abril 14, 2016

o Colégio Militar e algum esclarecimento útil

Porque de atoardas mais ou menos disparatadas anda este nosso Portugal (e o mundo todo...) cheio, sempre com intuitos muito claros de promover desestabilidades úteis e convenientes, aqui divulgo o comunicado da Associação 25 de Abril relativamente à «questão Colégio Militar», para mais objectivo esclarecimento acerca do assunto em apreço e, já agora, repor alguma verdade nos factos.

Na verdade, os «órgão de comunicação» a que temos direito, para além da sua óbvia utilidade pública, transportam também em si quanta deliberada malevolência? E como escrutiná-los, depois? Vejamos, então:

A Associação 25 de Abril, fundada por militares de Abril, é uma associação que desenvolve as suas actividades no campo cultural e cívico e não no campo militar, ainda que procure dar também uma atenção especial a tudo o que se relaciona com as Forças Armadas e a Defesa Nacional (cumprindo assim o estabelecido nos seus estatutos).
Aliás, há momentos em que todos esses campos se misturam, se entrelaçam, sendo difícil isolá-los uns dos outros.
O caso da apresentação do pedido de demissão, por parte do general Carlos Jerónimo, do cargo de Chefe do Estado Maior do Exército é precisamente uma das situações em que a Associação 25 de Abril considera dever pronunciar-se publicamente.
Tudo teve origem em declarações públicas do subdirector do Colégio Militar que, podendo ser consideradas imprudentes e não “politicamente correctas”, foram deturpadas e deram origem às já naturais demagogias de alguns grupos de pressão, devidamente apoiados por algumas forças políticas.
Seria, aliás, interessante analisar quem provocou estas declarações e as razões escondidas porque o fez. Isto é, qual o objectivo pretendido ao provocar todo este alarido. Desde logo, podemos apontar duas hipóteses: A criação de justificações para provocar alterações na Direcção do Colégio Militar e na Chefia do Exército, ou o desviar atenções de escândalos que é preciso esquecer rapidamente… E, se assim foi como se admite que tenha sido, lá vieram logo alguns a morder a isca e a fazer o alvoroço que convinha.
Não se esperava é que o ministro da tutela, isto é, o Ministro da Defesa Nacional alinhasse na mesma tecla, desse voz à demagogia e tivesse uma inabilidade extraordinária, mostrando não perceber nada da psicologia dos militares.
Em vez de procurar resolver o problema internamente, decidiu “encher o peito” e vir para a comunicação social exigir explicações ao responsável maior do Exército, o seu Chefe do Estado Maior. Abusando ainda da sua posição de tutela e procurando intervir directamente na acção de comando que não lhe compete.
Teve a resposta que é própria dos militares com aprumo e coluna vertebral: o Chefe do Estado Maior perdeu a confiança no seu ministro e bateu com a porta.
Sintomaticamente, talvez porque o objectivo a alcançar é mesmo acabar com o Colégio Militar, como já acabaram com o Instituto de Odivelas, não assistimos à onda de indignação de tudo o que é “comentador político”, como se verificou no caso da ameaça de bofetadas feitas por um outro ministro, no caso o Ministro da Cultura.
Felicitando o general Carlos Jerónimo pela atitude firme, que o dignifica não só a si mas também ao Exército e às Forças Armadas, fazemos votos de :
·         Nomeação pelo Governo de um novo Chefe do Estado Maior do Exército, que continue o meritório trabalho que o seu antecessor vinha desenvolvendo.
·         Continuação da acção educativa e formadora do Colégio Militar, com a sua manutenção na esfera do Exército, que não teme a comparação com qualquer outro estabelecimento de ensino da mesma natureza. Nomeadamente na não descriminação de qualquer natureza, de acordo com o estabelecido na Constituição da República Portuguesa.
·         Que o Ministro da Defesa Nacional compreenda de vez que subordinação das Forças Armadas ao poder político não significa subserviência. O que implica, entre outras coisas, o respeito pelas respectivas competências e a não interferência abusiva nas competências dos subordinados.
Os militares têm como um dos princípios sagrados da sua acção esse procedimento.
Saiba o MDN compreendê-lo e praticá-lo igualmente.
Porque, se o não souber fazer, terá – ele ou quem o superintende -  de retirar as óbvias conclusões…

Lisboa, 13 de Abril de 2016
O Presidente da Direcção
Vasco Correia Lourenço


PS.
Aproveita-se para esclarecer uma noticia do Jornal  I de hoje:
1.     Nunca o coronel Vasco Lourenço fez qualquer apelo para que nenhum general aceite ser Chefe do Estado Maior do Exército.
À colocação da questão de que se sabia haver movimentações nesse sentido, limitou-se a dizer “ há quem defenda isso, por mim acho que seria desejável, mas não acredito que isso se verifique”.
2.       Nem o coronel Vasco Lourenço nem muito menos a Associação 25 de Abril estão envolvidos na preparação de qualquer manifestação contra o governo, no 25 de Abril ou noutra qualquer ocasião.