dezembro 31, 2010

Decisões de Ano Novo

Nenhuma.
Népia.
Zero.

Nunca compreenderei por que é que, numa mudança de minuto hetero-imposta, a maioria dos humanos ocidentalizados se vêem na obrigação de comer passas à bruta, enquanto elencam doze desejos (e se só tiverem sete? e se lhes apetecer desejar quinze coisas diferentes?) e prometem a si mesmos que mudarão mil e uma coisas que sabem, à partida, que não vão cumprir.
Eu cá, tomo decisões ao meio dia de uma terça-feira, a meio de Agosto, como as tomo num domingo de Inverno, se achar necessário. As decisões tomam-se quando é preciso, não quando nos dizem que são para ser tomadas.
O Ano Novo não nos traz nada (nem bons resultados nos exames, nem turmas fantásticas, nem um Governo melhor, nem o fim da crise), nós é que traremos coisas aos doze meses que aí vêm - será assim tão difícil de perceber?

"Ah, é costume!"
ou
"É tradição, não sejas chata."

Vão-se lixar mas é todos, porque se estão à espera que o mundo (o vosso e o outro) mude à meia noite do dia um de Janeiro, estão a perder 364 dias cheios de minutos em que podem, isso sim!, fazer qualquer coisa para que a (vida) melhore.
E não peçam, executem.
Não desejem, façam.
Não esperem, alcancem.

Se eu tivesse uma só palavra a dizer sobre o assunto, diria que a Passagem de Ano é mais uma fraude que se inventou para se adiarem atitudes, decisões e vontades, enunciando-as apenas.
Se sou contra a Passagem de Ano?
Que disparate!!
Trata-se de uma festa e eu sou a favor de festas!!
Que vou fazer?
Sair, comer e beber, rir e divertir-me.
E, nisso, o dia de hoje não difere em nada dos outros dias do ano.

13 comentários:

  1. Mas olha que espumante com pastéis de Tentúgal é uma delícia... ouvi d'zer...

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  2. E são (eram!!). Mas a qualquer hora!! ;)

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  3. As razões da comemoração da passagem de ano prendem-se com os antigos rituais do Solstício de Inverno que todos as religiões observavam e que obviamente foi absorvido pela religão católica.
    Nesta altura do ano em que o sol vencia as trevas, os ritos incluíam enfeites, trocas de prendas e festividades onde as orgias eram o ponto alto.
    O sentimento de euforia nesta altura é por isso uma herança cultural extremamente importante. Não porque a data mude os nossos destinos, mas porque em última análise, todos os nossos ciclos de vida estão formatados pelos ciclos da natureza e nesta quadra em que os dias começam a aumentar, crescem do mesmo modo um conjunto de funções orgânicas.
    Seja como for, tem razão ao dizer que as nossas decisões devem ser tomadas indepentemente de datas estabelecidas por critérios alheios, mas o simbolismo desta altura do ano tem de facto muito a ver com a nossa capacidade de levar novos projectos por diante.

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  4. E o ano começa melhor quando se come um pastel de Tentúgal ;O)

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  5. um pastel ou dois se manda.
    Bem juntinhos pelo meio
    a navegar pela garganta
    despejando o copo cheio.

    (porque será que tenho uma tal
    sensação, e não é pouca
    Que estes pasteis de Tentu-gál
    Não sâo mais que "private joke"?)

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  6. Private como, se isto está escrito num sítio com acesso público?!

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  7. Mais público só com mais visitas ;O)

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  8. Caro Charlie:
    Provavelmente, não fui bem clara, mas o meu texto quase indignado não se prendia, de todo, com a raíz antropológica da comemoração, mas tão-só com o entendimento que o senso comum dele faz. É mais uma meta que se traça, adiando todas as outras, sem qualquer intenção de se fazer jus às muitas promessas traçadas. E isso, como tantas outras coisas, irrita-me.
    Foi só isso.

    Quanto aos pasteis de Tentúgal, são muito privados, sim, porque o que eu já degluti é meu e muito meu, sim?

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  9. E que bom proveito te faça (se ainda não tiveste o proveito todo)!

    ihihihihih

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  10. A verdade é que deturpação atrás de deturpação, ainda se há-de ouvir que o pai Natal é o progenitor do menino Jesus... Basta que surja algum interesse económico envolvido e lá fica a mãe de Cristo com a reputação estragada.

    E não se pense que estou a ser iconoclasta. A mim também se me dá de comemorar estas «passagens», ainda que em modelo pagão, com alguma veneração pelas ancestralidades de que fala o Charlie - aliás, o Sócrates está a dar uma grande ajuda fazendo-nos pagar e pagar e pagar... Acabaremos (quase) todos por dar em pagões, ou pagãos, que tanto vale.

    Mas o meu paganismo tem uma forte componente abonatória quanto aos pastéis de Tentúgal e outros, pelo que acabamos todos em grande conformidade.

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  11. Está visto que tenho de vos pagar uma rodada de pastéis de Tentúgal. É só dizerem quando.

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