Ao sistema só interessa o filet mignon |
Podemos facilmente deslizar pelos argumentos recorrentes e sistemáticos e aceitar o facto indiscutível de que apenas criando riqueza se pode distribuir e que os mais bem colocados têm também outros meios para garantir a manutenção dos seus interesses. Contudo, vivemos num mundo onde nunca houve tanta riqueza produzida e contudo? Nunca as dívidas dos países foram tão expressivas como nos tempos actuais.
O que devemos concluir deste estado de coisas?
Qual a origem da súbita pressão para a resolução de dívidas num sistema que cresceu precisamente sobre os mecanismo do crédito?
Se olharmos com algum sentido crítico para os blocos publicitário das TV generalistas encontramos uma ponta solta neste imenso novelo. A evolução das publicidade mostra algo que não nos deve surpreender. São cada vez menos empresas nacionais a publicitar e os blocos são em grande maioria de produção internacional de empresas multinacionais. Os anúncios sucedem-se em ciclos repetitivos e onde antes se viam apelos ao consumo de produções locais e nacionais o espaço é praticamente todo tomados pelos interesses gigantes
Esta constatação, aparentemente um pouco à margem do tema, é no entanto revelador das motivações e meandros com que os políticos tratam das economias dos seus Países.
Quando alguém afirma que as pessoas podem estar pior mas que o país está melhor, então temos o princípio da formação de castas em evidência.
As pessoas, no fundo, quem faz o mercado, são relegadas para um "problema" para ser resolvido pela relação entre distribuidoras e políticos. A um outro nível se discute o filet mignon, ou seja, as grandes movimentações de capitais onde o interesse do indivíduo é apenas um pormenor numa black-box de um fluxograma cujo interior não cabe observar. Tal como um general para quem as tropas apenas são activos e não gente que sofre e morre, também esta nova organização social tende a olhar para as pessoas como meros activos contabilísticos englobados numa mole indistinta, numa caixa negra que é apenas um dado de importância menor.
Cada vez mais a fasquia separadora fica mais além. O sistema não quer lidar com coisas pequenas, pequenas empresas, pequenas iniciativas, até os Bancos foram progressivamente secundarizados, levados à falência, num processo que mais do que imputável aos gestores, é da responsabilidade do sistema internacional no qual eles estavam inseridos.
E, lamentavelmente, temos políticos que alinham por esta bitola.
Assim se compreende como se negociou - se é que se pode chamar negociar- durante o período de assistência financeira que por cá Passos Coelho presidiu. Tratou-se dos interesses do país tal como dos blocos publicitários nas TV: interesses dos grandes, que de modo geral não tem qualquer interesse para o que nos interessa individualmente.
Um mundo neo-liberal, dominado por politicos sub-servientes sob uma pressão financeira sabe-se lá de que forma foi orquestrada, a mando das mega- corporações.
Isso por um lado.
Por outro, aquela coisa incómoda que em vez só de consumir, quer ordenados para produzir o que eles vendem, quer saúde e ensino grátis e ainda por cima, pasme-se, quer ter uns dias de descanso, uns feriados, umas férias. E depois, como se isso não bastasse, exigem uma côdea quando ficam velhotes e entram na
Pessoas, uma sub-casta incómoda... |
Despesas, está a ver-se, não está-se...?
Um problema que é preciso que a casta dos políticas resolva, diz a casta dos financeiros do alto da sua sobranceria, para quem as pessoas são menos do que uma sub-casta com a qual não sujam as mãos.
Por isso, a atitude do actual governo de Costa em Bruxelas consegue soar-nos a estranho. Haver quem se atreva a negociar interesses das pessoas em vez de tratar dos pacotes a granel e atacado, dá uma espécie de sinal de voltar atrás, de retomar outro caminho. Vejamos se entretanto os sargentos de serviço não fizeram o que normalmente era a sua missão de combate: obstruir os pontos de retirada e dinamitar as pontes....
Temos sempre as pontes militares...
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