agosto 25, 2013

A posta na PDI postada

No momento em que o facebook entrou na Internet como uma gigantesca plantação de eucaliptos vesti a pele de velho do Restelo e, em absoluto contra ciclo, amuei.
Nesse preciso instante dediquei-me a obter informação acerca desse fenómeno que, de uma penada, liquidava de vez o Hi5 e congéneres e, na minha perspectiva, ameaçava de morte a própria Blogosfera como a conheci até então.
Percebi na hora o que estava em causa, a ameaça que essa invenção do demo representava para esta comunidade a que aderi com entusiasmo, embora fosse notório o meu papel de voz clamando no deserto.
Poucos anos decorridos desde essa profecia da desgraça à qual ninguém conferiu qualquer tipo de relevância, os factos estão à vista para me darem a razão que de bom grado abdicaria.

A nostalgia, porquanto evidente, nem constitui o móbil para este simulacro de desabafo. Participei com entusiasmo na era de ouro blogueira, mesmo constatando a óbvia infiltração de hordas dos deserdados dos chats que se viram obrigados a enfrentarem esta prova de fogo de terem que preencher, todos os dias, um espaço capaz de atrair gente com sede de conversa mas, chatice, com sentido crítico o bastante para identificarem um trabalho de merda quando o apreciavam.
Nas tentativas frustradas dos menos capazes em conquistarem o seu lugar ao sol nesta plataforma de comunicação, a ditadura dos contadores que lhes deixava as caixas de comentários às moscas, traduzidas no cariz efémero da maioria dos blogues, percebi o potencial de algo como o facebook e o entusiasmo de muitos (quase todos os) outros, como previ, esmoreceu.

Na prática, esse novo formato ofereceu de bandeja uma saída airosa para os menos capazes, aqueles a quem algo mais do que a publicação de uma foto da treta ou de citações de terceiros (ou mesmo o plágio descarado) surgia como uma barreira intransponível à sua sede de projecção ou apenas de engate.
E começou aí a debandada dos medíocres, o que até seria porreiro se o tal livro das caras não se tornasse num imenso curral para o numeroso rebanho que, apenas e só por essa mesma expressão numérica, acabou por se tornar numa coisa montes de relevante e provocaria um efeito semelhante ao que as novelas e os reality shows criaram na televisão: a ditadura das audiências.

Esta história, para mim triste porque assisti ao fim de muitos blogues excelentes à míngua de quem os visitasse e ainda menos participasse nas respectivas caixas de comentários, resume a tal profecia que me guinda ao estatuto de visionário que antecipou a inevitável adesão dos melhores desta comunidade ao formato que concentrou as atenções do mundo inteiro e ao qual, coerente, recusei até hoje aderir.

Agora o facebook é o líder incontestado de audiências, a TVI da net.
E a Blogosfera transformou-se de repente na RTP2.

11 comentários:

  1. Embora tenha aderido ao Facebook, continuo com o Blogue e tentando acompanhar mais uns poucos.
    O Facebook parece-me estar a perder o interesse.
    São banalidades a mais e muitas fotos pessoais

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  2. O Facebook é uma perda de tempo. Da minha parte, praticamente só o uso para divulgar o que se vai publicando neste blog e n'a funda São.

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    1. Já agora... por curiosidade, o blog «a funda São» atingiu esta semana os 3 milhões de visitas (em quase 10 anos de existência). E tem uma média diária de mil visitas. Ainda há vida nos blogs.

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  3. Poizá çim çenhor
    À vida nos berloguis poizentão!!!
    O cu Fêissebuque fésh foi uma ispéçe de beralhar as cartas da birlogoishfera e açim.
    Vossezes hádem de ver que rialmente, o feiçebuque istá a perdere o intreçe poish nam dish nada aléim de vulgaridadis, pushtado pur piçoas vulgaris e çeim nada pra dezer, e cuando a coiza éi rialmente intreçante, temos quir ao berlogue cuza o feissebuque cumo meiu de divulgassão..... do birlogue...
    Tal i cual comu dish a Ção Rozas....e o Tubarinho tameim....

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  4. Navego, também, nessas águas, Shark. Tudo pelos blogues, nada pelo facebook.
    Estou lá, assim como se não estivesse, que isto de fenómenos novos é sempre bom sabermos do que falamos. De resto, não estou lá para nada.
    Há conceitos a que alguns aderem tão rapidamente que dá para ver que nem se pensou bem na coisa. Por exemplo: ah, é um belo meio de encontrarmos velhas amizades perdidas. Muito verdade. E, pelo caminho, é um meio pelo menos tão excelente para sermos encontrados por uma pipa de chatos que, no momento, não nos fazem falta nenhuma e tendem sempre a ser bastante intrusivos.
    Porque se é bom eu encontrar quem procuro, isso não é sinónimo de ser bom eu ser encontrado por quem me procura. Mas a malta pensa pouco... e desata a fazer amizades como se não houvesse amanhã nem anteontem, gosta de tudo, copia tudo... Enfim, é a suprema relaxação.

    No fundo, ficamos todos apanhadinhos numa rede de informações que não controlamos, mas que nos controla. E gostamos, pelo menos, as mais das vezes. Bem se diz que a primeira vez é que custa; depois...

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  5. Hora toma lá um laique, melhér, diria o Nelo

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  6. Eu sei que vocês sabem que eu sei que todos sabemos bem do que estou a falar. :)

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