Deste Passos trocado, se calhar
em miúdos, dizer o quê? Surpresa? Nenhuma! Há uma seita que sabe de si mesma
estar cheiinha de telhados de vidro e outros tantos esqueletos no armário, mas
que se julga, com idêntica intensidade, poder passar por esta vida sempre
impune, se, para tanto, lhes sobrar engenho e arte, bem como um punhado de
ocasionais amigalhaços.
É a perspectiva que lhes traz o exercício
do «poder», tal como o entendem. Daí, também, que se desunhem para o atingir,
como meio eficaz para volitarem acima do comum dos mortais.
Não o exercem, pois, a bem da
nação. Nem pensar nisso! Mas têm sempre bem presente o fito – mais ou menos
ambicioso, dependendo das respectivas personalidades e formação básica (ou de
berço, como queiram…) – de ficarem acima da carne seca, como expressão usada
pelos nossos irmãos brasileiros, que aqui tão bem se enquadra.
Terão, bem no íntimo a pura
convicção de serem sobreviventes e se, para tal, tiverem de se arvorar em
superpredadores, eles aí estão, sem rebuço, sem escrúpulos, sem reticências, de
bico e garras aduncas, abarbatando a carniça que puderem.
Assim sendo e vendo o que vamos
vendo dos exemplos destes «maiores», multicolores e tantos, se amanhã me
disserem que um tal Coelho matou a avó para antecipar uma herança ou que o
senhor Silva foi informador na juventude para recolher uns trocos ou, ainda,
que um próprio super-director das Finanças, conotado como um profissional de
elevadíssimo gabarito, alegou falta de aviso para justificar um calote em que
incorria nas Finanças, nada me espanta.
Quando, na minha actividade
profissional, perante a emissão de um chorudo cheque sem provisão, colhi do
emitente – que, por sinal, até exercia advocacia –, a afirmação justificativa de
que «- ó meu amigo, um cheque sem provisão é uma actividade comercial corrente!»,
eu também não me espantei.
E é isso que me preocupa. Esta
aparente incapacidade para me espantar com estas espantáveis coisas!
Abençoada esta nossa incapacidade!
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