«Os portugueses sabem distinguir retórica de realidade» - foi o comentário de Cavaco Silva aos jornalistas por Mário Soares o ter acusado de ser um «candidato esfinge», porque se refugia no silêncio.
Como se ele próprio não utilizasse a retórica!
Como dizia um professor norte-americano de Argumentação, o melhor para não cair em falácias é o silêncio. Porque quando Cavaco fala (como qualquer outro mortal) não consegue escapar à retórica. No próprio artigo em que critica a retórica diz que «não há factor de credibilidade e confiança» num «homem que diz uma coisa e depois uma coisa diferente» [ataque ad hominem]; apresentou-se como o garante da «estabilidade económica» e «quem pode, de facto, criar um futuro melhor» [como se uma economia aberta como a portuguesa dependesse do Presidente da República e não do que se passará no contexto internacional]; quer «um Portugal que saiba aproveitar as oportunidades» e que «não tenha medo da globalização» [não estará - deliberadamente - a confundir(-nos) medo com necessidade de estar alerta?]
Fonte: «Portugal Diário»
Numa coisa nunca me engano e raramente tenho dúvidas: enquanto a retórica for vista como algo de negativo - mas sempre usada porque é inevitável - nunca seremos capazes de defender ou criticar racionalmente um argumento. E os portugueses continuarão a ser os bombos da festa de meia dúzia de «iluminados».
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