outubro 09, 2008

Economia paralela sempre é melhor que economia oblíqua!


A economia anda estúpida.
Não é que alguma vez tenha estado bem. Só que agora estão a vir alguns podres ao de cima. E não são nem serão todos!
Com esta aflição dos bancos e dos governos que os querem «salvar», lembro-me das várias vezes em que tive que negociar com bancos (e com o Estado e a Segurança Social, diga-se) a dívida de empresas em dificuldades, tentando torná-las viáveis e evitando o desemprego de muitas pessoas.
Por mais que me esforçasse nas negociações, interiormente senti sempre que não poderia exigir muito, já que o perdão de dívida é uma forma indirecta de prejudicar as empresas concorrentes que conseguem cumprir os seus compromissos.
Faliram já muitas fábricas que acompanhei de perto (profissional ou emocionalmente) - têxteis, confecções, cerâmicas,... - ao longo dos últimos anos.
As pessoas (por vezes famílias inteiras) que ficaram desempregadas tiveram que se fazer à vida noutras actividades, emigrando,...
"São as leis do mercado", diziam-nos.
Espero que estas mesmas leis do mercado se apliquem agora aos bancos. Pessoalmente, não estou disponível para premiar, com os impostos que pago, gestões ineficientes e danosas, se as houve. Nem os salários e benefícios principescos que se praticam nesse sector. Quem especulou, que assuma as consequências dos riscos que correu. «É a vida!»
Será pedir muito?!
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Entretanto, o Raim consegue dizer mais que eu (como é hábito), com um desenho:


Raim's blog

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Em tempo: li hoje uma notícia no «Expresso» com o título «O golpe de Estado financeiro na América». Nesse artigo, as origens do actual 'crash' são explicadas por uma ex-'insider' da Wall Street, Catherine Austin Fitts, que em 1990 foi demitida do Departamento da Habitação, depois de denunciar o sistema ligado ao escândalo financeiro das Savings & Loans.
Desse artigo, achei especialmente interessantes dois parágrafos (os destaques são meus):
"O sistema cresceu e consolidou-se porque beneficiou toda uma cultura americana de viver a débito e de enriquecer com rendas nos instrumentos 'tóxicos', nas bolsas ou na exportação de capitais. Os gloriosos trinta anos de esplendor económico da América com três 'bolhas' sucessivas (dos anos 1980, depois das 'dot-com' e, finalmente, do crédito hipotecário) alimentaram-se dessa criatividade."
"Alguns analistas designam este período (transitório) que temos pela frente de "capitalismo de regulação" ou "capitalismo colete de salvação" (life-jacket capitalism). "O pacote de salvação ataca um sintoma de curto prazo, para impedir deslindar-se as raízes do problema", frisa a conselheira de investimentos que dirige a Solari."

Só um cego não vê!

4 comentários:

  1. ...acho que ficou aqui muito bem
    :o)

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  2. Gostei particularmente de ler o artigo da Isabel do Carmo na revista online o tal Free Zone. A grande porra é que mesmo economias saudaveis estão a ser contaminadas por este dinheiro fantasma que as hienas inventaram. Para mim só haveria uma solução. Drástica talvez mas ja mostrou ser a única para travar este monstro: encerrar as bolsas. Uma vez que elas já nao transaccionam valores produzidos mas encenações especulativas onde os milhões não tem qualquer correspondência real, seria talvez hora de desligar o botão e acabar com o pesadelo virtual.

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  3. Eu não conseguiria sugerir melhor decisão, "se um dia eu mandasse".

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