....o Estado deve fazer tudo para salvar as vidas, mas não custe o que custar....
Um dos episódios Bíblicos, o Êxodo, relata a saída polémica dos Hebreus do Antigo Egipto.
Teria o povo sido escravizado durante séculos até que um menino salvo dos rios, Moisés, ao tornar-se homem lideraria os Judeus na missão divina da libertação colectiva.
Pondo de lado a mistificação dos factos históricos e das derivas que estes factos sofreram até chegarem à imortalização sob forma de escrita, ressalto aqui o particular momento em que o povo judeu, já longe do Egipto e após ter passado o mar vermelho, subitamente se vê caído na adoração de uma divindade pagã.
Um bezerro em ouro tomara o lugar de Jeová. O povo, após longa temporada nas deambulações pelo deserto e em desespero por recursos de sobrevivência, reunira todos as jóias que possuíam e às ordens de traidores, fundiram-nas num dos ídolos chamados pagãos que nas terras de onde tinham saído, representava a abundância.
Mas onde estava o líder nessa altura? Teria ele também abandonado a fé em Jeová?
As escrituras indicam que Moisés estaria à altura nos montes Sinai a receber os Dez Mandamentos directamente da mão de Deus.
O seu regresso, e a ira que ao assomou ao ver o povo caído na adoração de falsas divindades, teria feito regredir a deriva metafísica e de novo sob o mando de Moisés, e protegido pelo deus verdadeiro, lá seguiram a saga rumo à Terra Prometida....
A metáfora desta passagem Bíblica, resumida nas linhas superiores, é perfeitamente aplicável ao nosso viver colectivo nos tempos correntes e nos valores aos quais nos submetemos.
https://www.youtube.com/watch?v=mGk2rvjEGC8 |
Também aqui e às ordens de líderes fomos despojados das melhores coisas que tínhamos para alimentar um bezerro dourado.
Também aqui esse esforço, custasse o que custasse, teria de ser porfiado e levado por diante, mesmo em holocausto se necessário fosse, indo mais além do que a divindade exigia.
Também aqui, o deus que vive em cada um de nós, foi deposto, em favor da adoração da divindade dourada. O Homem, numa regressão do relativismo, não como a medida de todas as coisas, mas sim o bezerro em ouro, o dinheiro.
Também aqui, é preciso mantê-lo no seu pedestal divino, custe o que custar, mesmo se isso custar a vida dos que são obrigados a adora-lo.
Também aqui alguém virá algum dia munido quiçá mais de ira do que de razão, partirá as tábuas dos mandamentos em cima do bezerro e libertará de novo, contra os bezerros, contra os homens, contra todos, os eternos cavaleiros do apocalípse...
A História está cheia de relatos nesse sentido.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarTão a propósito, Charlie! A minha vénia, meu bezerrinho d'ouro :O)
ResponderEliminarOhhhh... uma cabrita vaidosa.
EliminarCharlie, o único consolo (não aquele outro tipo de consolo rsss) que posso lhe oferecer é dizendo-lhe, que apesar de a Bíblia ser repleta de imagens inesquecíveis, poucos discordam que uma das mais fortes é a de Moisés usando seu cajado para abrir o Mar Vermelho e conduzir uns 600 mil israelitas rumo à liberdade. Para alguns historiadores, no entanto, a fuga dessa multidão do Egito nunca aconteceu, ou, pelo menos, deu-se numa escala infinitamente menor. E mais, que os israelitas - ancestrais dos judeus - seriam escravos libertos e conquistadores de uma nova terra, e teriam surgido lentamente na própria Palestina. Dir-lhe-ia, portanto - trazendo o episódio bíblico à contemporaneidade -, nada disso está acontecendo. É apenas fruto de nossa (fértil) imaginação. "Eles" estão sempre afirmando que tudo está bem, sob controle; uma fase natural do processo de desenvolvimento, e coisa e tal. Que é apenas uma nuvem passageira. Enfim, culpa do povo teimando em não adorá-los como (eles) querem. Afinal, eles estão, também, tentando nos oferecer a liberdade plena. Nós é quem não percebemos suas (boas) intenções.
ResponderEliminarE a História registrará mais relatos...
Olá querida amiga.
ResponderEliminarPois é como dizes; entre a ortodoxia de ler à letra o que os Textos transmitem e a verdade transpirada pela comparação com imensos outros testemunhos que os Tempos deixaram chegar até nós, vai um mundo de diferenças cuja média aritmética é um manancial de metáforas, muitas preciosas.
Da Bíblia lemos preceitos e valores fundamentais do viver comum, trechos herméticos e muito belos, mas também e como diz Saramago, manuais de maus costumes que à luz da actualidade representam horrores, holocaustos, sacrifícios e genocídios.
Todos os textos reflectem os enquadramentos históricos que os envolvem e são preciosos, sejam quais forem as verdades que transmitam.
O êxodo, um dos mais interessantes episódios da Bíblia terá sido mais um dos que marcam recorrentemente a relação do povo Judeu na convivência com os outros povos. Na verdade, e mais uma vez, eles terão sido expulsos.
A expulsão terá, como dizes, ocorrido em vagas sucessivas, primeiro as perseguições e confisco de bens, depois a primeira onda de fugas, - os mais abastados-, e depois finalmente a expulsão colectiva.
Na base do chamado Êxodo, terá estado um período de crise de recursos, derivado à ocorrência
de um cataclismo natural, o vulcão Vesúvio.
Presumivelmente a erupção chamada de Avelino, uma das maiores de que há informações arqueológicas, teria provocado uma apocalíptica nuvem de detritos que ao ocultar o sol, daria origem a uns quantos anos de mudança climática com grandes consequências.ao nível da produção de bens alimentares.
Teria havido de início um tsunami e posteriormente, as cinzas desse vulcão, de tom avermelhado, ao assentar em grandes quantidades sobre as terras e águas teria mudado a cor dos mesmos.
As dez pragas que a Biblia relata são mistificações que têm origem precisamente nesse cataclismo natural.
Esta tese é em todo verosímil, pois a maior parte das posteriores erupções, incomparavelmente mais fracas do que a supracitada, - excluindo a do ano 79- cobriram mais uma vez a Europa e norte de África com as cinzas do vulcão.
Dado isto só resta também metaforizar e dizer em relação aos embustes com que os poderes desde sempre nos embalaram, que a verdade acaba sempre rebentar as grilhetas por algum lado em tsunamis por vezes violentos e poisar noutros lados, tingindo tudo com cores que não ninguém quer.
E pensar que as chaves para evitar isto tudo, está nas mãos de tão poucos....
partilho da inquietação
ResponderEliminarmas creio que os tempos não recomendam Moisés - mas antes Spartacus!...
Os tempos são feitos à medida do Homem.
EliminarTiraram-nos, - ou antes; fomos ludibriados,- a trocar a chave da nossa porta por uma chave que está na mão daquele se fez amigo para se revelar depois ser o carcereiro.
Teremos(?)
ResponderEliminaralguém terá de meter na ordem
os donos do euro
Por mim não estou disponível
para orar
mas respeito quem o souber fazer por bem
Sendo o dinheiro apenas um instrumento fiduciário, o seu valor depende apenas da credibilidade que ele tem. Não sei como é que funciona um sistema que acredita tanto mais numa moeda quanto mais pobre está a região onde circula... :(
ResponderEliminarEça é que é Eça...
Eliminar