Os autos de fé, embora contassem com a presença das autoridades, eram sobretudo um espetáculo para a populaça, que acorria em magotes, tendo durado, em Portugal, entre 1536 e 1820.
As execuções públicas dos Távoras, pelo Marquês de Pombal, tiveram o mesmo perfil, pois se destinaram sobretudo a humilhar a família dos Távoras, acusadas, sem grandes provas, de atentarem contra o Rei e o seu primeiro ministro.
O espetáculo que as diversas televisões nos estão a dar não são mais do que a versão moderna desses irracionais autos de fé: a mesma boçalidade, o mesmo degradante exaltar de sentimentos primitivos, o mesmo gosto pelo sangue, a mesma ligeireza das acusações, baseadas em meras suspeitas, no diz-que -diz, sem provas, a mesma condenação sem julgamento.
Aquilo a que se tem assistido, sem nada se poder fazer, além de gratuito espetáculo, é sobretudo um atentado à democracia e à liberdade.
António Pimpão
O tal julgamento pela primeira impressão.
ResponderEliminarA História tem-nos mostrado o quanto já erramos, agindo assim. Os presídios também ficam abarrotados de inocentes, que foram apontados, acusados e crucificados, porque estavam no tripé da miséria, ou seja: pretos, pobres e putas.