratos e promessas, todo o centro estratégico e financeiro está a ser desviado para o Brasil. Nada que não se tivesse dito e escrito em alto e bom som. Nesta empresa, Camargo Corrêa, está a correr com os altos quadros Portugueses e colocar no lugar destes os Brasileiros. Ou seja, está em curso algo assim como o que aconteceu à Sorefame que depois de adquirida pela Bombardier foi lentamente esvaziada das suas carteiras de encomendas, de clientes, e das milhares de patentes. Tudo feito em obediência à tão querida palavra, "re-estruturação" da qual iria sair uma Sorefame-Bombardier lider mundial, mas que acabou com a empresa Portuguesa fechada, e os empregados na rua. Era então o auge do Cavaquismo, e também ele, o Cavaco, se apressou a desfazer-se da empresa, lider mundial em material ferroviário,  e prometeu os tais investimentos estrangeiros....
Se no caso da EDP as suspeitas de fraudes são mais do que muitas e as investigações seguem em lume brando, no caso da Cimpor é por demais evidente a pressão de que terá sofrido um dos seus principais accionistas: a Caixa Geral de Depósitos. Vinte minutos após o anúncio da privatização da Cimpor, a Caixa abria mão a preço abaixo do valor real das acções na empresa. António Borges estava à frente desta manobra e mais não se diz...
Agora está no prelo a Ana e a TAP. Já apareceu na TV o seu futuro dono, o patrão da AVIANCA, empresa sediada na... Colômbia. E digo futuro dono, pois todos os outros concorrentes desistiram, posição que nos média Portugueses o Poder tem feito passar por "a única empresa seleccionada..." Também ele diz maravilhas da privatização, que gosta muito de Portugal, etc etc etc, que não vai deslocalizar a centralidade da empresa para Madrid, que podemos estar descansados...
Eu, que já ando cá há alguns anos, e certamente a maioria das pessoas de bom senso, sejam de que quadrante político forem, certamente que já deram para esta farsa. Só os tontos ou os corruptos podem aplaudir mais esta facada nos nossos interesses.
 
O caso da Sorefame, em que Anibal Cavaco Silva é o principal responsável, deveria fazer com que este, uma vez no ponto máximo do poder, tirasse algo da experiência negativa que então protagonizou. A memória é feita para isso, é um dos atributos da inteligência e se ele placidamente deixa que tudo aconteça, então, é legítimo acusar a figura mais alta do Estado de vários itens: ou conivência com a corrupção, ou icompetência, ou senis
cência decorrente do avanço da idade. Sabemos que tendemos a guardar na memória só as coisas boas, de onde decorre a expressão, "bons velhos tempos". Mas tenho a certeza que o povo guardará destes dias que estamos vivendo a lembrança de nunca mais querer lembrar-se desta gente que nos desgoverna. Perante as privatizações que nada bom trouxeram, fecho de serviços e abandono de obras, os despedimentos, aumentos de impostos, anúncio de mais impostos e privatizações, que vão resolver tudo de uma penada, quando as   anteriores não resolveram, assistimos ao afundar de todo o País. Impõe-se que se aproveite agora e já, para que um leve bater de asas derrube esta coisa que nem o nome de Governo merece ter.
Xeque-Mate, deve o povo dizer, para dar voz ao que na prática já se vê no tabuleiro. E depressa antes que nem com o tabuleiro fiquemos.
 


outubro 27, 2012

Amigo empata amigo

Detesto a atitude pseudo-blasé desarreigada de compromisso.
Gosto de cumplicidade, de combinações, de excursões, de festas, de conversas sem fim, de silêncios que não pesam, de esperas pelos outros. Dos outros por mim.
Gosto da alegria genuína de quem me recebe com o abraço que há num sorriso e quer tanto saber de mim como eu de si.

Quando um Amigo nos liga, a meio da noite, a meio de um trabalho importantíssimo, quando nos interrompe o banho ou um beijo ou a manicura, não está a empatar, está a chamar-nos.
(E um amigo só nos chama quando precisa mesmo de nós, não o faz para cumprir calendário ou para ver o que trazemos vestido ou porque tem uma unha encravada; chama-nos porque tem mesmo de jantar connosco ou de nos contar/propor algo determinante ou porque mais ninguém tempera a salada assim ou porque não conseguirá dormir se não souber de nós)

E nós vamos.
Porque nada, só porque vamos, porque é assim.
Se eu não me sentir à vontade para chamar um amigo a meio do que quer que seja, então não se trata de um Amigo mas de outra coisa qualquer.
E de outras-coisas-quaisquer, desculpar-me-ão, mas está a vida de todos demasiado cheia.

outubro 26, 2012

Meninos e meninas... é para ver até ao fim... se quiserem ficar ainda mais enjoados.


O extermínio dos sem futuro


Ontem, alguém partilhou na página do Nuno Markl, no Facebook, a pérola acima, encontrada no Jornal de Matosinhos. E, se me agrada a tese, propugno sobretudo pelo argumento que lhe subjaz: quem não tem futuro garantido não merece ser alimentado.
Sim senhor. Da maneira que isto está, e se a coisa chega aos ouvidos de quem pode, ainda nos cortam a todos (animais, quadrúpedes e bípedes, que a queda do nível de vida não olha a quantas patas temos no chão) na ração, porque isto de futuro não está grande coisa.

(E uma chapada bem dada no focinho do iluminado que escreveu semelhante e no editor que o admitiu também não era mal pensado, que há coisas que não vão lá de outra forma.)

rapa, tira...


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Emigração para um mundo onde já não há lugar para quem deu mundos ao mundo..


Li como muitos milhares de Portugueses, a mensagem e as reflexões que por parte de mais um jovem obrigado a emigrar aqui ficaram publicadas, mas a carta que o Pedro escreve é uma carta de todos os Pedros e outros e outras, a quem já se ouviu em tempos alguém- e não sou mosquinha-, chamar nomes tão diferentes como Zé e Maria e sobre os quais todos temos também de reflectir.
Os Pedros, as Marias, os Zés, e todos os outros, estão de facto a ser expulsos do país.
Pressionados não pelo desejo de melhor vida, como antes faziam os emigrantes no tempo dos pais, mas para ter o mínimo de vida digna.
No entanto os tempos são agora muito complicados, pois enquanto o mundo económico conhecia o boom de crescimento do período após-guerra, em que os países de acolhimento tinham carência de mão de obra, agora o quadro é inverso. A mão de obra, por lá também sobra, restando apenas alguns nichos especializados. Tirando isso, temos a velha e sempre nova África, cujas ex-colónias ainda precisam de qualquer coisa portuguesa a mexer nas riquezas que depois de potenciadas e transformadas em dinheiro, servem para comprar as empresas que na antiga Metrópelo os governantes tristes e ceguetas estão a deixar ficar nas mãos daquels a quem dantes chamavam de colonos.
Muito a propósito, recordo um nome que diz muito em Coimbra.
Norton de Matos teve a coragem de dizer uma vez ao velho Botas, de que Portugal era em África, porque cá, no velho continente, este rectângulo não era mais do que uma pequena colónia do todo Português. Capital em Luanda, disse ele ao velho Salazar, que julgava a TV como uma coisa assim tipo máquina fotográfica onde ele em miudo tinha tirado umas fotos instantâneas lá nas feiras, mas desta feita com muitos fios à volta...
A História mostra hoje  à saciedade o que o dito ditador decidiu a propósito da visão à distância do Norton.
A compra constante, na actualidade, por parte dos Angolanos de participações importantes (e até da tomada total) em empresas Portuguesas dispensa quaisquer especulações, mas o facto de Norton ter sido um visionário num País de vistas curtas, desmente o aforísmo de que em terra de cegos quem tem um olho é rei: sessenta anos antes era mais fácil tirar um passaporte para emigrar para a América do que para Angola ou Moçambique. O governo de Salazar, rosto visível da oligarquia dominante, não queria ninguém a concorrer com os grandes proprietários que descansadamente engordavam nas colónias. O desenvolvimento foi por isso complexo, passando repentinamente pelo inverso: um fenómeno de colonização apressada e desenraizada feito de forma estúpida com o transporte do modelo de aldeia portuguesa para a imensidão africana. Os movimentos de libertação que começavam a despontar e a conseguir triunfos nas outras colónias europeias assustaram os "donos" de toda a imensa riqueza. De repente descobriram que era muito importante ter gente da metrópole instalada no terreno, mas já era tarde e o modelo seguido, a da chamada "colonização interna", algo assim parecido às escolas primárias do Estado Novo: todas iguais de norte a sul. Apenas a perfeita ignorância de alguém que nunca tinha posto os pés na grandeza e diversidade Africana,e que tinha do mundo uma ideia de prolongamento das particularidades da sua minúscula aldeia,  é que poderia ter decidido disparate tamanho. Norton tinha razão, a ideia dele era harmónica e progressiva e levaria a uma convivência proactiva e produtiva.
A independência das Colónias poderia ter tido outro desfecho mais favorável a Portugal e as suas ex-colónias: uma comunidade de Estados resultante de um processo progressivo, pacífico e harmonioso de independência em vez da fuga apressada com a perda da maior parte dos nossos interesses e património construído e as terríveis guerras civis que no terreno subsituiram o súbito vazio de poder, mas chorar sobre o leite derramado não o põe de volta. Agora não nos resta outra alternativa que não seja a de nos sujeitarmos a migalhas, seja lá, seja noutro lado qualquer menos neste bocadinho que nos resta do Velho Império...

outubro 23, 2012

plano B...

C e D para apresentar à troika.
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A posta que está na hora de intervir


Sim, há dias em que a vontade que dá é deixar andar, deixar correr e ficar parado a ver o que acontece e entretanto torcer por milagres ou profetizar um apocalipse em lume brando.
Mas os dias têm o problema de passarem, uns atrás dos outros, e o tempo que passa é tempo desperdiçado quando os problemas teimam em não se resolverem por si. E alguns são como infecções.
E há dias em que a vontade que dá é mesmo a de não deixar gangrenar.

O país já começou a despertar para a necessidade de um antídoto para este veneno que nos consome as contas públicas ou privadas, para esta lenta agonia que destrói sonhos, ambições, vidas que tínhamos planeado com base em pressupostos que deixaram de se verificar e agora há portuguesas e portugueses a padecerem de males que julgávamos impossíveis, falência sistemática de empresas e de cidadãos, desemprego, emigração em massa, despejos a toda a hora e a fome (a fome!!!) a romper o véu do segredo quando as pessoas, enfraquecidas, já nem conseguem esconder a miséria da sua condição.
É essa a situação que enfrentamos, todos sem excepção, a cada dia que passa, a cada dia que nos ameaça com um medo qualquer.

Depressa percebemos a futilidade dos discursos por parte de quem nos lidera ou de quem parece melhor colocado para a sucessão, a vacuidade das palavras que denuncia a ausência de soluções. Basta prestar um pouco de atenção, apenas a necessária para entender o quanto temos a perder se em cada dia que passa nos permitirmos cruzar os braços e esperar que o dia seguinte nos sirva de bandeja uma reviravolta nas circunstâncias, embalados na mesma apatia que tantos povos já tramou e muitos ainda acabará por tramar.
Depressa percebemos que não basta esperar, à sombra de uma esperança sem alicerces e que a brisa dos factos desmorona a cada dia que passa sem o empenho estender a mão à vontade de mudança para que esta possa acontecer.

Está na hora de mudar, a crise confirma esse facto inegável. E não basta olhar para as alternativas como um conjunto de variações de cinzento e acabar por escolher a que estiver mais à mão: é necessário o passo seguinte de aperfeiçoamento da Democracia, a sua reconversão à medida destes dias em que só a participação activa dos cidadãos poderá efectivar, nas ruas, como nas redes sociais, como nas urnas, com a urgência que se impõe.

outubro 22, 2012

carta aberta ao Presidente da República, de Pedro Marques

Solidário, no geral,  com o testemunho do Enfermeiro Paulo Marques e com a cara coberta de vergonha por cada momento em que colaborei, por cada passo que não dei mais além,  com este estado de coisas.... Este, sim. é um poema, como punhos!

"Vossa Excelencia,

Não me conhece, mas eu conheço-o e, por isso, espero que não se importe que lhe dê alguns dados biográficos. Chamo-me Pedro Miguel, tenho 22 anos, sou um recém-licenciado da Escola Superior de Enfermagem do Porto. Nasci no dia 31 de Julho de 1990 na freguesia de Miragaia. Cresci em Alijó com os meus avós paternos, brinquei na rua e frequentava a creche da Vila. Outras vezes acompanhava a minha avó e o meu avô quando estes iam trabalhar para o Meiral, um terreno de árvores de fruto, vinha (como a maioria daquela zona), entre outros. Aprendi a dizer “bom dia”, “boa tarde”, “boa noite” quando me cruzava na rua com terceiros. Aprendi que a vida se conquista com trabalho e dedicação. Aprendi, ou melhor dizendo, ficou em mim a génesis da ideia de que o valor de um homem reside no poder e força das suas convicções, no trato que dá aos seus iguais, no respeito pelo que o rodeia.

Voltei para a cidade onde continuei o meu percurso: andei numa creche em Aldoar, freguesia do Porto e no Patronato de Santa Teresinha; frequentei a escola João de Deus durante os primeiros 4 anos de escolaridade, o Grande Colégio Universal até ao 10º ano e a Escola Secundária João Gonçalves Zarco nos dois anos de ensino secundário que restam. Em 2008 candidatei-me e fui aceite na Escola Superior de Enfermagem do Porto, como referi, tendo terminado o meu curso em 2012 com a classificação de Bom. Nunca reprovei nenhum ano. No ensino superior conclui todas as unidades curriculares sem “deixar nenhuma cadeira para trás” como se costuma dizer.

Durante estes 20 anos em que vivi no Grande Porto, cresci em tamanho, em sabedoria e em graça. Fui educado por uma freira, a irmã Celeste, da qual ainda me recordo de a ver tirar o véu e ficar surpreendido por ela ter cabelo; tive professores que me ensinaram a ver o mundo (nem todos bons, mas alguns dignos de serem apelidados de Professores, assim mesmo com P maiúsculo); tive catequistas que, mais do que religião, me ensinaram muito sobre amizade, amor, convivência, sobre a vida no geral; tive a minha família que me acompanhou e me fez; tive amigos que partilharam muito, alguns segredos, algumas loucuras próprias dos anos em flor; tive Praxe, aquilo que tanta polémica dá, não tendo uma única queixa da mesma, discutindo Praxe várias vezes com diversos professores e outras pessoas, e posso afirmar ter sido ela que me fez crescer muito, perceber muita coisa diferente, conviver com outras realidades, ter tirado da minha boca para poder oferecer um lanche a um colega que não tinha que comer nesse dia. Tudo isto me engrandeceu o espírito. E cresci, tornei-me um cidadão que, não sendo perfeito, luto pelas coisas em que eu acredito, persigo objetivos e almejo, como todos os demais, a felicidade, a presença de um propósito em existirmos. Sou exigente comigo mesmo, em ser cada vez melhor, em ter um lugar no mundo, poder dizer “eu existo, eu marquei o mundo com os meus atos”.

Pergunta agora o senhor por que razão estarei eu a contar-lhe isto. Eu respondo-lhe: quero despedir-me de si. Em menos de 48 horas estarei a embarcar para o Reino Unido numa viagem só de ida. É curioso, creio eu, porque a minha família (inclusive o meu pai) foi emigrante em França (onde ainda conservo parte da minha família) e agora também eu o sou. Os motivos são outros, claro, mas o objetivo é mesmo: trabalhar, ter dinheiro, ter um futuro. Lamento não poder dar ao meu país o que ele me deu. Junto comigo levo mais 24 pessoas de vários pontos do país, de várias escolas de Enfermagem. Somos dos melhores do mundo, sabia? E não somos reconhecidos, não somos contratados, não somos respeitados. O respeito foi uma das palavras que mais habituado cresci a ouvir. A par dessa também a responsabilidade pelos meus atos, o assumir da consequência, boa ou má (não me considero, volto a dizer, perfeito).

Esse assumir de uma consequência, a pro-atividade para fazer mais, o pensar, ter uma perspetiva sobre as coisas, é algo que falta em Portugal. Considero ridículas estas últimas semanas. Não entendo as manifestações que se fazem que não sejam pacíficas. Não sou a favor das multidões em protesto com caras tapadas (se estão lá, deem a cara pelo que lutam), daqueles que batem em polícias e afins. Mais, a culpa do país estar como está não é sua, nem dos sucessivos governos rosas e laranjas com um azul à mistura: a culpa é de todos. Porquê? Porque vivemos com uma Assembleia que pretende ser representativa, existindo, por isso, eleições. A culpa é nossa que vos pusemos nesse pódio onde não merecem estar. Contudo o povo cansou-se da ausência de alternativas, da austeridade, do desemprego, das taxas, dos impostos. E pedem um novo Abril. Para quê? O Abril somos nós, a liberdade é nossa. E é essa liberdade que nos permite sair à rua, que me permite escrever estas linhas. O que nós precisamos é que se recorde que Abril existiu para ser o povo quem “mais ordena”. E a precisarmos de algo, precisamos que nos seja relembrado as nossas funções, os nossos direitos, mas, sobretudo, principalmente, com muita ênfase, os nossos deveres.

Porém, irei partir. Dia 18 de Outubro levarei um cachecol de Portugal ao pescoço e uma bandeira na bagagem de mão. Levarei a Pátria para outra Pátria, levarei a excelência do que todas as pessoas me deram para outro país. Mostrarei o que sou, conquistarei mais. Mas não me esquecerei nunca do que deixei cá. Nunca. Deixo amigos, deixo a minha família. Como posso explicar à minha sobrinha que tem um ano que eu a amo, mas que não posso estar junto dela? Como posso justificar a minha ausência? Como posso dizer adeus aos meus avós, aos meus tios, ao meu pai? Eles criaram, fizeram-me um Homem. Sou sem dúvida um privilegiado. Ainda consigo ter dinheiro para emigrar, o que não é para todos. Sou educado, tenho objetivos, tenho valores. Sou um privilegiado.

E é por isso que lhe faço um último pedido. Por favor, não crie um imposto sobre as lágrimas e muito menos sobre a saudade. Permita-me chorar, odiar este país por minutos que sejam, por não me permitir viver no meu país, trabalhar no meu país, envelhecer no meu país. Permita-me sentir falta do cheiro a mar, do sol, da comida, dos campos da minha aldeia. Permita-me, sim? E verá que nos meus olhos haverá saudade e a esperança de um dia aqui voltar, voltar à minha terra. Voltarei com mágoa, mas sem ressentimentos, ao país que, lá bem no fundo, me expulsou dele mesmo.

Não pretendo que me responda, sinceramente. Sei que ser político obriga a ser politicamente correto, que me desejará boa sorte, felicidades. Prefiro ouvir isso de quem o diz com uma lágrima no coração, com o desejo ardente de que de facto essa sorte exista no meu caminho.

Cumprimentos,

Pedro Marques"

Segunda: o drama de afinal ser a primeira


Bom mesmo é a pessoa ganhar a vida a fazer o que gosta.
Mas como se alcança esse nirvana quando a pessoa gosta mesmo é de não fazer nada?

outubro 20, 2012

A posta que nem sabemos o que estamos a perder


As notícias mais recentes acerca do Público e da Lusa são das que mais fragilizam uma classe já de si esfarrapada pela proliferação e aumento de intensidade das diversas pressões. Os jornalistas estão cada vez mais reféns do medo de perderem os seus empregos, um medo legítimo para quem sabe fazer algo que não serve para fazer mais porra nenhuma.
Seria leviano afirmar que não existem jornalistas corajosos, independentes, ou malucos o bastante para continuarem a pugnar pelos princípios sagrados do ofício. Contudo, no actual contexto de aperto do torniquete por parte dos poderes que controlam o pilim só pode tratar-se de temerários, pois mesmo os mais bem intencionados serão, mais cedo ou mais tarde, confrontados com decisões muito difíceis de tomar.

Temos que convir que o estandarte da verdade já conheceu melhores dias. Num mundo governado por aldrabões, a missão de informar as coisas tal e qual transforma-se num exercício kamikaze e abundam os exemplos de como essa sim é uma verdade insofismável.
Morrem jornalistas, todos os anos, em todo o planeta, nessa batalha pela tal verdade que, bem vistas as coisas, ninguém parece querer ouvir. Basta olhar para o que prende as audiências para percebermos porque é cada vez mais exigente o esforço para manter o entusiasmo perante coisas sérias, com toda a gente preocupada com o sexo furtivo nas casas dos segredos e apenas meia dúzia em busca de informação acerca daquilo que verdadeiramente interessa.
A lógica é simples de entender: as audiências só espevitam perante assuntos da treta, os anunciantes só patrocinam conteúdos da treta, os jornalistas são obrigados a concentrar a atenção naquilo de que o público gosta, as minorias deixam de prestar atenção e às tantas deixa de haver espaço no mercado para tanta fast press. Ou seja, o efeito bola de neve acaba por arrastar tanto os que teimam em fazer o trabalho sério que não dá lucro à casa como os que se esmifram para alimentar páginas com aquilo que toda a gente sabe porque é aquilo que toda a gente publica.

No meio disto tudo ainda entram em cena os políticos que ameaçam e pressionam, os patrões que precarizam e despedem e a ditadura fria e impessoal dos critérios das agências publicitárias. Entretanto, fora das redacções, a Democracia sucumbe e a falta de uma Comunicação Social sólida e independente ajuda nas exéquias.
Os jornalistas não são soldados ou polícias, a sua única arma é a esperança na diferença que consigam fazer, tantas vezes à custa da teimosia, da abnegação e do brio que podem custar-lhes o emprego se os interesses atingidos mexerem os cordelinhos certos na teia de ligações perigosas contra as quais um jornalista pouco ou nada pode fazer. E as contas podem ser acertadas a qualquer momento, os poderes nunca esquecem os golpes sofridos e não lhes falta paciência para esperarem o pouco tempo necessário para apanharem a jeito profissionais tão desamparados, mesmo a nível sindical.

Uma crise capaz de fechar farmácias às centenas dá cabo das contas a um órgão de Comunicação Social e encurrala ainda mais quem tenha dedicado a vida a essa nobre função, sabendo todos nós como a maioria dos grandes grupos financeiros tem o dedo ligeiro no gatilho quando toca a despedir. E depois, que futuro espera um jornalista, mesmo dos bons, veteranos, com provas dadas, quando o chão lhe foge debaixo dos pés?
É quase cruel exigir a alguém que cumpra bem o seu papel quando até o cumprimento escrupuloso das regras do jogo do ofício pode afinal constituir o cavar da cova onde deitarão as carreiras todos quantos se virem apanhados por uma das várias trituradoras que a crise estimula. Pessoas, tal como as que usufruem do seu trabalho no derradeiro bastião da Democracia, de qualquer Democracia.
Nenhuma resiste à falência dos valores que a Comunicação Social representa e são esses os que mais tentam destruir aqueles para quem a verdade possa constituir uma ameaça real, sobretudo quando estão em causa interesses vitais, ainda que ilegítimos, dos poderosos que não param de abusar.

E esta é uma verdade que uma Democracia saudável não poderá jamais ignorar.

outubro 19, 2012

outras notícias...

dois “monstros” que povoaram a minha infância e adolescência…
cada um à sua maneira, foram notícia ontem
Raim on Facebook

outubro 18, 2012

Corrupção de Estado - para quem não ouviu este luso-brasileiro no Prós e Contras de 15/10

Intervenção de Mauro Sampaio, micro-empresário.

OE 2013... II

Raim on Facebook

As minutas do FMI? Invasões de Extraterrestres, ou simplesmente um pesadelo de leitão?


Perante as sucessivas declarações que ouvimos e lemos na imprensa falada e escrita, somos levados a acreditar em coisas tão dispares quanto o teor das declarações abaixo apresentadas, como se não tivéssemos memoria, como se o dia de hoje fosse totalmente desenraizado do dia de ontem. Abebbe Selassie escreveu textualmente:

 
Foram feitos progressos notáveis em Portugal nos últimos 18 meses no que diz respeito a reformas estruturais e consolidação orçamental, com grandes sacrifícios e determinação quer dos responsáveis políticos quer do povo português”, (Abebe Aemro Selassie em comunicado publicado no site do FMI.)

Dois dias antes declarara:

 Mas se houver apenas austeridade, a economia não vai sobreviver. É imperativo que tenhamos também reformas que melhorem a produtividade. Boa parte do esforço do programa é nesse sentido. Resolver o problema da competitividade simplesmente reduzindo os salários não vai resultar.

 Quer dizer que as reformas vão no bom sentido ao aumentarmos o défice enquanto destruímos a economia e PIB desce, que o Pais precisa de despachar seja como for as suas empresas estratégicas para as mãos seja de quem for, de continuar a limitar os rendimentos dos cidadãos, mas que essas vendas e limitações não conduzem à solução desejada e desejável. (????)

 Quer dizer que enquanto por um lado se enche as cabeças desempregadas com “casas de segredos” e outros luminosos lixos, vem esse senhor  do FMI fazer acreditar, que levar as empresas à falência pelo aumento criminoso de encargos não retributivos, ou seja sem retorno- os impostos-, enquanto em simultâneo a pá de coveiro é potenciada pela redução do poder de compra dos clientes, é o bom caminho, para logo a seguir que o caminho não é esse… Será que o homem tem uma gaveta de minutas onde apenas muda o nome da vítima, digo, dos Países a quem estão “ajudando”? Será que tirou sem querer um papelinho por engano, e “ai porra, que o papel não era esse, era para a Irlanda, e agora…?

 Mas a epidemia das contradições ditas em tempo record de memória de peixinho tem por cá bons representantes: Van Zeller, o responsável pela pasta da “privatização” dos estaleiros de Viana do Castelo disse coisa semelhante sobre a força laboral dessa estrutura:

 …. Trabalhadores velhos, desactualizados e enfeudados à violência sindical comunista…para logo de seguida dizer que os estaleiros possuíam no seu histórico a produção continuada dos melhores navios do mundo…

 Quer dizer, que os trabalhadores não prestam mas são capazes de fazer dos melhores navios do mundo…
Quando a de pérolas deste teor,  juntamos outras recentes como as declaradas na entrevista de Fernando Ulrich, em que ele afirma por outras palavras que Victor Gaspar é a sorte de Portugal (Portugal tem muita sorte em ter um ministro das Finanças com V.Gaspar),  um ministro que falhou em todas as suas previsões,  que aumentou a dívida enquanto em simultâneo fez  disparar, pelas reformas de que o Etíope fala, as falências e desemprego, sou levado a crer estar de facto perante duas situações possíveis: ou estou a ter um pesadelo devido ao leitão com espumante que há muito não provo e vou já despertar daqui a nada e tomar um “qualquer-coisa-Seltzer” para a dor de cabeça, ou então… estamos a ser invadidos por alienígenas que de noite nos vão chupar a parte da mioleira onde antigamente guardávamos as memórias, para logo de seguir, com as declarações durante o dia, fazerem testes sobre a inteligência, “ the next frontier “. E esta última tese deve ser a mais provável. Há até gente que já nem memória nem inteligência apresentam. Se virem uma vez que seja o telelixo “casa dos segredos” concordarão comigo, tenho a certeza. Pelo sim pelo não, se nunca viram, não vejam. Pode ser contagiante, tipo vírus que salta do ecrãn par o cérebro onde lança as metáteses que transformam o miolo em serradura. Podem no entanto, se aceitam uma sugestão, assistir às rábulas que aos Domingos, o “Estado de Graça” emite sobre o tema. Uma verdadeira two in one: vacina com efeitos retrovirais poderosos.

Até lá…shui…. Cuidado…. pode ser que eles andem aí…..
 

Coro dos Antigos Orfeonistas Machos da Universidade de Coimbra

O Orfeon Académico de Coimbra existe desde 1880, sendo o mais antigo coro português e um dos mais antigos da Europa.
Durante muitos anos, o Orfeon Académico de Coimbra foi composto só por homens, dado que as mulheres não acederam, durante muitíssimos anos, ao ensino universitário. Mas, como eles próprios explicam no seu breve historial, "as características de uma população universitária em constante mutação reflectiram-se no organismo, após o 25 de Abril de 1974, com modificações internas, incluindo a admissão de elementos femininos".
Em 1980 foi criado o Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra. Como eles próprios explicam: "Constituído por antigos estudantes da Universidade de Coimbra, apresentou-se pela primeira vez em Dezembro de 1980, por ocasião das comemorações do centenário do Orfeon Académico de Coimbra, onde o Coro foi buscar as suas raízes institucionais".

Dito isto, deixo-vos um diálogo por e-mail entre mim e o Coro dos Antigos Orfeonistas:

"Para
Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra

Boa noite,
Parabéns e bem hajam pela maravilhosa noite de ontem no TAGV.
A minha esposa fez parte, enquanto estudou na Universidade de Coimbra (entre 1980 e 1984), do Orfeon Académico.
Podem explicar-me por que motivo(s), se o(s) há, só os homens podem fazer parte do Coro dos Antigos Orfeonistas?
Cumprimentos,
Paulo Moura"
(2012-09-30)

"Exmo. Paulo Moura

Pedindo desde já desculpas pelo atraso na resposta ao seu email, cumpre-nos agradecer-lhe a amabilidade das suas palavras relativamente ao concerto do Festival José Afonso.
Relativamente à questão que nos coloca: o Coro dos Antigos Orfeonistas da Universidade de Coimbra, que nasceu em 1980, é um coro exclusivamente masculino desde a sua criação. Um dos principais pressupostos – estatutários – aquando da fundação era (é) a manutenção de um agrupamento coral masculino constituído preferencialmente por antigos orfeonistas do Orfeon Académico de Coimbra, por forma a vivificar as tradições que sempre foram apanágio desse Coro.
Com os melhores cumprimentos,
O Presidente da Direcção
Luiz Miguel Santiago"
(2012-10-09)

"Boa noite, Luiz Miguel Santiago

Agradeço-lhe o esclarecimento. É curioso… se o Coro dos Antigos Orfeonistas nasceu em 1980, por essa altura foi precisamente quando a minha esposa fez parte do Orfeon Académico (o maestro Virgílio Caseiro dizia na altura que ela era “a voz mais segura do Orfeon”). Ou seja, nessa altura o Orfeon já era misto.
Não consigo entender que ela não possa integrar o Coro dos Antigos Orfeonistas por “restrições estatutárias”. Um dos vossos solistas no Festival José Afonso foi contemporâneo dela no Orfeon. E ela não pode por… ser mulher?! Consegue-me explicar este critério? Ou melhor, consegue explicar isto a todas as mulheres que já passaram pelo Orfeon Académico?
Em minha opinião, é um critério desfasado do próprio Orfeon Académico, o qual já foi só de homens mas há muitos anos passou a incorporar mulheres no seu seio.
Não acha que deveriam rever esses estatutos? Ou então (perdoe a brincadeira, mas não resisto) mudem o nome para Coro dos Antiquíssimos Orfeonistas… ou Coro dos Antigos Orfeonistas Machos.

Cumprimentos,
Paulo Moura"
(2012-10-09)

Se entretanto receber resposta, digo-vos.

outubro 17, 2012

O racismo em 60 segundos, por Morgan Freeman

reflexão anti-crise... ou por causa dela.

E se, de repente, ó Gaspar, nos deixássemos todos de fosquinhas e, em 2013, ninguém entregasse as declarações do IRS?  - Isto se for aprovado o teu orçamento contra os canhões, claro.

Assim c’umàssim, quando tínhamos algum a receber de volta, ainda valia a pena. Agora, se é só para pagar, fazemos nada mais nada menos como todos aqueles que têm visto as suas obrigações fiscais prescritas, a bem das suas bolsas e sem qualquer espécie de crise.. Tipo, ladrão que rouba a ladrão.

Assim, ‘tás a ver, a modos que a rotura do contrato social, do lado do cidadão, que tu vens rompendo com toda a gente desde que tomaste posse e ainda só passou um anito e meio.

OE 2013...

como é que se larga assim uma bomba destas...
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outubro 16, 2012

A posta sem paninhos quentes


Os filmes e documentários acerca da II Guerra Mundial e do terceiro reich divulgaram alguns arquétipos das figuras sinistras que o nazismo produziu.
Uma das que primam pelo realismo é a da típica guarda-prisional alemã, sempre uma personagem repelente, autoritária, fria, desumana, capaz de abusar do seu poder sem qualquer espécie de escrúpulo com base na eterna desculpa das ordens para cumprir. É um clássico, de resto profusamente ilustrado e documentado para podermos identificar o tipo de gente que não queremos voltar a ter perto de qualquer tipo de poder, de qualquer ascendente sobre seja quem for.
Esse cliché do autómato humano, de uma criatura isenta de emoções perante a exigência de cumprir uma lei, uma norma ou apenas uma teimosia pessoal, não é uma caricatura.
A falta de escrúpulos das guardas-prisionais da Waffen SS e derivados não é um exclusivo de outro tempo e de outro país. A crueldade também não.
A prova está AQUI.

É difícil reprimir o apelo ao insulto perante este tipo de casos que provam existir mais do que uma espécie humana, a que possui algum mecanismo de protecção contra a desumanização e a outra.
Essa outra, que inclui crápulas das mais variadas proveniências, só varia na dimensão da sua repugnante interpretação da existência (a sua e a dos outros) e em função das circunstâncias, da conjuntura em que se podem permitir libertar a besta interior. Vão tão longe quanto mais solta a rédea e maior a fragilidade daqueles que possam dominar de alguma forma.
São pessoas sem um entendimento dos limites do razoável, sobretudo quando nos pratos da mesma balança estão os seus interesses pessoais e os das vítimas potenciais de consciências equivalentes às de um predador faminto.

Obrigar uma criança com fome a assistir à refeição de outras crianças com base numa dívida de 30€ contraída pelos pais em plena crise financeira é um crime contra a humanidade e, no meu entender de leigo, deveria implicar uma pena de prisão efectiva a somar à exoneração definitiva em matéria de funções ligadas aos mais jovens ou a seres humanos menos capacitados para se defenderem dos/as canalhas capazes de coisas assim.
É nojento, é imperdoável, não tem justificação possível e deve constituir-se exemplo de punição severa como aviso à navegação para outros répteis quanto à capacidade de reacção da sociedade a estas aberrações.

Se não levarmos a sério estes fenómenos de crueldade latente e os expurgarmos de alguma forma, quanto mais a crise nos debilitar mais esta gente sem princípios ou emoções nos poderá ter, qualquer um de nós ou os nossos filhos, nem que por um infeliz acaso do destino, à sua mercê.

O grande mergulho



Rodrigo de Matos - Presseurop

O problema não é a falta de coerência no discurso de Gaspar; o nosso problema é essa coerência

Estrebucharam mil opiniões – muitas delas supostamente da própria cor ou muito chegada – por reacção à discurseta do ministro Gaspar quanto à inevitabilidade do aumento da carga fiscal que sua excelência propõe no Orçamento de Estado para 2013, em ordem a «manter o capital de credibilidade e confiança de Portugal no estrangeiro», seja lá isso o que for.

Estrebucharam mal e porcamente, quase sempre. Ah, porque ele devia ter deixado uma margenzita de manobra aqui; porque deveria contemplar uma finta de corpo acolá; ou até porque uma leve condescendência corporativa, aqui ou ali, só lhe ficariam bem…

Néscios, mentecaptos, líricos ou vendidos os que tal propõem.

De facto, o discurso de Gaspar é de uma coerência gritante que assusta. De uma clareza chã que apavora. De uma desfaçatez que aterroriza.

Gaspar sabe bem o que quer e ao que vem. Sabe o como e o porquê. Sabe o quanto e até onde. Gaspar sabe bem o que quer! E quando se pretenda contestá-lo usando a mesma argumentação ou trilhando os mesmos caminhos, quem o fizer estará votado ao fracasso, tão límpida, clara e intransponível é a sua dialética.

Mesmo que não seja a dialética de mais ninguém – para além dos seus amigos mais chegados – é a SUA dialética.

Olhai-o, irmãos, vestido de burel e de baraço ao pescço, que pretende até restituir ao País o quanto o País nele investiu com artes de o moldar ao gosto do seu estereotipado desígnio… mas, ainda assim, desígnio.

Não veio de Santa Comba. Mas poderia muito bem ter vindo. Salvará a Pátria com a mesma inatacável perseverança e determinação com que o Botas a salvou, quase até à nossa extinção.

Porque o Gaspar sabe muito bem o que quer.

Interessa é saber se o que ele quer é coincidente com o que eu quero. Com o que tu queres. Com o que nós queremos. E, isso, o Gaspar nunca curou de saber. Porque ele sabe o que sabe e isso lhe basta.

O Gaspar é pois um presuntivo ditador, que apenas não o é efectivamente, porque a História lhe é adversa. Ainda assim, presume poder interromper a vigência da Democracia em Portugal – como alguém antes dele lhe sugeriu – pelos meses ou anos que muito bem entender.

O Gaspar é o principal agente da rotura do contrato social em Portugal. O Gaspar será o responsável por cada montra quebrada. Por cada empresa falida. Por cada cabeça partida. Por cada alma estilhaçada.

O Gaspar terá contas a prestar à História, disso não me restam dúvidas algumas.

Mas lá que ele é coerente, disso também não tenho dúvidas nenhumas.

Apenas falta apurar quem o sugeriu, quem o impôs, quem o chamou. Apenas falta, afinal, apurar quando e como seremos, outra vez, um povo livre.

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outubro 15, 2012

aBANCAdos no Poder

Aos que consigam ler em inglês recomendo vivamente a leitura desta prosa. Depois é só colocar a seguinte questão: embora com outros protagonistas e diferentes contornos, onde é que já vimos este filme?

Arremedo de tradução do Google Translator e de Paulo Moura:

"Quem vai governar nos EUA após as eleições?

A actual campanha eleitoral nos EUA vai determinar quem vai ser o presidente dos Estados Unidos para os próximos quatro anos. No entanto, é certo que quem for eleito para presidir à Casa Branca não vai governar o país. Uma série de relatórios recentemente divulgados destacam uma verdade antiga que ainda está para ser fundamentada com factos específicos.
A julgar pelos relatórios que chegaram à imprensa, a primeira auditoria oficial de sempre ao Sistema da Reserva Federal [FRS - Fedreal Reserve System] dos EUA revelou que o FRS aplicou quantidades incrivelmente enormes de dinheiro para as empresas norte-americanas durante e depois da crise de 2008.
Segundo o senador Bernie Sanders, Wall Street tem feito o maior negócio da China da história mundial por conta dos contribuintes norte-americanos. E o senador Sanders esclarece que uma auditoria independente, conduzida a seu pedido, revelou que a Reserva Federal destinou uns surpreendentes $ 16.000.000.000.000 (16 triliões de) dólares para as grandes corporações financeiras, de negócios e indivíduos ricos do país, sem juros, sem a aprovação do Congresso e do presidente, conforme exigido pela lei.
Se não fosse para este senador influente, esta informação poderia facilmente passar por conversa fiada atirada para criar ruído. As autoridades de Washington e a liderança da Reserva Federal não contestaram os relatórios e os meios de comunicação americanos, tão sedentos de sensacionalismo, também têm mantido silêncio sobre isso. Tudo isso demonstra como a proclamada "livre" imprensa dos EUA funciona.
No entanto, é um erro pensar que a Reserva Federal, que desempenha as funções de um banco central nos EUA e tem o direito de imprimir dólares, é dependente do governo. A Reserva Federal dos EUA é uma empresa de gestão privada, que assumiu as funções de um banco central em 1913, após uma conspiração de políticos de topo e banqueiros. Mesmo não estando previsto na Constituição e sendo praticamente independente do governo e do presidente, a Reserva Federal foi dirigindo a economia e a política dos EUA desde 1913.
Não pode haver dúvida quanto a cujos interesses a Reserva Federal dos  EUA está a tentar proteger. A recente auditoria revelou que os destinatários dos biliões emitidos pela Reserva Federal, desde 2008, incluem os principais bancos de Wall Street, incluindo Morgan Stanley, Bank of America, Goldman Sachs e Merrill Lynch.
No momento, estes bancos estão a injectar enormes fundos para a campanha eleitoral do bilionário Mitt Romney, que declarou a Rússia o inimigo número um e promete destinar recursos generosos para programas militares. A campanha do candidato democrata não está tendo qualquer tipo de escassez de fundos também. Segundo relatos, a actual campanha eleitoral está a custar a Obama acima de um bilião de dólares.
Todos esses biliões para a corrida eleitoral não estão a cair do céu. Quem vai ganhar a corrida eleitoral vai governar a Casa Branca, mas não o país."
Valentin Zorin
«The voice of Russia»

OE-2013? Com todo o respeito...



Bem hajas pela pista, Carlos Carvalho!

treinadora portuguesa....

vai coordenar todo o futebol feminino no Irão

outubro 14, 2012

A posta de que todos temos um pouco


A saúde mental está a degradar-se no nosso país como em muitos outros. De resto, basta um pouco de atenção às notícias para o perceber. As alucinações e as bizarrias multiplicam-se a um ritmo que relega para segundo plano os desvios mais tradicionais, as notícias chocantes do passado passaram ao estatuto de normais e nesta normalidade aparente começamos a distinguir os primeiros indicadores de que a loucura não passa de uma questão de perspectiva e mesmo um doido intui que a da maioria acaba sempre por prevalecer como a mais acertada.

O conceito de loucura tem sofrido mutações ao longo do tempo ao ponto de hoje poderem circular livremente pelas ruas algumas pessoas que séculos atrás poderiam acabar amarradas a um pau, acusadas de bruxaria.
Isso prova que a loucura não passa de um desvio a um dado padrão, o da racionalidade como a maioria a defina num dado tempo ou lugar. Sim, até a Geografia pode influenciar o diagnóstico de uma loucura que pode chamar-se excentricidade noutro sítio qualquer. É uma questão cultural, mais do que psiquiátrica, pois nem mesmo a Medicina consegue meter as mãos no fogo pelas suas certezas neste domínio.
Que impressão teriam os nossos antepassados de há dois séculos atrás de um/a descendente que não sendo artista de circo se mostrasse capaz de se mandar de uma ponte amarrado a um elástico só pela pica que isso dá? Acabaria certamente numa camisa de forças, tal como qualquer defensor da política económica do actual Governo português.

Apesar de todo o folclore religioso que o transforma numa sumidade cheia de sabedoria e de bom senso, o próprio profeta da cristandade deve ter soado aos romanos e aos filisteus como nos soa agora o Presidente da República: completamente passado dos carretos. Claro que jamais iriam crucificar Cavaco Silva pelos seus discursos, mas isso nem que fosse apenas para não correrem o risco de que pudesse igualmente ressuscitar…
Isto a propósito de como a loucura depende acima de tudo de uma avaliação externa, como a da Troika a Portugal, por parte dos considerados sãos pela maioria (mesmo quando os sinais em sentido contrário se multiplicam). É aqui que entra a tal questão estatística: e quando os que antes se consideravam malucos forem a maioria? Quem definirá nessa altura os critérios que separam o sorriso perante uma excentricidade fora do comum e o internamento compulsivo?

Tal como o nosso país está a ser gerido por pessoas que talvez não se safassem do crivo de há poucas décadas atrás e provavelmente acabassem, se não no Júlio de Matos, pelo menos muito afastadas de qualquer centro decisor, quem nos garante que os tipos do FMI que andam a errar nas contas e a violar camareiras nos hotéis são bons do miolo quando insistem em impor medidas que dão cabo da cena toda ao pessoal?
É uma questão de perspectiva, lá está…
Por isso se torna importante olhar em redor para tentarmos perceber as tendências em voga em matéria de definição consensual da loucura.

Pelo andar da carruagem e se formos sensatos e prudentes, chegará o momento em que teremos que fazer um esforço ainda mais rigoroso para, pelo menos aos olhos deles, parecermos igualmente sãos.

Este blog não é local de aterragem para seres iluminados

A partir deste momento, quem queira acompanhar as ideias e actividades dos seres iluminados deve mudar de canal, porque para esse peditório aqui já demos.
Desejo uma boa viagem à Salomé Libélula Pupurina. Vai pela sombra, rapariga.

outubro 13, 2012

A posta numa alternativa global

São muitos os cenários avançados pelos analistas relativamente ao que o futuro desta crise nos poderá trazer. Os mais optimistas, e que soam mais cretinos, acreditam sempre numa reviravolta milagrosa e surfam lá em cima, na crista imaginária da onda sinusoidal no gráfico feliz para sempre do ciclo económico que, às urtigas com a tradição, depois de muitos anos flat começou a recuar como acontece antes dos tsunamis. Os assim-assim, mais prudentes na camuflagem da sua absoluta incapacidade para entenderem o fenómeno e menos ainda para esboçarem soluções pertinentes, balouçam o discurso ao ritmo do vento que sopra cada vez mais descontrolado pela sobreposição de temporais.
Porém, os ventos sopram de feição para os mais pessimistas. Com o caos a instalar-se aos bocadinhos na vida de todos nós, as conjecturas mais rocambolescas dos profetas da desgraça e dos teóricos da conspiração assumem um realismo que as decalca na perfeição por cima dos passageiros de um barco com timoneiros desastrados e visivelmente cada vez mais atarefados a açambarcarem para a tripulação os poucos coletes salva-vidas a bordo.
Mas de todos os fantasmas e ameaças que este naufrágio financeiro desenha no horizonte, o mais dantesco é o espectro do afogamento da Democracia no meio de um mar revolto e repleto de vítimas da pirataria a braços com a luta pela própria sobrevivência, demasiado aflitas para recordarem que quando a Democracia vai ao fundo arrasta sempre consigo a Liberdade sua siamesa como se esta tivesse de repente um bloco de cimento amarrado aos pés.

O maior papão desta fase gelatinosa do sistema capitalista é sem dúvida a certeza (esta soou esquisita) de que ao seu eventual colapso sucederá o pandemónio social e a crise política desmesurada, propícia ao surgimento dos vazios de poder mesmo a jeito para ditadores e/ou oportunistas sempre prontos para ocuparem o palanque dos iluminados de circunstância que discursam a salvação fardada como uma medida de força.
No meio da escuridão, aprisionados pela sensação de impotência e pelo desespero de causa, todos se ajuntam em redor dos detentores de isqueiros e seguem essa luz. O medo e a desorientação constituem ingredientes perfeitos para cegarem uma população com a incandescência de palavras fortes e de opções radicais que são as que sobram na falta de alternativas.

Muitas vezes é o pânico o maior responsável pela desorientação colectiva que abre caminho aos momentos mais negros da eterna luta da elites pelo poder, por qualquer tipo de poder. Com os líderes democráticos desacreditados pelos maus resultados e pelas parangonas que lhes denunciam fraquezas e tentações afinal tão disseminadas nos hábitos das populações, a pequena escala de um problema global, as pessoas apontam o dedo aos maus exemplos e depois, como é típico, generalizam.
A Democracia acaba conspurcada pelo mau desempenho de alguns dos seus protagonistas transitórios e definha às mãos do crescente desinteresse dos cidadãos nos seus mecanismos, mesmo sem estarem esgotados todos os recursos e serem tentadas todas as suas versões, tantas arestas possíveis de limar que podem fazer toda a diferença entre fracasso e sucesso do único regime possível, aquele em que o povo é mesmo quem mais ordena se assim o entender.

Para salvar um país, e isto aplica-se à escala planetária, por vezes nem uma revolução basta. A simples troca de rostos e de personalidades nos tronos ou cadeirões, mesmo com operações de cosmética ideológica e até de funcionamento dos mecanismos de acesso ao poder (quando restam alguns), não resulta se o regime não mantiver um contacto próximo com a população que o sustenta.
É a História, que tão bem documenta esse pressuposto, a afirmá-lo na realidade dos factos que regista: nenhum povo informado e na plena posse das suas faculdades racionais suporta eternamente a privação da liberdade ou o mau desempenho dos seus líderes, eleitos ou não.

Em Portugal estamos encurralados pelo binómio desastre financeiro e governativo/ausência de alternativas credíveis para o resolverem ou, no mínimo, lhe amortecerem a pancada.
Por isso mesmo, muitos até desabafam saudades de Salazar e dão o peito às balas demagógicas dos que não têm receitas milagrosas mas podem brilhar por comparação com líderes trapalhões e políticos desmotivados, dos que falam mais alto e mais grosso do que os restantes papagaios de serviço nestas confusões.
No entanto, a esperança que podemos até depositar nesta ou naquela figura circunstancial não pode ficar entregue ao livre arbítrio do comando à (cada vez maior) distância dos eleitores, de xis em xis anos, e nenhuma atenção prestada durante os intervalos. E é nos intervalos que se cozinham estas sopas dos pobres que nos oferecem quando as coisas correm mal e as asneiras se expõem como f(r)acturas que nos privam cada vez mais de uma vida como a entendemos normal.

Associação? Feito.

É preciso fazermos alguma coisa ou arriscamos que outros o façam por nós, com os resultados que estão à vista. Para uns a opção poderá ser a luta nas ruas, já lá andam muitos. Mas para outros a coisa, o combate que urge travar, pode passar por mais do mesmo, Democracia robusta com Liberdade a sério para dela poder usufruir, mas com maneiras.
O conceito não é novo, mas continua na moda por via do artigo 2º de uma tal de Constituição que parece ter-se tornado num estorvo para quem aprecia a governação distante, feita à revelia dos interesses dos cidadãos e eleitores. Chama-se Democracia Participativa e devolve ao povo as rédeas do seu destino num período em que esse controlo directo se revela mais necessário.

Ontem nasceu a Global Vox, o primeiro passo de um movimento de cidadãos anónimos com ganas de proporem uma alternativa isenta dos erros e das fragilidades que o sistema, tal como está a ser interpretado pelos seus executantes, evidencia. Mas não com base em novidades ou em ideologias (re)feitas à pressa e à medida dos interesses de apenas alguns, antes sustentada, essa alternativa, no reforço dos mecanismos democráticos por via da intervenção popular, da emergência da cidadania que todos sabemos estar na hora de incentivar. Pela erradicação de vícios e de impurezas que só um contacto próximo com o poder nos permite, pelo fim da carta branca para a rebaldaria.

Orgulho-me de ter partilhado com outros cidadãos a assinatura do documento que dará origem, num futuro muito próximo, à criação de uma alternativa que vos convido a conhecer.
Pelo menos deixamos todos de poder afirmar que não existe uma...