dezembro 29, 2016

Algumas pobres reflexões a caminho de um ano que lá vem (com algum asco pela «informação» do ano que vamos tendo)

- Morreu o músico George Michael. E foi triste e todos soubemos, mesmo os que não queriam saber.
Mas morreu, na mesma altura, o músico José Pracana. E foi triste e muito poucos souberam, mesmo os que quereriam saber.
Alguém questionou sobre o que é que os distinguia para tal diferente tratamento e muitas circunstâncias foram avançadas. A mais plausível: era português, cantava em Portugal e os noticiários são feitos por maltinha que só sabe inglês… ou mandarim.  
- Mário Soares é personagem conhecida. Controverso, está muito longe de unanimidades apreciativas. Foi um estadista, com sucessos, insucessos e outras coisas assim-assim. Integra, entretanto, a nossa História recente, com destaque. Hoje é um homem de muita idade, com severíssimos problemas de saúde. Circula, em torno do seu natural infortúnio, um hediondo circo de abutres mediáticos. Onde fica o respeito pela dignidade humana?
 - Disse-se para aí, em jornais «insuspeitos», imediatamente replicado exponencialmente nos fb do nosso descontentamento, que Elisa Costa, a mulher de um autarca de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, teria visto aumentar os seus rendimentos auferidos numa IPSS em 390%, apenas em cinco anos (passando de 475 € para 2.343, 71 €), sublinhando-se a ligação matrimonial e partidária. Afinal, apura-se que os «insuspeitos» compararam um vencimento em regime de meio-tempo, com posterior regime a tempo inteiro, se «esqueceram» que o autarca só tomou posse há três anos e, não bastando isso, apuraram o tal valor através do mês em que foi pago o subsídio de férias.
Vejamos, a ser verdade, os «insuspeitos», após processo respectivo, não deveriam ser obrigados a coima a reverter a favor dos cofres do Estado, por exemplo, por crime de lesa-pátria ou qualquer coisa quejanda e a bem da ética pública? Isto, claro, em paralelo com os processos que os directamente lesados lhe possam (e deveriam) mover.
Ah, crime de lesa-pátria é exagero? Então e que tal pensarmos na pólvora que este argumentário mete no canhão do ressabiamento? Basta andar um pouco pelos facebooks. Digo eu, que nem tenho votado PS…
- Passos Coelho e a sua acólita Maria Luís Albuquerque manifestaram, ao longo de 2016, tanta, mas tanta certeza na impossibilidade de se atingir um deficit abaixo dos 3% que, agora, estão irremediavelmente em primeiro lugar na candidatura ao tema Ai, se ele cai, premonitoriamente interpretado pelos Xutos e Pontapés… que é mesmo o que me estava a apetecer dar-lhes! Pelo caminho, pode juntar-se-lhes o inefável José Gomes Ferreira.
Apesar de tudo ou por isso mesmo, tenham todos um grande e belo 2017… e, se descobrirem uma plantinha de esperança, cultivem-na bem. Água a mais ou a menos poderá danificá-la. E quando ela medrar, veremos que, como diziam alguns, ele há mais vida ara além do deficit.
Façam o favor, pois, de ser felizes que isso é que «os» trama.

5 comentários:

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  2. Por este Brasil, também muitos morreram. Para alguns, a Imprensa deu ampla cobertura.Para muitos, o anonimato. Mas tem sido assim, desde que o mundo se fez mundo. Não porque esses últimos não tivessem deixado um legado, não terem feito algo fenomenal,que tenha merecido os holofotes da fama.Simplesmente foram anônimos.
    Tivemos, nesses últimos meses do ano, a morte trágica de quase todo um time, o Chapecoense. Jornalistas, equipe técnica, piloto, tripulação...se foram.Doeu-nos, pelas circunstâncias.
    Dias seguintes, o desastre aéreo que vitimou 92 a caminho da Síria, no Mar Negro, e muitos outros desastres envolvendo pequenas aeronaves, vem nos dizer, que o céu, em fúria neste fim de ano, nos surpreende com uma quantidade de quedas de avião.
    Mas podemos falar da Vida. De quantos sobreviveram de muitas tragédias. Tantos que foram curados de doenças graves!
    Vida!
    Afinal, a Vida é esse ir e vir; dar e tirar; conceder e cobrar.
    Para nós, brasileiros, em 2017 assistimos tubarões de colarinho branco sendo algemados, presos, humilhados por seus próprios atos.
    Passaram o Natal trancafiados, sem a ostentação das champagnes caríssimas, das joias compradas com dinheiro de propina...
    Não que isso nos alegre. Mas conforta-nos,sobremaneira. Saber que cadeia não é somente para quem rouba galinha, para pretos, para pobres e prostitutas.
    Que em 2017 as poucas Instituições, que ainda acreditam que é possível governar com Honestidade, com Ética e Responsabilidade, continuem agindo como têm agido nesses dois últimos anos,desmantelando quadrilhas formadas por aqueles que se diziam "representantes" do povo.
    Eles nunca me representaram, porque nunca roubei e nunca me esbaldei em dinheiro que não tenha sido aquele adquirido com o meu trabalho.
    Ainda há muito a melhorar. Um outro lado da banda podre se alastrou,que é a violência e a falta de controle das autoridades para lidar com a questão. Mas, em grande parte, por acharem que o crime sempre compensa, uma vez que aqueles que estavam (e muitos ainda estão) no Poder da Coisa Pública, cometiam crimes e tinham imunidade parlamentar.
    Esperemos por um Novo Ano. Afinal, não há mal que dure para sempre.
    Felizes sejam todos os dias do ano que se aproxima, para todos!

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  3. De facto estas coisas acontecem apenas porque existe um alinhamento de um dos vectores do poder. Diz-se que em democracia os poderes são autónomos. Nada mais falso
    Nunca aconteceu. O poder temporal e o secular estiveram sempre ligados e quando aparentemente se distanciavam, esse distanciamento era aparente pois na verdade já se estava a ligar ao novo poder emergente.
    No Brasil, a Justiça não esteve independente no processo que levou ao golpe palaciano que colocou o Temer no poder.
    Na verdade foi uma das colunas de blindados.
    Num processo de tenaz, os Média e a Justiça ao serviço do Poder Económico cercaram o poder democraticamente instituído e cozinharam algo que julgávamos apenas possível em repúblicas de bananas e nunca naquilo que todos julgávamos ser o Brasil.
    Por cá não estamos melhor, Bananas há muitos.
    E há os que são por ignorância e ingenuidade, e os outros que fazem gala de o demonstrar de forma ostensiva.

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