Hoje está a apetecer-me dar uma
de moralista… ou de ético, ou de qualquer coisa, por aí, perante alguma
despudorada prostituição que transpira do ideário e da prática dos nossos
pequenos políticos caseiros.
Nada que sirva para alguma coisa,
claro. Mas é sempre um exercício de terapia ocupacional, profiláctica e
desentupidora de vias respiratórias que, com uns laivozinhos de esperança
agarrados, até pode ser que seja lido e entendido por um ou dois companheiros
desta caminhada de não sabermos por onde vamos, nem para onde.
E não preciso de ir muito longe.
Basta-me recuar até ontem. Vejamos:
- Passos Coelho demitir-se-á se
ficar provada, por parte da Procuradoria Geral da República, alguma
irregularidade na sua conduta, nomeadamente tributária e mesmo se prescrita, … Aproveita para fazer esta extraordinária declaração
na presença de Martin Schultz, presidente do Parlamento Europeu, com tradutor à
ilharga, para que não subsistam dúvidas e, quiçá, para suscitar em Martin
Schultz a hesitação quanto à importância do pagamento dos impostos, em
Portugal, desde logo começando pelo seu primeiro ministro, tendo em vista a
concelebrada retoma económica.
Quantos pontos de exclamação
mereceria o parágrafo anterior? Trinta e oito? Quarenta e cinco?
Andaremos todos ébrios, anestesiados,
emparvecidos para não darmos especial relevo a isto, embotados que estamos com
tanta iniquidade?
Ou seja, eu cometo um ilícito
qualquer. Mas nem tenho a certeza… é só um se-calhar. O tempo passa e ainda bem,
como lhe compete. Como a vida é difícil e complicada, eu, que tendo a
esquecer-me daquilo que almocei ontem, que direi de uns milharzitos de euros mensais
que abichei há uma data de anos. O
ilícito prescreve. Eu continuo a não me lembrar. Mas se a PGR confirmar o
ilícito, eu, homem acima de qualquer suspeita e sério até dizer chega,
demito-me. Mas só se sim. Se não, isto é, se a PGR não for capaz de provar,
então é porque o ilícito não lembra a ninguém.
Não quer dizer que não exista.
Quer dizer apenas que já não lembra a ninguém… e pronto, está tudo fixe!
Mas, afinal, há (houve) ou não o
ilícito? Bastará confirmar nos extractos bancários, pois parece-me que a coisa
se traduzia na minudência de uns milhares de euros por mês, à data. Depois,
cruzam-se esses dados com a documentação arquivada na Assembleia da República,
a quem Passos Coelho tinha o dever de prestar contas - isto já para nem falar
da competentíssima Autoridade Tributária, que deve ter por lá alguma coisa
arquivada, também… - e já está!
- António José Seguro afronta
António Costa, atirando-lhe à cara em debate televisivo com o facto de um seu
(dele, António Costa) apoiante de vulto ser um daqueles ignóbeis portugueses
que vivem no e do caldo da promiscuidade da política com os negócios, à mistura
com organizações inconfessáveis… e que, assim ao correr da pena e por inusitada
circunstância, também é militante do PS.
António José Seguro terá «dado no
produto» na preparação do debate. Será essa a única explicação plausível para
tamanha e tão contundente denúncia… que, enquanto actual Secretário-geral do
PS, o atinge a ele, António José Seguro, em primeiro lugar e com a força toda.
Então ele tem conhecimento da
existência de um tal ente promíscuo no seio das hostes e não lhe move, sei lá,
qualquer coisinha: uma averiguaçãozita interna, uma auditoriazeca discreta, um
inqueritozinho subtil, a bem da preservação do bom nome e dos valores éticos do
partido?
E denunciá-lo-ia se tal militante, afinal, o apoiasse a ele, António José?
Não! Esgrime, apenas, tal domínio
do conhecimento contra o seu adversário político interno, todo ufano em
confrontá-lo com essa singularidade de todos coabitarem num pântano que fede e
onde, pelos vistos, os fedorentos sobrevivem e convivem alegremente. É o que transparece, pelo menos...
Do tipo: «- Vê lá tu, António,
que estás a ser apoiado pelo Godinho Matos, que, vê lá tu a pouca vergonha, é
fundador do PS, militante e tudo, promíscuo da política e dos negócios e até
paga as quotas deste partido de que sou Secretário-geral…nha-nha-nha-nha-nha…!».
E ninguém lhe perdoará: os promíscuos porque ficarão inseguros à espera da próxima denúncia; os não-promíscuos porque não perceberão o porquê de Seguro ter retido tal informação até lhe ser útil divulgá-la.
Há, nesta atitude, uma tal dose
de incongruência e de nonsense que, em
boa verdade e assumindo as minhas abissais limitações, me transcende.
São, então, estes os «dirigentes»
dos dois maiores partidos do «arco do poder», eleitos pelos seus apaniguados
para, respectivamente e se o bom povo português continuar a votar como vota,
encabeçarem os destinos da nação?
Não vejo como distinguir estes
fulanos daqueles outros que se vão prostituindo nas casas dos segredos expostos… E o Canadá é um destino actual para viver que a idade não me recomenda, ainda que pense nisso.
Tu queres é andar com Canadianas...
ResponderEliminarrsss agora eu ri, com o teu comentário...
EliminarSim, sim... tu topas-me. Mas daquelas com furinhos variáveis. Só para se adaptarem à altura de cada um, claro...
EliminarEste comentário foi removido pelo autor.
EliminarOrCa, meu Mestre, ri do comentário da São, ok?
ResponderEliminarClaro que percebi! ;-)»
EliminarÉs uma moça risonha, hehehe
ResponderEliminarOrca, será "Arco dos Poderes", ou antes "Arco dos Podres"?
Mas fico séria, por vezes.
EliminarTemos um amigo comum que diz antes que se trata do Arco dos P(h)oderes... O que se obtém, tecnicamente, puxando a comissura do lábio com o dedo mindinho e articulando depois o termo.
EliminarA falta de dentes dá um resultado semelhante hehehehehehe
EliminarSó p(h)ode :D