Já há umas cadeiras.
Ali no reino das certezas.
Bastante incomodadas com a tendência “viral” que este movimento está a gerar.
Os traseiros remexem-se.
Há desconforto, há vozes por detrás das portas fechadas.
Gargantas apertadas, olhos que se escondem, mas que para lá das cortinas estão espectantes.
Boas notícias.
Tudo boas notícias.
Alías, o poeta imortalizou que o importante é o desassossego de estar vivo.
Só as estátuas é que conseguem imortalizar um instante para a eternidade.
Tudo Passado, sem futuro: morto!
O Beja merece + já deixou de causar risinhos cínicos.
O Beja merece + saltou por cima dos ombros dos homens de bota alta.
Saltou por cima dos gravatistas, dos perfumistas, dos bem falantes, dos malabaristas.
Beja merece + está muito acima.
Isso incomoda, escapa ao controlo, escapa ao formato, está “out of the box”.
O imenso Sul do Alentejo não se reduz a um subúrbio.
Não precisa de migalhas nem de esmolas de Lisboa.
Tem direitos por mérito próprio, e não se vende.
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Publicado por Charlie
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março 20, 2018
março 03, 2018
CP, o paradigma da implosão, ou a falta de Visão Estratégica e Integrada dos Políticos.
mapa das ligações ferroviárias em 1985 |
Existe uma forma de apanhar um inteligente macaco sem lhe desferir qualquer golpe, ou de usar sequer uma rede, ou zarabatana anestesiante.
Basta tão só privá-lo da mais simples noção de prioridades posto diante do império da gula.
Num coco vazio abre-se um pequeno furo por onde se prende o coco a uma árvore através de um forte arame. Na face oposta faz-se outro furo, desta feita um pouco maior de forma a caber lá uma mão se os dedos estiverem todos esticados. Por fim põe-se uma guloseima no interior do coco e espera-se que o macaco descubra o tesouro.
O que se segue é dramático e hilariante ao mesmo tempo. O macaco, desejoso , mete a mão no orifício, apanha a guloseima. Só que agora, a mão fechada não passa pelo buraco. Ele esperneia, desespera, grita, puxa... mas nem por um instante tem a lembrança simples que apenas consistiria em abrir a mão e sair daquele filme onde fatalmente, depois de exausto, é capturado.
A saga da aventura ferroviária em Portugal passa por algo que a história do macaco preso pela gula metaforiza na perfeição.
Se atendermos aos mapas de caminhos de ferro num intervalo de tempo de cinquenta anos poderemos ver como a par do incremento das rodovias, as ligações por comboio foram sucessivamente desaparecendo.
mapa actual ferroviário |
Porque sim, dão prejuízo, mas muito menos do que a factura da importação de combustível para o carros.
Está-se agora no ponto da mão agarrada ao doce: o desenvolvimento económico exige desde há anos um investimento contínuo na forma mas barata de transporte.
A falta deste obriga ao abuso da rodovia, muito menos económico, obrigando a grandes importações de combustível. Sem querer largar mão da rodovia, onde nos estradas mais interiores também já deixou de investir, é preciso agora e de forma imperiosa investir muito mais na ferrovia. O resultado é a concentração de alguns investimentos e o descurar ainda mais das urgentes intervenções, algumas aguardando já décadas.
O macaco cansado não larga a presa que o prende.
Pior é que este é dos que se pudesse encolhia-se todo para meter-se dentro do coco.
Encolhia-se todo, implodia. E temos assim um país à boleia da implosão, cada vez mais litoral e concentrado, receita para o desastre.
O que alguém quis fazer em tempos foi considerado um "despesismo". E continuamos assim, presos aos macacos...
Publicado por Charlie
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