fevereiro 26, 2016

com a devida vénia, aqui se reproduz...

... uma reflexão/anúncio de Joana Amaral Dias que se considera interessante, por sintética e clara:

Ora bem, querem vocês saber como se faz um banqueiro em Portugal, certo? Muito simples: junta-se uma longa carreira numa jotinha partidária, uns tantos cargos políticos, fidelidade ao dono, um curso com passagem administrativa, um primeiro-ministro perigoso, um governador do Banco de Portugal pardacento, duas asas de morcego e voilà: Bingo! Miguel Relvas tem um banco! Ah, pois é. Um banco que tem licença para operar em Portugal, Moçambique, Angola e América Latina. Que lhe chegou às mãos porque o BPN - que custou ao Estado 6 mil milhões - foi vendido por Passos Coelho ao BIC por 40 milhões. Depois disso, sobrou o Efisa, uma instituição bancária de investimento do universo SLN/BPN, onde foram parar 90 milhões do dinheiro dos contribuintes via ex-primeiro- -ministro. Só então o Efisa foi vendido (por 38 milhões) à Pivot SGPS, da qual faz parte Miguel Relvas. Ou seja, pagámos 52 milhões a essa sociedade para ficar com o dito banco, livre de encargos adicionais. Bonito. Poético. Como diria Passos Coelho, "Social Democracia, sempre !" Ou, como disse o seu amigo e ex-ministro numa entrevista há uns meses: "A marca Relvas ainda é forte." Sorria, estamos a ser gamados.

Joana Amaral Dias

fevereiro 07, 2016

Centeno avalia a Troika. As vossas "reformas" foram um falhanço!

Porque é que esta notícia não passou nos telejornais? : 


As vossas "reformas" a que nos obrigaram, foram um FALHANÇO
Copio e colo o que se segue do Jornal de Negócios
Centeno contra-ataca em carta a Bruxelas: "reformas" da troika foram um falhanço
O ministro troca de papéis e passa de avaliado a avaliador. Aproveita a carta que enviou a Bruxelas para dizer que o programa de ajustamento da troika falhou, comprometendo o objectivo último do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC): 

pôr a economia a crescer.


É já no penúltimo parágrafo da carta que enviou à Comissão Europeia  e em jeito comentário final que Mário Centeno, o ministro das Finanças, se vinga da implacabilidade aplicada por Bruxelas à análise do seu esboço orçamental e às apreciações das suas políticas. Após elencar todas as novas medidas de austeridade a que foi obrigado para cumprir as regras do Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC), o ministro das Finanças aponta as baixas perspectivas de crescimento de médio prazo da economia portuguesa que ficam como legado das "muitas reformas" aplicadas pelo anterior governo sob a batuta da Comissão Europeia, do FMI e do BCE. E lembra: o objectivo chave do PEC é exactamente melhorar o potencial de crescimento.
Ladrões, ou apenas " põem-se a jeito "? 
"Como sabe, Portugal completou recentemente um programa de ajustamento económico" lê-se na carta endereçada a Valdis Dombrovskis, vice-presidente da Comissão Europeia e a Pierre Moscovici (2), o comissário responsável pelos assuntos económicos e financeiros, seguindo-se uma descrição dos resultados: "Muitas reformas foram implementadas mas o seu impacto falhou em materializar-se e o crescimento económico permanece baixo, pois o programa foi orientado para o curto-prazo e não conseguiu resolver os importantes entraves ao crescimento da economia portuguesa". Mais: "Estas fragilidades estruturais são da maior relevância pois comprometem as perspectivas de longo prazo da economia portuguesa – o objectivo chave do Pacto de Estabilidade e Crescimento", atira ainda o ministro português.
Em suma: um ajustamento estrutural concentrado apenas no curto prazo, que não eliminou os entraves ao crescimento, nem aumentou o potencial de crescimento da economia.
Confiamos um cozinhado ao Magoo? Não?
Então porque é que confiamos o País a ceguetas?
Passada esta refrega orçamental, e aprovado o orçamento, Mário Centeno diz que o Governo "baseado no seu programa, prestará particular atenção no próximo ano a implementar reformas estruturais", concentrando o seu espírito reformista em quatro áreas: administração pública; segmentação do mercado de trabalho e financiamento da segurança social; capitalização das empresas; e reforma do sistema regulatório, um tema que o ministro tem repetido como urgente, especialmente após os desaires de final do ano com Banif e Novo Banco.
É caso para dizer que contas com contas se pagam !"

charlie

fevereiro 04, 2016

O sistema Neo-liberal e as novas castas.

Ao sistema só interessa o filet mignon
Desde que a crise se instalou tem-se assistido a uma progressiva clivagem entre estratos sociais, uma diminuição dos padrões da chamada classe média e um disparar das assim ditas "classes altas".
Podemos facilmente deslizar pelos argumentos recorrentes e sistemáticos e aceitar o facto indiscutível de que apenas criando riqueza se pode distribuir e que os mais bem colocados têm também outros meios para garantir a manutenção dos seus interesses. Contudo, vivemos num mundo onde nunca houve tanta riqueza produzida e contudo? Nunca as dívidas dos países foram tão expressivas como nos tempos actuais.
O que devemos concluir deste estado de coisas?
Qual a origem da súbita pressão para a resolução de dívidas num sistema que cresceu precisamente sobre os mecanismo do crédito?
Se olharmos com algum sentido crítico para os blocos publicitário das TV generalistas encontramos uma ponta  solta neste imenso novelo. A evolução das publicidade mostra algo que não nos deve surpreender. São cada vez menos empresas nacionais a publicitar e os blocos são em grande maioria de produção internacional de empresas multinacionais. Os anúncios sucedem-se em ciclos repetitivos e onde antes se viam apelos ao consumo de produções locais e nacionais o espaço é praticamente todo tomados pelos interesses gigantes
Esta constatação, aparentemente um pouco à margem do tema, é no entanto revelador das motivações e meandros com que os políticos tratam das economias dos seus Países.
Quando alguém afirma  que as pessoas podem estar pior mas que o país está melhor, então temos o princípio da formação de castas em evidência.
As pessoas, no fundo, quem faz o mercado, são relegadas para um "problema" para ser resolvido pela relação entre distribuidoras e políticos.  A um outro nível se discute o filet mignon, ou seja, as grandes movimentações de capitais onde o interesse do indivíduo é apenas um pormenor numa black-box  de um fluxograma cujo interior não cabe observar. Tal como um general para quem as tropas apenas são activos e não gente que sofre e morre, também esta nova organização social tende a olhar para as pessoas como meros activos contabilísticos englobados numa mole indistinta, numa caixa negra que é apenas um dado de importância menor.
Cada vez mais a fasquia separadora fica mais além. O sistema não quer lidar com coisas pequenas, pequenas empresas, pequenas iniciativas, até os Bancos foram progressivamente secundarizados, levados à falência, num processo que mais do que imputável aos gestores, é da responsabilidade do sistema internacional no qual eles estavam inseridos.
E, lamentavelmente, temos políticos que alinham por esta bitola.
Assim se compreende como se negociou - se é que se pode chamar negociar- durante o período de assistência financeira que por cá Passos Coelho  presidiu. Tratou-se dos interesses do país tal como dos blocos publicitários  nas TV: interesses dos grandes, que de modo geral não tem qualquer interesse para o que nos interessa individualmente.
Um mundo neo-liberal, dominado por politicos sub-servientes  sob uma pressão financeira sabe-se lá de que forma foi orquestrada, a mando das mega- corporações.
Isso por um lado.
Por outro, aquela coisa incómoda que em vez só de consumir, quer ordenados para produzir o que eles vendem, quer saúde e ensino grátis e ainda por cima, pasme-se, quer ter uns dias de descanso, uns feriados, umas férias. E depois, como se isso não bastasse, exigem uma côdea quando ficam velhotes e entram na
Pessoas, uma sub-casta incómoda...
total inutilidade.  Tudo coisas muito más para a economia.
 Despesas, está a ver-se, não está-se...?
Um problema que é preciso que a casta dos políticas resolva, diz a casta dos financeiros do alto da sua sobranceria, para quem as pessoas são menos do que uma sub-casta com a qual não sujam as mãos.
Por isso, a atitude do actual governo de Costa em  Bruxelas consegue soar-nos a estranho. Haver quem se atreva a negociar interesses das pessoas em vez de tratar dos pacotes a granel e atacado, dá uma espécie de sinal de voltar atrás, de retomar outro caminho. Vejamos se entretanto os sargentos de serviço não fizeram o que normalmente era a sua missão de combate: obstruir os pontos de retirada e dinamitar as pontes....