novembro 13, 2008

Que raio de pedido de desculpas!

"Peço desculpa aos senhores professores por ter provocado tanta desmotivação, mas é do interesse dos pais, alunos e escolas"
Maria de Lurdes Rodrigues, ontem, na Assembleia da República

Tal como eu, por vezes as minhas filhas fazem disparates.
E elas sabem que, se há coisa que me revolta, é quando elas pedem desculpa com uma entoação que dá a entender que é um frete o que estão a dizer.
E, mais ainda, quando após o pedido de desculpas ainda pioram mais as coisas colocando os pais no papel de maus da fita.
Maria de Lurdes Rodrigues, ontem, para pedir desculpas aos professores da forma como o fez, mais valia ter estado calada. Ou ela acha que os professores não têm autoridade moral para contestarem as políticas do ministério da Educação?!
É do interesse dos pais e dos alunos que os professores não tenham tempo para preparar aulas?!
É do interesse das escolas chular (a palavra mais adequada que encontro é esta) os professores, roubando-lhes (sim, é isso mesmo) tempo da sua vida pessoal e familiar?! Ou que nome se pode chamar a alegar que "tempo de reuniões não conta para o horário de trabalho"?! E continuando a "assobiar para o ar" para a falta de meios nas escolas que obrigam os professores a comprar as ferramentas e os consumíveis de que necessitam para trabalhar?!
Quando digo isto, levo muita porrada de colegas e amigos que não são professores nem estão casados com um exemplar desses, como eu. Mas em geral ficam calados quando lhes pergunto como seria se, nas empresas ou instituições onde trabalham, tivessem que comprar um computador portátil e andar com ele entre a casa e o trabalho porque o patrão só disponibilizava um computador cheio de vírus para mais de uma centena de trabalhadores... e tivessem que produzir e imprimir em casa (à noite e aos fins de semana) a documentação que produzissem para a organização, pagando tudo isso (tempo e dinheiro) dos seus orçamentos familiares. Devia ser bonito, devia...

7 comentários:

  1. Disseste tudo. Não entendo um país onde os pais (a maioria, ou pelo menos, os dos meus alunos) depositam nas mãos dos professores a educação que não lhes apetece dar-lhes em casa e, depois, não nos dão condições para o fazer (não que ache que devamos...) e ainda nos tratam como uma classe a destratar.
    Não gostasse eu tanto disto, pá...

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  2. Mas é isso mesmo que faz com que tudo semantenha como está; o gosto pelo ensino e o voluntarismo da grande maioria dos professores.

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  3. Então e o choque tecnológico que é ter uma tomada eléctrica numa sala para 14 computadores portáteis? E estar tudo descarregado no final da primeira aula? E estar tudo carregado de vírus, porque não há verba para o anti-vírus e quem tem de o adquirir é a própria escola e não o ministério? E... e... e...

    Não, definitivamente, não é para este Ministério que eu quero estar a pagar os meus impostos!

    Um abraço.

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  4. ... ou seja: a segredo está em os professores cagarem para esta merda toda e para os miúdos e fazerem-se difíceis. Pode ser que a coisa funcione como entre homens e mulheres: a gente faz-se difícil e os marmelos vêm atrás... Certo?

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  5. Tem dias, Paulinho, isso tem dias... :D

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