Eu tive a honra em assistir a uma palestra deste renomado sociólogo e jurista português (em Brasília-DF). Um cara ao qual "permito" que faça qualquer comentário ao meu País, posto que aqui já viveu e vivenciou os problemas de comunidades (favelas). Portanto, com bastante cacife e moral para se referir a este País. Além disso... É um poeta! É dele INKZ: anti manifesto para uma arte incapaz. Quando estudante de Direito, devorei vários artigos e obras desse mestre. E registrem: o homem sabe das coisas. O que ele diz... pra mim é sempre coerente.
Já repararam, e esta observação é para os e as mainstreamers, que todos os grandes homens estão sempre do lado contrário? A observação muito bem fundamentada de que os Bancos Alemães se enchem à custa dos "preguiçosos do Sul" é determinante para uma viragem da política. Mas para isso é necessário correr com Cavacos e Coelhos, os lambe-botas do sistema. E temo que isso esteja muito comprometido. Nas Antenas Abertas e fora grande parte dos "comentaristas" da nossa plebe revelam uma atroz ignorância, e pensamento sedimentado de onde dificilmente algo de diferente pode sair. É o perfil de que os governantes apreciam especialmente. A ignorância como arma política é extremamente eficaz pois é o campo fértil para a demagogia fácil. O chavão " viver-se acima das possibilidades" foi um dos trunfos que permitiu ao Governo alienar activos fundamentais para a nossa economia e reduzir o nível de vida dos cidadãos sem que grande parte destes se revoltasse. A ignorância permite que a consciência derive facilmente para o campo da culpa que é sempre do outro. Do funcionário público, do reformado, dos professores, a culpa sempre do outro, o que sofre como nós a desgraça deste desgoverno. Quanto a mim argumentos de forma canalha e perversa, que no meu pensar não colhe mas que num campo tão vasto de estupidez e ignorância tem seara farta, servida à mesa da TV pelos comentadores e fazedores de opinião de circunstância.
Quando tive contato, pela primeira vez, com as ideias de Boaventura, a empatia foi logo ali identificada. Eu pensava exatamente igual com algumas de suas posições, e continuo na mesma linha de raciocínio. Quando ele aborda a questão dos cidadãos que têm consciência dos seus direitos, mas que se sentem intimidados - impotentes, até -, quando esses direitos são violados. Justamente porque vão ter que enfrentar um Judiciário arrogante, por vezes. Uma maneira estúpida de se vestir - cheio de cerimônia -, além de um linguajar esotérico... e complexo. Daí que me vestia "normal" ao comparecer às audiência, mais um vestuário com motivos étnicos, a ter optar pela "moda" dos tribunais. No primeiro "pito" - chamada de atenção - de uma "excelência", quando perguntei-lhe sobre determinado alvará de soltura (era 22 de dezembro, quase véspera de Natal), porque eu queria dar uma notícia para a genitora do infeliz preso, a "excelência" respondeu-me que não era assistente social!!!
Bem, eu também não tenho muita paciência para arrogâncias. Mas sei engolir sapo para poder vomitar segundos depois, bem na cara da "vítima". Com a calma que me é peculiar, falei: Doutor, o senhor nunca teve a sua primeira vez? Não estou preocupada com o preso, e sim com aquela mãe, que apenas quer uma notícia sobre o filho dela. É nela que penso, como a sua mãe, agora, se viva, deve estar se preocupando se o senhor está fazendo a coisa certa.
O cara desmontou. Pediu desculpas e saí de lá com a resposta sobre o Alvará, e ...acreditem: o doutor ainda disse que se eu preferisse, chamasse a mãe (do preso) para ter com ele.Ele mesmo falaria com ela e lhe daria todas informações e os passos seguintes.
Pois foi! Algum dia sento com vocês, tomando um açaí por aqui, e lhes conto esses "causos". Tal qual Boaventura, eu torço para uma revolução democrática da Justiça!
Concordo Charlie, com tua primeira indagação reflexiva.
Eu tive a honra em assistir a uma palestra deste renomado sociólogo e jurista português (em Brasília-DF). Um cara ao qual "permito" que faça qualquer comentário ao meu País, posto que aqui já viveu e vivenciou os problemas de comunidades (favelas). Portanto, com bastante cacife e moral para se referir a este País.
ResponderEliminarAlém disso... É um poeta! É dele INKZ: anti manifesto para uma arte incapaz.
Quando estudante de Direito, devorei vários artigos e obras desse mestre. E registrem: o homem sabe das coisas. O que ele diz... pra mim é sempre coerente.
Foi um privilégio, tê-lo como professor de Ciências Sociais, no primeiro ano do curso de Economia.
ResponderEliminarhttp://www.boaventuradesousasantos.pt/documentos/entrevista_escrita_inkz.pdf
ResponderEliminarSim, entre outras. Esse, sim, é o cara! Não aquele "outro".
ResponderEliminarCara pálida, o cara até no nome tem abundância: Boa (o que é bom), ventura (êxito) = Boaventura!
Um Mestre
EliminarJá repararam, e esta observação é para os e as mainstreamers, que todos os grandes homens estão sempre do lado contrário?
ResponderEliminarA observação muito bem fundamentada de que os Bancos Alemães se enchem à custa dos "preguiçosos do Sul" é determinante para uma viragem da política.
Mas para isso é necessário correr com Cavacos e Coelhos, os lambe-botas do sistema.
E temo que isso esteja muito comprometido.
Nas Antenas Abertas e fora grande parte dos "comentaristas" da nossa plebe revelam uma atroz ignorância, e pensamento sedimentado de onde dificilmente algo de diferente pode sair. É o perfil de que os governantes apreciam especialmente.
A ignorância como arma política é extremamente eficaz pois é o campo fértil para a demagogia fácil.
O chavão " viver-se acima das possibilidades" foi um dos trunfos que permitiu ao Governo alienar activos fundamentais para a nossa economia e reduzir o nível de vida dos cidadãos sem que grande parte destes se revoltasse.
A ignorância permite que a consciência derive facilmente para o campo da culpa que é sempre do outro. Do funcionário público, do reformado, dos professores, a culpa sempre do outro, o que sofre como nós a desgraça deste desgoverno.
Quanto a mim argumentos de forma canalha e perversa, que no meu pensar não colhe mas que num campo tão vasto de estupidez e ignorância tem seara farta, servida à mesa da TV pelos comentadores e fazedores de opinião de circunstância.
O " viver-se acima das possibilidades" causou-me desde o início tanta urticária como o paleio do "bem contra o mal" do George Bush Júnior...
EliminarQuando tive contato, pela primeira vez, com as ideias de Boaventura, a empatia foi logo ali identificada. Eu pensava exatamente igual com algumas de suas posições, e continuo na mesma linha de raciocínio. Quando ele aborda a questão dos cidadãos que têm consciência dos seus direitos, mas que se sentem intimidados - impotentes, até -, quando esses direitos são violados. Justamente porque vão ter que enfrentar um Judiciário arrogante, por vezes. Uma maneira estúpida de se vestir - cheio de cerimônia -, além de um linguajar esotérico... e complexo. Daí que me vestia "normal" ao comparecer às audiência, mais um vestuário com motivos étnicos, a ter optar pela "moda" dos tribunais.
ResponderEliminarNo primeiro "pito" - chamada de atenção - de uma "excelência", quando perguntei-lhe sobre determinado alvará de soltura (era 22 de dezembro, quase véspera de Natal), porque eu queria dar uma notícia para a genitora do infeliz preso, a "excelência" respondeu-me que não era assistente social!!!
Bem, eu também não tenho muita paciência para arrogâncias. Mas sei engolir sapo para poder vomitar segundos depois, bem na cara da "vítima". Com a calma que me é peculiar, falei: Doutor, o senhor nunca teve a sua primeira vez? Não estou preocupada com o preso, e sim com aquela mãe, que apenas quer uma notícia sobre o filho dela. É nela que penso, como a sua mãe, agora, se viva, deve estar se preocupando se o senhor está fazendo a coisa certa.
O cara desmontou. Pediu desculpas e saí de lá com a resposta sobre o Alvará, e ...acreditem: o doutor ainda disse que se eu preferisse, chamasse a mãe (do preso) para ter com ele.Ele mesmo falaria com ela e lhe daria todas informações e os passos seguintes.
Pois foi! Algum dia sento com vocês, tomando um açaí por aqui, e lhes conto esses "causos".
Tal qual Boaventura, eu torço para uma revolução democrática da Justiça!
Concordo Charlie, com tua primeira indagação reflexiva.
O Mundo poderia ser tão mais solidário...
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