O complexo de culpa é de facto inerente a este arquétipo cultural.
Inclusivamente, nascemos já com a culpa original, o pecado original pelo qual, mesmo sem ainda ter feito coisa alguma, estamos condenados às fogueiras dos infernos. Salva-mo nos pelo baptismo... mas apenas para começar, pois a culpa está sempre presente em todos os actos da vida...
Fui educado - como quase todos neste gomo, a grosso modo, do hemisfério Norte e Oeste em que se dividiu o mundo- dentro do espartilho estreito do Cristianismo; um sistema de condicionamento comportamental que trabalha subtilmente o campo da culpa, do castigo sempre presente, amenizado de forma superior pela redenção alcançável mas sempre preclitantemente dependente dum juízo à hora da morte. A redenção, a recompensa é assim, antes de mais, um território de conforto, de construção interior, formatado por um envolvimento pecaminoso, entenda-se: a Culpa.
Iniciada com a expulsão do Paraíso, de algum modo desde Moisés que a mensagem está bem presente: sofrer a travessia no deserto para expiar a culpa, pois lá no fim fica Canaan, a terra prometida. A redoma de conforto fica assim sempre mais além, no fim da vida, e melhor ainda, depois dela quando não é exigível pelo passivo o cumprimento do sonho quando- no mundo dos vivos- era um activo.
Há um Deus que recolhe as almas e as põe do seu lado; o direito, que fique registado. Mas repare-se: mesmo depois de mortos, este Deus, apenas recolhe as que foram por esta ordem: crentes, tementes e cumpridores. Os outros ficam a sofrer eternamente nos infernos. Contrariamente aos infernos de onde o judaísmo bebeu as influências onde este apenas era uma passagem para o renascimento, este inferno judaico-cristão-e-derivados, prolonga o sofrimento terreno "ad eternum". Haverá melhor sistema de domínio político do que este que nem na morte dá ao cidadão o direito à paz?
Charlie
Se não tivesses posto isto aqui, só Deus te poderia perdoar :O)
ResponderEliminar...e ficaria eternamente a expiar a culpa...I guess... :S
ResponderEliminarI guessas bãe.
ResponderEliminarVocês já imaginaram a quantidade de culpas andam por aí na barriga das minhocas e outros vermes, que nos escarafuncham todos depois de batermos a caçuleta?
ResponderEliminarPor essas e por outras é que eu não mato as pobres das bichinhas, não vão espalhar, de novo, as culpas ingeridas por esse mundo fora. Já os coelhos...
Ouves passos?
ResponderEliminarOs coelhos, amigo Orca, é tiro e queda... ;)
ResponderEliminarClap, clap, clap, e mais uma vénia, Charlie!
ResponderEliminarNão há melhor matéria prima para se discorrer do que uma bela posta, como é o caso da que tu puseste.
ResponderEliminarVénias, Ana e uma grande salva de clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...clap-claps...