julho 19, 2005

Uma confissão e uma dúvida

"Tenho estudado (não lido) o seu livro. Confesso que me sinto intelectualmente impreparado para assimilar esta matéria, ainda por cima tão importante para uma boa preparação para funções executivas. Serei uma excepção ou sou apenas mais um exemplo de como estamos, em Portugal, tão mal formados, humana e profissionalmente?
Dúvida: argumento e premissa não são a mesma coisa?
José Pinho
(recebido por e-mail)"

Pode ter a certeza que não somos só nós os dois a sentirmo-nos impreparados, em Portugal, para argumentar racionalmente e evitar armadilhas colocadas por quem connosco dialoga. Mais grave ainda seria nem sequer pensarmos - como acontece com muita gente - que estamos expostos, nas organizações, a todo o tipo de falácias. Sejam elas apresentadas por má-fé ou simples «nabice» dos nossos interlocutores.
Quanto à sua dúvida, um argumento é um conjunto de juízos, um dos quais é a conclusão, cuja verdade se pretende estabelecer, com base nas premissas, que se supõe conduzirem, suportarem ou convencerem que a conclusão é verdadeira. Ou seja, num modelo de argumento simples («premissas, logo conclusão»), as premissas são os juízos que permitem chegar a uma conclusão. No modelo que proponho no livro «Persuacção», o argumento é algo bem mais complexo, já que para se chegar à conclusão temos dados que terão que ser justificados, com fundamentos e assumindo-se restrições. A conclusão estará sempre sujeita a qualificadores (raramente é peremptória), estará sujeita a refutação e haverá certamente restrições à sua aplicação:



Fui suficientemente claro?
Não hesite em escrever e colocar todas as dúvidas que tiver.

Sem comentários:

Enviar um comentário