março 19, 2006

Organogramas, hierarquias e linhas da frente

Na sua crónica «À Luz do Dia» de ontem, na revista «Xis» do jornal «Público», Laurinda Alves escreveu que "felizmente não existe na XIS uma hierarquia em forma de pirâmide mas uma linha da frente onde cabemos todos e onde todos avançamos ao mesmo ritmo. Um ritmo muito contagiante, devo dizer."No meu livro «Persuacção - o que não se aprende nos cursos de gestão», defendo esse mesmo princípio e proponho que o organograma seja visto em cima de uma mesa e não afixado numa parede:
"O gestor não está «no topo da pirâmide» (visão deformada dada pelo tradicional organograma, visto na vertical) e sim «na ponta da seta» (imagem dada pelo organograma visto na horizontal): assegurando a direcção a seguir, a coerência da estratégia e a coesão da estrutura da organização. Se esta imagem fosse alterada, muitos preconceitos, complexos de superioridade (ou de inferioridade, para quem se sente «por baixo»), distanciamentos remuneratórios e «sociais» desapareceriam ou seriam, no mínimo, atenuados. No que respeita ao tema específico que estamos a abordar, poderia contribuir para uma mais fácil persuasão para a mudança, quando essa necessidade fosse detectada em qualquer área, por qualquer elemento da organização." (pág. 46)

6 comentários:

  1. Não poderia estar mais de acordo contigo!
    Na verdade, a própria representação do modelo cria, por um lado, e reflecte, por outro o "estado das coisas".
    A hierarquização vertical, até em termos de esquema mental, propicia a criação de "patamares" estanques de responsabilidade perante um determinado status empresarial, quando a responsabilidade deve ser encarada na perspectiva da partilha.
    Há, nos organigramas "tradicionais", uma herança que poderia, até, chamar-se feudal, por posicionar o topo da pirâmide mais perto dos céus... logo, de Deus ou dos deuses o que, também dessa forma, condiciona e indicia posturas.
    E a pirâmide não é vista como um vector indicativo de rumo a seguir, mas sim como uma mera representação do escalonamento social - o que nada tem a ver com a gestão em si mesma.
    Ponderassem melhor alguns gestores e talvez descobrisssem que os faraós não se colocavam no vértice da pirâmide, posição certamente incómodo para quem ali deseja ficar para toda a eternidade...

    Um grande abraço.

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  2. ... obviamente "incómodA", era o que deveria estar escrito acima.

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  3. excelente artigo e interessante ponto de vista

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  4. Concordo totalmente.Quando tive oportunidade de trabalhar contigo sentia que tentavas sempre estar ao lado e não no topo!

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