Luis Mira Amaral |
Publicou o acima citado numa recente edição do semanário “EXPRESSO”
-17/8/2013, suplemento Economia- um artigo que fazia por palavra escrita
referência a um tema que lhe tem sido caro em opiniões emitidas de forma oral;
a energia e a sua ligação ao ambiente.
Não puxou para o efeito dos pergaminhos de banqueiro ou de
ex-ministro reformado, ou ainda de ex-funcionário superior da Caixa Geral de
Depósitos acompanhado de chorudas reformas, nem de amigo especial do governo de
Passos Coelho ao qual fez o especial favor de comprar o BPN por quarenta
milhões, banco esse que, integrado na malha banqueira no qual o Ferreira do
Amaral é um figurão, reclama agora coisa que ronda os setecentos. Milhões, entenda-se
que as manigâncias do contrato de “venda” obrigam o Governo a cumprir.
Não! Mira Amaral assina o pequeno artigo de opinião, intitulado
“Energia Ambiente e Champanhe”, como Professor Catedrático Convidado de
Economia e Gestão -.IST. Adiante-se-lhe o vasto currículo académico como mais-valia
e suporte opinativo o que não invalida o incorrer na esfera do que diz serem erros
crassos que ele aponta a outros. Mais, sendo ele dotado de formação académica
em diversas áreas, menos ainda se entende a neutralidade das afirmações
produzidas.
Afirma como linha mestra no artigo que a ligação da Energia
ao Ambiente é um tremendo erro, pois Portugal não precisa de investir nada no
Ambiente, estaria até acima, muito acima dos parâmetros internacionais e que
assim, ao estabelecer a simbiose entre as duas áreas se estaria a incorrer num
erro crasso.
Não irei dissertar nada sobre a noção de ciclos económicos
nem nada de economês. Nem de que o ambiente não sabe nada sobre fronteiras
políticas e que é um dado mundial. Falarei sim sobre Fukushima, o degelo dos
polos, o aumento da temperatura e os tufões e furacões cada vez mais violentos fruto
das alterações climáticas que tem precisamente na componente energética o dado
fundamental da equação que lhes dá origem. Ou seja, o argumento a contrapor é
precisamente o de carácter científico e técnico, uma das áreas onde o M. Amaral
tem formação superior.
Saiba então, que não existe dissociação entre energia e
ambiente e que a inclusão de ambas num único executivo é a primeira coisa boa
que este governo produziu. O planeta onde está o nosso país é todo ele um sistema energético e como
sistema que é actua nas suas miríades de componentes no sentido do equilíbrio da
equação. Dito de outra forma, não há bater de asa de borboleta que não produza
um efeito qualquer. Não se joga impunemente energia para o ambiente sem que se
alterem as condições de equilíbrio energético: o ambiente é um sistema fechado
e como tal, todas as alterações tem implicações económicas pequenas a curto
prazo, mais pesadas a médio e ainda mais graves e duradouras a muito longo
prazo.
Mas como disserta Mira Amaral? Argumenta como se estivéssemos
no princípio da Era Industrial, perante um mundo infinito que permitiria um
crescimento igualmente infinito. Se há algo em que se tem de apostar e apostar
a sério, é na produção de energia de muito baixo ou nulo impacto ambiental. E é
urgente que assim se faça, muito urgente. Os modelos computadorizados
climáticos demonstram estarmos muito próximos de uma mudança terrível do meio ambiente. Existe
o risco do sistema fechado que é o planeta entrar num patamar de equilíbrio energético
violento. Ou seja, o que é pontual mas progressivamente mais recorrente, passar
a ser a norma. Furacões todo o ano, tempestades devastadoras intervaladas por
secas extremas poderão passar a ser as novas “Estações do Ano”. Sem “respeito”
pelas “leis económicas” que se elaboraram juntando os dados que interessavam ao
suporte argumentativo e “esquecendo” os outros. No que concerne às mudanças climáticas, as
previsões científicas apontam para um período de vários séculos ou mesmo
milénios uma vez ultrapassada a margem crítica. Coisas como a mudança da
Corrente do Golfo para o clima da Europa, o degelo dos polos com as inundações
ribeirinhas onde milhões de pessoas concentram a economia mundial, tem
implicações económicas indiscritíveis. Tentar “esquecer” isto para justificar
uma negociata de bom rendimento a curto prazo é mais do que uma desonestidade
ou mesmo um erro crasso: é uma imoralidade, uma estupidez absoluta. Chernobil e
agora Fukushima estão aí a prova-lo: só em economês quanto custaram as
centrais? Quanto do que produziram em energia foi depois largamente
ultrapassado pelos custos económicos da contaminação a muito longo prazo do
meio ambiente? Quanto custaram as deslocalização de habitantes, a perda total
de bens produzidos na área contaminada que em Fukushima está a aumentar de
forma dramática? A perda de vidas quer imediatamente quer a prazo pelo aumento
das doenças cancerosas a juntar à diminuição da qualidade desta coisa simples
que é afinal viver?
Fukushima, um desastre sem fim |
Já algum destes
sabichões apresentou o ratio: custo /benefício?
Não, nunca apresentam os dados todos, apenas os que num
curto ciclo apontam vagos benefícios, tal como um toxicodependente: pode o
corpo degradar-se no futuro, que ao gozo supremo de um chuto agora mesmo não há
nada que supere…
O ambiente e a energia são apenas dois lados da mesma coisa
e apostar na produção limpa e tendencialmente neutra, é não só positivo, mas a
única solução duradoura. Os custos agora, apenas um pouco mais altos diluir-se-ão
rapidamente no futuro quer pela diminuição de custos derivado do aumento de
produção dos equipamentos em larga escala, quer por via da diminuição da componente
energética importada.
Fazer artigos de opinião contrárias a esta evidente postura
de bom senso, revela antes de mais haver interesses que no artigo não revela, e
a isso tenho a bonomia de responder com a elegância de lhe chamar apenas um “erro
crasso”
Bom trabalho, Charlie!
ResponderEliminarCumo dizoôutro, phaz-se o que se phode....
ResponderEliminarBelíssima malha, caro Charlie, que, vendo daqui, acertou em cheio no meco! Mais um ente que passa a vida a cuspir, literalmente, no nosso prato.
ResponderEliminarMira, Amaral, coño, lo qué tu cuentas es una broma de mierda!, diria qualquer avisado hermano. E ele lá vai perorando e cuspinhando, vida fora, grande crítico de quem não lhe dá de mamar, grande silenciador das fontes de prebendas.
Vidas assim são de mestre. Se não fossem criminosamente ricos até poderiam ser outra coisa qualquer. Mas esta qualidade lhes basta. E singram! E nós pagamos.
Mestre Orca, pagamos e pagamos com palmo de língua mas sempre pouco na óptica da gentinha deste calibre.
ResponderEliminarPagamos tanto que quase nem sobre dinheiro para um bom plástico que nos proteja os ecrans da tv da chuva desabrida de disparates neoliberais e perdigotos, sempre servidos em doses generosas de má educação e demagogia,