março 02, 2008

A minha carta pela blogosfera


Resistências Individuais - no
blog A Educação do meu Umbigo

Alguns excertos dos comentários:
António Ferrão: "Movimento dos Esposos Revoltados de Docentes Abusados? À parte o acrónimo, porque não? Vou já a correr. Basta."
Isabel: "Engraçado ,ao ler o artigo parecia que estava eu a falar, não de outra pessoa mas de mim, são tantos os pormenores de uma vida que realmente acabamos por nos resignar..."
morfeu: "Cá em casa somos dois os profs... sempre dá para combinar alguma coisa de jeito... mas essa dos esposos revoltados... iria nessa não fora eu próprio prof. Achei piada, no texto em causa aparecer o nome de alguém que julgo conhecer: O Jorge Castro,poeta excelente e amigo cá do je..."
Jorge Reis: "Humor à parte, acho que esta “carta” toca num problema em que tenho pensado e que não é tão marginal como parece. Não sou professor mas fui casado com uma professora e, para mal dos meus pecados, fiz a tremenda asneira de me casar, em segundas núpcias, com outra. Porque será que nunca aprendemos com a primeira asneira? Mas vamos em frente. Eis uma passagem de uma notícia de ontem à noite da TSF Online: “a ministra da Educação disse à TSF que na origem dos protestos dos professores está o aumento das «exigências» pedidas aos docentes, como «mais tempo de trabalho na escola»”. A táctica é sempre a mesma: os professores são uns privilegiados, são uns calões, não querem ser avaliados, não querem trabalhar as mesmas horas que os outros trabalhadores da Administração Pública nos seus postos de trabalho... Perdem-se os professores? Que se lixem. Ganhamos a opinião pública. Até somos capazes de aumentar os subsídios à CONFAP, para que estejam incondicionalmente do nosso lado. As crianças vão ter aulas menos preparadas neste ano lectivo porque os professores vão ter outras “tarefas”? Que se lixem... é preciso é passar a ideia de que estamos a fazer uma “reforma”, que este Governo faz alguma coisa. E eu que até votei neles e até sou militante do PS... Eu gostava de ter uma vida “normal”, com a minha mulher. Que ela não chegasse a casa já noite cerrada, esgotada, nervosa, sem paciência para me aturar. Raios! Sem querer ser machista... tenho direito a isso.
Cumpram-se as leis do trabalho. Onde se aceita começar a trabalhar às 8:30h, interromper às 14:00h e ter que voltar à Escola às 17:00h para uma reunião de trabalho que nunca se sabe quando acaba? Não terão os professores os mesmos direitos dos outros trabalhadores? Mas infelizmente, Senhores Professores, os senhores e as senhoras não têm sabido reagir às tácticas do Governo e da Senhora Ministra.
Não têm sabido “ganhar a opinião pública”. E era tão simples. Assim:
1
Nós os professores não queremos mais “privilégios”, queremos trabalhar, nas instalações das Escolas, as nossas 35 horas semanais, queremos cumprir os horários de trabalho legalmente como os outros trabalhadores. Temos direito ao respeito pela nossa vida privada e familiar. Temos o direito de, uma vez cumprido o nosso horário, prestar atenção aos nossos filhos, aos nossos cônjuges, como o podem fazer os outros trabalhadores, sem serem permanentemente obrigados a pensar no serviço. Cumpriremos também as horas extraordinárias que sejam legais exigirem-nos, mas... essas contabilizam-se e pagam-se.
2
Nós, os professores, não recusamos qualquer avaliação, antes pelo contrário, mas não aceitamos que, por exemplo, tenhamos que avaliar do ponto de vista científico, um/uma colega de área diferente da nossa, nem sermos avaliados por um qualquer colega ou Senhor Inspector com preparação científica de outra área que não a mesma que nós. (exemplo à parte: a minha mulher, que é professora de Inglês, vai ter que avaliar, e também do ponto de vista cientifico, uma colega de espanhol. Acho que a minha mulher sabe dizer “gracias“ e pouco mais... Já lhe disse que tem todo o direito de se declarar incompetente nesse item específico da grelha. Ela até não pode dar aulas de espanhol!...)
Francamente gostava de ver este tipo de luta, gostava de ver explicar isto claramente a todos os portugueses, gostava que os professores não se deixassem ingenuamente levar na onda propagandística do Ministério.
E gostava de ver nas notícias, por exemplo, o passado em termos absentistas do tal Senhor Secretário de Estado Valter Lemos, a relação das suas faltas de cumprimento de compromissos assumidos perante os portugueses, nomeadamente em Castelo Branco, e a descrição pormenorizada do seu percurso politico passado. Mas isso são águas de outro moinho..."
Olinda: "Parabéns aos esposos(as) de professoras(es) que tão bem escrevem testemunhando as suas experiências familiares. Deixo aqui um texto de mais um marido de uma docente para que juntos possamos reflectir."
OrCa: "Se, ao menos, houvesse a humildade de se reconhecer os sacrifícios, incomodidades e outras M.E.R.D.A.S. a que nos sujeitamos - riscos nos carros, insultos e ameaças por interposta pessoa, etc., etc. - até que nem seria mau de todo. Ainda assim, cada um(a) tem obrigação de saber ao que vai, quando casa com um(a) professor(a). Agora, esta cena apalhaçada de se mudarem regras do jogo em cada quinzena e vir dizer, com um desplante que roça o soez, que os professorzecos são uma corja de calões, ah, isso não!… Que eu, não sendo professor, levo com trinta e tal anos de devoção à causa do ensino por comunhão de adquiridos que mete qualquer Miluzeca de meia-tigela no coturno mais encardido de qualquer sem-abrigo cá do burgo! Olha, só a título de mero exemplo mesquinho, referindo incomodidades não contabilizadas: abomino férias em Agosto. Pois, por força da carreira profissional da minha-senhora-de-mim, levei a vida toda a tirar férias em Agosto... Desses trinta e tal anos, entre deslocações não pagas, alojamento não pago e refeições mal pagas, cerca de dois-terços do tempo levámo-lo ambos a subsidiar o ministério. Tecnologias de apoio, do lápis ao computador, do mais simples rabisco a sofisticadas apresentações em PowerPoint, fazem-se e pagam-se cá por casa, sim senhor, que a pelintrice institucional nem para anti-virus informáticos tem massas e, então, tudo que é computador de escola só anda devagarinho ou parado. O asco maior é quando vêm com tretas de comparações com Finlândias e outros desvarios. Ofereçam condições de trabalho minimamente equiparáveis, que depois a malta fala. Até lá tenham juízo e acautelem os costados, que isto está mesmo é a pedir bengalada! Os professores saíram à rua? Abençoados!"

A minha amiga Gotinha também fez uma referência a esta carta no seu Blogotinha. Aí, a Matahary fez um comentário que transcrevo aqui, ao abrigo do direito de chacota:
"Que é que esse gajo quer dizer com «trabalhos de casa»? Fazer a janta? Pôr a loiça na mánica? Grande coisa! E quando ele vai para fora, dias e dias à boa vida no estrangeiro, quem faz «os trabalhos de casa»? Ah, pois é...
Havia eu de conhecer esse gajo, que lhe contava umas das boas! Ele não está preocupado com o excesso de trabalho dos professores. Ele está é aflitinho com os «trabalhos de casa» que sobraram p'ra ele..."
Descobriu-me a careca!

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