abril 30, 2013

Suiça...

ainda não sabe se vai ou não restringir a entrada aos imigrantes 
oriundos dos 17 países da Zona Euro, incluindo Portugal.
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abril 25, 2013

25 Abril...

sempre... era bom, mas...
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sempre que o homem quiser


estar em Abril é assim...

estar em Abril é assim 
uma vontade de ser 
de criar e de crescer 
num tempo que é de outro modo 
o tempo de criar pão 
e saber ser mundo todo 
sempre ao alcance da mão 

estar em Abril é assim 
um olhar de frente a vida 
por mais que alguém o desdiga 
e um desdenhar da sorte 
quando se dá a passada 
naquela dura jornada 
em que a vida perde o norte 

estar em Abril acontece 
quando dentro de alguém cresce 
um grito cru de esperança 
e na espuma do medo 
num velho muro se escreve 
um poema - um cravo breve 
verde e rubro de mudança 

estar em Abril é bandeira 
que se hasteia numa praça 
quando vem lá outro alguém 
que é alguém de outra maneira 
e na orla da desgraça 
canta contigo também 
canções no vento que passa 

estar em Abril é assim 
sentir-te perto de mim 
quando a mágoa nos afasta. 

- Jorge Castro 

25 de Abril de 2013

A Poesia Está Na Rua - Vieira da Silva

abril 24, 2013

swap..

para ajudar à festa...
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Somos o que somos porque sim


Somos o que nascemos.
Aquilo que herdamos, o sangue de alguém. Um pai e uma mãe, mais uma linhagem qualquer. A família, antepassados. Genes que nos determinam, feita uma combinação com o acaso ou com Deus consoante queiramos acreditar. Somos o que nascemos, a estatística que nos faz saudáveis ou doentes, perfeitos como nos anseiam ou azarados logo à partida com um problema qualquer que nos possa condicionar daí em diante, diferentes como os outros mas condicionados por uma diferença a mais.

Depois crescemos e somos aquilo que bebemos de quem nos queira criar, a educação que nos orienta até à hora de sabermos quem somos mais o que queremos ser afinal.
Aquilo que aprendemos, as coisas que imitamos até ao dia em que entendemos melhor o papel que queremos assumir. Decisões que tomamos em função da forma como sentimos mais o que a razão nos aconselha, dentro dos limites impostos à nascença pelo conjunto de condições reunidas pelo destino, o nosso e o de quem nos sustenta e em nós deposita as suas expectativas e, por vezes, até as suas ambições por concretizar.

Somos o que decidimos, também.
Escolhas certas ou erradas que podem influenciar sobremaneira tudo aquilo que seremos então. Tudo isso mais o mundo à nossa volta, cheio de gente como nós cujos caminhos se cruzam com a rota que traçámos e tantas vezes alteramos para as alinharmos em função, moldamos aos poucos a viagem à medida de coisas tão aleatórias como a necessidade temporária ou, com muita sorte, o amor que nos dizem ser melhor quando eterno até nos apercebermos que as rotas paralelas se transformaram aos poucos em rotas de colisão.
Pode acontecer dessa forma ou precisamente ao contrário, na lotaria que nos oferece números premiados como nos impõe a dado ponto os picos de desilusão. Pretextos para deixarmos cair sonhos antigos ou para aceitarmos como causas perdidas as certezas arrogantes de um tempo em que nos acreditávamos capazes de tudo e a felicidade surgia no horizonte como um sol livre do ocaso ou dos temporais.

Somos o que nascemos mais tudo o que cada pessoa é capaz.
Mas também somos o que vivemos e por isso tudo aquilo que sejamos será sempre muito do que a vida nos faz.

abril 23, 2013

abril 21, 2013

Prostituição - a minha história (V)

Verão de 1997... (...) Tocaram à campainha, eu calma, estranhamente calma, espreitei pelo óculo para ver o que me calhava e... e... era um sapo! Um sorridente sapo! Um sapo com um sorriso de orelha a orelha, tão contente que quase saltitava ao perceber-me espreitar! Abri-lhe a porta. Entrou, contente, contente, agarrou-me, deu-me duas beijocas e disse-me o nome. Não sei como fomos parar à cama, não sei se tomámos banho, não me lembro. Sei que continuava com a estranha calma de quem está a ver um filme. Lembro-me do sapinho deitado em cima da cama, de barriga muito redonda para cima, de óculos na cara, sempre de sorriso feliz, feliz! Lembro-me das mãozinhas sapudas e desajeitadas que me agarravam o peito com a pontas dos dedos e o abanavam. Lembro-me de estar de quatro, ele a gemer muito, os lençóis escorregavam, terminou assim, feliz e contente. No fim, quando saí um pouco da sensação de filme, percebi: esqueci-me de usar preservativo!!! O homem, já vestido, estendia-me o dinheiro, agarrei-o na mão, deu-me duas beijocas e levei-o à porta. Fui tomar banho, vesti-me, tirei o lençol da cama, meti lençol e toalhas na roupa suja. O telefone toca, atendo, era a Glória a avisar que a hora tinha terminado. Contei o dinheiro, eram vinte cinco contos, lembro-me que pensei que era imenso dinheiro. Não ter usado preservativo ainda na minha cabeça, a cansar-me, o filme persistia e voltei a flutuar. Saí, voltei ao escritório das apresentações. Entreguei o dinheiro, sentei-me na sala e nem tive de pensar, "meninas, apresentaçããããão!", lá fui, desfile, sala, mais duas vezes quase seguidas se repetiu esta cena: "meninas, apresentaçããããããão!", "Joana, vem, rápido", chamava-me a Ana, é meia-hora no apartamento x, toma a chave, o senhor paga aqui, já vai lá ter. O autómato Joana agarrou na chave e na mala e lá foi. Porta do prédio, elevador, porta do apartamento, entro, não sei quem lá vem porque foram várias apresentações seguidas e não fixei nenhum dos homens, aliás, nem sequer os vi, tinha o olhar desligado. Batem à porta, espreito pelo óculo e...

abril 18, 2013

Identificado...

suspeito do envio de carta envenenada a Obama ...
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Rosário Breve n.º 305 - in O RIBATEJO - www.oribatejo.pt

Bom dia, gente. O sol é, nem tudo está perdido.






Banhada términ’ortográfica p’ra português ver

Todos os nomes dos meses terminam em O (O deOpressão) menos Abril, que conclui em L deLiberdade.
Relvas termina em S. De Sacanita. Portas, idem. Troika – em A de Abuso. FMI – em I deImperialismo. Santarém, em M de Moita, esse grande telenovelista alegadamente criminólogo e comprovadamente oleiro de rosáceas de gesso anti-património eclesial: Malheureusement – como diria o francês que inventou o Mulãrruge. Todos os dias supostamente úteis terminam em A – de Agonia. Sábado e domingo também em O – de Ora-Bolas. Etc.
Procedo a estas verificações prontuárias “derivadó-facto” de me sentir entediado. Aborrecido. Espinafrado. E todo prepúcio da corneta (o que não é glande coisa, como diria o chinês que descobr’inventou a roda, o papel, a pólvora e a EDP).
Portugal, que eu amo porque sou uma besta não reciclável, aborrece-me até às lágrimas egressas do bocejo mais escancarado.
Aborrece-me o Cristo-Rei de Almada, a que o vulgo ateu (como eu) graciosamente chama “Saca-Rolhas”.
Aborrece-me o Garnizé de Barcelos.
Enfastiam-me o Zé-Povinho das Caldas e o Coiso de barro, das Caldas também, dele.
Esmói-me o bestunto a couve-flor que a gritadeira arregalada conhecida por Mariza usa à (ou por) cabeça.
Entenebrece-me a moela a hibernação comatosa do senhor Presidente da República.
Emaranha-me as gónadas o estado-novismo emaciado a xanax do senhor Primeiro-Ministro.
Arrefenta-me os guizos o cristianismo postiço dos católicos (e o dos protestantes também, e o dos mórmones também, e o dos budistas também etc.).
Repugna-me a gelatina da espinal-medula a barbárie “cultural” da tauromaquia. (E não, não tenho medo algum de dizer isto em voz alta ao Ribatejo todo.)
Desconjuntam-me a ossatura as televisões ditas nacionais só emitirem trampa óptica.
Arrepimp’ouriça-me a cidadania (que aliás pratico sem redenção nem pecado, juro que sim) que o cartaz pró-tacho-de-Santarém do PS diga tão-só“Idália Serrão” sem dizer mais nada, nem que fosse uma qualquer mentirinha bem intencionada tipo“Flores nunca mais, Obrigado ó Rosa”.
E envergonha-me não ter ido, não ainda, àquele antigo hotel rural na Azóia de Cima acompanhado por essa suculenta (e lenta) posta de carne chamada Andreia e cujo heterónimo oficioso é “Viviana” quando luxo-acompanhante de e “para homens solitários, desacompanhados e carentes”, a crer no item n.º 03 da rubrica Sopa da Pedra da pretérita edição do nosso jornal.
E agradar-me? Agradar-me-á alguma coisa neste infecto rincão de rectangular formato, neste desínclito morredouro de sem-tostões? Sim.
Sim: as manhãs diáfanas como ósculos de criança; os arvoredos envernizados do sol que esmalta o olhar de vê-los ondulando à brisa como searas de vento à Manuel da Fonseca; as praias tripuladas por gaivotas que se vêem e crêem águias brancas à ilusória bola-de-espelhos da luz; Os Pescadores de Raul Brandão; a poesia de António Osório; e as formosas portuguesas que por ruas nossas e praças de mais ninguém mesmerizam de sandálias finas como fiambre da perna os cronistas ateus que só sabem dizer mal do desGoverno e da vida própria.
Vida que termina em A. A de Adeus. Ou de Até-para-a-semana. Ou de “Agonia nunca mais, obrigado.”
Ó Rosa.

abril 17, 2013

carta...

do coelho...

Prostituição - a minha história (IV)

Verão de 1997... (...) Com o conforto de, a qualquer momento, ser possível mudar de ideias, abriram-me a porta e entrei. Desta vez fui encaminhada para a sala onde as "meninas" esperavam pelos desfiles, apresentações era o nome que se dava ao desfile. Julgo que fui a primeira a chegar e fiquei para ali sentada, aparvalhada, a ver qualquer coisa idiota na televisão. Uma a uma, as "meninas" foram chegando, olhavam para mim de soslaio e balbuciavam um "olá", ainda me senti mais aparvalhada. Lembro-me de uma morena de lindos olhos azuis, nos seus vintes e muitos, uma morena novita, vinte e poucos, uma nos seus dezanove com ar de asiática, uma mulata que não tinha mais de vinte e dois anos, também muito bonita. Mais tarde chegaram as mais velhas, uma trintinha e outra que já devia estar nos quarenta. Deviam ser mais mas só me lembro destas. Conversavam acerca da vida delas e de clientes, eu escutava atenta mas a tentar parecer distraída. Encomendou-se pizza e perguntaram-me se também dividia com elas. A Ana e a Glória disseram-me para inventar um nome e, como eu só escolhia nomes de "meninas" que já lá estavam, elas determinaram que eu seria a "Joana". E assim ficou. A Glória levou-me a ver os apartamentos onde as meninas atendiam os clientes, dois num prédio um pouco mais abaixo, do outro lado da estrada e um no fim da avenida que era uma cave. Explicou-me onde estavam as toalhas e os lençóis, onde deitava a roupa suja no fim, que cada apartamento tinha um telefone que só recebia chamadas para a recepcionista nos avisar quando terminava o tempo, que devia fechar a porta do quarto porque alguns clientes gemiam muito alto, que devia tentar sempre passar pelas traseiras da avenida porque os empregados da bomba de gasolina contavam quantas vezes passávamos e gozavam connosco, explicou-me que podia comprar os preservativos à casa ou trazer os meus. Devia tomar sempre banho antes e dar também uma toalha ao cliente para que ele tomasse banho. No fim, tirava o lençol da cama e colocava um lavado. Eu tinha a sensação de estar separada de mim, como se estivesse a ver um filme. Disse-me que, ao fim da noite, a roupa suja era recolhida e levada à lavandaria por ela e pela moça mais velha da casa que já não tinha muitos clientes e assim ganhava um extra por ajudar. Voltámos ao escritório das apresentações e comprei preservativos à casa, não me lembro quanto custou mas a casa vendia-os caríssimos! A Ana veio à sala onde esperávamos e disse-me que iria ter um cliente, deu-me uma chave, disse-me que era na cave, se tinha percebido bem o que a Glória me tinha explicado, que o cliente iria lá ter, que tratasse bem o senhor, que o senhor gostava de "novidades", que o senhor era simpático e mais umas quantas recomendações. Não fiquei nervosa, nem me atrapalhei apesar de sentir os olhos postos em mim, ainda estava com aquela sensação de estar fora do corpo a ver um filme, de chave e mala na mão, saí, fui pelas traseiras como recomendado, entrei no prédio, desci à cave e abri a porta. Entrei, a música tocava "Killing me softly with this song", engraçado os detalhes que a memória escolhe guardar. Explorei o apartamento sozinha, era confortável e com pouca luz. Tocaram à campainha, eu calma, estranhamente calma, espreitei pelo óculo para ver o que me calhava..

abril 16, 2013

A posta na vida de saltos rasos


Parto sempre do princípio de que textos publicados em jornais de referência, seja em edição online ou em papel, gozam de um pressuposto de credibilidade e de seriedade sustentados também no critério de selecção dos respectivos escribas.
Por isso mesmo, dou o peito às balas (que é como quem diz os olhos às palavras) sem os mecanismos de protecção que emprego, por exemplo, neste meio alternativo que é a Blogosfera. Ou seja, leio o que é publicado por títulos como o Expresso com a confiança típica do consumidor crente numa chancela.
Contudo, essa abordagem não me resguarda de potenciais erros de casting ou apenas de lacunas na filtragem de conteúdos e depois sou apanhado nas curvas por pérolas destas.

O tema é apelativo, quase diria sedutor, para um esqualo da velha escola, do tempo em que nós gajos tínhamos a fama e elas o proveito nessa matéria.
Dei por isso a máxima atenção possível ao texto da jovem Marta Ramalho, convicto de que iria confrontar-me com a visão moderna, com a perspectiva esclarecida de alguém que terá aprendido com as lições do passado (os don juans e os casanovas citados) e acrescentaria algo de novo (os múltiplos exemplos de sedutores sem pila, menos célebres e mais pragmáticos), nomeadamente a lucidez de quem percebe que à evolução do tempo corresponde a obsolescência de muitos estereótipos.

O tal texto da Marta até tenta, aqui e além, tapar o sol da evidência com a peneira da aparente mistura de géneros no mesmo saco de “vampiros de afectos”. No entanto, a descrição do perfil dessa gente narcisista e com pavor ao compromisso assenta de forma inequívoca e descarada no protótipo masculino mais generalizado. O macho da espécie, como é fácil constatar numa observação desatenta do discurso corrente, assenta como uma luva na definição que a Marta estampa no seu texto e só os/as mais desatentos/as não intuem de imediato aquilo que a alusão introdutória a personagens masculinos, consagrados da sedução, sem contraponto do género oposto (mata haris e assim), pretende garantir.

O texto da Marta é apenas mais uma versão sonsa do eterno (mas cada vez mais injustificado) separar das águas em matéria de agressores/agredidas por esses maus que as pintam como princesas sem qualquer intenção de as coroarem no futuro.
No fundo, é apenas mais do mesmo na sistemática diabolização dos fulanos que dantes as desonravam e agora apenas abandonam depois de conquistadas.

Claro que a Marta se esforça na modernização do cliché, deixando no ar uma vaga miscigenação dos géneros no bando de sugadores de jugulares emocionais, mas a Marta não é parva (se o fosse não escrevia para o Expresso) e a maioria dos leitores (e leitoras) bebe facilmente a mensagem de fundo que nos remete para um estilo e uma actuação que ainda hoje vestem na perfeição o género masculino, por muito que seja mais que óbvia a troca de papéis nesse particular ao ponto de já haver quem deixe escapar alguma saudade desses dias em que os homens (ainda assim numa confrangedora minoria) dominavam a arte da sedução enquanto hoje elas se sentem negligenciadas pela ausência dos tais habilidosos que as seduziam e hoje apenas as fazem bocejar numa sucessão infindável de cedências a males menores, a soluções de compromisso para evitarem as privações.

O que a Marta parece não querer enfatizar é o cariz de reciprocidade na questão da auto-estima, relegando para segundo plano a das pessoas (sem pila) seduzidas em detrimento dos temíveis amantes do efémero que as enganam, presume-se que com falsas expectativas de amores eternos.

O que a Marta parece não querer deixar claro é que quando a corda ameaça partir é porque existe gente a segurá-la com força em ambos os extremos.

uso de telemóvel...

durante a condução... leva a 150 multas por dia (em 2012)
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abril 14, 2013

Prostituição - a minha história (III)

Verão de 1997... (...) Estava um fim de tarde quente, fui para casa e jantei desligada do Mundo, acho que só acordei passadas horas, sentada na mesa de um bar, quando me apanhei a olhar os homens de forma diferente, a cabeça a tentar imaginar como seria deitar-me com cada um que passava... Antes desta visita tinha algumas ideias criadas pelo meu imaginário cor-de-rosa de quem seriam as tais acompanhantes/prostitutas de luxo e nada tinham a ver com as normais rapariguinhas fechadas na sala de um escritório, entre desfiles; imaginava-as mulheres impecavelmente arranjadas, com um porte intimidante, conhecidíssimas e respeitadas nos locais mais distintos que quisessem frequentar, imaginavas-as deslumbrantes e capazes de dobrar um homem, à sua passagem, apenas com um olhar. O que eu vi foram raparigas jovens, bonitas, sim, mas com um aspecto absolutamente normal. Durante três dias a minha cabeça moeu o "e se...", durante três dias a minha cabeça imaginou o "e se...", nesses três dias o "e se..." juntou-se a contas de Matemática: x clientes num dia dá um valor y, valor y em sete dias soma um valor z, z valor em quatro semanas perfaz w. W era um valor impensável, durante três dias o "e se" foi-se tornando menos distante. Pensava nas raparigas, tão iguais a mim, com um ar tão normal no que estavam a fazer, e se elas o conseguiam, raparigas assim como eu, se calhar também eu o conseguiria... Na Segunda-Feira, às 11h da manhã, estava a tocar à campainha duas vezes, como me tinham explicado na entrevista. Este "e se..." que não consegui deixar de moer na minha cabeça foi o prólogo do livro da história da minha vida, as contas de Matemática foram a assinatura do contracto. Com o conforto de, a qualquer momento, ser possível mudar de ideias, abriram-me a porta e entrei...

abril 12, 2013

Gaspar

tomou posse administrativa do "buraco" de Marvão...
quem pretender utilizar este... e não outro, terá de se dirigir ao supra citado...
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abril 11, 2013

dama de ferro...

e a confusão noticiosa...
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este IRS troicado...

O que eu mais aprecio, mas aprecio mesmo, neste atoleiro de que não há modo de sairmos, é a disfunção sistémica de que enfermam os «serviços» na sua relação com o povo.

Vejamos: o cidadão sai cedo do seu emprego; corre para casa, através do trânsito urbano abstruso. Arma o estendal papeleiro em casa, avisando a família de que, hoje, o jantar deve atirar para mais tarde. Tudo avisado, arregaça as mangas, limpa os óculos, cata a máquina de calcular, distribui criteriosa e ordenadamente os incontáveis papelinhos que coleccionou, religiosamente, toda a família durante um ano.

Apresta-se a cumprir esse ritual de cidadania, ainda mais urgente nesta «terrível crise que atravessamos», mas ritual que tem tanto de imperativo cívico como de masoquismo penitente... e liga o computador portátil.

Passwords e o camandro, ei-lo a digitar... ou melhor, a tentar digitar as permissas de acessibilidade. E eis-nos no reino do Serapião, que é uma coisa que ninguém sabe o que é e eu também não:


(NOTA - acabadinho de ocorrer num sítio perto de mim...)

Pois eles serão «o mais breve possível», seja lá isso o que for no mau português que esta gente (ab)usa. Eu é que me sinto, subitamente, muito abaixo do corno da história!

E escusam de clicar aqui ou ali ou na pata que os pôs, que aquilo não abre para lado nenhum.Vais ver que isto tudo é por culpa do chumbo do Tribunal Constitucional...

Vá, agora cantemos todos: 
meninos, vamos à tróica, ó ai,
que a tróica é maravilha
metei o IRS, ó ai,
ali onde o Sol não brilha!

Raismaparta mais esta incomodidade constante de não ter nascido no Canadá, carais!!!   

Rosário Breve n.º 304 - in O RIBATEJO de 11 de Abril de 2013 - www.oribatejo.pt


Bom dia, gente. Por ser quinta-feira...



Fósforo, lareira e Éssélbê

Na semana passada deixámos de ter (tanto) Relvas e voltámos a ter (alguma) Constituição. Mas calma. Não embarquemos em euforias: a felicidade é um fósforo, a infelicidade é uma lareira.
É que, à má imagem e pior semelhança do que se passa com a nossa dimensão político-económica, a invernia se prolonga Abril adentro, em escandaloso desrespeito pelo preceituado na sua/dela própria Constituição, vulgo calendário. Indiferente ao regulamentado na tábua das estações, das folias e das devoções, a Natura parece comprazer-se em vergar-nos ao peso de tanta água, ao ferro de tanto frio e ao exílio do bom sol português que sempre foi, até para o pobre, e a par da Lua fadista, o fanal gracioso capaz de nos salvar da tristeza profissional e da procela sem bonança da portugalidade mesma. Mas adiante.
Na segunda-feira, 8, a patusca Águas de Santarém, já chamuscada aquando daquilo da passeata à Coreia do Sul, ardeu um bocadito, obrigando à evacuação da sede e, talvez, a breve prazo, a um aumento do tarifário. Digo eu, que sou maldoso. Foi no mesmo dia da morte da Thatcher, essa espécie de raia seca muito mais malévola do que este Vosso criado. Amiga íntima do genocida Pinochet e inimiga confessa de trabalhadores e sindicatos, deixa-me tantas saudades quantas as que me deixaria o trânsito de cálculos biliares pela uretra. Mais pena tive da Sara Montiel, a diva de Espanha que nos bons velhos tempos (dela) semeou pruridos e borbulhas por quanta próstata havia em Hollywood, à excepção da do Rock Hudson.
Abril por Abril, já não falta muito para o 25, efeméride que é, por assim dizer, o Natal dos indignados-mas-quietos. Os altifalantes voltarão a roufenhar o bom Zeca Afonso – e até dia 30 o tutano do IRS vai ser esvurmado, que é como quem diz gasparilhado, a doer. Sem chaimites, sem cravos, sem poesia na rua e sem remédio.
Se Vos pareço negativo, sou aquilo que pareço, ó bons Aleixos. À hora a que componho a 304.ª das crónicas que há quase seis anos me suportais, a harpa da chuva fustiga de rijo cordame de arame a cidade e os campos que a emolduram. O vento é oblíquo como uma perfídia. O arvoredo parece um borrão de tinta contra o papel-manteiga do ar. Andam desorientadas as aves como operários de estaleiro naval. Os cães vadios ouriçam a pianola dos ossos em desvãos de pardieiros sem gente. E, como jamais, o País dá a ideia de os muros do Júlio de Matos irem do Minho ao Algarve, com refeitório na Madeira e dormitório nos Açores.
Falta falar do meu Benfica. Direi portanto nada, que ainda é cedo. Nada – ou apenas isto: que, a havermos de facto uma Constituição em vigor, este ano ninguém nos tira o título, essa outra Primavera que nem o Inverno da realidade há-de poder confiscar.

abril 10, 2013

no Marvão...

no Alto Alentejo, ocorrreu um fenómeno geológico...
uma cratera com cerca de 100 metros de profundidade e 17 de diâmetro.
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Prostituição - a minha história (II)

Verão de 1997... (...) Desço a rua, finalmente a porta certa, toco à campainha e abrem-me a porta de baixo sem nada perguntar. Subo um patamar, viro à esquerda e encaro uma mulher cheínha e sorridente que me dá duas beijocas e me diz chamar-se Glória. Convida-me a entrar e a sentar-me numa cadeira de costas para a porta. Pede-me que aguarde um pouco porque cheguei numa hora de movimento. De onde estou vejo duas portas. Toca a campainha, a Glória abre e entra um homem que me olha directamente e é convidado a entrar numa das portas. Quando a porta se entreabre, vejo seis ou sete raparigas jovens, sentadas numa espécie de sofás, ainda tento vislumbrar algo mais mas a porta fecha-se. Nisto, outra mulher, loira, quase sem me olhar, sai da outra sala, entra na das raparigas e diz-lhes que se apresentem na sala ao lado. Uma a uma vão entrando e saindo da sala, estilo desfile. No fim, a mulher loira espreita na sala delas e chama uma, dá-lhe uma chave que retira de um chaveiro pendurado ao meu lado e diz-lhe para seguir. Ela sai do apartamento. O homem da sala do desfile sai um ou dois minutos depois, também me olha, ao passar, directamente. O homem que estava na sala das raparigas é passado pela mulher loira para a outra sala e repete-se o desfile. É chamada uma das raparigas que sai com uma chave e o homem sai passados um ou dois minutos. A mulher loira convida-me a entrar na sala dos "desfiles". Sentamo-nos. Pergunta-me se já percebi do que se trata. Digo-lhe que já estou com uma ideia. Estranhamente não estou agitada, assustada ou nervosa, tudo o que tinha presenciado se desenrolou com uma enorme naturalidade. Começa a explicar-me... Chama-se Ana. As meninas que eu vi atendem senhores, não ali, em apartamentos nessa rua, se eu quisesse ficar a Glória iria mostrar-me os apartamentos que eram três. Por meia hora com os senhores as meninas ganham 7500 escudos, por uma hora com os senhores ganham 12500 escudos. As meninas faziam sempre muito dinheiro. Não me explicou os detalhes que só entendi mais tarde, esses eram os valores da relação completa, por meia hora "normal" ganhava-se 6000 escudos e por uma hora ganhava-se 9000, dado que os valores da casa, não sendo a relação completa, não eram repartidos ao meio com as acompanhantes. Diz-me que as meninas têm que tratar bem os senhores para eles voltarem. Pergunta-me que horário tenho disponível. É Quinta-Feira, solicita-me que comece na Segunda-Feira seguinte pelas 11h da manhã. Dá-me dois beijinhos, muitos sorrisos e leva-me à porta. Saí dali calma mas aérea, incapaz de processar mas a fazer contas de cabeça. Estava um fim de tarde quente, fui para casa e jantei desligada do Mundo, acho que só acordei passadas horas, sentada na mesa de um bar, quando me apanhei a olhar os homens de forma diferente, a cabeça a tentar imaginar como seria deitar-me com cada um que passava... (Continua. Se tiver erros, desculpem-me, não corrigi, escrevi de rajada.)

abril 09, 2013

passatempo


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fumo branco...

para alguns
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«País invertido» - por Rui Felício

"Depois de tantos anos, finalmente passeei por aquela estranha terra que desde há muito queria conhecer.
É o País Invertido onde tudo se passa às avessas, ao contrário daquilo a que preconceituosamente nos quiseram habituar.
E, todavia, tive a sensação de já o conhecer há muito!
Ali, as pessoas dizem o contrário do que pensam, andam às arrecuas em vez de caminharem em frente, dizem que vão para ali, quando afinal estão a vir de lá. E asseguram-nos que vêm de lá quando saem daqui para lá. Curvam-se quando deviam ter a espinha direita e empertigam-se quando se deviam curvar envergonhadas.
Quando querem dizer-nos algo, afirmam peremptoriamente aquilo que não queriam transmitir-nos.
A história que dizem não nos quererem contar, mas que nos contam, é iniciada pelo fim e vão recuando na descrição até ao prólogo.
Às perguntas que os jornalistas lhes fazem não respondem. Mas respondem àquilo que não lhes foi perguntado.
Os deficientes físicos, em cadeiras de rodas, cedem o seu lugar nas filas do autocarro ou do supermercado aos jovens saudáveis, e estes manifestam e reclamam o seu direito de passar à frente de velhos e deficientes.
Na rua, os ricos pedem esmola aos pobres, e, se puderem, roubam-nos.
Os músicos desafinam os seus instrumentos nos teatros, para uma plateia de surdos que ali vai assistir aos espectáculos. E que bate palmas antes do inicio. Os que compraram lugares nas primeiras filas, sentam-se no galinheiro e vice-versa.
Os filhos educam os pais e obrigam-nos a ir à escola, os assaltantes dão conferências e palestras advogando os princípios basilares da sua conduta moral.
Na escola os estudantes ensinam os professores, disciplinam-nos e avaliam-nos.
Antes das eleições, os políticos votam no Povo. Os que tiverem menos votos, os menos capazes vão para o Governo, com a missão de reduzir o nível de vida da população, de a tornar mendicante, de a obrigar a uma morte precoce. Depois fazem campanha eleitoral, publicam os resultados e marcam eleições.
As mulheres aguardam nervosas no átrio das maternidades que os seus homens dêem à luz na sala de partos.
Os recém nascidos nascem velhos e quando morrerem daqui a 80 ou mais anos serão crianças de tenra idade depois de uma vida regressiva.
Naquele País Invertido não há corrupção e quando alguém, por vaidade, se declara corrupto é aclamado e elogiado!
As prisões estão a abarrotar de inocentes e os guardas prisionais são os bandidos.
E os Tribunais, quase sempre inactivos e inconsequentes, proferem céleres sentenças laudatórias que servirão de fundamento para a atribuição de comendas e medalhas aos criminosos."


Rui Felicio
Blog Escrito e Lido

abril 07, 2013

Prostituição - a minha história (I)

Verão de 1997... Uma banal procura de emprego foi o berço deste meu eu. Percorro as páginas do Correio da Manhã sem imaginar que alguns pedidos de colaboradoras, aparentemente iguais, escondiam a chave das portas das célebres "casas da Luz Vermelha". O que sabia eu deste Mundo alternativo? Rigorosamente nada, apenas o que imaginava e o que tinha visto em filmes, tão longe da realidade, estava completamente "verde"... Eheheheheh Ora, escolho um que me pareceu bastante interessante, para colaboradora de um clube em tempo parcial, referia também que a remuneração seria excelente; pareceu-me bem, toca a marcar o número. A voz feminina que me atende faz-me poucas perguntas, é simpática, quer saber a minha idade, a minha estatura, se conheço e sei como chegar à Av. Columbano Bordalo Pinheiro, se tenho experiência. À última questão, respondo que não, a voz ri-se, divertida e diz-me que o melhor é continuarmos pessoalmente a conversa. O riso devia ter-me intrigado mais mas, como é óbvio, os incautos intrigam-se com pouco. E lá me arranjei, apanhei o autocarro indicado, algumas paragens depois estou no destino. Ah! Mas tão ingénua que eu estava! Engano-me no número da porta e vou bater ao clube de recreação de uma Igreja, pareceu-me perfeitamente provável que ali fosse. Quem me atende explica-me (hoje entendo perfeitamente o olhar estranho da pessoa) que esse número de porta é mais abaixo, outro tipo de "clube recreativo" e eu sem entender os "sinais" mas já a achar toda aquela situação algo curiosa. Desço a rua, finalmente a porta certa, toco à campainha e... (Querem saber mais? Fiquem que eu vou contando, agora, com a distância de quase dois anos de reforma, parece-me ter chegado a hora e a coragem de contar toda a história, se não por mim, por quem por aí ande, pela informação que contém, pelas ilusões e desilusões, pelo bom e pelo mau... )

abril 05, 2013

Relvas...

e os últimos desejos...
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«Carta aberta de Rui Felício ao Dr. Vítor Gaspar (um contributo para a reforma do Estado)» - por Rui Felício

"Excelência,

Não o escondo, faço parte do enorme grupo de quantos o têm criticado, inventado anedotas a seu respeito, muitas vezes caluniado, insultado, enxovalhado, imitando o seu discurso arrastado, sonolento, para lhe denegrirem a patética imagem, por entre piadas obscenas e risota alvar.
Arrependo-me, porém, de ter alinhado a minha voz com as de milhares, senão de milhões de portugueses.
Consciencializo-me agora, depois de seriamente ter reflectido sobre o calamitoso estado em que lhe deixaram as contas públicas e da imensa tarefa de as endireitar que lhe sobrecarrega os frágeis ombros.
V. Exª não merece as sistemáticas críticas a roçar a grosseria que diariamente lhe são dirigidas nas conversas de café, nas redes sociais, na imprensa, na rádio e na televisão. São criticas despojadas de conteúdo, de substância, infundadas, feitas malevolamente pelos cidadãos que, em vez da critica mordaz e superficial, deviam era sugerir caminhos, apontar soluções, ajudar e colaborar na repartição dos sacrifícios necessários para impedir o definhamento do Estado que afinal somos todos nós.
Nessa linha de pensamento e na obrigação cívica que me incumbe, venho dar o meu contributo para a resolução do desequilíbrio financeiro do Estado que está na origem de todos os males que o afligem. Que nos afligem…
Portugal é dos países mais envelhecidos do mundo, com uma pirâmide etária a caminho da perigosa inversão, crescendo desmesuradamente no seu topo e diminuindo na sua base.
Para agravar a situação, a esperança média de vida tem vindo a aumentar situando-se na casa dos 80 anos, quando em África, por exemplo, nem aos cinquenta chega. Para cúmulo, o índice de natalidade do nosso país é dos mais baixos da Europa e o de mortalidade igualmente.
Por outro lado, todas as estatísticas, todos os estudos científicos, demonstram à saciedade, sem lugar ou margem para dúvidas, que os custos com a saúde pública progridem geometricamente com o avançar da idade das pessoas. Quanto mais velhos vão ficando os cidadãos, mais recursos são utilizados pelo Estado para lhes tratar a saúde e os irem mantendo vivos. E em linha paralela ascendente, constata-se que menos riqueza vão produzindo, por incapacidade, por doença, por velhice.
Ou seja, ao envelhecermos, criamos menos ou nenhuma riqueza e consumimos mais recursos, gastamos mais dinheiro ao Estado.
São factos, demonstrados, inquestionáveis e indesmentíveis.
Temos impostos para quase tudo. Directos sobre os rendimentos do trabalho, prediais, de capitais, sobre o património, e indirectos sobre o consumo, sobre as transmissões imobiliárias e outros.
Mas não temos nenhum que restabeleça o equilíbrio da mais pesada de todas as rubricas do orçamento do Estado, que é a da Saúde Pública.
Proponho por isso um novo e quiçá definitivo imposto que por fim saneará esse perpétuo desequilíbrio que advém de algo tão simples e de fácil controle como é a idade de cada um.
Chamar-lhe-emos de ISI ( Imposto sobre a Idade ), sigla que, suponho não está ainda a ser utilizada em nenhum dos muitos e variados outros impostos e taxas que o Estado lançou.
Embora sujeito naturalmente a estudos e projecções técnicas para calcular o volume de receitas a arrecadar, sugiro, como base de trabalho, que passem e reter-se na fonte, a título de ISI, relativamente a todos os tipos de rendimentos, incluindo os das pensões e de forma progressiva:
Sujeitos passivos: todos os cidadãos com 40 ou mais anos de idade.
Taxa aplicável: 10% no ano em que completam 40 anos, actualizada sucessivamente de um por cento, em cada aniversário seguinte.
Desta forma, um cidadão que viva 90 anos, terminará a sua vida sujeito a uma taxa de retenção de ISI de 60%.
O que me parece de inteira justiça e equidade, como agora está na moda dizer-se e atendendo ao que ficou exposto.
Certo de que acolherá de braços abertos este verdadeiro ovo de Colombo que, desinteressadamente lhe ofereço, subscrevo-me com os protestos da mais elevada admiração
De V. Exª
Atentamente
Rui Felicio

NB: Como autor desta proposta, peço que o meu nome enfileire ao lado de todos os que seguramente irão ser contemplados com isenções excepcionais na lei que vier a ser elaborada."

Blog Escrito e Lido

abril 04, 2013

consequências...

do dilúvio...
Raim on Facebook

Cai um ídolo, sem pés, no barro…


Sem glória, sem vergonha e, sequer, sem elegância, Miguel Relvas demite-se. Aliás, como rasto que deixou durante a sua passagem pela governação do país: sem glória, sem vergonha e, sequer, sem elegância. Aqui foi coerente. A tempo de ver o Benfica na televisão e logo antes do Tribunal Constitucional dar à luz um eminentíssimo parecer.

Na terra dos doutores e dos engenheiros, tantos deles da mula-ruça, Miguel Relvas tinha, entretanto, de ter também título para poder ombrear com os demais governamentados, como é bom de ver e colhe a simpatia do mais elementar pato-bravo, mas a coisa não lhe correu bem e hipotecou o seu reinado com o «esforçado sacrifício».

E ufana-se, o pobre, apesar de tanta incompreensão e maledicência do povão, sempre dado a estas coisas do bota-abaixo, da obra feita na televisão pública, na gestão das autarquias, na promoção do emprego. Outras tantas tiradas de génio, ainda que todas dentro da lâmpada, pois não há resultado positivo que se vislumbre de tanto e tão árduo labor…

Voltam já a assegurar as más-línguas do costume que esta intempestiva demissão se deve mais ao facto de Nuno Crato e o Ministério da Educação não poderem mais manter em segredo os meandros da licenciatura, digamos assim, à coelho desta personagem.

Enfim e uma outra vez, Portugal no melhor a que nos habituou o concelebrado arco-do-poder.

Só me fica uma pequeníssima angústia existencial a esclarecer provavelmente em futuro breve: do dia de hoje para o momento em que Passos Coelho o escolheu para ministro o que terá sabido, de novo, o primeiro-ministro que não soubesse então? E, ainda assim, escolheu-o!?

Diz-me com quem andas ou quem não quer ser lobo, etc., vários ditos e reditos me ocorrem a este propósito…  

Abençoado País, nobre terra, nação valente que assim mantém tão notáveis coiratos a minarem até ao indizível os resquícios mínimos da nossa dignidade e sobrevivência.

Rosário Breve n.º 303 - in O RIBATEJO de 4 de Abril de 2013 - www.oribatejo.pt


 Bom dia, amigos persuactivos. Hoje nO RIBATEJO é esta.




A pulseira do Sala

Lembrais-vos da pulseira mágica do António Sala, aquela a que o suposto Senhor Rádio e alegado Príncipe da Renascença fez propaganda? Sim, aquela que os e as abéculas deste País triste e parv’alegre compraram em massa para suster o mau-olhado, o herpes, o corrimento menstrual, a egofagia, as saudades da tia e o raio que os parta? Sim, aquele amuleto de fraca lata que era suposto curar e sinecurar as vertigens, a bola de pêlo na garganta, o mijo em caso de gargalhada, o paradoxo que resulta da disfunção eréctil crescer tanto e a angústia metafísica perante o IVA dos livros? Pois, essa mesma que os supinos parolos deste morredouro de lambéculas passou a usar galhardamente na mesma pata do dedo do cachucho e da fitinha do Senhor do Bonfim, em vez de a trazer ao pescoço como os cães fazem à coleira e os bois à canga, ou, à maneira de arganel, no focinho como os cafres, os punks e os porcos?
Sonhei com ela. Que era obrigado a usar uma. Que nem debaixo da camisola a podia esconder. Que tinha de andar sempre com o antebraço arregaçado até ao sovaco.
Sim, tenho sonhos tristes. Nem pesadelos são, que não tenho dinheiro para filmes. (E quem não tem dinheiro, não tem vícios, excepto o vício de não ter dinheiro.)
Desse sonho da pulseira do Sala acordei especialmente consternado. Compungido. Pesaroso. Dorido. Raivoso. Combalido. Acordei português, enfim. Mas, pronto, levantei-me e pus-me a cirandar pela mente à cata dos cacos do sonho. Andava eu já quase muito contentinho nesse ofício quando me deparei com nótulas a lápis encefálico para futuras crónicas.
Uma era esta: que o défice e o Relvas devem ser afins, já que ambos são impagáveis. Outra ocorreu-me quando, dando pão às pombas, veio um pardal e roubou quanto pôde, pelo que passei a designá-lo por “gaspardal”. Outra, vá lá, era um arremedo de senso-comum: chávena escaldada de café frio tem medo. Maluqueiras de cronista ocioso, eu sei.
Costumo esquecer-me depressinha dos sonhos. Mas o da pulseira do Sala não quis ser obliterado sem se ver em tinta de imprensa. Que significará tal desvario? Que simboliza? Que quis ele alegorizar? Eu não acredito em transcendentalismos nenhuns. As superstições põem-me a rosnar. As psiquiatrias e os pais-de-santo valem-me o mesmo. Aos que se genuflectem, só me apetece povoar-lhes os cagueiros de pontapés com biqueira de aço. O meu único santo é São Tomé. E o meu credo é todo material, a ponto de considerar os humanos como meros sacos de vísceras apertados em cima por um olhar. Mas “o” raça da pulseira do Sala, sinceramente…
Peço-vos perdão. Isto não é crónica que se veja ou sequer se cheire. Eu sei, eu sei. O que não sei, é como arrancar do pulso a porra da pulseira, que acabei por ter de comprar à viúva do Serafim, cujo a tinha comprado para se curar duma caganeira hemorrágica mas acabou por morrer dela na mesma, como toda a gente.

abril 02, 2013

Obsolescência planeada: o lucro fácil undercover


É impossível não reparar no facto de a minha máquina de lavar roupa, com mais de 20 anos, ainda cumprir o seu papel na perfeição enquanto a da louça, a caminho do seu terceiro aniversário, já ter precisado de várias intervenções técnicas para manter o seu desempenho medíocre.
Isto a propósito também de um documentário ontem transmitido pela SIC Notícias a uma hora de baixa audiência acerca de um fenómeno chamado obsolescência planeada que, de resto, é apenas mais um indicador do quanto as empresas se tornam aos poucos numa ameaça séria. E já não somente para o bom senso.

obsolescência planeada, resumindo, é um expediente utilizado no fabrico de equipamentos de grande consumo para que estes durem menos tempo do que poderiam e deveriam. Dos exemplos oferecidos no dito documentário destaco um de um condensador xpto alegadamente inventado pela Samsung para em simultâneo reduzir o tempo de funcionamento dos seus LCD e impedir a respectiva reparação (por se tratar de componente exclusivo e impossível de substituir). Mas parecem não faltar exemplos desta iniquidade que para muitos se compreende à luz do funcionamento da economia, embora eu não consiga interpretar a coisa como algo diferente de um gigantesco embuste para rentabilizar a inércia dos consumidores papalvos em que o mercado é fértil.

Quando falo em ameaça, tendo em conta os milhões em causa, recordo a atitude cada vez mais hostil por parte das grandes corporações quando instadas a propósito destes esquemas marados de pura intrujice. Se forem consumidores atentos e persistentes ao ponto de recorrerem a tribunais com as evidências do logro, as empresas compram-lhes as almas para assim os dissuadirem. Mas a coisa engrossa quando se trata de jornalistas e disso o tal documentário dá bem conta (deixando de fora a pressão que os gigantes da indústria podem exercer sobre as redacções quando possuem um estatuto de anunciantes poderosos nos media que os submetam a trabalhos de investigação comprometedores para a imagem de glamour que a publicidade se esforça por criar).

E quando falo de embuste falo de ameaça também, pois o consumidor acaba por esmifrar a existência para sustentar os vícios de um tecido empresarial mal habituado a lucrar com base no pressuposto de que os fins justificam os meios e determinado em enraizar o conceito de que tudo isso é normal no regular funcionamento do mercado que, como se sabe, é cada vez mais voraz nos seus apetites
Escrúpulos, ética ou moral são termos de um passado empresarial já quase perdido no tempo, tornados obsoletos pela combinação da falta de brio e de vergonha de empresários obrigados a satisfazerem accionistas ou apenas para sustentarem os seus próprios excessos sem olhar à indignidade subjacente a esta vigarice global que mesmo estando na moda não podemos permitir branqueada na sua essência ignóbil.

abril 01, 2013

Cidadão europeu ideal

"Após cinco planos de resgate, na Grécia, Irlanda, Portugal, Espanha e Chipre, e três anos de austeridade, os governos e as instituições europeias continuam a precisar de dinheiro dos contribuintes para resolverem a crise da dívida."



Oliver Schopf - PressEurop