«Os portugueses sabem distinguir retórica de realidade» - foi o comentário de Cavaco Silva aos jornalistas por Mário Soares o ter acusado de ser um «candidato esfinge», porque se refugia no silêncio.
Como se ele próprio não utilizasse a retórica!
Como dizia um professor norte-americano de Argumentação, o melhor para não cair em falácias é o silêncio. Porque quando Cavaco fala (como qualquer outro mortal) não consegue escapar à retórica. No próprio artigo em que critica a retórica diz que «não há factor de credibilidade e confiança» num «homem que diz uma coisa e depois uma coisa diferente» [ataque ad hominem]; apresentou-se como o garante da «estabilidade económica» e «quem pode, de facto, criar um futuro melhor» [como se uma economia aberta como a portuguesa dependesse do Presidente da República e não do que se passará no contexto internacional]; quer «um Portugal que saiba aproveitar as oportunidades» e que «não tenha medo da globalização» [não estará - deliberadamente - a confundir(-nos) medo com necessidade de estar alerta?]
Fonte: «Portugal Diário»
Numa coisa nunca me engano e raramente tenho dúvidas: enquanto a retórica for vista como algo de negativo - mas sempre usada porque é inevitável - nunca seremos capazes de defender ou criticar racionalmente um argumento. E os portugueses continuarão a ser os bombos da festa de meia dúzia de «iluminados».
novembro 13, 2005
Cavaco Silva critica a retórica...
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novembro 07, 2005
O rei Leão mostra a sua garra
Ao longo de uma entrevista à revista «Visão» (nº 661 de 3/11/2005), Mário Soares mostra conhecer - e saber usar a seu favor - as regras da argumentação racional:
[a propósito de Cavaco Silva] (...) "É um homem um pouco rígido e, provavelmente, não é um homem com a preocupação do diálogo. Não gosta de controvérsia, de debater, de convencer".
[quando os entrevistadores lhe perguntaram "porque escolheu, para lugares importantes, na sua campanha, João Paulo Velez, ex-assessor de Santana Lopes, e Cunha Vaz, que Ferro Rodrigues processou por difamação?"] "Essa pergunta, desculpe que lhe diga, é uma pergunta ad hominem (...)" [ataque falacioso pondo em causa a competência de uma pessoa ao fazer insinuações sobre a sua personalidade. Aqui, Mário Soares argumentou - e bem - que ambos estavam nas suas funções pelas suas competências profissionais]
[a propósito da forma como encara o mandato, se for eleito] (...) "Penso que posso dar um grande contributo para a estabilidade do País na concertação social, uma referência que faltou no manifesto de Cavaco Silva. Não é só coesão, mas coesão através da concertação, isto é, da discussão entre as partes, do acordo".
[a propósito de Cavaco Silva] (...) "É um homem um pouco rígido e, provavelmente, não é um homem com a preocupação do diálogo. Não gosta de controvérsia, de debater, de convencer".
[quando os entrevistadores lhe perguntaram "porque escolheu, para lugares importantes, na sua campanha, João Paulo Velez, ex-assessor de Santana Lopes, e Cunha Vaz, que Ferro Rodrigues processou por difamação?"] "Essa pergunta, desculpe que lhe diga, é uma pergunta ad hominem (...)" [ataque falacioso pondo em causa a competência de uma pessoa ao fazer insinuações sobre a sua personalidade. Aqui, Mário Soares argumentou - e bem - que ambos estavam nas suas funções pelas suas competências profissionais]
[a propósito da forma como encara o mandato, se for eleito] (...) "Penso que posso dar um grande contributo para a estabilidade do País na concertação social, uma referência que faltou no manifesto de Cavaco Silva. Não é só coesão, mas coesão através da concertação, isto é, da discussão entre as partes, do acordo".
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