janeiro 26, 2016

Aberratio ictus

(Que é como quem diz, acto que, dirigido a alguém, atinge indirectamente um terceiro).

Enquanto alguns lambem feridas, mais ou menos profundas, à conta dos resultados das últimas presidenciais, a rapaziada desunha-se em interpretações fulminantes sobre os mesmos.

Estes exercícios de esgrima com os quantitativos e percentuais em eleições, quaisquer que elas sejam, enchem-nos sempre a alma de conforto. Cada um pode, aqui, com toda a força da liberdade de expressão e as respectivas idiossincrasias a tiracolo, opinar como muito bem entender, acerca de tudo, assim e assado e, até, pelo contrário.

No fundo Marcelo terá ganho por tudo aquilo que dele se diz mais pelo elementar facto de o povão ter dos aparecimentos televisivos uma postura idêntica à das aparições de Fátima. E, contra isso, batatas.

Além disso, Fátima terá ocorrido durante um dia - e veja-se o efeito prolongado do fenómeno, senhores, desde 1917! -, enquanto o São Marcelo nos aparece, regularmente, desde há quinze anos, na sarça ardente da televisão, para não falar no resto. O desequilíbrio é flagrante e manifesto.

Dir-se-ia, pois, que até a Nossa Senhora de Fátima perderia se se tivesse candidatado, nestas eleições presidenciais, contra São Marcelo.

Mérito de Marcelo, obviamente! Nada de segundas interpretações.

Agora, uma coisa que me pareceu absolutamente prodigiosa neste cortejo celestial foi a preciosa atitude em favor de São Marcelo da arcanja de Belém e Roseira, de sua graça, na sua luta infrene contra os anjos maus e diabólicos que enxamearam, à esquerda, o percurso seráfico do ungido. E o seu, a todos os títulos, extraordinário contributo para o milagre (dos rosas…?) com que todos deparámos, não deve deixar de ser sublinhado. 

Ficamos, pois, devedores, todos nós e em grande parte pela deriva reiterada das hostes socialistas quanto às presidenciais, toda a sorte com que Portugal tem vindo a ser brindado, vai para onze anos, no exercício deste cargo…  ora importante, ora decisivo, ora nem por isso e o seu contrário, mas, decisivamente, constitucional.

2 comentários:

  1. Continuo a pensar que esta minha ideia deveria ser implementada.

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  2. abraço, Jorge.

    quem assim fala não é gago (já se sabia)
    que ao "ungido" aproveite a derrota!

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