setembro 23, 2016

alguém sabe como ladram os cães em americano?
- questão dirigida aos adeptos de BD

Tenho andado a ser violentado por um determinado tipo de cançonetas (?!?...) que me aparecem na rádio sem pedir licença - até nas emissoras mais insuspeitas - e porque tudo aquilo me parece surpreendente demais para ser verdade, mas porque assisto a festivais e outros que tais onde a rapaziada se desgrenha a acompanhar o cançonetista (?!?...), decidi efectuar uma pesquisa que me proporcionou uma descida alucinada a um universo piroso de que não fazia ideia, a não ser nalguns pesadelos urbanos, daqueles em que acordamos todos suados e com a sensação de que acabámos de correr uma maratona... 

Mas porque o saber não ocupa lugar e um homem deve estar completado com a emergência dos seus dias, lá fui ver o que se passava. As pérolas são mais do que muitas, de tal modo que acabei por apanhar um excerto aleatório, que convosco partilho.

Os intérpretes sofrem todos muito do mal da coita que, como se sabe, é o mal de amar. São, por isso, uns coitados. Gemem, choram plangências delicodoces até ao vómito e as lágrimas correm-lhes em ímpetos descontrolados, entre angústias existenciais, dores de corno e suspeitas de impotência. E continuam a gemer - oh, baby - e atiram telemóveis contra a parede como se não houvesse amanhã - oh, yeah - e fazem-no sempre com vozes aflautadas e trémulas que não auguram nada de bom...     

Vejam só:

Eu quero esquecer
Tua traição
E arrancar esta mágoa do meu coração
Mas está difícil (ta ta ta ta ta ta ta ta)
Mas está difícil (ta ta ta ta ta ta ta ta) oh yeah

Lhe tocaste aonde?
Lhe beijaste aonde?
Lhe falaste o quê?
Eu quero saber!
Lhe agarraste como?
Lhe Fizeste como?
A imaginação está-me a remoer eh eh
Como foste capaz?
Como foste capaz?
Será que também lhe disseste eu te amo?
Como dizes a miiimmmm.... (prolongável até ao infinito)

(Se alguém me pedir, eu anuncio a autoria... Mas é de um senhor que anda por aí, nas revistas da especialidade).

Experimentem «cantar» este naco em frente a um espelho, sentados ao contrário, isto é, de cabeça para baixo, todos nus, numa cadeira estofada e depois de comerem um belo cozido à portuguesa, por exemplo - outras variações serão admissíveis, como ficar de pé, também todos nus, mas com duas molas da roupa presas aos mamilos... 

Verão que, rapidamente, a voz se vos começa a aflautar e vos surge a sensação de que a vossa vida sentimental nunca mais será a mesma...

O que terá acontecido à Humanidade depois de terem aparecido os Doors ou a Pedra Filosofal?

2 comentários:

  1. As coisas que me obrigas a pesquisar. Eu sabia lá que havia uma obra prima assim, do mestre Anselmo Ralph...
    Obrigadinho, pá...

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  2. Quando o jornal (que os jornais de facto me perdoem a ofensa) mais lido é o lixo que se auto-denomina " Correio da Manhã" então, está tudo dito.
    Ninguém consegue ler o corpo de um artigo, é tanta a asneirada que se concluí haver ali o nítido "copy paste" só para encher o espaço que sobra depois da foto e o título. É preciso colocar alguma coisa até ao rodapé e meia duzia ou dúzia e meia de linhas em arabescos serve perfeitamente para um público que apenas lê a parangona e constrói a partir daí todo o universo que de forma pérfida a linha editorial desse pasquim pretende. As letras dessas tretas a que despudoradamente os autores chamam "canção" são farinha desse mesmo saco. Servem para abanar a anca e uma cabeça desmiolada que apenas sabem da canção o universal lá lá lá...

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