julho 18, 2016

«Como assaltar um banco sem ir preso» - António Pimpão

Recomendação: não tente seguir as sugestões que se seguem pois, se o fizer, não sendo banqueiro, arrisca-se a ser preso e a ficar com o nome manchado na praça.
Para a hipótese de ser banqueiro, indico a seguir, sem obedecer a uma ordem especial, alguns tópicos para juntar muito dinheiro subtraído ao banco. Posso assegurar que o assunto não envolve qualquer risco.
Ei-los:
1.º - Crie uma sociedade num paraíso fiscal e, através do banco, empreste-lhe uma quantia considerável (milhares de milhões), recebendo como garantia as ações dessa mesma sociedade. O dinheiro assim emprestado servirá para sacar o máximo em proveito próprio, para pagar favores a políticos ou administradores subservientes de sociedades associadas e pagar, por fora, as gratificações aos administradores e diretores do banco.
Claro que, sem qualquer atividade ou receita e despojada do dinheiro emprestado, a sociedade acabará por ir à falência. Neste caso, as ações dadas como garantia são executadas pelo banco mas, como a sociedade vale zero, a perda é total. Esta perda vai deduzir aos lucros do banco, baixando a sua matéria coletável e os impostos a pagar, pelo que, como se vê, o estado acaba por suportar cerca de 1/3 da perda/desvio.
2.º – Empreste uns milhões a um amigo de confiança (por exemplo, o Bibi) que, em contrapartida, lhe fará um donativo de uns milhões. Mesmo que a judiciária ou o ministério público venham a descobrir, não se preocupe: arranje um parecer de um catedrático de Coimbra a argumentar que se tratou de uma liberalidade do amigo em retribuição de conselhos em tão boa hora dados. Claro que o amigo nunca mais vai pagar o empréstimo mas o contencioso do banco também não vai mexer uma palha para tentar a cobrança. A perda assim sofrida pelo banco vai reduzir a sua matéria coletável e … (ver parte final do caso 1);
3.º – Intervenha como consultor do fornecedor estrangeiro de equipamento de defesa (por exemplo, de submarinos) e conduza as coisas para que o preço da adjudicação seja empolado por forma a comportar uma quantia que o referido fornecedor lhe pagará em comissões faturadas por uma empresa fictícia com sede num paraíso fiscal. A referida comissão será, depois, repartida entre os administradores, políticos e diretores, sem inclusão na declaração fiscal de qualquer destes beneficiários.
O que a seguir tem que fazer é exercer lobbying junto do governo para que aprove um Regime Especial de Regularização Tributária (RERT) em que, mediante o pagamento de 5% do dinheiro desviado, fica com ele bem lavado e sem o risco de lhe vir a ser imputado qualquer crime. E nem precisa de repatriar o dinheiro desviado. Com a vantagem de este RERT dar cobertura a qualquer das modalidades utilizadas para desviar o dinheiro para offshores.
4.º – Faça empréstimos sem medida nem controlo a um banco participado com sede nas antigas colónias (por exemplo, Angola). Está assegurado que nem o banco de Angola nem o banco de Portugal exercerão qualquer supervisão ou criarão obstáculos. Esse dinheiro será depois emprestado, sem garantias nem registo de quem são os seus beneficiários (entre os quais se encontrará, necessária e maioritariamente, @ amig@). Para lançar poeira nos olhos dos auditores, o governo angolano subscreverá uma garantia mas, chegada a hora, essa garantia será recusada, sem protestos dos acionistas, do banco de Portugal ou do governo.
5.º - Proceda à emissão, através do seu banco, de obrigações subscritas por empresas do grupo falidas. Logo a seguir, venda-as prontamente essas obrigações a uma financeira manhosa mas de confiança, sedeada por exemplo na Suíça, por um preço consideravelmente inferior àquele a que as mesmas obrigações serão a seguir colocadas por esta financeira em clientes naturalmente incautos, através dos balcões do próprio banco (a intervenção da financeira serviu apenas para desnatar, para formalizar o desvio). Esta financeira com sede na Suiça, não sujeita a auditoria, ficará, sem mexer uma palha - pois todas as transações foram faz de conta -, com o lucro correspondente ao referido diferencial, ficará com uma pequena parte para si, a título de comissão, e, o restante, ficará para @ amig@.
Esta operação acarretará, necessariamente, considerável prejuízo para o banco. Em condições normais, este prejuízo deduziria aos lucros da atividade bancária e faria com que o banco pagasse menos impostos; em condições anormais, e devido à convergência de vários problemas, provocará a falência do banco. Sem stress, pois a banca não pode ir à falência, por causa do tal risco sistémico, e alguém – o mexilhão - vai ser chamado a pagar.
Tem aqui, pois, 5 sugestões todas elas realistas e praticáveis (e praticadas!). Qualquer semelhança com a realidade não passa de pura coincidência.
Se, depois disto, ainda estiver preocupado sobre como encobrir ou lavar o dinheiro assim desviado é porque esteve desatento ao que foi sendo aqui dito. Ou me expliquei mal!
Como é bem de ver, tudo isto só é viável se for banqueiro pois, como vem nos livros, todo o banqueiro é pessoa séria e honrada, acima de quaisquer suspeitas. O que não tem admitido prova em contrário.

António Pimpão

2 comentários:

  1. Em tempos tinha pensado numa estratégia diferente, mas agora, perante o mega-volume do que é apresentado, a minha ideia era a de um pilha-galinhas.
    E consistia simplesmente em colocar o conteúdo de uma garrafita de clorofórmio na entrada das condutas de ar acondicionado, esperar cinco minutos e entrar depois com um saco de plástico e uma máscaras, por causa das câmaras. Depois era só abrir as caixas e rechear o saco. Mas isso daria apenas, e em dias "bons" uns quantos dezenas de milhares. " Piners" como dizia o outro. Piners....

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