O caso do
assalto a Tancos, que teve de imediato
implicações e dividendos políticos, é uma história muito
mas mesmo muito mal contada.
A versão "oficial", largamente repercutida pelos Media,
é
a de que quantidade apreciável de material bélico teria
sido furtado em dois paióis do
Exército há alguns dias,
aproveitando falhas do sistema de segurança e que todo
o pesado material teria saído do recinto através de um
buraco feito pelos assaltantes na cerca de arame.
Mas esta versão não é de todo credível. Os paióis
situam-se a meio quilómetro do buraco na vedação. Os assaltantes teriam
portanto cortado o arame farpado, percorrendo a pé uma longa distância,
arrombando depois os portões que decerto não estariam no trinco, mas tratando-se
de um quartel, estranhamente ninguém deu por qualquer ruido ou movimento
suspeito.
Após isto, escolheram
calmamente o material que procuravam, coisa que no fim pesava várias toneladas.
Nestas operações teriam de ter gastado forçosamente um lapso de tempo apreciável; e depois, sem outros meios do que as mãos, teriam
de ter transportado todo o material, percorrendo o caminho inverso para carregar um
camião que teria de estar estacionado nas proximidades, sem que esse facto pudesse espoletar qualquer suspeita...
Ora esta narrativa é
totalmente impossível de aceitar.
A ter efectivamente desaparecido o material
este só poderia ter sido feito por um veículo a entrar pela porta de armas,
obviamente através de informação interior, orquestrada por responsáveis, sendo o
buraco na vedação uma falsa e pueril manobra de camuflagem e despiste. Quem
estivesse de serviço à porta de armas, ou seria conivente ou apenas alguém a
cumprir ordens superiores. Não é líquido que um camião entre e saia fora de
horas de um quartel sem ordens expressas, sem autorizações, sem revista, sem
documentação mormente tratando-se de uma instalação militar de características
tão especiais como o são os que guardam paióis desta envergadura no seu interior.
Outra hipótese é a que
melhor casa com tantos episódios “dejá vue” deste tipo. Desde o gerente
comercial ou bancário, até à empregada doméstica, prestes a serem apanhados em
desfalque e que no limite ensaiam um assalto para esconder apropriações e
esquemas ilegítimos.
É possível que este “assalto”
mais não seja do que uma tentativa de fazer encaixar na existência do material
do exército, equipamento que nunca existiu. Não é nada de novo e toda a gente
ainda se lembra dos últimos escândalos envolvendo altas patentes militares em
torno dos negócios de fornecimentos. Esta hipótese destaparia desde logo esquemas de corrupção
ao mais alto nível.
Seja como for caberá à
Policia Judiciária, se não for alvo de ordens esconsas, descobrir o que parece, aparentemente, ser simples de deduzir. O mesmo assunto entregue à equivalente militar não
conduzirá a nada. Estamos todos lembrados dos recrutas mortos em exercícios de
comandos, acontecimento que a Judiciária rapidamente deslindou. Tivesse o caso
sido entregue como tradicionalmente aos serviços do exército e ainda estariam
nas nebulosidades que continuam a envolver os falecidos de anos anteriores e em iguais cursos
e circunstâncias.
Acresce-se a isto tudo
os desenvolvimentos laterais, o aproveitamento político, as notícias
oportunamente divulgadas na imprensa Espanhola, curiosamente no mesmo órgão
informativo onde um tal apócrifo Sebastião Pereira alimenta a sua sanha e ódio
à actual solução governativa.
Como é que uma lista
pertencente a um universo de conhecedores relativamente fechada aparece num
jornal Espanhol é mais uma razão para que se interroguem alguns dignitários de
altos cargos e se investigue os seus entornos.
Seja como for, a lista
agora tornada pública retorna-nos ao princípio. Repare-se como parece uma lista
de compras de supermercado. Nada que se pareça com o atabalhoamento derivado da
adrenalina de um assalto onde qualquer assaltante luta contra o tempo. Não! É antes de mais o resultado do diferencial entre
o deve e o haver de um inventário. Coisas que supostamente se teriam comprado mas
que aparecem em falta. Onde estão? Em lado algum? Vamos ser apanhados? Faça-se um assalto. Já provou
dar resultado.
Há dois anos foi nos Comandos e até agora não se descobriu quem
teriam sido os assaltantes…..
Claro!
ResponderEliminar...escuro, pintou Rembrandt.
EliminarComo sou da área técnica, já não posso ouvir falar da coisa do "sistema de video vigilância". A maior parte das reparações das câmaras de vigilância são coisas acessíveis e falo com experiência profissional pois tenho reparado muitas. Mas até uma porcaria de uma câmara vulgar assim para fazer um desenrasque custa meia dúzia de tostões. E depois, se "não tinham verba" para a coisa, há sempre o velho truque das juntas de freguesia: o potes de cal para caiar a fonte. Se não fossem as verbas para caiar as fontes, muitas pequenas obras que as Juntas fazem teriam de esperar as autorizações e burocracias do costume. Aposto que também nos quartéis ha´verbas para "caiar as fontes" que vão para todos os sítios menos para as fontes e ainda menos para reparar as câmaras.
ResponderEliminarMas no fim de tudo ainda fica o mais simples, gente a passar ali de hora a hora. Como aquilo é grande e como se tem de poupar nos veículos e combustível, podiam sempre recorrer a umas rondas de bicicletas onde uns tropas de cão ao lado e "walkie talkie" de imediato dariam conta e alarme caso alguma coisa corresse diferente o que o esperado. Claro: no paiol existiria o tradicional relógio de ponto. Nem precisa de ser electrónico, desses que usam no local um teclado com um código e registam em forma de aviso áudio no gabinete do oficial de dia e gravam esse aviso numa base de dados. Pode ser o velhíssimo relógio de ponto com o disco em papel. Pode ser um telefone local com um número de acesso de segurança em vez da chave que se pode perder etc. Ou seja, quando se quer instituir mesmo a sério um sistema de segurança e vigia, tudo serve para cumprir o desiderato, e tudo serve também
para servir de desculpa.
E Vasco Lourenço também acha a coisa.... muito mal plantada.... http://www.dn.pt/portugal/interior/vasco-lourenco-diz-que-a-historia-esta-muito-mal-contada-8619003.html
ResponderEliminarA coisa começa a compor-se. Afinal, parece que algum do material "roubado" já tinha sido apreendido pela PJ. Ou seja, a notícia de terem sido "roubadas" agora, para carregar em cima do governo, soa cada vez mais a um golpe palaciano, aproveitando a onda gerada pelo mega incêndio de Pedrógão Grande. Não tarda vão descobrir que não desapareceu arma alguma e que foi tudo armado como uma operação mediática de desgaste à imagem do governo. Há gente para tudo, Espero é que a Ministra da Justiça, tome as rédeas disto e ponha ordem na casa, não vão os golpistas saírem pelas portas dos fundos sem serem chamados à responsabilidade, pois sabemos quanto ou quão pouco se pode confiar em certas..... independências...
ResponderEliminarhttp://www.jornaleconomico.sapo.pt/noticias/tancos-armas-roubadas-ja-tinham-sido-apreendidas-pela-pj-180745#.WV-yX9FteuZ.facebook
Mais uma pessoa que pensa pela sua cabeça e não usa demagogias baratas.
ResponderEliminarhttps://dasculturas.com/2017/07/09/e-se-em-tancos-nao-tivesse-havido-nem-assalto-nem-roubo-nem-furto-rodrigo-sousa-e-castro/comment-page-1/#comment-5681
Informação sobre os "progressos" nas investigações. Afinal sabia-se já de muita coisa esquisita e logo nas primeiras horas após o suposto assalto.
ResponderEliminarTem graça não levaram dos paióis o que era valioso e levaram na sua esmagadora maioria sucata avaliada em 34 mil Euros destinada ao abate !!!
"O CEME transmitiu ainda aos deputados - a quem mostrou fotos do local - que o valor do material roubado ascendeu aos 34,4 mil euros
Chefe do Exército revela que quem roubou material militar dos paióis de Tancos deixou ficar mísseis Milan e TOW.
O general Rovisco Duarte deu esta informação aos deputados da Comissão de Defesa, onde foi ouvido durante quase três horas sobre o assalto aos paióis de Tancos .....
E novidades, há?
EliminarMeses depois.... já quase nem se fala nisso, a não ser para servir de muleta para apoio argumentativo,- à falta de melhor-, da actual oposição. Mas fica para o anedotário futuro. As armas "roubadas" estavam afinal ali num barraco qualquer quase ao fim da rua, metaforicamente falando. E, o melhor de tudo é que descobriu-se mais uma caixa de armas no rol das devoluções que afinal, nem tinha sido dada como estando em falta.
EliminarÉ de facto a cereja em cima do bolo nesta trapalhada toda e que demonstrará, assim que o pó da história assentar, que o dito "roubo" mais não foi do que uma jogada destinada a colher dividendos políticos. Até lá.