agosto 24, 2013

O erro crasso de Luis Mira Amaral


 O ambiente e a energia são apenas dois lados da mesma coisa e apostar na produção limpa e tendencialmente neutra, é não só positivo, mas a única solução duradoura.


 
Luis Mira Amaral

Publicou o acima citado numa recente edição do semanário “EXPRESSO” -17/8/2013, suplemento Economia- um artigo que fazia por palavra escrita referência a um tema que lhe tem sido caro em opiniões emitidas de forma oral; a energia e a sua ligação ao ambiente.

Não puxou para o efeito dos pergaminhos de banqueiro ou de ex-ministro reformado, ou ainda de ex-funcionário superior da Caixa Geral de Depósitos acompanhado de chorudas reformas, nem de amigo especial do governo de Passos Coelho ao qual fez o especial favor de comprar o BPN por quarenta milhões, banco esse que, integrado na malha banqueira no qual o Ferreira do Amaral é um figurão, reclama agora coisa que ronda os setecentos. Milhões, entenda-se que as manigâncias do contrato de “venda” obrigam o Governo a cumprir.

Não! Mira Amaral assina o pequeno artigo de opinião, intitulado “Energia Ambiente e Champanhe”, como Professor Catedrático Convidado de Economia e Gestão -.IST. Adiante-se-lhe o vasto currículo académico como mais-valia e suporte opinativo o que não invalida o incorrer na esfera do que diz serem erros crassos que ele aponta a outros. Mais, sendo ele dotado de formação académica em diversas áreas, menos ainda se entende a neutralidade das afirmações produzidas. 

Afirma como linha mestra no artigo que a ligação da Energia ao Ambiente é um tremendo erro, pois Portugal não precisa de investir nada no Ambiente, estaria até acima, muito acima dos parâmetros internacionais e que assim, ao estabelecer a simbiose entre as duas áreas se estaria a incorrer num erro crasso.

Não irei dissertar nada sobre a noção de ciclos económicos nem nada de economês. Nem de que o ambiente não sabe nada sobre fronteiras políticas e que é um dado mundial. Falarei sim sobre Fukushima, o degelo dos polos, o aumento da temperatura e os tufões e furacões cada vez mais violentos fruto das alterações climáticas que tem precisamente na componente energética o dado fundamental da equação que lhes dá origem. Ou seja, o argumento a contrapor é precisamente o de carácter científico e técnico, uma das áreas onde o M. Amaral tem formação superior.

Saiba então, que não existe dissociação entre energia e ambiente e que a inclusão de ambas num único executivo é a primeira coisa boa que este governo produziu. O planeta onde está o nosso país é todo ele um sistema energético e como sistema que é actua nas suas miríades de componentes no sentido do equilíbrio da equação. Dito de outra forma, não há bater de asa de borboleta que não produza um efeito qualquer. Não se joga impunemente energia para o ambiente sem que se alterem as condições de equilíbrio energético: o ambiente é um sistema fechado e como tal, todas as alterações tem implicações económicas pequenas a curto prazo, mais pesadas a médio e ainda mais graves e duradouras a muito longo prazo.

Mas como disserta Mira Amaral? Argumenta como se estivéssemos no princípio da Era Industrial, perante um mundo infinito que permitiria um crescimento igualmente infinito. Se há algo em que se tem de apostar e apostar a sério, é na produção de energia de muito baixo ou nulo impacto ambiental. E é urgente que assim se faça, muito urgente. Os modelos computadorizados climáticos demonstram estarmos muito próximos de uma mudança terrível do meio ambiente. Existe o risco do sistema fechado que é o planeta entrar num patamar de equilíbrio energético violento. Ou seja, o que é pontual mas progressivamente mais recorrente, passar a ser a norma. Furacões todo o ano, tempestades devastadoras intervaladas por secas extremas poderão passar a ser as novas “Estações do Ano”. Sem “respeito” pelas “leis económicas” que se elaboraram juntando os dados que interessavam ao suporte argumentativo e “esquecendo” os outros.  No que concerne às mudanças climáticas, as previsões científicas apontam para um período de vários séculos ou mesmo milénios uma vez ultrapassada a margem crítica. Coisas como a mudança da Corrente do Golfo para o clima da Europa, o degelo dos polos com as inundações ribeirinhas onde milhões de pessoas concentram a economia mundial, tem implicações económicas indiscritíveis. Tentar “esquecer” isto para justificar uma negociata de bom rendimento a curto prazo é mais do que uma desonestidade ou mesmo um erro crasso: é uma imoralidade, uma estupidez absoluta. Chernobil e agora Fukushima estão aí a prova-lo: só em economês quanto custaram as centrais? Quanto do que produziram em energia foi depois largamente ultrapassado pelos custos económicos da contaminação a muito longo prazo do meio ambiente? Quanto custaram as deslocalização de habitantes, a perda total de bens produzidos na área contaminada que em Fukushima está a aumentar de forma dramática? A perda de vidas quer imediatamente quer a prazo pelo aumento das doenças cancerosas a juntar à diminuição da qualidade desta coisa simples que é afinal viver?

Fukushima, um desastre sem fim
 Já algum destes sabichões apresentou o ratio: custo /benefício?

Não, nunca apresentam os dados todos, apenas os que num curto ciclo apontam vagos benefícios, tal como um toxicodependente: pode o corpo degradar-se no futuro, que ao gozo supremo de um chuto agora mesmo não há nada que supere…

O ambiente e a energia são apenas dois lados da mesma coisa e apostar na produção limpa e tendencialmente neutra, é não só positivo, mas a única solução duradoura. Os custos agora, apenas um pouco mais altos diluir-se-ão rapidamente no futuro quer pela diminuição de custos derivado do aumento de produção dos equipamentos em larga escala, quer por via da diminuição da componente energética importada.

Fazer artigos de opinião contrárias a esta evidente postura de bom senso, revela antes de mais haver interesses que no artigo não revela, e a isso tenho a bonomia de responder com a elegância de lhe chamar apenas um “erro crasso”


4 comentários:

  1. Cumo dizoôutro, phaz-se o que se phode....

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  2. Belíssima malha, caro Charlie, que, vendo daqui, acertou em cheio no meco! Mais um ente que passa a vida a cuspir, literalmente, no nosso prato.

    Mira, Amaral, coño, lo qué tu cuentas es una broma de mierda!, diria qualquer avisado hermano. E ele lá vai perorando e cuspinhando, vida fora, grande crítico de quem não lhe dá de mamar, grande silenciador das fontes de prebendas.

    Vidas assim são de mestre. Se não fossem criminosamente ricos até poderiam ser outra coisa qualquer. Mas esta qualidade lhes basta. E singram! E nós pagamos.

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  3. Mestre Orca, pagamos e pagamos com palmo de língua mas sempre pouco na óptica da gentinha deste calibre.
    Pagamos tanto que quase nem sobre dinheiro para um bom plástico que nos proteja os ecrans da tv da chuva desabrida de disparates neoliberais e perdigotos, sempre servidos em doses generosas de má educação e demagogia,

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