junho 20, 2015

USS MAINE, o seu afundamento. Another "inside job?"

USS Maine após a explosão em Havana
O afundamento do USS MAINE, um navio de guerra Norte Americano no porto de Havana em  15 de Fevreiro de 1898, foi o facto que oficializa a saída das suas forças armadas, até então confinadas ao imaginário de um território em expansão interna até ao infinito, para o cenário internacional.
Usado como pretexto para a intervenção em Cuba, deu origem à independência desta antiga colónia Espanhola, que passou a partir daí a ser controlada por governos de direita privilegiando uma classe corrupta sob o mando de ditadores, até o último, Fulgêncio Batista, ser derrubado por Fidel Castro.
Escusado será dizer, uma vez que é do domínio público, que os ditadores, chamados de "moderados" e os seus abusos tiveram sempre toda compreensão e  apoio do seu poderoso vizinho, enquanto que o governo que se seguiu se viu confrontado com toda a sorte de acusações e bloqueio de décadas.

Mas de onde vem então o caso que ficou conhecido como o afundamento do Maine?
É preciso dizer que a partir do princípio do século XIX, ainda Napoleão se movimentava em pleno nas campanhas militares da Europa e já  os movimentos de libertação na América do Sul tinham começado a embrionar.  Um movimento Maçónico, a Logia Gran Reunión Americana teorizava e lançava as bases do que Simon Bolivar haveria de consolidar no terreno. Venezuela seria a primeira possessão Espanhola a cortar os laços de dependência e logo as outras se seguiriam.

Cuba era assim uma das últimas terras ultramarinas sob bandeira de Espanha em 1898, e também aqui os movimentos  de libertação davam os seus primeiros passos.
Sob o pretexto da protecção dos cidadãos Americanos em solo Cubano que estariam sob ameaça dos tais movimentos, os EUA enviaram então um contingente para as águas e portos da ilha vizinha.

Imprensa ao rubro.
Mas qual era então o contexto comercial e político entre os EUA e Espanha?
Os Estados do Sul enfrentavam uma difícil crise económica. Os bens que os seus campos forneciam eram prejudicados pelos custos mais elevados face aos que eram produzidos em Cuba, e este facto dera já origem a graves contenciosos comerciais entre os dois países.
O afundamento do navio foi de imediato alocado a uma acção de sabotagem dos Espanhóis, tese  espalhada de forma intensiva e histérica pelos jornais Estado-unidenses numa campanha que voltou  toda  a opinião pública  a favor de uma exemplar punição contra a afronta Espanhola. Foi apresentado um ultimato: Espanha deveria entregar imediatamente a administração da ilha aos EUA, o que foi como é óbvio, rejeitado por Espanha e que resultou na declaração de guerra.

O rescaldo conta-se em duas linhas: Espanha, até então uma super-potência, perdeu a ilha e os Estados do Sul, um concorrente  incómodo aos preços da sua cana de açúcar e algodão.
Na mesma leva, e do outro lado do mundo, o conflito fez o império Espanhol ficar sem as ilhas do Pacífico além de outras perdas significativas. Espanha tinha menosprezado o poderio militar dos EUA. Já não era constituído por uma conflituosa e confusa aglomeração de forças de diversos Estados, que pouco tempo antes se viam a braços nas suas costas com actos de pirataria Argelina, mas uma máquina de guerra poderosa e bem montada.

Décadas se passaram, mas Espanha nunca reconheceu a culpa e acusou terem sido os Americanos a afundarem o seu próprio navio para terem um pretexto que fundamentasse o assalto militar à ilha, tese que ainda hoje é oficialmente rejeitada pelo Governo dos EUA. Isto está bem patente na atitude secundada pela História oficial que conta versões totalmente diferentes, e que apontam como tendo sido os EUA a terem sido empurrados para o conflito, única solução para um impasse que durava já tempo demais e que assentava, segundo as suas versões, num prejuízo comercial tanto para os EUA como para Cuba.
Uma actividade bem sucedida...
Mas o facto é que após algumas análises inconclusivas, em 1976, sob o comando do Admiral Hyman Rickover, os estudiosos concluíram ter sido o afundamento do navio provocado por um "acidente" nos porões onde o combustível, carvão, estava armazenado, aliviando a carga que sobre as relações com Espanha pendiam.

Foi então um acidente: a conclusão do relatório. 
Podemos questionar o nível de acidente e ir mais longe e investigar os problemas diversos que o navio apresentou ao longo da sua vida útil. Poucos anos antes, uma grave explosão no compartimento dos torpedos tinha destruído parte do navio e a sua reconstrução não o teria deixado em condições de operacionalidade que são exigíveis a este tipo de equipamentos.
O Maine seria uma peça a abater, mas foi enviado para Havana. Na noite da explosão, havia pouca tripulação a bordo. Tal como nos edifícios mais de um século depois no dia 11 de Setembro. Foi o cordeiro a sacrificar em nome de valores mais altos...

5 comentários:

  1. ... valores mais altos... em dinheiro!

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  2. Muito dinheiro para comprar as coisas que, para fazer dinheiro, se estragam

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  3. ... e vá-se lá saber o que fazem a todo esse dinheiro...

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    1. Claro está: estragar mais coisas para fazer ainda mais dinheiro....

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    2. É a lógica desta malta... a lógica do caga-cornos.

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