instalação de Élsio Menau |
Poderiam estas linhas ter o carácter de uma Carta Aberta ao
autor da denúncia e queixa contra o autor da obra “Portugal Enforcado”, mas são
apenas uma reflexão seguida de várias perguntas as quais poderão alimentar de
novo outras reflexões.
Conclusões? Se alguém num país atravessado por emigração e desemprego ainda tiver animus para tal…
Portugal Enforcado, uma instalação de Élsio Menau, foi classificada com dezassete valores e esteve exposta durante dois dias num espaço
público tendo sido retirada pela GNR ao mesmo tempo que uma denúncia levava o
autor a tribunal pelo crime de ofensa à bandeira, símbolo máximo nacional.
O julgamento findo, deu como improcedente a queixa contra o artista e a consequente absolvição
As razões invocadas em tribunal pelo autor da obra, são de
domínio público: estamos de corda na garganta e a instalação , longe de querer
significar um ultraje, é antes um apelo ao que resta do nosso patriotismo…
Sou a dizer que concordo em pleno com o autor da instalação.
Estamos de corda na garganta e o pior é que a pouca terra que temos debaixo dos
pés está a ser levada para outros lados. Temos cada vez menos Portugal, a corda
cada vez mais apertada e o corpo a ceder por falta de sustento.
Assim, e falando curto e grosso, seria interessante se o
indignado cidadão que se deu ao trabalho de promover a queixa e o levantamento
do processo, fizesse o mesmo aos inúmeros pulhas e traidores que esses sim, têm
ultrajado o que o símbolo nacional, - a bandeira- em concreto significa, não através de
instalações artísticas mas sim através de outras artes indignas.
O desmontar do Estado, o fecho do interior do Pais, obedecendo
a critérios contrários ao interesse dos cidadãos que olham para a bandeira como
sua assim como o bocado de terra que pisam, as instituições e empresas que os
nossos antepassados criaram e legaram, que funcionavam bem e eram lucrativas e agora estão em
mãos e interesses alheios, isso sim que são atentados ao que ela significa. Não lhes foi dado o mandato para negociar e vender o espólio do País, mas sim para gerí-lo, e é o conjunto dos nossos interesses, culturais, históricos, linguísticos e económicos, que dá o significado ao que se chama de Bandeira.
Uma vila no interior tem menos direito de cidadania que uma
cidade no litoral? Terá menos bandeira? Ou será que esse direito se extingue no acto do voto e tudo
o resto, escolas, centros de saúde, tribunais, são “despesas” insuportáveis para
o Estado? E será que o Estado ao menos
minora em impostos os cidadãos pelo desconforto e aumento de despesas privadas
pelo facto de terem que suportar as deslocações para cumprir o que o Estado obriga,
ou aos súbitos problemas de saúde?
segundo os códigos militares, a bandeira ao contrário significa que o local foi tomado pelos inimigos |
A resposta é sabida, um enorme aumento de impostos e uma
enorme redução das obrigações do Estado para com os cidadãos que subitamente se vêem limitados e até privados no que são os seus direitos.
Perante isto, estamos ou não nas pontas dos pés e de corda
na garganta enquanto a pouca terra que nos suporta cada vez menos é nossa?
Se de ultrajes ao símbolo nacional a indignação se ficasse
pela exposição desconforme da bandeira, então já vai muito atrasado a queixa e
processo a levantar contra quem ergueu a bandeira de cabeça para baixo, ou se
calhar não: a bandeira ao contrário significa local tomado pelo inimigo....
E o Élsio Menau até pôs a bandeira direitinha...
ResponderEliminarA gente quer é tê-la direita... ;)
ResponderEliminarEça é que é Eça!
EliminarPor vezes pergunto-me se o maior ultraje aos símbolos maiores da nossa nacionalidade e cidadania não será o metermos lá as «encomendas» que metemos...
ResponderEliminarPergunta de retórica, de tão óbvia que é a resposta.
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