dezembro 04, 2013

O que sabia Cristóvão Colombo sobre o Novo Mundo ? II



Hélio, o colosso de Rodes

Uma das épocas mais fascinantes é a que se chama do Cobre. Apresentada como um momento marcante de transição, dá testemunho a um grande salto evolutivo das sociedades humanas no que às capacidades industriais e organizativas diz respeito. De um modo geral tem-se como dado adquirido um determinado escalonamento em Épocas com que a evolução da humanidade é classificada. Infere-se que a fusão de, primeiro, e a liga de metais, depois, seria a marca do avanço progressivo no campo do conhecimento e a sua aplicação em termos industriais. Assim, a Idade do Bronze é apresentada como uma evolução do Calcolítico: do cobre puro apurado nos afloramentos naturais de então, ter-se ia passado a diversas ligas com outras características, nomeadamente a da rigidez e resistência à corrosão que dariam vantagem no confronto com armas construídas apenas de cobre puro.
Deve dizer-se que o cobre é, juntamente com o ferro, um dos metais mais abundantes no planeta. No entanto, ele encontra-se tanto em óxidos como em ligas naturais que exigem tratamentos sucessivos de forma a ser apurado até a um determinado grau de pureza.  Afloramentos de cobre puro eram extremamente raros e de expressão reduzida. Nesses mesmos afloramentos, embora os núcleos fossem de um determinado grau de pureza, podia assistir-se a transições entre o cobre e outros metais. Junto aos veios dos metais, uma quantidade de outros veios dão testemunho do drama geológico da história do planeta. Assim é natural que se tenha descoberto por acaso a capacidade de conferir outras características ao cobre aquando do aquecimento das pedras para a fusão do metal nelas contido.
A cronologia das Eras segue por isso esta lógica: primeiro o cobre puro, e depois o cobre ligado. No entanto, com o advento das novas tecnologias, o campo da investigação deparou-se com novos factos.  Um dos povos que mais marcadamente caracteriza a Idade do Cobre é o Minóico. Comerciantes, artífices e navegadores, espalharam a sua influência muito para além dos limites da ilha de Creta onde a sua civilização se desenvolveu. O seu cobre comercializado por todo o mundo antigo e agora analisado segundo os mais avançados processos científicos revela algo que surpreendeu os investigadores e arqueólogos. O grau de pureza é extraordinário, praticamente cem por cento, e mais ainda: não revela as sequelas resultantes das contaminações da fundição obtida pela queima de madeira que eram utilizadas nos fornos de então pelos outros povos contemporâneos. Este grau de elevada pureza, apenas passível de ser conseguido nos tempos actuais por reduções e processos electrolíticos, intrigou todo o mundo científico. Teriam os Minoicos conhecimentos da corrente eléctrica? As especulações tinham alguma base racional, mas algo mais adensava o mistério. As enormes quantidades de cobre puro que  repentinamente os Minoicos trabalharam e comerciaram sob todas as formas punham uma questão ainda mais pertinente. Onde mineravam eles? A Ilha de Creta é pobre em recursos minerais, o seu cobre apresenta-se sob formas que exigem tratamentos trabalhosos e que deixam contaminações  características que permitem rastrear a sua origem. Além disso, deveria de haver uma abundante marca no terreno deixado por centenas de minas e fundições. Nada disso é evidente. E como e onde purificavam o cobre?
A descoberta de um navio Minóico em Uluburun datado de 1310 AC, carregado com barras de cobre adensou ainda mais o mistério. Devemos ter em conta o enorme uso que repentinamente se deu ao cobre nessas épocas. Se até determinada altura as peças de cobre eram raras e certamente preciosas, algo extraordinário aconteceu para que de forma muito rápida o seu uso se generalizasse. Obras como o Colosso de Rodes, cujos restos - após o terramoto que o destruiu - tiveram de ser transportados por uma caravana de quase mil camelos, dão testemunho da enorme quantidade de metal transaccionado.

Os estudos laboratoriais minuciosos e efectuados sob todos os prismas permitem apurar as origens, tratamentos, utilizações, fundições e reaproveitamentos. Mas as barras de cobre em tal grau de pureza, sabe-se agora não pertencem ao continente Europeu! O seu rasto segue um percurso que aponta ao litoral Norte do território Francês, sul das Ilhas Britânicas e culmina em Michigan, já do outro lado do Atlântico. Nessa região, existem jazidas de cobre de enorme concentração e pureza. Afloramentos e “pepitas” de cobre puro de tamanho consideráveis são ali ainda comuns nos tempos actuais.
Esta descoberta foi uma bomba que mexeu todos os canhenhos Históricos e foi, tal como na naturalidade de Cristóvão Colombo, recebida com todo o cepticismo.
No entanto, as marcas estão lá no terreno. Tanto em Keweenaw com em Isle Royal, Michigan, o ambiente anaeróbico preservou da corrosão as estruturas de madeira que suportam as galerias das minas de cobre inicialmente atribuída aos Índios mas cuja datação demonstra ter vários milénios e os sistemas de construção desconhecidos pelos povos que habitavam as terras da América do Norte. O grau de pureza do minério é idêntico ao das barras de Urubulun.
petróglifo de navio, Michigan
Coincidência? O estudo isotópico demonstra que não. A juntar a isto, há que referir uma muito pequena percentagem de contaminação com prata que não faz liga com o cobre e que por vezes surge em grãos maiores. Exactamente como se encontram em algumas peças descobertas no Velho Continente.
As lendas dos Índios referem-se a homens louros que arrancariam das entranhas das terras enormes quantidades de pedras. Sabe-se hoje que foram centenas de milhares de toneladas que não encontram expressão no uso que os índios deram!
A juntar a isto, há outras referências como petróglifos e inscrições a atestar a mais do que provável estada dos Minoicos por terras de além-mar. A desarmar os que argumentam de que podem ser falsificações, adianta-se desde já que as tábuas de barro com inscrições foram descobertas por acaso  e enleadas numas raízes de uma árvore antes de ser conhecida a civilização Minóica e apenas o desleixo de terem sido postas a um canto e esquecidas as preservou da destruição.
Se é verdade que a mineração de cobre em estado de tal grau de concentração e pureza davam uma enorme vantagem competitiva, por outro lado, a concorrência dos outros povos certamente teria feito com que eles preservassem a todo o custo o segredo da sua origem. Mares povoados de monstros e lendas terríficas que faziam escola na nossa Idade Média, seriam os melhores desincentivadores para os menos aventureiros. Mas teriam sido apenas os Minoicos a visitar e explorar os recursos do Novo Continente?


1 comentário: