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outubro 26, 2024

E lá temos isto de novo!

"Pela segunda e última vez este ano...
aproveitar nesta hora para fazer o que não fez naquela hora em março"


#mudahora #DaylightSavingTime


novembro 05, 2022

Mudança da hora – reflexões, diáclases, para onde vamos?

Estudo de Lourenço Moura e João Bastos

O ser humano é um ser gregário que ao longo da história foi bastante bem sucedido trabalhando em equipa, assim juntando as incompetências necessárias para que o seu grupo (Nota 0) alcançasse os seus objetivos, por mais insanos que fossem.
Houve sempre os que mandavam fazer (Nota 1), os que se esforçavam por executar as tarefas (Nota 2) e os que, pela força, obrigavam os anteriores a fazer o que lhes era mandado (Nota 3). Nunca faltaram argumentos a justificar que assim fosse. No início a argumentação tinha uma base religiosa, em que a autoridade do monarca, ou similar, advinha da vontade divina, inquestionável, irrevogável e não auditável. A palavra do rei era a “via verde” (Nota 4) para acesso imediato às forças da vida e da fertilidade. O sol, os rios e os astros curvavam-se perante ela. Outros tempos!
Ao longo dos séculos, com o evoluir das estruturas sociais, este tipo de justificação foi perdendo credibilidade mas, em contrapartida, surgiu uma complexa rede de especialistas, que na linguagem corrente são normalmente designados por “gestores”, que sustentam os seus argumentos decisórios, não nos oráculos dos deuses do antigo Egipto ou da Idade Média europeia, com provas dadas, mas em relatórios de “consultores”, normalmente externos, que determinam as linhas estratégicas orientadoras de um futuro incerto e imprevisível (sic) e que regem o nosso dia a dia.
Assim, vivemos hoje no meio de um corrupio de modas, no olho de um furacão de modernidade, cuja acentuada miopia e astigmatismo nos fazem saltar de modelo para modelo. Se as empresas são centralizadas sugere-se que descentralizem. Se estão focadas no cliente, propõem que reflitam sobre todas as “partes interessadas” (Nota 5), que raramente coincidem com as partes interessantes (Nota 6). Se tem uma certificação da qualidade, há que pensar numa certificação des egurança e saúde no trabalho. De seguida uma certificação ambiental e, porque não há (ainda) certificações em resiliência, uma certificação de sustentabilidade. Claro que deve também ter um plano de continuidade do negócio que lhe permita responder a catástrofes. E se mesmo assim ainda continua ativa, como decerto com todas estas reflexões a gestão ficou dispersa e ineficaz, há que voltar a centralizar e recomeçar tudo de novo… É o ciclo da vida a fechar-se, qual rotunda com dois sentidos de trânsito.

Poderá não parecer, mas a mudança da hora legal é uma decisão que se encaixa nesta panóplia de modas. A mudança de hora Primavera-Verão e a mudança Outono-Inverno.
Quando a hora era medida pelo sol, de forma empírica, através da sombra de uma vara espetada no chão ou num quadrante solar, não havia como mudar a realidade. Trabalhava-se de sol a sol. À noite dormia-se e velava-se pela continuação da espécie, se as hormonas estivessem favoráveis.
Mesmo quando a tecnologia permitiu que a humanidade dispusesse de um mecanismo a que chamamos “relógio”, a ninguém passou pela cabeça que fizesse algo que não fosse representar, de forma mais prática, o que a natureza em dias nublados não permitia.
Eis se não quando um grupo de consultores de gestores, iluminados pela luz do sol que outrora iluminou a vara, decidiu avançar com uma proposta disruptiva em termos de experimentação social: Por que não mudar a hora, já que o mundo atravessa um marasmo sem nada que nos preocupe e se corre o risco desta nobre classe (consultores) cair no desemprego?
O principal argumento surgia sólido: a poupança de energia. Constatámos, entretanto, que tal não é líquido! Sabemos atualmente que, se essa poupança existe, é tão residual face aos grandes consumos energéticos das indústrias modernas que não faz sentido como argumento. Outra justificação afirmava que a mudança da hora legal favorece a economia e o funcionamento dos mercados. Este sim, é um argumento difícil de rebater. Os mercados representam, atualmente, o papel das pretéritas divindades. Se os mercados o dizem, a hora muda e as forças da vida e da fertilidade ganham novo alento. O mundo pula e avança (Nota 7)!
O processo de decisão que conduziu à mudança da hora não está suficientemente documentado. Em Portugal esta questão tem vindo também a ser tratada pelo Ministério das Finanças (Nota 8) estando os autores desta reflexão convictos de que a argumentação tenha sido muito bem sustentada, para o que terão contribuído seguramente as indústrias vínicas, em particular a nível dos produtos destilados.
Debate-se nestes últimos anos de forma cada vez mais intensa a suspensão desta prática. Tudo leva a crer que em breve se retome o normal ciclo da luz solar. Mas é de antever que esta mudança acarrete contrapartidas de outra ordem. O que se ouve já, à vista desarmada, nos corredores dos Ministérios, é que isso só irá acontecer quando os nossos amigos gestores e consultore sencontrarem novas formas de complicar as nossas vidas, como, por exemplo, definindo limites para a curvatura das bananas (Nota 9).
____________________

Nota 0: Família, tribo, empresa, loja maçónica, etc.
Nota 1: Reis e equivalentes, CEO, coordenadores de estágios, etc.
Nota 2: Escravos, servos, estagiários, etc.
Nota 3: Exército, polícia, autoridade tributária e aduaneira, etc.
Nota 4: Inovação introduzida em Portugal em 1991 para facilitar a cobrança a clientes de serviços de mobilidade pela Via Verde, detida em 60% pela Brisa, em 20% pela SIBS e em 20% pela Ascendi.
Nota 5: Tem implícito que se reflita sobre as partes desinteressadas, que são a maioria.
Nota 6: “Malheureusement”, dirão os francófonos.
Nota 7: Há quem argumente que primeiro avança e depois pula, mas essa alternativa parece ser menos eficaz.
Nota 8: Tempo é dinheiro!
Nota 9: Afinal parece que esta regulamentação já existe

Lourenço Moura e João Bastos

dezembro 22, 2017

«Poderemos corrigir o horário de verão de uma vez por todas?» - Alan Burdick

Minha tradução livre e resumida do texto «Can We Fix Daylight-Saving Time for Good?» de Alan Burdick para a revista «The New Yorker»:

A mudança do relógio causa causa danos a motoristas, juízes e até koalas. Mas uma solução poderá estar à vista.

Um relógio faz duas coisas. Actua como um temporizador, ao marcar quanto tempo passou e ao indicar quanto falta, e isso dá-lhe a sua posição - isto é, onde, ou quando, você está neste momento, no mar de minutos e horas. "O que o relógio faz, principalmente", escreveu Heidegger, é "determinar a fixação específica do agora". No entanto, duas vezes por ano, não o faz, como você agora estará hesitantemente de acordo. Às 2:01 da manhã, no segundo domingo de Março, "agora" torna-se uma hora depois, ao inaugurar o horário de verão e dizer adeus a uma hora de sono. E, às 2:01 da manhã, no primeiro domingo de Novembro, o relógio volta atrás uma hora; num instante, "agora" torna-se "depois" e vivemos sessenta minutos outra vez.
Ambas as transições causam estragos. Os cientistas descobriram que, na segunda-feira após a poupança de Verão, os ataques cardíacos e os acidentes de trânsito são mais numerosos, os juízes aplicam sentenças mais duras e os funcionários têm mais probabilidade de andarem a vaguear improdutivamente pela internet. Depois de o horário de Verão terminar, passando o pôr do sol a ocorrer mais cedo, os crimes de rua são mais comuns, assim como os acidentes de trânsito envolvendo a vida selvagem, porque esse é o horário de pico de migração para veados e alces. Pesquisadores da Austrália calcularam que o aumento da luz do dia, durante todo o ano, reduziria o número de koalas mortos por motoristas em cerca de oito por cento. Nem é claro que o tempo de economia de luz economize energia, como era originalmente suposto; a redução do consumo de electricidade que já não é usada para alimentar as empresas à noite, é compensada por um aumento na utilização de ar condicionado e iluminação em casa.
Agora precisa ser corrigido, agora. O site de activismo Change.org está inundado de petições para fazê-lo nos EUA, seja ao ampliar o horário de verão como os australianos recomendam, simplesmente acabando com isso ou movendo a mudança de hora para o meio da segunda-feira seguinte (isso iria encurtar o dia de trabalho na Primavera, mas alongá-lo em novembro). (...)
"Isto costumava ser um assunto estranho e restrito, mas tornou-se muito mais uma questão de política pública", disse-me recentemente Scott Yates, um activista DST. "Parte disso passa-se porque eu tenho feito pressão nesse sentido".
Yates, que mora no Colorado, no Mountain Time, é um ex-jornalista e fundador de um serviço de escrita de blogs chamado BlogMutt. Ele assumiu esta causa há três primaveras atrás, depois de se queixar muitas vezes para a sua esposa sobre a mudança de hora duas vezes por ano. "Eu decidi que é o tipo de coisa sobre a qual eu posso fazer algo, e se eu podia fazê-lo, eu deveria fazê-lo", disse. Ele começou a pesquisar a questão, conversando com legisladores e publicando um blog. (...) Yates rastreia o status desta e de outra legislação na sua página, que assume o nome incomum «End Changing The Clocks for Daylight Saving Time» (acabem com a mudança dos relógios para o horário de Verão). É o site oficial para aqueles que defendem que os EUA devem deixar de mudar os relógios dentro e fora do horário de Verão. "É um nome terrível", admitiu. "Sinta-se à vontade para simplesmente dizer «esforço quixotesco de Yates» ou qualquer outra coisa que você queira chamar".
Em geral, estados como o Nebraska, que se encontram no limite ocidental do seu fuso horário, estão mais inclinados a buscar a isenção da economia de verão do que a abraçá-la; o sol nasce e instala-se mais tarde do que em qualquer outro lugar do fuso horário, pelo que uma hora extra da noite não adiciona muito. Yates é agnóstico nessa escolha particular; é da mudança de ida e volta que ele não gosta. "A pesquisa mostra que o problema é a mudança duas vezes por ano", disse ele. E, embora ele apoie o espírito dos esforços dos estados para modificar o horário de Verão, ele não vê nenhum deles fazer a diferença. "Cada uma dessas propostas está condenada", escreveu no seu site. "Todas".
Isto porque o tempo está sob jurisdição federal e não estatal. No século XIX, as cidades estabeleceram os seus relógios de acordo com o tempo solar local, e a paisagem americana era uma colcha temporal e louca; em 1866, só o Illinois tinha mais de duas dúzias de tempos locais distintos. Em 1883, para simplificar os horários dos comboios, as empresas ferroviárias estabeleceram quatro fusos horários em todo o país, que o Congresso codificou, em 1918, de acordo com a Lei do Tempo Padrão. A lei também introduziu a nação para o horário de verão, que os alemães e britânicos implementaram durante a Primeira Guerra Mundial.
Os agricultores americanos odiaram-no e foi retirado pela lei em 1919. (De acordo com "Spring Forward: The Annual Madness of Daylight Saving Time", de Michael Downing, a noção de que os agricultores beneficiaram com a luz do dia era uma ficção promulgada pela Câmara de Comércio de Boston, que defendeu a mudança de tempo, porque a luz da noite adicionada incentivou as compras nocturnas.)
Nas cinco décadas seguintes, a economia de verão foi livre; cidades, municípios e Estados poderiam segui-la em qualquer horário de que gostassem, ou não a seguissem. A revista Time, em 1963, descreveu a situação como "um caos dos relógios". Finalmente, em 1966, o Uniform Time Act introduziu a ordem: a luz do dia começaria para todos no último domingo de Abril e terminaria no último domingo de Outubro . Em 1986, a data de início foi movida para o primeiro domingo de Abril e em 2005, com a instigação dos lobbies de churrasco, golfe e doces, o horário de Verão foi estendido para o seu período actual, que cobre o Halloween.
Individualmente, os Estados estão presos. O Uniform Time Act proíbe-os de iniciar ou interromper o horário de verão em datas diferentes das existentes, o que também os impedirá de adoptá-lo em tempo integral. "Eu vi isso uma e outra vez, Estado após Estado - alguém propõe uma lei para manter a luz do dia, então alguém olha para a lei e descobre que eles não podem", disse Yates. O acto permite que um Estado se isente do tempo de economia de luz inteiramente; Arizona e Hawaii optaram por sair do início. Mas, efectivamente, coloca esses Estados num fuso horário diferente em parte do ano, interrompendo a uniformidade desejada. A sabedoria prevalecente é que nenhum Estado pode agir sozinho; Ou eles se juntam e todos mudam de uma só vez ou ninguém o faz.
É aí que entra Yates. As contas do Estado são um beco sem saída, mas, ele argumenta, um Estado poderia passar por uma resolução sem restrições pedindo à autoridade federal reinante, o Departamento de Transportes dos EUA, para atribuir-lhe um novo fuso horário equivalente ao padrão local do horário de verão ou tempo integral. "As resoluções geralmente não são consideradas como tendo algum poder", disse Yates. "Elas não têm força de lei; são como reconhecer o mérito do professor que se aposentou após cinquenta anos. Mas, de vez em quando, pedimos ao Congresso que decrete X, Y ou Z. O meu pensamento é que é apenas uma conveniência política: é mais fácil aprovar uma resolução do que uma lei. Se eu puder obter, talvez, uma dúzia de Estados para aprovar uma resolução, eu posso ir ao Departamento de Transporte eu mesmo e dizer: «A vontade do povo, representada pelos Estados, é que eles não querem mudar os seus relógios duas vezes por ano». Eles poderiam aliviar as restrições para que todos possam escolher o fuso horário em que querem estar, e então não haveria mais mudanças de tempo (...)".
Yates vendeu a sua ideia a vários funcionários do Estado e, em seu site, publicou uma resolução modelo, com linguagem sugerida para os legisladores que querem "pôr para sempre fim às mortes, à perda de energia e da produtividade, pela mudança dos relógios duas vezes por ano". "Em Setembro passado, a Califórnia aprovou tal resolução, quase por unanimidade. Yates está confiante de que outros Estados o farão nos próximos meses e que, no final de 2018, o centésimo aniversário da Lei do Tempo Padrão, todos iremos para dentro ou para fora do horário de Verão - de qualquer forma, como todos desejamos - e nunca voltaremos atrás. "A questão é que, quando você pensa sobre relógios, o tempo é uma convenção, é um acordo entre as pessoas", disse Yates. "Se conseguirmos que o governo resolva isso, melhorará a nossa fé no governo. Essa é a razão louca e optimista pela qual estou a empurrar isto. "Num momento de divisão política incomum", ele acrescentou, estabelecer o debate da mudança da hora de Verão "capacitará as pessoas a dizer que esta coisa que pensávamos imutável" - o sol, o tempo, o firmamento cósmico - "é realmente corrigível. Podemos consertar isso".
Alan Burdick

outubro 26, 2017

Pequeno guia para não falhar a mudança de hora

A Paula Machado descobriu este pequeno guia para não falhar aquela coisa maravilhosa do próximo fim-de-semana que é a mudança da hora, na versão original de Vincent Didier, em francês.
Como mais vale rirmos do que chorarmos com a imbecilidade deste procedimento, fiz uma tradução adaptada. Aprendam:

outubro 03, 2017

Mais detalhes sobre o Prémio Nobel da Medicina deste ano...

... atribuído pela descoberta dos mecanismos do relógio biológico:


Jeferry C. Hall, Michael Rosbash e Michael W. Young são os três investigadores norte-americanos que foram premiados pela descoberta dos mecanismos moleculares do ritmo circadiano. Ou seja, os mecanismos que controlam o relógio biológico e que explicam como os seres humanos, plantas e animais adaptam o ritmo biológico de forma a estar sincronizado com o movimento da terra.

"O telefone tocou durante a noite e acordou-me. Fiquei sem respirar, literalmente", confessou Michael Rosbash em entrevista ao site oficial do Prémio Nobel. O entrevistador brinca com a ironia de lhe ter interrompido o sono, fundamental para manter o relógio biológico sincronizado, para falar da investigação sobre os mecanismos do ritmo circadiano.
"Há muitos anos que sabemos que os organismos vivos estão dotados de um relógio interno, biológico, que os ajuda a antecipar e adaptar ao ritmo regular de cada dia. Mas como funciona este relógio?", lançava o Comité Nobel no comunicado que anunciava os três vencedores e que justificava a atribuição do galardão: "Com extraordinária precisão, os nossos relógios internos adaptam a nossa fisiologia às tremendamente diferentes fases do dia [24 horas]. Estes relógios regulam funções essenciais como o comportamento, o sono, a temperatura do corpo e seu metabolismo. O nosso bem-estar é afetado quando se verifica um desajustamento temporário entre o ambiente externo e este relógio interno".
Jeffrey C. Hall e Michael Rosbash, que lecionaram na Universidade Brandeis, em Boston, e Michael Young, na Universidade Rockfeller, em Nova Iorque, usaram moscas da fruta para isolarem o gene que controla o ritmo biológico normal e demonstrarem como este gene origina uma proteína que se acumula na célula durante a noite e se degrada durante o dia.
"O que investigadores descobriram foi que em todas as nossas células existe um relógio biológico. Ou seja, existem genes que têm um ritmo circadiano. Mas além disso, há um relógio biológico central, o nosso pacemaker, que existe no cérebro, no hipotálamo. Esse relógio central é como se fosse o maestro do nosso ritmo circadiano e uma das coisas que mais regula o nosso ritmo circadiano é a terra, é a noite e dia", explica Cláudia Cavadas, investigadora do Centro de Neurociências da Universidade de Coimbra que trabalha esta área mas relacionada com o envelhecimento, que destaca: "Descobriram ainda que podemos tirar uma célula e colocá-la em cultura e durante um determinado tempo, alguns dias, mesmo não tendo o pacemaker, não tendo luz, tem um ritmo circadiano. Isto é muito relevante, porque já se descobriu que desregulando este ritmo circadiano, trocando as noites pelos dias, pode haver patologias. Trocar os dias pelas noites tem um impacto nas células do intestino e do estômago porque é suposto as células do estômago renovarem-se à noite. Pode ocorrer, por exemplo, o aumento da propensão de alguns tipos de cancro do estômago e intestino".

Fonte e imagem: DN

outubro 02, 2017

Um Prémio Nobel conseguirá demover os políticos de mudarem artificialmente a hora?


Notícia do DN de hoje:

Três investigadores americanos foram hoje distinguidos com o Nobel de Medicina pelo seu estudo sobre os mecanismos moleculares que determinam os nossos ritmos biológicos.

O prémio Nobel da Medicina foi hoje atribuído em conjunto aos investigadores Jeferry C. Hall, Miichael Rosbash e Michael W. Young por descobertas relativas aos mecanismos moleculares que controlam o ritmo circadiano.
"As descobertas efectuadas revelam como as plantas, os animais e os humanos adapatam os seus ritmos biológicos de forma a estarem sincronizados com o movimento da Terra", lê-se no comunicado, divulgado em Estocolmo, que anunciou a atribuição.
O Prémio Nobel de Medicina é o primeiro a ser anunciado em cada ano.
O texto do comunicado do Comité Nobel explica que "a vida na Terra está adaptada à rotação do nosso planeta. Há muitos anos que sabemos estarem os organismos vivos, inclusive os humanos, dotados de um relógio interno, biológico, que os ajuda a antecipar e adaptar ao ritmo regular de cada dia. Mas como funciona este relógio? Jeffrey C. Hall, Michael Rosbash e Michael w. Young foram capazes de descortinar nos nossos relógios biológicos e explicar como estes funcionam. As suas descobertas elucidam como as plantas, animais e seres humanos adaptam os respectivos ritmos biológicos de forma a estarem sincronizados com os movimentos de rotação" do planeta.
O Comité Nobel explica no texto a justificar a atribuição do Prémio em 2017 que "com extraordinária precisão, os nossos relógios internos daptam a nossa fisiologia às tremendamente diferentes fases do dia [24 horas]. Estes relógios regulam funções essenciais como o comportamento, o nível de hormonas, o sono, a temperatura do corpo e seu metabolismo. O nosso bem-estar é afectado quando se verifica um desajustamento temporário entre o ambiente externo e este relógio interno". O Comité Nobel refere como exemplo a situação de se atravessarem diferentes fusos horários e vive a experiência de "jet leg".
Os três cientistas recorreram nos seus trabalhos a moscas da fruta para isolarem o gene que controla o ritmo biológico normal e demonstraram como este gene origina uma proteína que se acumula na célula durante o dia e se consome durante a noite. Uma divergência neste padrão pode resultar em doenças e desadequação motora e psicológica perante a realidade envolvente.

Jeffrey C. Hall e Michael Rosbash foram professores na Universidade Brandeis, em Boston, e Michael Young na Universidade Rockfeller, em Nova Iorque.

abril 13, 2017

Hora da Europa - cada cabeça, sua sentença...

Na secção «Correio do Leitor» da revista Visão de 30 de Março de 2017, foi publicada esta carta de um leitor a respeito da mudança de hora:

Hora da Europa

"Porque não aproveitar a oportunidade de no mês de Outubro não se alterar a hora e ficarmos, tal como Espanha, com a hora da Europa? Um dos argumentos dos discordantes é o de que quem começa a laborar às 8 horas, no inverno, tem de trabalhar e ir para a escola com luz elétrica por ainda ser noite. Mas para obviar esse obstáculo não seria possível criar, de analogia com outros países, um horário de trabalho de verão e outro de inverno, este último com início às 9 horas?"
Joaquim Alberto Martins, Lisboa

Desconheço que países praticam horários de trabalho diferentes no Verão e no Inverno. Alguém me consegue esclarecer?
Quanto à sugestão que este senhor dá, não concordo. O resultado prático seria o mesmo da mudança de hora, com as suas duas quebras por ano, a martelo, da sequência natural do tempo.





março 29, 2017

Mudança da hora deve ser lentamente antecipada (enquanto não for banida)

Artigo no jornal «as Beiras» de hoje, com a opinião de Miguel Meira e Cruz, presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, sobre a mudança de hora.

Realço estes dois excertos:

"Apesar da solução para os problemas decorrentes da mudança da hora estar unicamente na abolição desta medida, é possível minimizar alguns dos efeitos assumindo alguns cuidados"

"Existem várias razões para se considerar totalmente inoportuna a mudança que ocorre duas vezes por ano. Apesar de ser sobre o sono que estas alterações horárias parecem ter mais efeitos, cada um dos órgãos sofre “um desajuste que demora bem mais tempo a recuperar do que o desacerto do ciclo vigília-sono”. “Sabemos por exemplo que existe uma interacção dinâmica entre o relógio circadiano interno e a divisão celular e que esta interacção influencia, por exemplo, o desenvolvimento de certas doenças, nomeadamente tumorais. É efectivamente real o risco e o efeito pode não ser visível a curto prazo, mas existe”"



dezembro 05, 2016

"Após pesquisa mais aprofundada, encontrámos novos dados relevantes para responder à sua questão"

Recebi hoje uma nova mensagem da Comissão Europeia, bem mais esclarecedora que a primeira:

"Caro Paulo Moura,
Obrigado por contactar o Europe Direct Contact Centre.
Após pesquisa mais aprofundada, encontrámos novos dados relevantes para responder à sua questão.
A Comissão Europeia realizou um estudo em 2014 sobre esta matéria. Informamos que os consultores contratados para realizar este estudo receberam a contribuição das autoridades portuguesas e esta informação foi tida em conta nos resultados do estudo. O estudo pode ser consultado na seguinte ligação: [LINK]
Conforme referido na resposta anterior, informamos que alguns deputados do Parlamento Europeu também indagaram a Comissão Europeia sobre esta questão. Neste contexto, a Comissão fez uma declaração à Sessão Plenária do Parlamento Europeu, em 5 de Outubro de 2016, onde demonstrou estar a analisar esta questão. Pode consultar a declaração no sítio do Parlamento Europeu: [LINK]
Esperamos que considere esta informação útil. Não hesite em contactar-nos caso tenha uma outra questão.
Com os melhores cumprimentos,
Centro de Contacto EUROPE DIRECT"

O estudo cujo link disponibilizam faz referência, de facto, a contributos recebidos dos Estados-Membros. Mas fá-lo de uma forma muito vaga, sem sequer nomear os países ou o que transmitiram concretamente. Limitam-se a quantificar quantos países responderam e o sentido global da posição de cada um. Ou seja, ficamos sem saber se os argumentos que apresentámos foram transmitidos e tidos em conta para o estudo. Pelo conteúdo geral do estudo, parece-me bem que não.
Em 80 páginas de estudo, fazem por duas vezes referência ao conceito que consideramos mais relevante nesta questão: bem-estar ("wellbeing"). E fazem-no para referir que "Examples of the positive effects of summertime include: An increase in wellbeing caused by an increase in exposure to sunlight (...)" - isto é, devemos todos ter pago, com os nossos impostos, balúrdios por este estudo que conclui que um efeito positivo do Verão é um aumento da exposição à luz solar! Extraordinário! Genial! Querem ver que é a mudança de hora que aumenta a exposição à luz do Sol?! Se não fosse a mudança de hora, ficaríamos menos expostos ao Sol?!
Valha-nos, por isso, a iniciativa que tiveram recentemente alguns eurodeputados, que questionaram este procedimento da mudança de hora e manifestaram a sua oposição ao mesmo. Aguardemos pelos resultados da análise da Comissão Europeia, a ser feita em 2017, porque com estes doutos consultores e estes «estudos», não nos safamos...

dezembro 02, 2016

Preciso de saber se a nossa posição foi transmitida à Comissão Europeia

Face à resposta da Comissão Europeia à minha mensagem sobre a mudança de hora, enviei agora mesmo esta mensagem para o Professor Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa (OAL):

"Boa noite, professor Rui Agostinho

Recebi hoje esta resposta da Comissão Europeia ao meu pedido de esclarecimentoE fui surpreendido com a informação de que não receberam nenhuma informação ou participação da parte da Comissão Permanente da Hora. Como, se o Professor me tinha assegurado, em 2014, que iria transmitir a nossa posição à Comissão Europeia?!
Preciso de saber o que se passou, pois confiei no que me disse.
Só me conforta saber que este assunto está a ser analisado pela Comissão Europeia, por interpelação de vários deputados do Parlamento Europeu. Mas preciso que me assegure que a nossa posição é transmitida (se ainda não o foi) à Comissão Europeia.

Cumprimentos,
Paulo Moura"

A resposta da Comissão Europeia

A Comissão Europeia respondeu à minha mensagem do passado dia 27 de Novembro:

"Dear Mr Moura,

Thank you for your message.
The Commission did not receive any information or notice from the Portuguese Standing Commission of the Hour.
We can inform you that the Commission is also being asked about this by some Members of the European Parliament. Recently, the Commission made a statement in this context to the European Parliament's Plenary Session on 5 October 2016. In that statement, the Commission declared that it is looking into the matter. You can consult the statement on the European Parliament's website: [LINK]
We hope you find this information useful. Do not hesitate to contact me in case you have any other question.

EUROPE DIRECT Contact Centre/ Research Enquiry Service

The answer or information contained in this message is based on the information provided by you, which may not be sufficiently detailed or complete to provide a full and correct answer or response to your question. The Commission is committed to providing accurate information through the enquiry services; however, the information provided has no binding nature. The Commission cannot be held liable for any use made of this information or for its accuracy."

Os meus comentários:

"A Comissão não recebeu qualquer informação ou participação da Comissão Permanente da Hora, de Portugal"
Se foi assim, houve claramente uma falha de comunicação entre a Comissão Europeia e a Comissão Permanente da Hora/ Observatório Astronómico de Lisboa (OAL). Ora, se este é um assunto, por si só, penalizado por uma forte inércia das instituições europeias, se não houver comunicação da posição dos cidadãos, como pode a Comissão Europeia tomar decisões adequadas?
Vou ter que transmitir esta informação ao Professor Rui Agostinho, director do OAL, e pedir-lhe que esclareça esta alegada ausência de transmissão da nossa posição à Comissão Europeia, como me tinha garantido que faria, já em 2014.

"Podemos informar que a Comissão também está a ser questionada sobre este assunto por alguns membros do Parlamento Europeu. Recentemente, a Comissão fez uma declaração neste contexto, na Sessão Plenária de 5 de Outubro de 2016 do Parlamento Europeu. Nessa declaração, a Comissão declarou que está a analisar o assunto."
Boa notícia! Mas só será excelente se a Comissão tiver em conta os argumentos de quem, como nós, defende o término da mudança de hora.

Recomendo que consultem o link acima disponibilizado. Ficamos a saber que não estamos sós nesta causa. Nessa sessão, a Comissão assumiu o compromisso de concluir a análise deste assunto "no decurso do próximo ano de 2017".

novembro 27, 2016

A hora continua a mudar? Eu não mudo nas minhas insistências!


Como não tenho novas da Comissão Permanente da Hora, apesar das minhas insistências, aí foi disto hoje para a União Europeia:

"Bom dia
Em Outubro de 2013, contactei-vos sobre este assunto e esclareceram-me, em Dezembro desse ano, que a entidade responsável, em Portugal, é a Comissão Permanente da Hora. Contactei essa entidade e informaram-me, na altura, que "a União Europeia deverá sondar os estados-membros em relação a este assunto em 2014-15". Pelo que sei, essa auscultação não chegou a ser feita. Podem informar-me qual é o ponto de situação do procedimento da mudança de hora, tendo em conta as múltiplas manifestações de desacordo com a manutenção deste regime? Da minha parte e de um grupo de pessoas que têm esta opinião, transmitimos essa posição, já em 2013, à Comissão Permanente da Hora. Essa informação chegou aos órgãos decisores da União Europeia?
Cumprimentos,
Paulo Moura"

outubro 31, 2016

A Praça (RTP1) - «Mudança de Hora»

Programa «a Praça» - parte 4
RTP1
28 de Outubro de 2016
Excerto sobre a mudança de hora, para o qual fui convidado a participar, como estudioso do assunto. Declinei o convite, explicando-lhes as razões.

outubro 26, 2016

Alteração para a hora de inverno traz mais riscos que benefícios


Artigo do jornal «as Beiras» sobre a mudança de hora:

A alteração dos ponteiros do relógio para a hora de inverno traz “mais riscos que benefícios” devido à “súbita exigência de mudança” do “tempo interno” das pessoas, referiu o presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono.
Os relógios vão atrasar uma hora, na madrugada de 29 para 30 de Outubro, dando início ao horário de inverno, uma mudança que, segundo Miguel Meira Cruz, tem impactos negativos na saúde.
“Apesar de o impacto ser claramente maior no recuo que exigimos ao tempo em meados de Março, qualquer das direcções em que se proceda uma mudança súbita num relógio de adaptação lenta, como o que temos no cérebro, tem prejuízos significativos e potencialmente graves”, referiu Miguel Meira Cruz num comunicado enviado à agência Lusa.
O especialista explicou que uma hora a mais de sono pode, em teoria, promover o bem-estar de quem se encontra privado desta necessidade, sendo o impacto deste benefício maior nas pessoas que se deitam mais tarde e tendencialmente se levantam mais tarde ou naqueles que atrasam a sua hora de deitar, como acontece com adolescentes.
No entanto, verifica-se que “as atitudes não acompanham as intenções e este ganho tem provavelmente uma influência menor”, sublinha. Além disso, “os matutinos privados de sono, podem sofrer mais nos dias subsequentes à mudança para a hora de inverno”, dado que para “além da menor flexibilidade na resposta a mudanças, as condicionantes impostas pelo novo horário afectam o humor”.
Alguns dos sintomas causados pela alteração da hora incluem a prevalência de alguns tipos de dores de cabeça, nomeadamente a cefaleia hípnica (surge durante o sono) e a cefaleia em salvas (dor muito forte só num lado da cabeça). De acordo com Miguel Meira Cruz, “estas condições são frequentemente desencadeadas por alterações nos ritmos circadiários estabelecidos naturalmente”.
Uma vez que a “capacidade de alerta” da pessoa oscila com o “carácter circadiário” e com o aumento do tempo na escuridão, o risco de acidentes também fica aumentado.

No domingo muda hora: Vale a pena perguntar para quê?


Artigo muito interessante e completo da jornalista Luísa Oliveira para a «Visão»:

Este ano é a vez das Ilhas Baleares fazerem frente ao atraso do ponteiros do relógio que vai acontecer já no domingo, dia 30. Mas esta é uma história com cem anos, feita de muita contestação.

Todos os anos, a conversa volta à mesa do café (e agora a essa enorme mesa de café que são as redes sociais). Começa a aproximar-se o horário de inverno, e a inevitabilidade dos dias mais curtos e escuros, e saltam os estudos e os protestos. Este ano, é a vez das espanholas Ilhas Baleares (Maiorca, Menorca, Formentera, Cabrera e Ibiza) estarem a bater o pé para não mudarem a hora, na madrugada do próximo domingo.
Nós por cá, não temos outro remédio. Basta ir ao site do Observatório Astronómico de Lisboa para ler o extracto do jornal oficial da Comissão Europeia (nºC 083 de 17/03/2011) que determina a data da mudança para o dia 30 de Outubro.
Mas aquele território autónomo da Espanha, situado no mar Mediterrânico, tem vários argumentos na manga e conseguiu gerar um consenso entre todos os partidos do parlamento, que assinaram uma declaração institucional (esta terça tornada oficial) para apresentar ao governo (há um ano em modo interino).
Naquelas ilhas queixam-se de que, na hora de Inverno, o sol se põe às 17h45, uma diferença de quase 50 minutos em relação às cidades mais a Oeste da Península Ibérica, como é o caso de Lugo, na Galiza. O texto da declaração contém frases como "a sociedade moderna necessita que as horas de sol se adaptem ao seu tempo livre" e defende que, com mais luz solar, se fomenta as actividades pós-laborais, a poupança de energia e a dinamização turística e comercial.
Argumentos à parte, as ilhas não são originais neste campeonato. Conheça outros casos em que se tentou e conseguiu ficar para sempre na mesma hora (na verdade dos 195 países do mundo, apenas 82 seguem esta norma) e até um estudo que advoga que isso é mais saudável:
* O presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono manifestou-se contra a alteração dos ponteiros do relógio que se avizinha. Miguel Meira Cruz diz que esta adaptação tem impactos negativos na saúde, causando alguns tipos de dores de cabeça e aumentando o risco de acidentes. "Este é mais um exemplo do predomínio do interesse económico em detrimento daqueles dirigidos à promoção da saúde", conclui.
* No Brasil, apenas os 17 estados do Norte e Nordeste não mudam de hora no Inverno, porque estão muito próximos do Equador e a sua exposição solar é quase a mesma durante todo o ano.
* Apesar de só existirem seis estados na Austrália, mesmo assim há dois que decidiram não mexer no relógio quando muda a estação.
* Em 2010, a Rússia recusou-se a mudar mais de horário, alegando um difícil ajuste no bioritmo. Na altura, a Ucrânica juntou-se ao protesto, mas acabou por recuar quando as relações entre os dois países se deterioraram.
* A China, apesar da sua dimensão, tem toda o mesmo fuso e não há lá mudanças ao longo do ano. A Índia é outro exemplo de hegemonia horária.
* No Continente africano existem poucos países que mudem de hora. A Líbia, Marrocos, a Nabímia e o Saara Ocidental são algumas excepções.
* Em 1992, o governo de Cavaco Silva adoptou o horário da Europa Central. Quatro anos mais tarde, e depois de muitas críticas à medida cavaquista, o executivo de António Guterres repôs a normalidade que vigora até hoje.
* Há quem se queixe que esta medida é obsoleta, pois tem precisamente cem anos e foi tomada durante a Primeira Guerra, como uma medida de poupança de recursos. Tornou-se directiva europeia em 1981.
* Só a Gronelândia tem o mesmo horário dos Açores (menos uma hora do que o Continente e a Madeira) - estão ambos no fuso GMT -1.

outubro 24, 2016

«Mudança da hora, os prós e os contras» no programa «A Praça» da RTP

Mensagem que recebi hoje:

"Boa tarde Paulo Moura,
O meu nome é Sofia Serpa e sou produtora do programa da manhã da RTP, “A Praça”. Na próxima 6ª feira, dia 28, vamos debater na última parte do programa o tema: “Mudança da hora”, os prós e os contras.
A entrevista será feita pelo apresentador Jorge Gabriel e em estúdio teremos o Dr. Anselmo Pinto, especialista do sono que vê vantagens na mudança da hora.
Gostaríamos de o convidar a estar presente em estúdio, para nos dar o seu ponto de vista e enriquecer este debate. A minha colega, Joana Ramalhão contactou-o pelo facebook para o mesmo efeito.
O programa é em direto dos estúdios da RTP Porto que ficam em Vila Nova de Gaia.
Agradeço desde já atenção e fico a aguardar uma resposta assim que possível. Deixo-lhe ficar o meu contacto mais direto – 92x xxx xxx.
Melhores cumprimentos
Sofia Serpa
Centro de Produção do Norte
RTP"

A minha resposta:

"Boa noite, Sofia Serpa e Joana Ramalhão
O vosso convite honra-me muito e aceitaria participar nesse debate se entendesse que seria útil para a causa que defendo: que se termine com a mudança da hora, por não haver vantagens económicas claras e comprovadas e, pelo contrário, em termos de bem-estar, este ser um artificialismo que causa problemas comprovados às pessoas e à sociedade, duas vezes por ano e ao longo de várias semanas, até se dissipar. Mas não é esse o caso. O problema é que este procedimento, que estudo já há mais de dez anos e que me levou e leva a contactar diversas entidades nacionais, europeias e de outros países, ultrapassa a capacidade de decisão de Portugal, por cair no âmbito da União Europeia, a qual por sua vez faz depender a sua manutenção de uma consulta a cada Estado-membro, de cinco em cinco anos, num processo pouco ou nada claro e transparente, uma pescadinha de rabo na boca que redunda na actual inércia.
Se querem um contributo válido para o debate sobre este assunto, sugiro que convidem o Professor Rui Agostinho, director do Observatório Astronómico de Lisboa e presidente da Comissão Permanente da Hora, com quem tenho mantido contacto desde há algum tempo.
Quanto ao vosso outro convidado, Dr. Anselmo Pinto, desconheço os seus argumentos a favor da mudança de hora, mas conheço outros especialistas e cientistas, nacionais e internacionais, que têm argumentos válidos contra a mudança de hora ou que, no mínimo, destroem os argumentos a favor da mesma. E, como diz um amigo meu, se tal coisa fosse biologicamente imperiosa, então nasceríamos com um relógio regulável como componente anatómico.
Cumprimentos,
Paulo Moura"

outubro 20, 2016

Especialista do sono afirma que mudança de hora traz "mais riscos que benefícios"


Artigo publicado hoje no jornal «Público»:

A alteração dos ponteiros do relógio para a hora de Inverno traz "mais riscos que benefícios" devido à "súbita exigência de mudança" do "tempo interno" das pessoas, adverte o presidente da Associação Portuguesa de Cronobiologia e Medicina do Sono, Miguel Meira Cruz.
Na madrugada de 28 para 29 de Outubro [errado - será na madrugada de 30 de Outubro], os relógios vão atrasar uma hora, dando início ao horário de Inverno, uma mudança que, segundo Miguel Meira Cruz, tem impactos negativos na saúde. "Apesar de o impacto ser claramente maior no recuo que exigimos ao tempo em meados de Março, qualquer das direcções em que se proceda uma mudança súbita num relógio de adaptação lenta como o que temos no cérebro, tem prejuízos significativos e potencialmente graves", adverte Miguel Meira Cruz em comunicado à imprensa.
O especialista afirma que uma hora a mais de sono pode, em teoria, promover o bem-estar de quem se encontra privado desta necessidade, sendo o impacto deste benefício maior nas pessoas que se deitam mais tarde e tendencialmente se levantam mais tarde ou naqueles que atrasam a sua hora de deitar, como acontece com os adolescentes. Porém, na prática, verifica-se que "as atitudes não acompanham as intenções e este ganho tem provavelmente uma influência menor", sublinha.
Além disso, acrescenta, "os matutinos privados de sono, podem sofrer mais nos dias subsequentes à mudança para a hora de Inverno", dado que para "além da menor flexibilidade na resposta a mudanças, as condicionantes impostas pelo novo horário afectam o humor".
Meira da Cruz aponta alguns sintomas causados pela alteração da hora, como prevalência de alguns tipos de dores de cabeça, nomeadamente a cefaleia hípnica (surge durante o sono) e a cefaleia em salvas (dor muito forte só num lado da cabeça). Segundo o especialista em medicina de sono, "estas condições são frequentemente desencadeadas por alterações nos ritmos circadiários estabelecidos naturalmente".
Uma vez que a "capacidade de alerta" da pessoa oscila com o "carácter circadiário" e com o aumento do tempo na escuridão, o risco de acidentes é também aumentado, alerta.
Para o especialista, a mudança da hora "é mais um exemplo do predomínio de interesses económico-financeiros, que vigora no mundo, em detrimento daqueles dirigidos à promoção da saúde".
"Efectivamente a alteração proposta originalmente por Benjamim Franklin, perspectivava a rentabilização de energia luminosa poupando gastos", mas "em rigor, não só não se confirmaram os ganhos teorizados, como se tem vindo a descobrir perdas importantes associadas à alteração brusca da hora", sustenta.

outubro 19, 2016

Atraso de vida...


Excerto de um artigo do JN de 24 de Outubro de 2014, que infelizmente se mantém actual:

(...) Na madrugada de domingo [dia 30 de Outubro, em 2016], os relógios atrasam 60 minutos, às 2 horas, no continente e na Região Autónoma da Madeira, e atrasam o mesmo tempo, mas à 1 hora, nos Açores. Portugal passa a estar alinhado com o tempo universal (tempo médio de Greenwich, TMG), conforme informação do Observatório Astronómico de Lisboa.
Estar alinhado com o tempo universal significa que está no fuso horário 0 (igual ao do meridiano de Greenwich, que se convencionou usar como marcador para o tempo).
A mudança da hora acontece em todos os países da União Europeia, no mesmo momento, mas outros países que não fazem parte do grupo dos "28" escolheram seguir as mesmas normas.
Na Europa, só alguns países de Leste não atrasam os relógios uma hora no próximo domingo nem os adiantam em Março. A Rússia está desde 2011 sem mudança de hora e, no ano passado [2013], a Crimeia, que pertencia à Ucrânia, escolheu juntar-se a Moscovo e fez da mudança para a hora russa um acontecimento nacional.
Em África a hora é inalterável na maior parte dos países, o mesmo acontecendo na Oceânia e na Ásia, onde apenas cinco países mexem nos relógios.
Do outro lado do mundo, no continente americano, há mais países que também têm hora de inverno e de verão mas ainda assim, com exceção da Europa, são mais os que não mudam do que os que mudam.
Na Europa, a norma começou na altura da I Guerra Mundial e teve como objectivo poupar combustível numa altura em que este era racionado. Actualmente já não há um impacto económico, mas apenas social, já que os horários de trabalho coincidem mais com a luz solar. Ainda assim, a União Europeia reavalia a manutenção dos horários de verão e de inverno de cinco em cinco anos.
Em Portugal, em 1992, o Governo, então chefiado por Cavaco Silva, adoptou o horário da Europa central, mas a opção foi muito criticada. Porque no inverno sol nascia muito tarde e, no verão, era de dia até depois das 22 horas. A partir de 1996, o Governo chefiado por António Guterres voltou ao antigo método.
Hoje a questão não é polémica em Portugal. É certo que os dias vão escurecer mais cedo, mas também é certo que é bom ter mais uma hora na noite de sábado para domingo, do último fim de semana de Outubro, independentemente da forma de a usar. Excepto talvez para quem trabalhe por turnos. A "vingança" chega em Março.