abril 29, 2010

Combustíveis - ... e bem pagos!

Detesto quando alguém me quer fazer passar por estúpido, dando desculpas esfarrapadas. Os preços dos combustíveis subiram tanto porquê?
A culpa é do Estado, que cobra um balúrdio em impostos - respondem as empresas e as associações do sector.
De facto isso faz com que tenhamos em Portugal, em valor absoluto e desde há muitos anos, os combustíveis para veículos mais caros da Europa. Só que as taxas dos impostos sobre os combustíveis, que eu saiba, não sofreram qualquer variação recente. Por isso, o aumento que se tem verificado só se justifica, logicamente, por aumentos dos custos ou das margens dos fornecedores.
Meus senhores, adaptando o que disse o primeiro-ministro, "estúpido é a vossa tia, pá!"

abril 21, 2010

Artigo do jornal i: «Castigos corporais. Reguadas fazem bons alunos»

"A reguada regressou às escolas do Texas a pedido dos pais. Em Portugal as memórias são demasiado frescas para se defender o mesmo."

O professor Rogério, meu Pai, tinha uma régua onde tinha escrito de um lado "Chocolate Regina..." e do outro "... é coisa fina". Lembro-me de ter levado, em quatro anos de escola primária, algumas reguadas. E nenhuma foi imerecida.
Do que me lembro, e muito bem, é de eu ser criança e tanta pessoa «crescida» que eu nem conhecia ir a nossa casa visitar o meu Pai e, relembrando os tempos de escola, agradecer "as reguadas que me deu, que na altura me doeram mas agora reconheço que me ajudaram a ser o que sou". Visto agora, à distância, não me parece que aquela malta fosse toda uma cambada de masoquistas.
Bem, antes que os meus amigos de Caria me chamem a atenção, chamo eu: a minha Avó, a professora Claudina, era brilhante a ensinar mas também tinha a fama e o proveito de uma mão pesadíssima. A sua cana da índia ficou marcada em muito boa rapaziada. Lembro-me de ela pedir a um colega meu, cujo pai era o fornecedor de canas da índia, depois de partir a que estava a usar na cabeça do próprio rapaz:
- Pede ao teu pai para tu trazeres amanhã uma cana.

abril 10, 2010

Os professores desunidos serão sempre vencidos

A propósito da notícia «Aluna insulta docentes na net» do Correio da Manhã e do video que a acompanha, recebi esta mensagem do Jorge Castro:

"Pois... nem sei bem que diga. Não consigo ver-me, hoje em dia, na pele de um professor - e já o fui, durante cerca de quatro anos, de Português e com turmas de adultos... mas foi há muito tempo.
Esta gajada, com pais e mães e mais as patas que as vão pondo, com Marias de Lourdes por trás ou pela frente, numa aula minha não tinham mais entrada. Saíam e não voltavam a entrar, nunca mais. Ou elas ou eu. E o Conselho Directivo que se desemerdasse!
Não há lei nem regulamento que possa obrigar um mortal a aturar isto, tenham lá santa paciência.
Em último recurso e quando o cerco apertasse demasiado, baixa do foro psiquiátrico... Quando chegassem aos 100.000 até um Sócrates teria de parar e, porventura, arrepiar caminho.
De facto, o que por vezes me enoja é esta cobardia «institucional». Numa escola média, com cento e tal professores, não conseguem, entre eles, criar um «corpo de ordem» constituído por uma vintena de elementos que, em questão de minutos, acorresse a uma situação destas, interrompendo as demais aulas, claro, mas invocando o superior interesse dos demais alunos, da escola e do próprio pessoal docente, para restabelecer a ordem na sala e promover a imediata expulsão das garinas?
E o que valiam, depois, estas duas putéfias (ou outros quaisquer), em termos argumentativos?
Será demasiado crua esta abordagem, mas no estado a que tudo chegou, parece-me um caminho viável. E não carece de sindicatos, nem de ministérios, nem, sequer, de conselhos directivos.
Trata-se da salvaguarda da dignidade da escola e do ensino, a que a maioria dos pais também não estará avessa. E se, aqui, se fala de tomadas de posição de força, esta parece-me supinamente legítima. No meu local de trabalho, se algum estranho ou mesmo colega me falta ao respeito, no que à matéria profissional se refira, está sempre o caldo entornado.
Invoco, a cada passo, o conceito da dignidade profissional para sustentar algum argumento. Perguntava-me, há dias, um director se eu presumia que só eu a tinha... Respondi-lhe, liminar e institucionalmente, que sim, eu tinha-a e defendia-a. Esperava sempre que os demais também a invocassem, na defesa de argumentos ou de atitudes, com a mesma legitimidade que eu, claro. E estranhava que tal quase nunca ocorresse. Como foi, aliás, o caso.
E não se trata desse dignidade não existir, sendo inerente à função cabalmente desempenhada. Só que não é invocada, não é colocada na mesa, como elemento primordial da relação entre as partes envolvidas.
Tenho, pois, alguma dificuldade em perceber esta falta de solidariedade activa do corpo docente... Caramba, nunca ouviram dizer que a união faz a força?
E, note-se, isto vale também para aqueles «corpos estranhos» que aparecem entre o corpo docente e mancham, pelas suas práticas, a reputação dos demais.
Há conceitos de democracia, de tal modo distorcidos pela sociedade do «meu umbigo», que transformam o regime numa caricatura ou, na perspectiva individual, na mais cruel das ditaduras. Com que cara é que aquela professora encara o resto da turma e a própria vida, após um episódio daqueles?
E mais não digo, ficando quase tudo por dizer...

Grande abraço.
Jorge Castro"

Eu repito isso sempre a quem me quer ouvir (poucos): a Educação só está como está porque os professores estão dispersos e não se unem.

Abre aço,
Paulo

abril 09, 2010

abril 06, 2010

Gestores de tachos - a experiência de outro santo inocente

"Olá, puto Paulo
A carta poderia ter sido escrita por mim, de tal forma ela mostra a massa de que somos feitos.
Há uns anos vieram dar-me uma concessão de máquinas fotocopiadoras da Xerox.
Como eu não entendia nada disso, recusei.
Bem me arrependi, pois o caramelo que ficou com o concessão passou a ser meu cliente e passava a vida a levar-me as placas das fotocopiadoras para reparação.
Ora cá está.
Nada como ser realmente bem ignorante.
Se fores muito ignorante arranjas quem te faça as coisas das quais não entendes um corno.
Se souberes algo dum assunto, pensas sempre não saber o suficiente.
Abraço
Carlos Almeida"

abril 02, 2010

A minha segunda carta na revista online «Free Zone»



Gestores de tachos

Olá

Desde que foste para Lisboa, ainda não te tinha escrito sobre um assunto que te diz respeito e que, como bem sabes, muito me incomoda: ver pessoas a quem são atribuídos cargos de administração e direcção, muito menos por mérito técnico de gestão do que por compadrio político ou cunhas pessoais.
Este desagrado transforma-se numa grave alergia quando tenho conhecimento dos níveis de remuneração auferidos por essas pessoas.
Obviamente, não se trata apenas dos salários de base mas de todas as outras remunerações, prémios e regalias complementares, em dinheiro e em espécie.
Sabes-me explicar os critérios de selecção dessas pessoas? E os critérios que levam à atribuição das suas remunerações? Se souberes diz-me, que eu adoro aprender.
Como te deves lembrar, quando comecei a trabalhar, depois de tirar a licenciatura em economia, foi nos serviços regionais da região Centro de uma empresa pública de grande dimensão. Nessa altura, imaginava (só os podia imaginar, pois raramente saíam de Lisboa “para a província”) os administradores dessas empresas como seres fora de série, quase “deuses da gestão”.
Alguns anos mais tarde, fui trabalhar para uma empresa industrial de média dimensão. Passados alguns anos passei a fazer parte da administração dessa empresa.
Entretanto, houve uma mudança de accionistas, o administrador-delegado foi afastado e fui convidado para o substituir.
Recusei, por entender faltar-me experiência para tal.
Depressa me arrependi, quando verifiquei que a pessoa que foi contratada para esse cargo entendia menos daquilo do que eu percebo de lagares de azeite.
Perguntas-me o que aprendi?
Valeu-me a experiência, por tudo o que teve de mau. Mas aprendi a não menosprezar os meus conhecimentos e experiências… e a entender bem melhor estes cargos de gestão. Fiquei a saber que, na prática, as preocupações e compromissos pessoais tendem a sobrepor-se, levando a formas de pensar e de estar fortemente egoístas, em detrimento da organização e, em última análise, dos seus clientes/ utentes/ cidadãos.
Como já alguém disse, “muitos executivos despendem muita energia e engenho trabalhando para as suas próprias compensações e «pára-quedas dourados»”.
E como eu penso que deveria ser na prática, perguntas-me tu? Simples: a avaliação e selecção deviam ser feitas tendo em conta que valor acrescentado pode uma pessoa dar a uma organização num dado cargo. E essa avaliação deveria ser contínua pois, como já escrevi no meu livro «Persuacção», “por paradoxal que pareça, o gestor «ideal» deveria ser aquele que se tornasse dispensável, que desse o lugar a outro nesse cargo, quando se apercebesse que o valor acrescentado que dá à organização é reduzido, inexistente, ou mesmo negativo”.
Desculpa o incómodo e toma lá um abraço do
Paulo Proença de Moura

Carta publicada aqui, na revista online «Free Zone»

abril 01, 2010

Esta miúda não vai longe. É que... já lá chegou!

A Ana Andrade apareceu na televisão (TVI 24), numa reportagem sobre o curso de «Cidadania Responsável» que ela lecciona na Universidade Católica. Podem vê-la, ouvi-la e comentar aqui.
Isto explicadinho por ela é muito melhor: "O Curso de Cidadania Responsável, a decorrer às sextas-feiras na Universidade Católica do Porto, foi estruturado por esta vossa criada, em resposta a um desafio do Professor Doutor Agostinho Guedes (vénia, Grande-Chefe!), Director da Escola de Direito. Um projecto pioneiro e de que me dá muito gozo fazer parte. O curso é oferecido pela Escola de Direito (onde dou duas cadeiras, integradas na licenciatura de Direito) mas é um projecto paralelo, que pretendemos desenvolver anualmente."
É pena eu não conseguir encontrar nenhuma referência ao curso na página da Universidade Católica...


Ver video (no Facebook)