março 03, 2015

Amadeu Ferreira

Amadeu Ferreira deixou-nos e foi falar o seu querido Mirandês para outras paragens... Homem empenhado em causas, de que se destacaria a defesa intransigente e reiterada do Mirandês, que tanto ajudou a fazer renascer e a cultivar, mas também homem solidário e de intensa cultura. 

Tive (tivemos) o prazer de o ter nas Noites com Poemas.  
Aqui vos deixo o resumo da sessão nº. 85, O Mirandês e a Poesia, em jeito de homenagem, bem como a nota biográfica, à data coligida para adequada divulgação: 


Sessão 85

19 de Abril de 2013 Amadeu Ferreira
O mirandês e a poesia
de Amadeu Ferreira / Fracisco Niebro / Fonso Roixo / Marcus Miranda

Amadeu Ferreira (Sendin, 29 de Júlio de 1950) ye abogado, i porsor cumbidado an la Faculdade de Dreito de l'Ounibersidade Nuoba de Lisboua, i cuntina a ser un de ls percipales respunsables pula promoçon de l Mirandés, sendo pursidente de la Associaçon de Lhéngua Mirandesa, cun sede an Lisboua, i tenendo traduzido yá 'Ls Quatro Eibangeilhos', 'Ls Lusíadas' i bários poemas de Bergílio i Hourácio (http://mwl.wikipedia.org/wiki/Amadeu_Ferreira).

Foi, então, esta uma sessão integralmente em torno do mirandês e da poesia de Amadeu Ferreira, vertida nas autorias de Fracisco Niebro e de Fonso Roixo, bem como de Marcus Miranda, sendo este, preferencialmente, um tradutor de clássicos latinos (Catulo e Horácio), com preponderância em peças de teatro, mas com incidência próxima também na poesia daqueles autores.

Uma língua identitária, fruto de um modo de ser e de estar que a fez sobrevivente desde tempos imemoriais, matriz de uma comunidade que teve artes de não a deixar cair em perdição, contra ventos e marés de contrariedades ou contrariando preponderâncias de cultura dominante. Um exemplo a seguir, digo eu, em tempos tão aziagos para a afirmação da diferença cultural que tantos de nós ainda persistem em cultivar, a bem da riqueza maior da Humanidade na diversidade.

Tratando-se de Miranda – que se tentou trazer para perto de todos, até na vestimenta – algum arrebatamento, ao nível dos afectos, se nos impunha, para o que contámos com a complacência do nosso convidado.

Depois, a palavra ao excelente comunicador que o professor é. Com vivacidade, ritmo e paixão, Amadeu Ferreira levou-nos a passear pelo linguajar (linguajares?) das terras do nosso Nordeste... mas sempre em mirandês, obrigando-nos a redobrada atenção, para não lhe perder pitada, ainda que sempre mantivesse a preocupação da sua inteligibilidade, em relação à assistência.

Assim percorremos, afinal, diversas disciplinas da história, enriquecendo a moldura do quadro mirandês que Amadeu Ferreira nos ia, vividamente, pintando e ilustrava com poemas extraídos dos seus diversos heterónimos em livros como Cebadeiros, Pul Alrobés de Ls Calhos, L Mais Alto Cantar de Salomon, Ars Vivendi-Ars Moriendi, L Purmeiro Libro de Bersos, através dos quais dá livre curso, também, ao seu combate em defesa da grandeza e dignidade de uma língua que o é de corpo inteiro, como muito bem documentou também através da leitura de diversas estrofes de Ls Lusíadas an Mirandés, com retroversão de sua autoria.

Foi-nos dado, ainda, o privilégio de usufruir de um mano a mano e partilhá-lo com toda a assistência, em volta de um poema da autoria de Jorge Castro, em pertués i mirandés, com a prestimosa ajuda do professor Amadeu Ferreira

Por fim e continuando a matriz que enforma estas nossas sessões, foi dada a palavra a quem se afoitasse a usá-la, de onde destacaremos, nesta sessão, Adelaide Monteiro, que nos trouxe poemas mirandeses de sua autoria, colhidos no seu livro Antre Monas i Sebolácios.



NOTA BIOGRÁFICA

AMADEU FERREIRA

Amadeu Ferreira (Sendin, 29 de Júlio de 1950) ye abogado, i porsor cumbidado an la Faculdade de Dreito de l'Ounibersidade Nuoba de Lisboua, i cuntina a ser un de ls percipales respunsables pula promoçon de l Mirandés, sendo pursidente de la Associaçon de Lhéngua Mirandesa, cun sede an Lisboua, i tenendo traduzido yá 'Ls Quatro Eibangeilhos', 'Ls Lusíadas' i bários poemas de Bergílio i Hourácio.
Naciu an Sendin i stá a bibir an Lisboua zde 1981. Pul meio passou por Vinhais i Bergáncia, adonde studou ne l Seminário até 1972; marcou passo an Mafra (L Calhau) i an Lisboua (1973-1975), donde fizo la tropa; bolbiu a Sendin an 1975-76, adonde screbiu i repersentou l purmeiro triato que screbiu an mirandés anquanto trabalhaba na custruçon cebil, ne l campo i na Adega Cooperativa Ribadouro; stubo meianho an Lamego (1977), outro meio na Régua (1977) i dous anhos an Vila Real (1978-81), adonde coinciu la tie cun quien stá casado, indo ne ls anterbalos al Porto para studar filozofie na Faculdade de Lhetras (d'adonde passou pa la Faculdades de Lhetras de l'Ounibersidade de Lisboua). Até 1982 melitou nun partido político UDP, chegando a sentar-se por un cachico na Assemblé de la República (onde mal chegou a abrir la boca). Apuis desso, bendiu publecidade, fui porsor de música, i tirou la lhicenciatura na Faculdade de Dreito de Lisboua, an 1990, adonde passou a dar scuola zde esse anho. D'anton para acá fizo l mestrado (1994), publicou mais dua dúzia de lhibros i artigos de dreito, bai purparando l doutoramiento, trabalha na CMVM Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, adonde faç parte de cunseilho diratibo, stando agora cumo porsor ousseliar cumbidado na Faculdade de Dreito de l'Ounibersidade Nuoba de Lisboua.

In http://mwl.wikipedia.org/wiki/Amadeu_Ferreira

5 comentários:

  1. Como se diz bem hajas, em Mirandês?

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  2. Não sei nada de Mirandês por isso não posso ajudar-te em nada ªÇãozinha
    Mas um grande "Bem Hajas" Orca por esta pérola à memória eterna

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  3. Pus (entenda-se pois), bien habas, que é como quem diz oubrigado.

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  4. Então será que no plural se diz "bien habemos (papa)"?

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