junho 08, 2016
5 questões poderosas - Tony Benn
"5 questões poderosas (a fazer a quem tem ou quer ter poder político, em democracia * ):
1ª) Que poder você tem?
2ª) Como o obteve?
3ª) Exerce-o em nome de que interesses?
4ª) Responde perante quem?
5ª) Como podemos ver-nos livres de si?
* Só a democracia nos dá esse direito. É por isso que ninguém com poder gosta de democracia e é por isso que todas as gerações devem lutar para a obter e a manter. Incluindo você e eu, aqui e agora."
Tony Benn, 2005
«Caixa... é Caixa» - António Pimpão
De há uns tempos a esta parte que a comunicação social, alinhada com o governo, vem plantando notícias sobre a necessidade de capitalizar a CGD, sendo a EU apresentada como o mau da fita, por não consentir que o estado intervenha para capitalizar empresas públicas, por isso constituir uma forma de as subsidiar.
Finalmente – e como seria de esperar, pois já estamos suficientemente anestesiados com essas sucessivas notícias – a mesma comunicação social adianta que “Bruxelas dá luz verde a linhas gerais da recapitalização da CGD”.
Ora, iniciar a discussão deste assunto a partir da constatação da necessidade de a CGD ter que ser capitalizada é mistificador, pois se está, dessa forma, a passar uma borracha sobre as causas que conduziram a esta situação.
Não questiono que a CGD esteja descapitalizada e que, face à necessidade de cumprir determinados rácios e, até, por razões prudenciais, precise urgentemente de ver reforçados os seus capitais próprios, via aumento do capital social, que só o estado pode fazer por ser o seu único acionista.
Mas o que me causa indignação e mal estar é pensar nas causas que sistemática e convergentemente têm conduzido ao empobrecimento do banco, sem que qualquer dos gestores ou algum dos membros do governo acionista seja responsabilizado pelo estado a que isto chegou.
A CGD é o banco mais estatista, mais rígido, menos amistoso e mais caro do sistema bancário nacional. É o que, por um lado, cobra comissões mais elevadas e, por outro, o que mais colabora e facilita a vida aos grandes empresários, a quem sempre vem servindo de bengala, sendo, por isso, forte com os fracos e fraco com os fortes.
A CGD tem 19 administradores, todos eles muito bem remunerados. Para quê tanta gente a mandar? Mas o mais grave é que, quando abandonam a administração, independentemente do tempo em que exerceram funções, passam a auferir uma pensão de reforma igual ao seu vencimento, que é suportada pelo fundo de pensões, ou seja, pela própria Caixa (lembro a polémica a respeito da pensão de reforma de Mira Amaral, cujo direito foi adquirido ao fim de um ano de administrador).
As administrações da CGD não chegam a aquecer o lugar, não me lembrando de que algum dos seus membros tenha sido reconduzido. Em consequência, nestes 40 anos de democracia já devem ter por ali passado cerca de 300 administradores, todos eles a receber ainda opíparas pensões de reforma.
Os trabalhadores da CGD (e também os do Banco de Portugal) reformam-se aos 60 anos, contra 65 nos restantes bancos e atividades.
Apesar das elevadas comissões e taxas de juro que cobra, a CGD há 5 anos que tem vindo a apresentar elevados prejuízos. Esses prejuízos refletem más decisões tomadas pela administração e pelos diretores, pelo que são inexplicáveis e inaceitáveis as remunerações e demais regalias de que beneficiam, sem que seja feita qualquer avaliação do seu desempenho. E, depois, cá estamos nós, os contribuintes e acionistas, para cobrir as falhas, sem poder fazer perguntas sobre o assunto, pois outros decidem por nós.
Desta vez, serão cerca de 4 mil milhões de euros, que é uma pipa de massa, que o estado vai aplicar na CGD, às nossas custas. Esta quantia não é determinada nem vai servir para expandir o negócio; serve, sim, para tapar o buraco aberto pelos descomunais prejuízos dos últimos anos.
A parte substancial dessas perdas resulta de imparidades, ou seja, de não conseguir recuperar empréstimos que realizou no passado ou aplicações que fez em empresas de duvidosa rentabilidade, uma vez que tem estado sempre disponível para apoiar uma classe empresarial descapitalizada quando se trata de comprar, como parceiro financiador, algumas dessas empresas, que, depois, acaba por vender na altura em que começam a ser rentáveis, assim abdicando, a favor dos parceiros, das correspondentes mais-valias (vide Cimpor, Brisa, Compal e PT, além dos empresários Berardo, Fino e outros de cariz mais especulativo)
Como diriam os ingleses: “Who cares?!!!”
António Pimpão
Finalmente – e como seria de esperar, pois já estamos suficientemente anestesiados com essas sucessivas notícias – a mesma comunicação social adianta que “Bruxelas dá luz verde a linhas gerais da recapitalização da CGD”.
Ora, iniciar a discussão deste assunto a partir da constatação da necessidade de a CGD ter que ser capitalizada é mistificador, pois se está, dessa forma, a passar uma borracha sobre as causas que conduziram a esta situação.
Não questiono que a CGD esteja descapitalizada e que, face à necessidade de cumprir determinados rácios e, até, por razões prudenciais, precise urgentemente de ver reforçados os seus capitais próprios, via aumento do capital social, que só o estado pode fazer por ser o seu único acionista.
Mas o que me causa indignação e mal estar é pensar nas causas que sistemática e convergentemente têm conduzido ao empobrecimento do banco, sem que qualquer dos gestores ou algum dos membros do governo acionista seja responsabilizado pelo estado a que isto chegou.
A CGD é o banco mais estatista, mais rígido, menos amistoso e mais caro do sistema bancário nacional. É o que, por um lado, cobra comissões mais elevadas e, por outro, o que mais colabora e facilita a vida aos grandes empresários, a quem sempre vem servindo de bengala, sendo, por isso, forte com os fracos e fraco com os fortes.
A CGD tem 19 administradores, todos eles muito bem remunerados. Para quê tanta gente a mandar? Mas o mais grave é que, quando abandonam a administração, independentemente do tempo em que exerceram funções, passam a auferir uma pensão de reforma igual ao seu vencimento, que é suportada pelo fundo de pensões, ou seja, pela própria Caixa (lembro a polémica a respeito da pensão de reforma de Mira Amaral, cujo direito foi adquirido ao fim de um ano de administrador).
As administrações da CGD não chegam a aquecer o lugar, não me lembrando de que algum dos seus membros tenha sido reconduzido. Em consequência, nestes 40 anos de democracia já devem ter por ali passado cerca de 300 administradores, todos eles a receber ainda opíparas pensões de reforma.
Os trabalhadores da CGD (e também os do Banco de Portugal) reformam-se aos 60 anos, contra 65 nos restantes bancos e atividades.
Desta vez, serão cerca de 4 mil milhões de euros, que é uma pipa de massa, que o estado vai aplicar na CGD, às nossas custas. Esta quantia não é determinada nem vai servir para expandir o negócio; serve, sim, para tapar o buraco aberto pelos descomunais prejuízos dos últimos anos.
A parte substancial dessas perdas resulta de imparidades, ou seja, de não conseguir recuperar empréstimos que realizou no passado ou aplicações que fez em empresas de duvidosa rentabilidade, uma vez que tem estado sempre disponível para apoiar uma classe empresarial descapitalizada quando se trata de comprar, como parceiro financiador, algumas dessas empresas, que, depois, acaba por vender na altura em que começam a ser rentáveis, assim abdicando, a favor dos parceiros, das correspondentes mais-valias (vide Cimpor, Brisa, Compal e PT, além dos empresários Berardo, Fino e outros de cariz mais especulativo)
Como diriam os ingleses: “Who cares?!!!”
António Pimpão
junho 01, 2016
dia da criança
- escola privada – público esbulho
Já
que gestores e pais sem escrúpulos se destrambelham na mobilização de crianças
para manifestações de carácter absolutamente político, falacioso e oportunista, julgo ter também o
direito de aqui lavrar alguns comentários a propósito:
-
Com que então, se me apetecer andar num ferrari,
o estado tem a pouca vergonha de NÃO me atribuir um subsidiozito para o efeito?
Parece impossível! Isto já não há liberdade de escolha para um cidadão, mesmo
que se vista de amarelo! Isto é, sem margem para dúvidas, um claro ataque aos meus
mais elementares direitos! E, quem sabe, aos meus esquerdos, também…
Bom,
como tem sido largamente difundido pelas televisões, é de vómito o argumentário
dos queques defensores do ensino privado às custas dos impostos de todos.
Apetece-me
sempre, nestas ocasiões, atirar-lhes para o colo com o cadáver de uma das inúmeras
crianças mortas por afogamento no Mediterrâneo, por um lado porque isto anda
tudo ligado e, por outro, apenas para apurarem qual o possível sentido da vida
e da sua concomitante relatividade.
Um
único argumento, entretanto, prevalece, subliminarmente escondido naquele
argumentário: não temos pago, não pagamos
e não queremos pagar! Mas queremos usufruir.
E insistem os gestores dessas escolas privadas e alguns dos papás dos meninos compulsivamente
de amarelo: não nos apetece, pois, abdicar do inalienável direito de acharmos
melhor que os nossos filhos usufruam de condições a que a grande parte das
demais crianças não tem acesso - lá nos vão dizendo estas atrabiliárias
criaturas… - e estamo-nos nas tintas para isso e para vocês! Mas queremos que
nos paguem, pronto!
Assim,
sim, se vê o quão socialmente solidárias são estas bizarras criaturas. E espertas
que elas são, que ele, o chico-espertismo, pelos vistos campeia sem freios nestas
hostes.
- Grande lata! Então, paga-a, porra!
Não queres, antes e por exemplo, ó palerma, discutir a vida dos alunos cujos pais não têm dinheiro para os alimentar e cuja única refeição é obtida na cantina da escola?
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