agosto 13, 2006

O comboio da linha da Beira Baixa

O Bruno Silva alerta-nos que "por vezes estamos condicionados por determinadas crenças e paradigmas sobre os quais não temos qualquer base de sustentação.Abordando esta temática, deixo um link com um texto humorado que demonstra, de uma forma simples, como muitas vezes surgem paradigmas que originam comportamentos que por vezes nem sabemos qual a sua razão de ser".

As pessoas que trabalham comigo, quando acontece algo do género - que é bem mais frequente do que possa parecer à primeira vista - dizem logo:
- Já sabemos! É a história do comboio da linha da Beira Baixa!

Descrevi essa história no meu livro, a respeito do argumentum ad antiquitatem (apelo à tradição ou apelo ao passado) - «sempre foi assim...», que pode ser uma forma passiva ou manifesta de obstáculos à mudança. Uso sempre como exemplo desta variante de falácia a «história da linha de comboio da Beira Baixa»: O comboio que durante muitos anos parava em Alcaria, uma pequena aldeia da Beira Baixa, durante largos minutos, mais do que nas estações das cidades de Castelo Branco e Covilhã. Quando o professor da terra questionou ao chefe da estação de caminhos-de-ferro a causa disso, soube passadas umas semanas que isso se devia ao facto de Alcaria se localizar exactamente a meio do trajecto da linha da Beira Baixa, ponto estratégico para a máquina a vapor se reabastecer de água. Só que há muitos anos atrás que as locomotivas a vapor tinham deixado de ser utilizadas nesta linha! Mas os horários continuavam a ser feitos com base naqueles que existiam no tempo dos comboios a vapor. De facto, como alerta Bolton, “se as pessoas não forem capazes de ver como as suas acções presentes são conduzidas pelas suas percepções, que são criadas pelas suas experiências passadas, então serão incapazes de criar um futuro distinto”. Obviamente, este argumento pode ser apresentado pela negativa: «nunca foi assim (... porque há-de ser agora?!)»

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