Abastecer um carro eléctrico em trinta segundos e um telemóvel em dois?
O nosso mundo,
melhor, a fórmula de relativa estabilidade ambiental que dá o suporte à
simbiose que nos permitiu construir a civilização actual está gravemente
ameaçada. Não só a
superpopulação devido à explosão demográfica versus a crescente escassez de
recursos, mas principalmente a não sustentabilidade dos modelos energéticos,
são a principal ameaça. Se por um lado é possível conduzir-se por iniciativas
institucionais à limitação demográfica, por outro lado, tanto a produção de
energia como a produção de alimentos ultrapassaram já há muito o limiar da sustentabilidade.
Não é possível continuar a produzir num modelo que globalmente tira mais da
equação ambiental daquilo que ela pode dar. O défice é esse que todos nós
sentimos, como mero elemento que somos nesta teia de interacções complexas dum
ecossistema que teimamos em ignorar.
Os horizontes não são agradáveis por mais que determinados
governantes insistam em projectar cenários de amanhãs sempre melhores do que os
que passaram e que todos vemos piorar de ano para ano. Um dos elementos que mais contribui para a desequilíbrio
ambiental são os motores de automóvel.
Os recursos energéticos sob forma de combustíveis fósseis estão já
praticamente esgotados. Mesmo em países onde ele jorrava debaixo dos pés por
cada poço que se escavava num quintal. O Dubai, actualmente um centro financeiro que vive
da inércia do movimento de capitais, turismo e investimentos em energia
alternativa, já não tem uma pinga, e os outros Emiratos estão no limiar. Exploram-se
agora os xistos betuminosos, ou seja, as côdeas que ninguém queria quando o
bolo era farto.
ciclo dos motores térmicos |
Os motores eléctricos aproveitam a energia aplicada
praticamente a 100%.
Mas as baterias!
As baterias foram desde sempre um quebra-cabeças. Pesadas se feitas de chumbo, caríssimas e complexas se feitas recorrendo às tecnologias de iões de lítio. Depois existe ainda o problema do carregamento. Lento demais para ser alternativa ao ainda prático posto de combustível e sujeito a um infernal condicionamento quanto aos ciclos de carga.
Mas as baterias!
As baterias foram desde sempre um quebra-cabeças. Pesadas se feitas de chumbo, caríssimas e complexas se feitas recorrendo às tecnologias de iões de lítio. Depois existe ainda o problema do carregamento. Lento demais para ser alternativa ao ainda prático posto de combustível e sujeito a um infernal condicionamento quanto aos ciclos de carga.
Isto advém do processo electro-químico que está na base da
construção das baterias que conduz a que para cada um ou dois electrões livres
é preciso dispor de uma fórmula complexa de átomos que lhe dêem o suporte físico.
Numa bateria descarregada, para que ela volte a ter carga, é necessário uma
inversão química de todo o processo e isso tem de ser feito a uma velocidade
relativamente baixa pois de contrário as baterias estão sujeitas à destruição. A juntar a isto, uma deficiente recarga pode conduzir a uma acentuada redução na capacidade de acumulação de energia, o que vulgarmente se chama de viciação, o que leva a que só muito pouca da energia cinética seja possivel de ser recuperada e reconvertida em carga eléctrica devolvida às baterias durante as travagens de desacelerações. Os electrões, extremamente abundantes no Universo, são assim difíceis de guardar no caldinho químico de uma bateria.
Condensador eléctrico, duas placas isoladas |
Contudo, isso agora mudou. Uma descoberta fantástica, resultado do trabalho dos Prémio Nobel Andre Geim e Konstantin Novoselov abriu novas perspectivas há pouco tempo sequer imagináveis! O
grafeno permite que se produzam o que
se chama de super-condensadores.
Fundamentalmente, o que é um condensador? Embora tão versátil, um condensador é apenas um dispositivos formado por duas placas. Quanto mais juntas estão, mais energia podem acumular. Jamais se podem tocar e por isso isola-se o espaço entre as duas com uma placa isolante a que se chama dieléctrico. Quanto mais fina, mais capacidade de acumular electrões o dispositivo possui. No limite, se tivessem encostadas uma à outra à distância de isolamento de um átomo, poderiam acumular uma super gigantesca quantidade de energia. O grafeno permite reproduzir precisamente essa condição. Uma descoberta de ficção científica, o grafeno é extremamente leve, resistente e com qualidades extraordinárias a todos os níveis. Com super-condensadores de grafeno é possível produzir baterias para telemóveis que se carregam em dois ou três segundos, para carros que se carregam de seis a trinta segundos, etc. E isto em qualquer patamar de descarga. Tanto faz que esteja quase carregada, a meia carga, ou completamente descarregada. Não tem nem ciclos de carga nem viciações.
quanto mais superfície e mais próximas, mais capacidade |
Fundamentalmente, o que é um condensador? Embora tão versátil, um condensador é apenas um dispositivos formado por duas placas. Quanto mais juntas estão, mais energia podem acumular. Jamais se podem tocar e por isso isola-se o espaço entre as duas com uma placa isolante a que se chama dieléctrico. Quanto mais fina, mais capacidade de acumular electrões o dispositivo possui. No limite, se tivessem encostadas uma à outra à distância de isolamento de um átomo, poderiam acumular uma super gigantesca quantidade de energia. O grafeno permite reproduzir precisamente essa condição. Uma descoberta de ficção científica, o grafeno é extremamente leve, resistente e com qualidades extraordinárias a todos os níveis. Com super-condensadores de grafeno é possível produzir baterias para telemóveis que se carregam em dois ou três segundos, para carros que se carregam de seis a trinta segundos, etc. E isto em qualquer patamar de descarga. Tanto faz que esteja quase carregada, a meia carga, ou completamente descarregada. Não tem nem ciclos de carga nem viciações.
Estrutura microscópica de uma folha de Grafeno |
Uma enorme vantagem do grafeno é ser -além de muito leve-, incomparavelmente mais barato e no fim do ciclo, totalmente reciclável e de impacto ambiental praticamente neutro.
As indústrias do automóvel tem vindo a dar passos largos ao investir na sua optimização e estão neste momento ao ponto de anunciar a aplicação desta tecnologia aos seus produtos auto movidos a electricidade, embora se deva dizer com toda a propriedade que as aplicações deste material só agora despertaram e sim. Um outro mundo é possível. Não sem problemas, mas certamente sem este: os impactos ambientais no que ao pormenor da produção de energia motora dizem respeito. Outras aplicações extraordinárias podem ser desde já apontadas; roupas e edifícios inteligentes e auto-sustentados. O grafeno é ainda incrivelmente resistente e leve o que está a entusiasmar todos os sectores ligados à inovação mas também outros com larga experiência e tradicionais tais como a engenharia, construção civil e aeronáutica.
A Humanidade encontrou sempre um caminho em momentos em que tudo indicava o seu colapso. Esperemos que esta descoberta contamine no bom sentido todo um paradigma económico que pertence há muito ao passado. Para bem do Planeta e principalmente de todos nós.