A terra esventrou-se e dela saiu o homem da serra. A mesma pedra que é chão também é teto, parede e contraforte. A terra é mãe-madrasta, mas ensina a amar o pouco que dá. Só vergastando ela chora um pouco do sustento que à míngua o filho lhe pede. E assim dançam por largos anos até que, num dia marcado no calendário do filho, outros abrem uma cova e nela o depositam. Incestuosamente ele desce até lá e, com aviso, vai fecundá-la, fechando o ciclo do filho e perpetuando os ciclos da mãe. Este é o fado do homem filho da serra.
julho 18, 2014
SERRANO
A terra esventrou-se e dela saiu o homem da serra. A mesma pedra que é chão também é teto, parede e contraforte. A terra é mãe-madrasta, mas ensina a amar o pouco que dá. Só vergastando ela chora um pouco do sustento que à míngua o filho lhe pede. E assim dançam por largos anos até que, num dia marcado no calendário do filho, outros abrem uma cova e nela o depositam. Incestuosamente ele desce até lá e, com aviso, vai fecundá-la, fechando o ciclo do filho e perpetuando os ciclos da mãe. Este é o fado do homem filho da serra.
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Que lindo!
ResponderEliminarLembrei-me, ao ler o texto, da letra O CIO DA TERRA (Chico Buarque)- letra linda e melodia ainda melhor, assim diz, em determinado trecho:
"(...)
Afagar a terra
Conhecer os desejos da terra,
Cio da terra, propícia estação
E fecundar o chão."
Tão bonita, essa música...
EliminarD+++++
ResponderEliminarO ciclo repete-se. A mãe gerou os serranos que vão sepultando outros serranos e fecundando essa terra que é Mãe mas que no final como os próprios filhos
ResponderEliminarA terra é sempre o ventre bendito
ResponderEliminarque o homem come...