E aí estamos nós, outra vez, nos cumes da «democracia»…
Se era absolutamente previsível que o arranjo político que deu origem primordial ao actual governo deixava Passos na mão de Portas; se era, outrossim, previsível que a ratice e manha políticas de Portas deixava Passos refém da sua própria (in)capacidade de lhe fazer frente em ratice e em manha… tudo apontava, apenas, para se saber qual o momento mais propício para que Portas batesse com as ditas na cara da coligação.
Podem, pois, os politólogos analíticos que enxameiam a nossa paciência dizer cobras e lagartos de Portas, mas apenas para tentar, sem jeito nenhum, aliás, esconder que ele levou a efeito uma jogada de mestre.
Guindou até já ao nível ministeriável o inefável Pires de Lima que, após uma pouco penosa travessia do deserto da nossa política caseira, já adquiriu galões de excelentíssimo gestor e personagem preclara para se posicionar como timoneiro da nossa economia. Ele, ainda há tão pouco tempo advogado das maiores reacionarices, primárias e secundárias, acerca do mercado do trabalho e outras minudências teóricas. Nada disto cessa de me espantar…!
Poderá o seu desenvolvimento correr melhor ou pior. Cá estaremos para ver e sentir. Mas o que é verdade, verdadinha, é que um partido altamente minoritário é quem detém, em suas mãos, os destinos do país. Ainda para mais, com a possibilidade de manter Passos como bode expiatório, se as coisas, como se prevê, correrem mal.
Pelo caminho, fica a possibilidade sempre presente de uma futura aliança PS com CDS/PP, pois este indómito defensor da democracia mantém, em cada acto político, as dobradiças do poder bem oleadas, para poder abrir-se para o lado que lhe der mais jeito.
O próprio PS não saberá o que fazer se não alcançar uma maioria absoluta. Problemas e complexos atávicos e endémicos impedem-no de estabelecer pontes com o BE ou com o PCP… De onde só lhe restarão os amigos da «direita» - onde não incluirá o PSD… porque não, pronto!
Podem todos dizer-me que tudo isto acaba por ser de pouco relevo, porquanto os destinos de Portugal estão já entregues, de facto e de longa data, em mãos estrangeiras. Será. Mas por esta via, cada vez estarão mais. E nós pior.
A Democracia, em todo este contexto, não é, obviamente, para aqui chamada. Só estorva. O Passos, mal obtém a maioria dos votos, logo no dia seguinte atira às urtigas o programa eleitoral que o conduziu a essa maioria. Por inépcia, trapalhice ou por ser vendilhão, atira também as pastas mais determinantes do seu governo para «independentes»: Victor Gaspar, Paulo Macedo, Nuno Crato, Álvaro Santos Pereira. Outras ainda, ao falcão peregrino que arvorou como seu parceiro da coligação.
Se virmos bem, qual é, de facto e de direito, a sustentação do actual governo, à luz das eleições e dos votos atribuídos? Se virmos as coisas por este prisma, o conceito de palhaçada adquire outros poéticos contornos.
Tem graça e a propósito… Não sei porquê, neste arremedo de análise esqueci-me do papel do senhor presidente da República neste contexto. Mas creio bem que ele não tem, em boa verdade, papel nenhum.
E este Pires de Lima passou (não sei se ainda por lá está) pela UNICER. E fez sair alguns quadros-chave da empresa (um deles, meu colega e amigo) para colocar lá "pessoas da sua confiança". Por mim, está tudo dito em relação a esse senhor.
ResponderEliminarEntretanto, Paulo, o meu obrigado pela superação do problema técnico. Já confirmei que o problema era do equipamento que estava a utilizar e da sua configuração.
ResponderEliminarQuanto ao Pires de Lima de que me recordo era um garoto pimpão, meio arvorado em galinho cocó, algo caceteiro na argumentação, que esgrimia com um notável à-vontade afincadamente pró-reaça.
De repente, ausenta-se um pouco, perde cabelo e passa a usar óculos, percorre umas administrações de empresas, em tempo que leva a esfregar um olho, e ei-lo arvorado em gestor de sucesso. Daí, em grande dirigente de um pequeno partido e, logo mais, em ministro.
A rapidez meteórica com que, em Portugal, se criam estas abencerragens míticas de sucesso, não cessa de me surpreender... mas lá que chegou a ministro, essa é que é essa!
Entretanto, a cada minuto que passa, mais me convenço do que acima digo: vitória incontestável de Portas em toda a linha. E, como graça maior, continua a manter Passos refém da sua próxima «birra». Extraordinário! E grande mestre da política. Aprendam, meninos...
O Portas estava bom para fazer birrinha comigo, estava...
EliminarPor outro lado, o que penso do Pires de Lima é o mesmo do que penso sobre o Pinto da Costa: tal com toda a gente sabe que os pintos bons são os do campo, também um bom pires, se não poder ser de porcelana, ao menos que seja de uma boa faiança e de preferência, das Caldas....
ResponderEliminarFaz-me lá um desenho 8O)
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Entendi-te
Eliminarahahahahahahah