junho 11, 2005

Há argumentação nas escolas de gestão

"Caro Paulo, o mundo é uma aldeia ou, como diria um tio meu, Coimbra é que é grande!
Como sabes passei por várias universidades para além da FEUP! Nesta nunca tive nenhuma cadeira relacionada com os temas que referes; nem nesta nem nas outras. Contudo, ao nível de mestrados sim.
Aliás, depois de ter estudado em Coimbra, no Porto e em Lisboa, foi na Católica que encontrei uma escola de livre pensamento, onde os alunos podiam refutar o professor desde que, para isso, apresentassem argumentação sólida e estruturada.
E nada melhor do que fazer business cases em equipa com pessoas de origens académicas e profissionais manifestamente diversas (falo do MBA). Aprendi a trabalhar e a pensar em equipa, a negociar melhor, a argumentar na defesa das conclusões face a uma plateia que, não sendo céptica, era exigente.
De facto, os temas que referes são cobertos nas cadeiras de negociação, ética e outras, não havendo uma cadeira específica para elas.
Termino com uma pequena estória contada por um professor que tinha acabado de regressar de Harvard, onde se doutorara. Dizia ele que na defesa de um trabalho de grupo, um colega pedira desculpa ao professor por apresentar um documento com demasiadas páginas, mas que de facto eles não tinham tido tempo para o sintetizar.
João Mãos de Tesoura"

Meu caro João, eu não digo que nos cursos de gestão não se usa argumentação. Aliás, uma tese é um argumento, não é? O que digo é que não se aprendem as bases e as regras da argumentação. Assume-se - quanto a mim muito erradamente - que os alunos devem saber desenrascar-se por si próprios. Ou seja, pratica-se sem enquadramento teórico. E depois dizemos que os portuguesinhos têm espírito de desenrascanço. E, tal como o vinho, que tanto pode servir para comemorar como para esquecer, essa característica portuguesa tanto é vista como um mérito como uma praga cultural. No meu ponto de vista, é algo que só deveria ser «usado em caso de emergência» e não como se verifica: a torto e a direito.

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