junho 27, 2005

O grande desafio

No suplemento de economia do Expresso deste sábado, Daniel Amaral escreve, na sua coluna «a Força dos Números», a respeito do Programa de Estabilidade e Crescimento 2005/2009:
"Não vale a pena iludirmo-nos. Este PEC é de uma violência brutal. Mas não havia alternativa. (...)
Seja como for, é estranho. Se estamos perante uma política não só necessária como insuficiente, como é que as pessoas a não entendem e respondem com com ameaças, greves e paralisações? (...)
É preciso contrariar esta ideia, e a melhor forma de o fazer é através de uma explicação serena do que está em causa. Um bom programa, para ser eficaz, necessita de uma boa comunicação. Este é o desafio em que o Governo não pode falhar"


Durão Barroso, pouco tempo depois de tomar posse como primeiro-ministro, «pôs merda no ventilador» (como dizia um chefe meu brasileiro) ao proclamar que o país estava em crise. Fiquei arrepiado logo quando o ouvi e lembrei-me das mentiras piedosas dos médicos: se um médico diz a um doente que está a morrer, a angústia, associada à doença, só piora o estado de saúde do paciente.
Uma das muitas coisas que aprendi no curso de Economia da FEUC foi que as expectativas (e a sua gestão) são fundamentais. Se as expectativas dos indivíduos e das empresas forem pessimistas, comportam-se assumindo a expectativa como realidade... transformando assim a própria realidade (causando ou agravando os problemas). Há anedotas engraçadíssimas sobre isto.
Concordo a 119% (100% mais IVA, enquanto não passa para 21%) com Daniel Amaral: é fundamental que haja uma boa comunicação. Com recurso a uma argumentação racional. Evitando cair na «retórica no mau sentido». E o tema do livro «Persuacção» aplica-se perfeitamente à economia política e às finanças públicas.

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