outubro 26, 2008

Argumento «genial» contra a mudança de hora

Pois... mudou a hora mais uma vez.
Um amigo meu cantou-me hoje esta canção infantil:
"Vai mudar a hora...nhã,nhã,nhã,nhã,nhã,nhã!
Vai mudar a hora... nhã,nhã,nhã,nhã,nhã,nhã!"


Um colega meu disse-me anteontem: "Só assino uma petição que tu faças para acabar com as mudanças de hora depois desta de Outubro. Agora está quietinho que eu quero recuperar a hora que me tiraram antes do Verão".

O Mário Nogueira enviou-me este recorte de um jornal que, pela cidade do leitor (Albury) e pela referência à CSIRO, deduzo que seja australiano:
Tradução livre:
"A causa da seca clara como o dia

Quando era criança nunca tivemos seca após seca.
Entretanto começou o horário de verão. Até começou com um pouquinho mas agora temos horário de verão durante seis meses do ano.
Tornou-se demasiado para o meio ambiente aguentar.
É tão lógico: durante seis meses do ano temos uma hora extra por dia de tardes quentes.
Li algures que os estudos científicos tinham demonstrado que actualmente há muito menos humidade na atmosfera, o que significa que temos menos chuva.
Eu acho que é esta hora extra de sol que lentamente evapora toda a humidade de tudo.
Porque é que o governo não pode pôr a CSIRO a fazer estudos sobre esta matéria, ou melhor ainda, a acabar com a hora de verão?
Eles têm que fazer algo antes que seja tarde demais.
Chris Hill
Albury"


Com amigos assim, quem precisa de inimigos?

Argumentação parabancária

(excertos de uma carta que circula pela internet, alegadamente enviada ao BES por autor não identificado)

"Exmos. Senhores Administradores do BES

Gostaria de saber se os senhores aceitariam pagar uma taxa, uma pequena taxa mensal, pela existência da padaria na esquina da v/. Rua, ou pela existência do posto de gasolina ou da farmácia ou da tabacaria, ou de qualquer outro desses serviços indispensáveis ao nosso dia-a-dia.
Funcionaria desta forma: todos os senhores e todos os usuários pagariam uma pequena taxa para a manutenção dos serviços (padaria, farmácia, mecânico, tabacaria, frutaria, etc.). Uma taxa que não garantiria nenhum direito extraordinário ao utilizador. Serviria apenas para enriquecer os proprietários sob a alegação de que serviria para manter um serviço de alta qualidade ou para amortizar investimentos. Por qualquer outro produto adquirido (um pão, um remédio, uns litros de combustível, etc.) o usuário pagaria os preços de mercado ou, dependendo do produto, até ligeiramente acima do preço de mercado.
Que tal?
Pois, ontem saí do BES com a certeza que os senhores concordariam com tais taxas. Por uma questão de equidade e honestidade. A minha certeza deriva de um raciocínio simples.
Vamos imaginar a seguinte situação: eu vou à padaria para comprar um pão. O padeiro atende-me muito gentilmente, vende o pão e cobra o serviço de embrulhar ou ensacar o pão, assim como todo e qualquer outro serviço. Além disso impõe 'taxas de'. Uma 'taxa de acesso ao pão', outra 'taxa por guardar pão quente' e ainda uma 'taxa de abertura da padaria'. Tudo com muita cordialidade e muito profissionalismo, claro.
Fazendo uma comparação que talvez os padeiros não concordem, foi o que ocorreu comigo no meu Banco.
Financiei um carro, ou seja, comprei um produto do negócio bancário. Os senhores cobram-me preços de mercado, assim como o padeiro me cobra o preço de mercado pelo pão. Entretanto, de forma diferente do padeiro, os senhores não se satisfazem cobrando-me apenas pelo produto que adquiri. Para ter acesso ao produto do v/. negócio, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de crédito' - equivalente àquela hipotética 'taxa de acesso ao pão', que os senhores certamente achariam um absurdo e se negariam a pagar. Não satisfeitos, para ter acesso ao pão, digo, ao financiamento, fui obrigado a abrir uma conta corrente no v/. Banco. Para que isso fosse possível, os senhores cobram-me uma 'taxa de abertura de conta'.
Como só é possível fazer negócios com os senhores depois de abrir uma conta, essa 'taxa de abertura de conta' assemelhar-se-ia a uma 'taxa de abertura de padaria', pois só é possível fazer negócios com o padeiro depois de abrir a padaria.
Antigamente os empréstimos bancários eram popularmente conhecidos como 'papagaios'. Para gerir o 'papagaio', alguns gerentes sem escrúpulos cobravam 'por fora' o que era devido. Fiquei com a impressão que o Banco resolveu antecipar-se aos gerentes sem escrúpulos. Agora, ao contrário de 'por fora' temos muitos 'por dentro'.
Pedi um extracto da minha conta - um único extracto no mês - os senhores cobram-me uma taxa de 1 EUR. Olhando o extracto, descobri uma outra taxa de 5 EUR 'para manutenção da conta' - semelhante àquela 'taxa de existência da padaria na esquina da rua'.
A surpresa não acabou. Descobri outra taxa de 25 EUR a cada trimestre - uma taxa para manter um limite especial que não me dá nenhum direito. Se eu utilizar o limite especial vou pagar os juros mais altos do mundo. Semelhante àquela 'taxa por guardar o pão quente'.
Mas os senhores são insaciáveis.
A prestável funcionária que me atendeu, entregou-me um desdobrável onde sou informado que me cobrarão taxas por todo e qualquer movimento que eu fizer.
Cordialmente, retribuindo tanta gentileza, gostaria de alertar que os senhores se devem ter esquecido de cobrar o ar que respirei enquanto estive nas instalações de v/. Banco.
Por favor, esclareçam-me uma dúvida: até agora não sei se comprei um financiamento ou se vendi a alma?
Depois de eu pagar as taxas correspondentes talvez os senhores me respondam informando, muito cordial e profissionalmente, que um serviço bancário é muito diferente de uma padaria. Que a v/. responsabilidade é muito grande, que existem inúmeras exigências legais, que os riscos do negócio são muito elevados, etc., etc., etc. e que apesar de lamentarem muito e de nada poderem fazer, tudo o que estão a cobrar está devidamente coberto pela lei, regulamentado e autorizado pelo Banco de Portugal. Sei disso, como sei também que existem seguros e garantias legais que protegem o v/. negócio de todo e qualquer risco. Presumo que os riscos de uma padaria, que não conta com o poder de influência dos senhores, talvez sejam muito mais elevados.
Sei que são legais, mas também sei que são imorais. Por mais que estejam protegidos pelas leis, tais taxas são uma imoralidade. O cartel algum dia vai acabar e cá estaremos depois para cobrar da mesma forma."

outubro 09, 2008

Economia paralela sempre é melhor que economia oblíqua!


A economia anda estúpida.
Não é que alguma vez tenha estado bem. Só que agora estão a vir alguns podres ao de cima. E não são nem serão todos!
Com esta aflição dos bancos e dos governos que os querem «salvar», lembro-me das várias vezes em que tive que negociar com bancos (e com o Estado e a Segurança Social, diga-se) a dívida de empresas em dificuldades, tentando torná-las viáveis e evitando o desemprego de muitas pessoas.
Por mais que me esforçasse nas negociações, interiormente senti sempre que não poderia exigir muito, já que o perdão de dívida é uma forma indirecta de prejudicar as empresas concorrentes que conseguem cumprir os seus compromissos.
Faliram já muitas fábricas que acompanhei de perto (profissional ou emocionalmente) - têxteis, confecções, cerâmicas,... - ao longo dos últimos anos.
As pessoas (por vezes famílias inteiras) que ficaram desempregadas tiveram que se fazer à vida noutras actividades, emigrando,...
"São as leis do mercado", diziam-nos.
Espero que estas mesmas leis do mercado se apliquem agora aos bancos. Pessoalmente, não estou disponível para premiar, com os impostos que pago, gestões ineficientes e danosas, se as houve. Nem os salários e benefícios principescos que se praticam nesse sector. Quem especulou, que assuma as consequências dos riscos que correu. «É a vida!»
Será pedir muito?!
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Entretanto, o Raim consegue dizer mais que eu (como é hábito), com um desenho:


Raim's blog

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Em tempo: li hoje uma notícia no «Expresso» com o título «O golpe de Estado financeiro na América». Nesse artigo, as origens do actual 'crash' são explicadas por uma ex-'insider' da Wall Street, Catherine Austin Fitts, que em 1990 foi demitida do Departamento da Habitação, depois de denunciar o sistema ligado ao escândalo financeiro das Savings & Loans.
Desse artigo, achei especialmente interessantes dois parágrafos (os destaques são meus):
"O sistema cresceu e consolidou-se porque beneficiou toda uma cultura americana de viver a débito e de enriquecer com rendas nos instrumentos 'tóxicos', nas bolsas ou na exportação de capitais. Os gloriosos trinta anos de esplendor económico da América com três 'bolhas' sucessivas (dos anos 1980, depois das 'dot-com' e, finalmente, do crédito hipotecário) alimentaram-se dessa criatividade."
"Alguns analistas designam este período (transitório) que temos pela frente de "capitalismo de regulação" ou "capitalismo colete de salvação" (life-jacket capitalism). "O pacote de salvação ataca um sintoma de curto prazo, para impedir deslindar-se as raízes do problema", frisa a conselheira de investimentos que dirige a Solari."

Só um cego não vê!

outubro 01, 2008

O argumento da força

Esta crise financeira e económica está a revelar o que eu e o meu colega de faculdade Alexandre dizemos há mais de 20 anos: a economia é como um «peido da avó» (tipo de cogumelo em que o chapéu está cheio de ar e, quando se pisa, liberta esse ar e micélio).


(clicar para aumentar ainda mais a crise)


Cartoon: Oliphant