Como
eu gosto de Portugal e dos portugueses! Passamos a vida a dar novos mundos ao
mundo e tantas vezes nos esquecemos de que damos, amiúde, novos mundos a nós
próprios... e nem notamos
Vem
isto ao caso de, após um imbecilóide qualquer ter derrubado a estátua de D.
Sebastião na estação de comboios do Rossio, em Lisboa, apenas para se
imortalizar no efémero de um retrato – quando, afinal, poderia ter tentado o
mesmo feito e com maior sucesso nos sanitários públicos da mesma estação enfiando
a cabeça na bacia sifónica, sem partir nada… – e perante a estupefacção
arreliada de toda uma nação, se descobre que está salva a honra do convento, do
povo e do próprio D. Sebastião.
Então
não é que o Instituto de Oftalmologia Doutor Gama Pinto, também em Lisboa e que
teve ligações fortes à monarquia, tem um D. Sebastião igual e muito menos escaqueirado nas suas arrecadações e que, ainda para mais, poderá até ser a estátua
original?
Na verdade, Edmund Bartissol, um dos
engenheiros responsáveis pela obra da estação do Rossio, por ali passou, ao
tempo o Palácio dos Condes de Penamacor, o que explica a posse da estátua do
monarca, conforme nos esclarece o jornal Público através da administração da instituição.
Ora, essa actual instituição já contactou as Infra-Estruturas
de Portugal, com notável sentido cívico e civilizacional, no sentido de
proporcionar uma reparação mais célere e genuína à lesão ao nosso património
causada pelo totó - do qual, aliás, se espera que tenha, no mínimo, que
ressarcir o estado pesadamente pela estúpida ligeireza do seu acto estúpido.
Mas o que mais se releva de todo este feliz
desenlace é este facto indesmentível de que, em Portugal, quando se adensam
nuvens as mais negras sobre o destino da nação, nos aparecer um D. Sebastião ao
virar de cada esquina! Rejubilemos, pois, irmãos!
(Mas não nos esqueçamos, entretanto e no meio de tanta felicidade, de punir o palerma das selfies!)