Alguns excertos do artigo de Tom Paulson "Scientists shed light on effects of clock change" em SeattlePI.com:
"Cientistas defendem que a manipulação do tempo duas vezes por ano tem claramente alguns inconvenientes. Isto é devido em larga medida aos múltiplos relógios biológicos do nosso organismo, que evoluiram de modo a operar de acordo com o comportamento do sol.
«A luz da manhã é a luz mais importante para sincronizarmos os nossos ritmos circadianos», defendeu o Dr. David Avery, psiquiatra na Universidade de Washington especializado em estudar a ligação entre luz, sono e depressão. O ritmo circadiano diz respeito ao ciclo de 24 horas da vida na Terra.
Quando a mudança de hora é efectuada e reduz a luz matinal, diz Avery, o risco de depressão sazonal aumenta em algumas pessoas. Disse que se pode ainda esperar por aumento do número de acidentes de tráfego, à medida que as pessoas que se deslocam para os seus empregos lutam contra a biologia.
«De um ponto de vista biológico, realmente a mudança de hora não faz qualquer sentido», concordou Horacio de la Iglesia, um neurobiólogo da Universidade de Washington que estuda a forma como o cérebro governa alguns dos outros relógios biológicos do corpo.
A maioria das pessoas sabe que o cérebro funciona de acordo com um relógio biológico neste ciclo solar de 24 horas. De la Iglesia mostrou que o corpo humano depende de facto de muitos desses relógios biológicos, uma rede coordenada que precisa de funcionar em sincronia.
«Há relógios biológicos no fígado, pulmões e também em outros órgãos», disse. «Temos estes ritmos circadianos porque eles permitem ao corpo antecipar eventos cíclicos».
Por exemplo, disse ele, as glândulas supra-renais libertam a hormona de stress cortisona antes de você se levantar em cada manhã, para mover o açúcar, glucose acumulada, das células para a circulação sanguínea. «Isso ajuda-o», disse de la Iglesia. Alguns destes relógios biológicos podem ajustar-se razoavelmente rápido ao ciclo dia-noite (recuperando do jet lag, por exemplo) mas outros parecem necessitar de mais tempo, disse.
De um ponto de vista científico, a mudança de hora, tal como os mapas mostrando os fusos horários e o conceito de Tempo Universal Coordenado (anteriormente chamado Tempo Médio de Greenwich) não são em conceito menos arbitrários que a decisão de algumas comunidades de não aceitar estas regras."
Recomendo a leitura do artigo completo (em inglês).
novembro 21, 2007
Mudança de hora - estúpido desperdício de esforços
Adenda do OrCa em tempo (só não sei se pela hora antiga):
"Pois, meu caro, agradecendo o destaque, cá vou reiterando o que fica dito. Já lá vai um mês e o meu relógio biológico não me larga, nem condescende!
Uma hora antes de ser preciso, lá vem a hora da mija - e nem tenho problemas prostáticos, felizmente... -, lá me vem o chamamento das torradas e do leitinho, como prenúncio de mais um mergulho na fila de trânsito.
E, depois, tentar dormir para quê? Uma meia-horita? Só faz dores de cabeça. Ir para o trânsito mais cedo? Não vale a pena, pois chego ao emprego mais cedo mas não posso sair mais cedo... É só contrariedades e arrelias!
Quando, daqui a cinco meses, já tiver convencido o meu biorritmo da inevitabilidade legal, mudam-me a hora outra vez! E reinicia-se a saga, agora com a agravante de desconvencer quem tinha acabado de ser convencido.
Se isto não é um estúpido desperdício de esforços, é o quê?
Um grande abraço.
OrCa"
"Pois, meu caro, agradecendo o destaque, cá vou reiterando o que fica dito. Já lá vai um mês e o meu relógio biológico não me larga, nem condescende!
Uma hora antes de ser preciso, lá vem a hora da mija - e nem tenho problemas prostáticos, felizmente... -, lá me vem o chamamento das torradas e do leitinho, como prenúncio de mais um mergulho na fila de trânsito.
E, depois, tentar dormir para quê? Uma meia-horita? Só faz dores de cabeça. Ir para o trânsito mais cedo? Não vale a pena, pois chego ao emprego mais cedo mas não posso sair mais cedo... É só contrariedades e arrelias!
Quando, daqui a cinco meses, já tiver convencido o meu biorritmo da inevitabilidade legal, mudam-me a hora outra vez! E reinicia-se a saga, agora com a agravante de desconvencer quem tinha acabado de ser convencido.
Se isto não é um estúpido desperdício de esforços, é o quê?
Um grande abraço.
OrCa"
novembro 14, 2007
A mudança de hora é "a modos que uma passagem de escudos para euros semestral"
O OrCa é um lutador de causas. E esta é uma pela qual vale a pena lutar:
"Tu sabes que eu estou por ti neste combate. Já nem sei que mais argumento esgrimir para confirmar a grandiosidade do disparate...
A verdade é que, à medida que a idade vai entrando por nós adentro, pelas partes anatómicas mais conspícuas, tudo se nos torna de mais difícil adaptação e aconchego. É assim, que continuo com os sonos trocados e mais de dois terços dos relógios cá de casa continuam carentes de acerto.
Tem vantagens. Por exemplo, aos fins de semana nunca sei a quantas ando. Mas quando há compromissos é chato.
Os relógios é que já são tantos, por força das modernices, que os meus velhos dedos têm bem mais que fazer do que andar a acertá-los a todos, ainda para mais se daqui a seis meses volta tudo ao mesmo. É uma perda de tempo!
Depois, durante para aí um mês, um mês e meio, anda tudo aflito com as horas, não sendo raro ouvirmos alguém completar uma frase temporal com a funesta expressão 'pela hora antiga'. É assim a modos que uma passagem de escudos para euros semestral que nos destrambelha os neurónios e outras partes mais atreitas a rotinas biológicas.
Eu, se mandasse, mandava-os à fava... mas sempre pela hora antiga que era para chegarem mais cedo!
Um abraço.
OrCa"
"Tu sabes que eu estou por ti neste combate. Já nem sei que mais argumento esgrimir para confirmar a grandiosidade do disparate...
A verdade é que, à medida que a idade vai entrando por nós adentro, pelas partes anatómicas mais conspícuas, tudo se nos torna de mais difícil adaptação e aconchego. É assim, que continuo com os sonos trocados e mais de dois terços dos relógios cá de casa continuam carentes de acerto.
Tem vantagens. Por exemplo, aos fins de semana nunca sei a quantas ando. Mas quando há compromissos é chato.
Os relógios é que já são tantos, por força das modernices, que os meus velhos dedos têm bem mais que fazer do que andar a acertá-los a todos, ainda para mais se daqui a seis meses volta tudo ao mesmo. É uma perda de tempo!
Depois, durante para aí um mês, um mês e meio, anda tudo aflito com as horas, não sendo raro ouvirmos alguém completar uma frase temporal com a funesta expressão 'pela hora antiga'. É assim a modos que uma passagem de escudos para euros semestral que nos destrambelha os neurónios e outras partes mais atreitas a rotinas biológicas.
Eu, se mandasse, mandava-os à fava... mas sempre pela hora antiga que era para chegarem mais cedo!
Um abraço.
OrCa"
novembro 03, 2007
A minha sexta carta de trás da Serra na revista Perspectiva
Olá,
Desculpa eu estar a escrever-te com o meu ânimo em baixo, mas só de pensar que no dia 28 de Outubro vai passar a ser a hora de Inverno, perco toda a vontade quer de pão, quer de circo. Aliás, é tanta a raiva de ter que me adaptar à força às mudanças de hora que, se estivesse a usar uma máquina de escrever das antigas, pelo menos os pontos finais aparecer-te-iam nesta carta como buracos na folha.
Talvez por isso me apeteça hoje falar-te de algo que nos preocupa muito desde há já alguns anos: a situação difícil em que está o sector dos têxteis e confecções, que emprega tantas pessoas aqui na nossa terra. E, ao contrário de regiões onde há mais indústrias e de diversas actividades, aqui por perto não há praticamente nenhumas alternativas à única fábrica de confecções que existe.
Lembras-te da minha carta quando, há uns quinze anos atrás, regressei de uma viagem de trabalho à Alemanha? Contei-te que, na região que visitei, dezenas de fábricas cerâmicas tinham encerrado há pouco tempo, devido à invasão do mercado por produtos mais baratos da Europa de Leste e da Ásia. Foi claro para mim, se te recordas, que a globalização, se não seria um bicho-de-sete-cabeças, teria pelo menos seis, como num desenho que o Lourencinho do Professor Rogério fez um dia sobre uma cadeira do curso de engenharia: grande pincel!
Mas temos o que merecemos, não achas? Como trabalhadores, queixamo-nos da concorrência desleal. Só que, como consumidores, compramos o que e onde é mais barato, «esquecendo-nos» da nossa revolta. Alguém deixa de comprar produtos numa «loja dos chineses», por exemplo, por não conseguir saber como é possível vender com aqueles preços e ter lucro? Ou alguém, antes de pagar, faz cálculos ao que poderá ser o salário de quem fabrica aquilo? Pois é, como trabalhadores queremos que as nossas empresas tenham sucesso, mas como consumidores a prática é outra.
Como sabes, durante vários anos aceitei desafios para tentar recuperar empresas em situação difícil, inclusivamente no sector têxtil. E sempre houve algumas coisas que me fizeram muita confusão. Os trabalhadores admiram-se sempre de haver encomendas e a empresa deixar de pagar salários, mas será que ninguém pensa que o problema está nos preços de mercado esmagados pela concorrência, muitas vezes também desesperada, e que não permitem cobrir os custos? Porque há sempre quem ache que o Estado deve apoiar empresas em situação difícil, sabendo que isso se torna uma forma de concorrência desleal para com outras empresas? Por que motivo os sindicatos acham que a melhor «forma de luta» numa empresa em situação difícil é a greve? Não conseguem antever o impacto negativo que quaisquer paragens têm em termos de prazos de entrega, agravamento de custos e deterioração da imagem da empresa perante os clientes, fornecedores e bancos? O que leva algumas pessoas a queixarem-se das condições de trabalho e da situação das suas empresas quando, entretanto, não cumprem parcial ou completamente as suas obrigações laborais, prejudicando os seus colegas e a empresa como um todo? É que, como sempre me ouviste dizer, uma empresa não pode ser a Santa Casa da Misericórdia!
Voltemos à nossa terra, que é onde se está bem. Sei que concordas comigo quando digo que esta gente tem uma capacidade de resistência fora de série, à imagem das giestas que crescem entre os penhascos de granito e resistem ao frio cortante da serra. É a nossa riqueza (do) interior. Despeço-me com votos de que nos consigamos sempre adaptar ao que o futuro nos trouxer.
Paulo Proença de Moura
Página on-line da revista «Perspectiva». Na secção das Crónicas estão disponíveis todos os meus textos anteriores.
ps - tenho que agradecer ao meu amigo Pedro Laranjeira a sugestão que ele me deu com o anúncio que colocou na página da minha carta na revista Perspectiva. É bom andar prevenido e isto não é de granito dente de cavalo, como o monumento fálico do Ferro.
Desculpa eu estar a escrever-te com o meu ânimo em baixo, mas só de pensar que no dia 28 de Outubro vai passar a ser a hora de Inverno, perco toda a vontade quer de pão, quer de circo. Aliás, é tanta a raiva de ter que me adaptar à força às mudanças de hora que, se estivesse a usar uma máquina de escrever das antigas, pelo menos os pontos finais aparecer-te-iam nesta carta como buracos na folha.
Talvez por isso me apeteça hoje falar-te de algo que nos preocupa muito desde há já alguns anos: a situação difícil em que está o sector dos têxteis e confecções, que emprega tantas pessoas aqui na nossa terra. E, ao contrário de regiões onde há mais indústrias e de diversas actividades, aqui por perto não há praticamente nenhumas alternativas à única fábrica de confecções que existe.
Lembras-te da minha carta quando, há uns quinze anos atrás, regressei de uma viagem de trabalho à Alemanha? Contei-te que, na região que visitei, dezenas de fábricas cerâmicas tinham encerrado há pouco tempo, devido à invasão do mercado por produtos mais baratos da Europa de Leste e da Ásia. Foi claro para mim, se te recordas, que a globalização, se não seria um bicho-de-sete-cabeças, teria pelo menos seis, como num desenho que o Lourencinho do Professor Rogério fez um dia sobre uma cadeira do curso de engenharia: grande pincel!
Mas temos o que merecemos, não achas? Como trabalhadores, queixamo-nos da concorrência desleal. Só que, como consumidores, compramos o que e onde é mais barato, «esquecendo-nos» da nossa revolta. Alguém deixa de comprar produtos numa «loja dos chineses», por exemplo, por não conseguir saber como é possível vender com aqueles preços e ter lucro? Ou alguém, antes de pagar, faz cálculos ao que poderá ser o salário de quem fabrica aquilo? Pois é, como trabalhadores queremos que as nossas empresas tenham sucesso, mas como consumidores a prática é outra.
Como sabes, durante vários anos aceitei desafios para tentar recuperar empresas em situação difícil, inclusivamente no sector têxtil. E sempre houve algumas coisas que me fizeram muita confusão. Os trabalhadores admiram-se sempre de haver encomendas e a empresa deixar de pagar salários, mas será que ninguém pensa que o problema está nos preços de mercado esmagados pela concorrência, muitas vezes também desesperada, e que não permitem cobrir os custos? Porque há sempre quem ache que o Estado deve apoiar empresas em situação difícil, sabendo que isso se torna uma forma de concorrência desleal para com outras empresas? Por que motivo os sindicatos acham que a melhor «forma de luta» numa empresa em situação difícil é a greve? Não conseguem antever o impacto negativo que quaisquer paragens têm em termos de prazos de entrega, agravamento de custos e deterioração da imagem da empresa perante os clientes, fornecedores e bancos? O que leva algumas pessoas a queixarem-se das condições de trabalho e da situação das suas empresas quando, entretanto, não cumprem parcial ou completamente as suas obrigações laborais, prejudicando os seus colegas e a empresa como um todo? É que, como sempre me ouviste dizer, uma empresa não pode ser a Santa Casa da Misericórdia!
Voltemos à nossa terra, que é onde se está bem. Sei que concordas comigo quando digo que esta gente tem uma capacidade de resistência fora de série, à imagem das giestas que crescem entre os penhascos de granito e resistem ao frio cortante da serra. É a nossa riqueza (do) interior. Despeço-me com votos de que nos consigamos sempre adaptar ao que o futuro nos trouxer.
Paulo Proença de Moura
Página on-line da revista «Perspectiva». Na secção das Crónicas estão disponíveis todos os meus textos anteriores.
ps - tenho que agradecer ao meu amigo Pedro Laranjeira a sugestão que ele me deu com o anúncio que colocou na página da minha carta na revista Perspectiva. É bom andar prevenido e isto não é de granito dente de cavalo, como o monumento fálico do Ferro.
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