Amadeu Ferreira deixou-nos e foi falar o seu querido Mirandês para outras paragens... Homem empenhado em causas, de que se destacaria a defesa intransigente e reiterada do Mirandês, que tanto ajudou a fazer renascer e a cultivar, mas também homem solidário e de intensa cultura.
Tive (tivemos) o prazer de o ter nas Noites com Poemas.
Aqui vos deixo o resumo da sessão nº. 85, O Mirandês e a Poesia, em jeito de homenagem, bem como a nota biográfica, à data coligida para adequada divulgação:
Sessão 85
19 de Abril de 2013 – Amadeu Ferreira
O mirandês e a poesia
de Amadeu Ferreira / Fracisco Niebro /
Fonso Roixo / Marcus Miranda
Amadeu Ferreira (Sendin, 29 de Júlio de 1950) ye abogado, i porsor
cumbidado an la Faculdade de Dreito de l'Ounibersidade Nuoba de Lisboua, i
cuntina a ser un de ls percipales respunsables pula promoçon de l Mirandés,
sendo pursidente de la Associaçon de Lhéngua Mirandesa, cun sede an Lisboua, i
tenendo traduzido yá 'Ls Quatro Eibangeilhos', 'Ls Lusíadas' i bários poemas de
Bergílio i Hourácio (http://mwl.wikipedia.org/wiki/Amadeu_Ferreira).
Foi, então, esta uma sessão
integralmente em torno do mirandês e da poesia de Amadeu Ferreira, vertida nas
autorias de Fracisco Niebro e de Fonso Roixo, bem como de Marcus Miranda, sendo
este, preferencialmente, um tradutor de clássicos latinos (Catulo e Horácio),
com preponderância em peças de teatro, mas com incidência próxima também na poesia
daqueles autores.
Uma língua identitária, fruto de
um modo de ser e de estar que a fez sobrevivente desde tempos imemoriais,
matriz de uma comunidade que teve artes de não a deixar cair em perdição,
contra ventos e marés de contrariedades ou contrariando preponderâncias de
cultura dominante. Um exemplo a seguir, digo eu, em tempos tão aziagos para a
afirmação da diferença cultural que tantos de nós ainda persistem em cultivar,
a bem da riqueza maior da Humanidade na diversidade.
Tratando-se de Miranda – que se
tentou trazer para perto de todos, até na vestimenta – algum arrebatamento, ao
nível dos afectos, se nos impunha, para o que contámos com a complacência do
nosso convidado.
Depois, a palavra ao excelente
comunicador que o professor é. Com vivacidade, ritmo e paixão, Amadeu Ferreira
levou-nos a passear pelo linguajar (linguajares?) das terras do nosso Nordeste...
mas sempre em mirandês, obrigando-nos a redobrada atenção, para não lhe perder
pitada, ainda que sempre mantivesse a preocupação da sua inteligibilidade, em
relação à assistência.
Assim percorremos, afinal,
diversas disciplinas da história, enriquecendo a moldura do quadro mirandês que
Amadeu Ferreira nos ia, vividamente, pintando e ilustrava com poemas extraídos
dos seus diversos heterónimos em livros como Cebadeiros, Pul Alrobés de Ls
Calhos, L Mais Alto Cantar de Salomon,
Ars Vivendi-Ars Moriendi, L Purmeiro Libro de Bersos, através dos
quais dá livre curso, também, ao seu combate em defesa da grandeza e dignidade
de uma língua que o é de corpo inteiro, como muito bem documentou também
através da leitura de diversas estrofes de Ls
Lusíadas an Mirandés, com retroversão de sua autoria.
Foi-nos dado, ainda, o privilégio
de usufruir de um mano a mano e partilhá-lo com toda a assistência, em volta de
um poema da autoria de Jorge Castro, em pertués
i mirandés, com a prestimosa ajuda do professor Amadeu Ferreira
Por fim e continuando a matriz
que enforma estas nossas sessões, foi dada a palavra a quem se afoitasse a
usá-la, de onde destacaremos, nesta sessão, Adelaide Monteiro, que nos trouxe
poemas mirandeses de sua autoria, colhidos no seu livro Antre Monas i Sebolácios.
NOTA BIOGRÁFICA
AMADEU FERREIRA
Amadeu Ferreira (Sendin, 29
de Júlio de 1950) ye abogado, i porsor cumbidado an la Faculdade de
Dreito de l'Ounibersidade Nuoba de Lisboua, i cuntina a ser un de ls percipales
respunsables pula promoçon de l Mirandés, sendo pursidente de la Associaçon de Lhéngua Mirandesa, cun sede an Lisboua, i tenendo traduzido yá 'Ls
Quatro Eibangeilhos', 'Ls Lusíadas'
i bários poemas de Bergílio i Hourácio.
Naciu an Sendin i
stá a bibir an Lisboua zde 1981. Pul meio passou por Vinhais i Bergáncia,
adonde studou ne l Seminário até 1972; marcou passo an Mafra (L Calhau) i an Lisboua (1973-1975), donde
fizo la tropa; bolbiu a Sendin an 1975-76, adonde screbiu i repersentou l
purmeiro triato que screbiu an mirandés anquanto trabalhaba na custruçon cebil,
ne l campo i na Adega Cooperativa Ribadouro; stubo meianho an Lamego (1977),
outro meio na Régua (1977) i dous anhos an Vila Real (1978-81), adonde
coinciu la tie cun quien stá casado, indo ne ls anterbalos al Porto para studar
filozofie na Faculdade de Lhetras (d'adonde passou pa la Faculdades de Lhetras
de l'Ounibersidade de Lisboua). Até 1982 melitou nun partido político UDP, chegando a sentar-se por un cachico na Assemblé de la
República (onde mal chegou a abrir la
boca). Apuis desso, bendiu publecidade, fui porsor de música, i
tirou la lhicenciatura na Faculdade de Dreito de Lisboua, an 1990, adonde
passou a dar scuola zde esse anho. D'anton para acá fizo l mestrado (1994),
publicou mais dua dúzia de lhibros i artigos de dreito, bai purparando l
doutoramiento, trabalha na CMVM Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, adonde faç parte de cunseilho diratibo, stando agora
cumo porsor ousseliar cumbidado na Faculdade de Dreito de l'Ounibersidade Nuoba
de Lisboua.
In http://mwl.wikipedia.org/wiki/Amadeu_Ferreira
Como se diz bem hajas, em Mirandês?
ResponderEliminarNão sei nada de Mirandês por isso não posso ajudar-te em nada ªÇãozinha
ResponderEliminarMas um grande "Bem Hajas" Orca por esta pérola à memória eterna
Pus (entenda-se pois), bien habas, que é como quem diz oubrigado.
ResponderEliminarPus bien habas.
ResponderEliminarEntão será que no plural se diz "bien habemos (papa)"?
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